Das muitas faces de Deus

O poço e o seu segredo

Numa pequena aldeia de Marrocos, um homem contemplava o Å›nico poço de toda a
regićo.
Um garoto aproximou-se:
O que tem lá dentro?
quis saber
Deus.
Deus está escondido dentro deste poço?
Está
- Quero ver
disse o garoto, desconfiado.
O velho pegou-o no colo e ajudou-o a debruçar-se na borda do poço. Refletido na
água, o menino pode ver o seu próprio rosto.
- Mas este sou eu
gritou.
- Isso mesmo
disse o homem, tornando a colocar delicadamente o menino no
chćo. Agora vocÄ™ sabe onde Deus está escondido.



Nćo fica nada

Um noviço estava na cozinha, lavando as folhas de alface para o almoço, quando
um velho monge
conhecido por sua rigidez excessiva, que obedecia mais ao
desejo de autoridade que Ä… verdadeira busca espiritual
aproximou-se.
- vocę pode me dizer o que o superior do convento disse hoje no sermćo?
- Nćo consigo me lembrar. Sei apenas que gostei muito.
O monge ficou estupefato.
- Justamente vocÄ™, que tanto deseja servir a Deus, é incapaz de prestar atençćo
nas palavras e conselhos daqueles que conhecem melhor o caminho? Por isso que
as gerações de hoje estćo tćo corrompidas; já nćo respeitam o que os mais
velhos tem para ensinar.
- Olha bem o que estou fazendo
respondeu o noviço.
Estou lavando as folhas
de alface, mas a água que as deixa limpas nćo fica presa nelas; termina sendo
eliminada pelo cano da pia. Da mesma maneira, as palavras que purificam sćo
capazes de lavar a minha alma, mas nem sempre permanecem na memória.
“Nćo vou ficar lembrando de tudo que me dizem, só para provar que sou culto e
superior aos demais. Tudo aquilo que me deixa mais leve, como a mśsica e as
palavras de Deus, termina sendo guardado em um recanto secreto do meu coraçćo.
E ali permanecem para sempre, vindo Ä… superfície somente quando eu preciso de
ajuda, de alegria, ou de consolo."


Reflexćo

De Antoine Saint-Exupéry, autor de “O Pequeno Príncipe":
“No fundo, existe apenas um Å›nico problema neste mundo: como fazer com que o
homem encontre de novo o sentido espiritual da vida, como provocar a nós mesmos
para que retomemos o caminho que nos faz olhar nossas próprias almas. Para
isso, é necessário acreditar que a humanidade possa receber um banho da força
luminosa que vem de cima, e que os ares sejam inundados por algo parecido com o
canto gregoriano. Nćo podemos continuar vivendo como se o mundo se resumisse a
geladeiras, políticos, orçamentos, e palavras cruzadas".