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Rio do Janeiro — Teręa-feira, 10 de dezembro de 1901    _Nao porto sor vond<do scpnrndamonle

JORNAŁ DO BRASIL




Amazonia estreia hoje na TV Manchete com guase o mesmo elenco de Pantanał e muitas cenas de nudez e de natureza


em Chico


SAPOENAN RODRIGUES

AO PAULO — Acostuma-dos ao calor urbano de Sao Paulo ou ao verao drastico do Rio, os atores da novela Amazonia, quc cstrćia hoje, as 21h30, na Rede Manchete, tern en Iren ta-do marcas no termómelro acima dos 45 graus. Ha dois meses, Rubens Correa, Leonardo Vi!lar, Antonio Pctrin, Jussara Frcire e Cristiana OIivcira, entre outros, razem vóos semanais para Ma-naus e se embrenham na selva amazónica. Alćm do insuportavel calor, quando as luzes dos pos-santes rcfletorcs se accndem, le-giócs dc macro-inselos sao atrai-dos pcla luminosidade e grudam na pele dos atores. A inconve-niencia dos insetos ainda e peque-na diante das seis ou sete cobras quc, diariamente, visitam o set de gravaęao. Nenhuma seqiiencia de torturas, no entanto, tern desmo-tivado o clenco, exalamente como acontece em lodo inicio de noveln ou minisserie da Manchete. O animo se justifica. Amazonia ć uma 'superproduęao de USS 20 milhoes de autoria do chileno Jorge Duran, diretor do filmc A cof do sen des lino.

Como nao poderia dcixar de ser, a novela — escrita com a colaboraęao de Paulo Halm e De-nise Bandeira — faz uma ponte com a ccologia. Ela acontece cm duas fases simultaneas. Uma no seculo 19 (em 1899), durante o en!ouquccedor ciclo da borracha, quc provocou dclirios de riqueza nos donos dos scringais. e a outra no ano dc 2010. Rubens Correa


ELIZABETH ORS1NI

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Cristiana 01iveira, a Jurna de Pantanał, e a protagonista da novela Amazonia


interprela o scringuciro Muru, urn descendcntc de indios. “Ele guarda o espirito sagrado da mata, ć solidario. uma cspćcie de santo", conta. Para encarnar Muru, o ator, nascido no Mato Grosso, só precisou de urn peque-no tempo para readąuirir ha-bitos perdidos na inlancia. “Na fazcnda do mcu pai, meus compa-nheiros de brincadcira eram indios. A mata faz parte da minha formaęao.” Seu papci ainda exi-giu alguns sacrificios. Precisou rasfiar a sombrancelha para ficar pareccndo com um indio, c du-rantc alguns dias seguiu o esta-


ranle rilual dos seringueiros. “Eles acordam as tres da mnnha, hora em que comeęam a ferir as seringueiras para escorrer o lei-te“, conta Rubens. “Só no finał da tarde e que recolhcm o latex. Eu ja aprendi a tirar o latcx e a« defumar a borracha”, orgulha-sc.

Os desafios dos atores, segun-do o diretor Marcelo dc Barrcto, misiuram-sc as dificuldades tecni-cas. “A principio, o vcrde nao e bonito, a mata e cscura, tern pou-ca profundidade c cmpastela as imagens*’, explica. “Iluminur a lloresta nao ć facil, mas estamos conseguindo belos efeitos." Jorgc


Duran, cm sua primeira cxpcrien-cia concreta em novelas, qucr construir uma historia sobrc a memória. Esic ć um dos pontos basicos da novela. Algumas pas-sagens no tempo scriio Icitas por yiagens cxlra-scnsoriais e alucinó-genas do cha dc um pajć. vivido por Ivan de Albuquerquc. O uni-co problemu de Amazonia, por enquanto, sera apresentar indios com sotaque de Ipanema. De res-to. os las de Pantanał, provavcl-mente. nao vao se qucixar. Ate a trilha sonora ć do mesmo Marcus Yianna.


primeira ceną da noyela % Amazónia mostra o persona-gem Lucio (Marcos Palraei-ra) assistindo, em sonhos, ao big-bang, a expiosao originó-ria do unwerso, Lucio e um paranormal que vive na pri-\ meira dócada do seculo 21 e que parece reencarnar Caio (interpretado pelo mesmo ator), um seringalista da Amazonia de 1899. O enredo junta seringalistas, matanęa de indios, ccologistas, ques-tóes agrarias e desmątamen-to. Mas o autor Jorge Duran jura quc nao se inspirou diretamente na Amazonia real: “Na novela, ąuero raos-; trar que o enredo tem apenas uma ancora na História. As-sim como os sonhos, a fanta-sia e a imaginaęao do ho-mem.”

Para compor csse painel,


tico da floresta amazónica. Como Chico Mendes, que sera mencionado num dos pri-meiros capitulos e inspira um dos personagens principais, o lider ęampones Daniel, interpretado por Raul Gazzola. “E um seringuciro com uma visao histórica de sua situa-ęao’\ diz Duran, muito sele-tivo na hora de escolhcr suas fontes de inspiraęao. O go-vernador Gilberto Mestri-nho, por exemplo, ardente defensor da caęa ao jacare, nao e reiratado. “Sincera-mente, nao me interessei em falardcle.”

Duran tenta mostrar, com simplicidade, a rclaęao entre a História e o cotidiano. E nega que a pretensao dc Amazonia seja apenas ecoló-gica. “Eu nao exploro a rclaęao do homem com a natureza, mas sim a rclaęao do homem consigo mesmo", ex-plica. Para Duran, o respeito a natureza ć consequencia do equiiibrio interior. Por isso. cle e muito discreto na hora dc comentar, por exemplo, o nudismo picante das cenas de propaganda de Amazonia: “E claro que as pcssoas tomam banho e fazem amor no rio.


cle usa personagens de ćpo- ^sses sao impulsos vitais do cas distintas. “Minhas per- ser humano,’. E garante que guntas sao mais existenciais, a nudez caliente nao vai des-Eu me interesso por saber de ctimbar para o sensacionalis-onde viemos, quem somos, mo sexual. “As pcssoas quc para onde vamos“, diz Du- rotulem. Eu quero apenas en-ran. Mesmo assim, o enfoque tender o que estamos vivendo metafisico nao impede que c contar uma história que e ele faęa referencias a figuras muito maior do que todos importantes no cenario poli- nós."


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