AULA 11
FIGURAS DE LINGUAGEM
Recursos Sintáticos
Iniciamos o estudo das figuras de linguagem na aula passada, Vimos como se pode
explorar o sentido das palavras e os sons das palavras. A aula de hoje é para
identificarmos os recursos possíveis de serem usados na construção das frases.
Figuras de estilo: recurso lingüístico usado para expressar diferentes
experiências com as palavras. Esses recursos podem ser: semânticos, sonoros,
sintáticos.
Assíndeto: é a coordenação de termos ou orações sem utilização de conectivo.
“Desceram a ladeira, atravessaram o rio seco, tomaram rumo para o sul.”
(Graciliano Ramos)
Polissíndeto: é a repetição do conectivo na coordenação de termos ou orações.
“Não desejei senão estar ao sol ou à chuva –
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo
(e nunca outra coisa)
Sentir calor e frio e vento
E não ir mais longe.”
(Alberto Caeiro)
Hipérbato: é a inversão da ordem dos termos da frase.
“Riu do que disse quem não vejo”
(Alberto Caeiro)
Ordem direta: “Quem não vejo riu do que disse.”
Pleonasmo: é a repetição de uma mesma idéia, através do emprego de palavras
ou expressões de significados semelhantes.
“Talvez isso seja o que seja ser alguma coisa...”
(Arnaldo Antunes)
Anacoluto: é a interrupção na seqüência lógica de exposição dos elementos de
uma frase.
“Ah, e as viagens, as viagens de recreio, e as outras,
As viagens por mar, onde todos somos companheiros uns dos outros...’
(Álvaro de Campos)
Silepse: é a concordância ideológica e não com a palavra expressa na frase.
a) de pessoa
“Ah, e as viagens, as viagens de recreio, e as outras,
As viagens por mar, onde todos somos companheiros uns dos outros...’
(Álvaro de Campos)
b) de gênero
Vossa Excelência parece cansada, hoje.
c) de número
O MST pede a Reforma Agrária urgente; protestam por todo o país.
Apóstrofe: é a invocação de um ser, seja o próprio leitor ou algo - real ou
imaginário.
“Passa, ave, passa e ensina-me a passar.”
(Alberto Caeiro)
Elipse: é a omissão de palavras ou termos que podem ser subentendidos no
contexto.
“Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.
Sim, faço, idéias sobre o mundo , e a planta nenhumas.
(Alberto Caeiro)
Zeugma: é a omissão de um termo já expresso no contexto.
“Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.
Sim, faço idéias sobre o mundo, e a planta nenhumas.
(Alberto Caeiro)
Anáfora: é a repetição intencional de palavras no início de frase ou verso.
“Tinha que pegar o cara pelo colarinho. Tinha que sacudir o cara.
Tinha que pegá-lo pelo estômago.”
(Arnaldo Antunes)
Vamos avaliar seu entendimento sobre as figuras, com questões de vestibulares.
Lembre-se de que a estranheza no uso das palavras irá guiá-lo para que você perceba
se ali está presente um recurso semântico, sonoro ou sintático – identifique e nomeie,
especificamente, o recurso utilizado.
Na elaboração de suas obras, os escritores usam diferentes figuras ou recursos
estilísticos. Leia o texto abaixo e a seguir, cite um exemplo de:
“Voltemos à casinha. Não serias capaz de lá entrar hoje, curioso leitor; envelheceu,
enegreceu, apodreceu, e o proprietário deitou-a abaixo para substituí-la por outra,
três vezes maior, mas juro-te que muito menor que a primeira.”
a) gradação: “envelheceu, enegreceu, apodreceu”
b) antítese: “três vezes maior, mas juro-te que muito menor que a primeira.”
c) apóstrofe: “curioso leitor”
d) zeugma: “por outra, três vezes maior, mas juro-te que muito menor que a
primeira.” (zeugma da palavra “casinha”, citada no início do parágrafo)
Leia o texto abaixo e responda:
“...mas o eflúvio da manhã que é que o pediu ao crepúsculo da tarde?”
No trecho acima há um anacoluto.
a) qual é ele?
b) reescreva a frase eliminando o anacoluto.
Respostas:
a) O anacoluto é representado pela expressão “o eflúvio da manhã”. Trata-se de
uma interrupção sintática no enunciado.
b) “Mas quem é que o pediu o eflúvio da manhã ao crepúsculo da tarde?”
Os exercícios a seguir são para você treinar não somente a teoria vista nesta aula,
mas a interpretação – já vimos que tanto para determinar o assunto que será
desenvolvido em redação como para questões objetivas que envolvam o estilo do
autor será necessário interpretar, certo?
FAAP-SP - adaptadas
Texto para as questões seguintes:
"Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Ver a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
(Manuel Bandeira)
1) Pasárgada, cidade lendária da antiga Pérsia, no poema indica outro espaço e outro
tempo. No texto, há uma oposição entre um aqui e um lá; entre um agora e um
então. Esta oposição recebe o nome de:
a) silepse.
b) antítese.
c) pleonasmo.
d) sinestesia.
e) polissíndeto.
2) Não é difícil definir o tema da ida para Pasárgada:
a) busca dos prazeres libidinosos
b) evasão espacial e temporal
c) volta à infância
d) amor à civilização
e) apego ao poder.
3) Voltaire afirmava que "quem quiser fundar alguma coisa de grande deve começar
por ser completamente louco". Bandeira nega este mundo chato e mofino,
percorrendo vastidões da fantasia, ainda que seja para cair na loucura, especialmente
em:
a) Joana a Louca de Espanha
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
b) ... farei ginástica
Andarei de bicicleta
c) Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
d) Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
e) Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar.
4) Nesta estrofe, o poeta devidamente refugiado no mágico Éden imaginário, projeta
uma série de ações insignificantes que compõem o cotidiano de um menino sadio. É o
retorno psicológico à infância – marca de um tempo feliz e de liberdade. A estrofe
começa assim:
a) Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
b) Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
c) E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
d) Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
e) E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
5) Inconformado com o real concreto, o poeta enumera um conjunto de vantagens
que este mundo fantástico oferece: sexo livre, uma nova percepção do tempo e do
espaço, uma nova permeabilidade para uma revisão do mundo material. A estrofe
começa assim:
a) Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
b) Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
c) E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
d) Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
e) E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito.
RESPOSTAS
1)
B
2)
B
3)
C
4)
C
5)
D