Muitos dos problemas de relacionamento que acontecem nas organizações (eclesiásticas ou não) estão diretamente relacionados com a vaidade e o desejo de estar em evidência.
A motivação para realizar eventos, dirigir projetos, dar aulas ou liderar pequenos grupos reside na vontade (não aparente) de ser elogiado e reconhecido. Os resultados serão importantes, mas estarão em segundo plano diante do objetivo maior de receber exaltação.
Por isso o ensino freqüente de líderes cristãos, respaldados pela ênfase bíblica, de que uma das principais características do líder maduro é a humildade. O reconhecimento e a glória não devem mover os corações, mas, sim, o desejo de servir e de ajudar ao próximo.
É um desafio estar avaliando constantemente as motivações. Mas não há jeito melhor de restabelecer o foco correto e afastar os prejuízos que a distração da fama pode produzir na organização.
A vaidade prejudica as relações. Não há dúvida quanto a isto.
Vejamos algumas das razões, capazes de fazer estremecer relacionamentos antigos e fortes:
Desejo de ter, de ser dono, proprietário - a vaidade leva a pessoa a tratar o evento ou projeto como propriedade sua, particular. Algo que deve lhe dar dividendos, lucros, fama e/ou poder: Eu fiz isto, eu produzi, eu determinei, eu, eu, eu. A obra é minha e eu devo ser reconhecido como alguém capaz, um líder digno de elogios.
Insegurança - a pessoa não está bem certa de seu valor intrínseco, dignidade que vem da visão correta da vida, do interesse de Deus e do valor que Ele dá ao ser humano, demonstrado pelo sacrifício de Cristo Jesus. Precisa, então, encontrar satisfação no fazer e no ter coisas. Pensa que se não fizer grandes projetos ou eventos não será lembrada, não será querida. Busca a evidência a qualquer custo sem se preocupar se está machucando alguém.
Competição - revela-se no desejo de sobrepujar os outros, de ser o melhor, de estar sempre se medindo com outras pessoas ou líderes. Realiza mas não se realiza. Os eventos ou projetos são instrumentos para alcançar o objetivo de sentir-se melhor e mais capaz que os outros. Seu foco não está na ministração aos interesses das pessoas, mas em satisfazer suas próprias necessidades.
Bastam os exemplos citados para ver que a vaidade não deve encontrar espaço em organizações maduras e sérias. Em instituições eclesiásticas, então, a incompatibilidade se torna mais acentuada!
A grande motivação para liderar, seja em que área for, está na noção de serviço, com humildade. Buscando prioritariamente o interesse dos outros. Quem desejar ser o primeiro, disponha-se a servir.
Quando a vaidade é controlada fica mais fácil superar diferenças, negociar atribuições, aceitar limitações em prol do benefício de todos. A ausência de vaidade na equipe (ou instituição) permite conversas abertas, eliminação de agendas ocultas, transparência e, principalmente, pessoas dispostas a buscar soluções satisfatórias para todos.
Não são poucos os exemplos de conflitos acontecidos em razão do embate de vaidades. Mais grave ainda, é o fato de que as pessoas dissimulam o real motivo do problema. Afinal, ninguém "discutiria" apenas por vaidade! Discussões sobre cor de cortina, tipo de iluminação, estilo de roupas, podem ser apenas a ponta do "iceberg".
Sabendo que a vaidade é capaz de tantos prejuízos, nada melhor que ficar atentos e afastar, definitivamente, este sentimento - seja em mim ou em você.