Tiago João Fialho Boaventura
Ano: 2007/2008 Turma: E
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ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
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Índice
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................................... 4
1. ACIDENTE VACULAR CEREBRAL (AVC) ....................................................................................................... 5
1.1- DEFINIÇÃO DE AVC ............................................................................................................................... 5
1.2- MANIFESTAÇÕES CLINICAS ................................................................................................................. 6
1.3- FACTORES DE RISCO ............................................................................................................................ 7
1.4- FISIOPATOLOGIA .................................................................................................................................. 11
1.5- TIPOS DE AVC ....................................................................................................................................... 12
1.6- PROBLEMAS ASSOCIADOS À LESÃO NEUROLÓGICA PROVOCADA POR AVC ............................. 13
1.7- PROBLEMAS SECUNDÁRIOS E COMPLICAÇÕES DAS LESÕES NEUROLÓGICAS POR AVC ....... 18
1.8- INTERVENÇÕES APÓS UM AVC .......................................................................................................... 18
2. RECUPERAÇÃO APÓS AVC ......................................................................................................................... 24
2.1- A FASE DA RECUPERAÇÃO ................................................................................................................................. 24
2.2- FACTORES QUE INFLUENCIAM A RECUPERAÇÃO ......................................................................................... 24
2.3- DIRECTRIZES DO TRATAMENTO ........................................................................................................................ 25
2.4- PLANEAMENTO DO PROGRAMA DE REABILITAÇÃO ........................................................................................ 27
3. POSICIONAMENTO CORRECTO E MANUSEIO INICIAL ............................................................................................. 28
3.1- INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 28
3.2- INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO DO TONUS MUSCULAR ......................................................................................... 29
3.3- ABORDAGEM DO PACIENTE E OUTROS ESTÍMULOS SENSORIAIS ............................................................... 30
4. DEITANDO E SENTANDO NA CAMA ......................................................................................................................... 30
4.1- DEITANDO DE COSTAS (POSIÇÃO SUPINO) ..................................................................................................... 30
4.2- POSIÇÃO DE LADO (DECÚBITO LATERAL) ....................................................................................................... 32
4.3- DEITANDO SOBRE O ESTÔMAGO (POSIÇÃO PRONO) ..................................................................................... 33
4.4- SENTANDO NA CAMA ........................................................................................................................................... 34
4.5- SENTANDO COM AS PERNAS FORA DA CAMA ................................................................................................. 34
5. TRANSFERÊNCIA DA CAMA PARA SENTADO EM UMA CADEIRA .......................................................................... 35
5.1- TRANSFERÊNCIA DA CAMA PARA A CADEIRA ................................................................................................. 35
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5.2- TRANSFERÊNCIA COM AJUDA ............................................................................................................................ 37
5.3- TRANSFERÊNCIA SEM AJUDA ............................................................................................................................ 37
6. POSIÇÃO CORRECTA ................................................................................................................................................... 37
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................... 38
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................... 39
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INTRODUÇÃO
o âmbito do Curso de Massagem Geral, Fisioterapia, Recuperação, Desporto e Estética, a decorrer na
Feelgood, no período compreendido entre Abril e 2007 e Abril de 2008, foi solicitado pela docência a
elaboração de um trabalho final de curso.
Pela qual, após alguma pesquisa decidi elaborar um trabalho sobre o AVC. Dado à vasta e extensa pesquisa e
matéria, tive que ultrapassar o limite de páginas estabelecidas pelos coordenadores.
Tendo em conta, ao tema escolhido, este trabalho deverá servir para adquirir conhecimentos nesta área e,
para que desenvolva uma série de técnicas de observação e de planeamento dos cuidados, de forma a que
possa prestar esses mesmos cuidados de uma forma humana e individualizada.
Aproveito para salientar que o AVC, induz a que o técnico de saúde, veja um caso como um só, pois cada
utente tem os seus sinais e sintomas, logo reage de sua forma, e tem as suas dificuldades.
Um assunto tão vasto como o acidente vascular cerebral, que abrange indivíduos com diferentes graus de
incapacidade e grande diversidade de doenças associadas, não pode ser totalmente esgotado neste trabalho.
No entanto, é aqui feita referência à maior parte das actividades essenciais à autonomia, baseadas no quadro
clínico resultante do tipo de acidente vascular mais frequente. Se houver dúvidas sobre o caso concreto de um
doente, deve ser consultado o médico ou um terapeuta.
Explicar, de uma maneira simples, o que é um AVC é uma forma de diminuir a ansiedade que esta situação
pode provocar e de tornar mais claros os procedimentos a adoptar.
Os objectivos deste trabalho:
•
Adquirir conhecimentos nesta área.
•
Aprofundar conhecimentos teórico-práticos para a carreira de técnico de saúde.
•
Servir de objecto de estudo e consulta para situações futuras.
•
No final do trabalho saber:
• O que é um AVC.
• Quais os sintomas de um AVC.
• Saber fazer um diagnóstico.
• Qual o tratamento adequado para cada situação.
N
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1. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC)
O acidente vascular cerebral é a mais vulgar do sistema nervoso e de morte em vários países de todo o
mundo. E ainda principal causa de incapacidade neurológica, dependente de cuidados de reabilitação, estando
a sua incidência relacionada com a idade.
1.1 DEFINIÇÃO DE AVC
O acidente vascular cerebral (AVC) refere-se a um complexo de sintomas de deficiência neurológica,
durando pelo menos vinte e quatro horas e resultantes de lesões cerebrais provocadas por alterações da
irrigação sanguínea, ou seja, quando parte do cérebro deixa de ser irrigada pelo sangue.
Isto sucede sempre que um coágulo se forma num vaso sanguíneo cerebral ou é transportado para o cérebro
depois de se ter formado noutra parte do corpo, interrompendo o fornecimento de sangue a uma região do
cérebro. Pode, também, resultar da ruptura de uma artéria cerebral e, neste caso, o sangue que dela extravasa
vai destruir o tecido cerebral circundante. Em qualquer dos casos, o tecido cerebral é destruído e o seu
funcionamento afectado.
As lesões cerebrais são provocadas por um enfarte, devido a Isquémia ou hemorragia, de que resulta
o comprometimento da função cerebral. Este acontecimento pode ocorrer de forma ictiforme (súbito), devido à
presença de factores de risco vascular ou por defeito neurológico focal (aneurisma).
A presença de danos nas funções neurológicas origina deficits a nível das funções motoras, sensoriais,
comportamentais, perceptivas e da linguagem. Os deficits motores são caracterizados por paralisias completas
(Hemiplegia) ou parciais/ incompletas (hemiparésia) no hemicorpo oposto ao local da lesão que ocorreu no
cérebro.
É do cérebro que partem os estímulos para movimentar os músculos. A metade direita do cérebro comanda o
lado esquerdo do corpo e vice-versa. Por conseguinte, uma lesão na metade direita do cérebro pode causar
paralisia do lado esquerdo, enquanto que uma lesão da metade esquerda do cérebro pode causar paralisia do
lado direito. As lesões da metade esquerda do cérebro podem dar origem a perturbações da fala e levar o
doente a perder percepção do lado direito do corpo ou do ambiente que o rodeia.
À paralisia de um dos lados do corpo dá-se o nome de hemiplegia (esquerda ou direita); a perda da
capacidade da linguagem chama-se afasia. Podem ainda ocorrer outros problemas, como a perda da
sensibilidade ou da força no lado afectado, perturbações do equilíbrio e alterações da visão.
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Uma pessoa que sofre um acidente vascular cerebral deve sempre ser observada num hospital, no
mais curso espaço de tempo, para se avaliar a necessidade de internamento e ser estabelecido tratamento
adequado, até para evitar que o acidente se repita.
A localização e extensão exactas da lesão provocada pelo AVC determinam o quadro neurológico
apresentado por cada utente e, o seu aparecimento é normalmente repentino, oscilando entre leves ou graves,
podendo ser temporários ou permanentes.
1.2- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O AVC manifesta-se de modo diferente em cada pessoa, pois depende de muitos factores, como
sejam, a área do cérebro atingida, o tipo de AVC (Isquémico ou Hemorrágico), a causa geral do AVC, os
factores de risco presentes, o estado de saúde geral da pessoa, entre outros.
De modo geral, a principal característica é a rapidez com que aparecem as alterações, sendo de segundos a
horas, ou seja, de maneira abrupta ou rapidamente progressiva.
Os sintomas mais comuns são:
● Fraqueza ou adormecimento de um membro ou de um lado do corpo;
● Formigueiro de um lado do corpo ou de um membro;
● Dificuldade de movimentação, tonturas ou perda de coordenação e de balanço;
● Alteração da linguagem (dificuldades na fala) e incapacidade de compreensão (não conseguir
entender o que é dito);
● Perda de visão num olho ou em ambos;
● Dor de cabeça súbita, seguida de vómitos, sonolência ou coma;
● Perda de memória, confusão mental e dificuldades para executar tarefas habituais.
Estes sintomas não são exclusivos de um AVC, mas servem de alerta. Deve-se procurar auxílio
médico imediatamente e evitar medicação sem orientação médica.
No caso de pacientes mais idosos, já acamados, é importante prestar atenção à sua capacidade habitual de
movimentação dos membros e à quantidade e horário de sono, entre outros.
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No hospital o médico faz vários exames para:
- Confirmar ou afastar o diagnóstico;
- Verificar a gravidade e evolução da doença;
- Certificar-se do local da lesão.
Para determinar os exames necessários, é preciso informação fornecida pelos acompanhantes ou
pelo próprio paciente quando possível. No geral as informações mais importantes são: os sintomas (o que o
paciente está a sentir), se a evolução dos sintomas foi rápida ou lenta, quais os medicamentos que o paciente
toma, e quais as doenças prévias e actuais.
Os exames complementares mais comuns são exames laboratoriais se sangue e urina, avaliação cardíaca e
pulmonar, e exames de imagem do encéfalo.
1.3 -FACTORES DE RISCO
Os factores de risco aumentam a probalidade de um acidente vascular cerebral, mas, muitos deles,
podem atenuar-se com tratamento médico ou mudança nos estilos de vida.
Os principais factores de risco de AVC são, a arteriosclerose, a hipertensão arterial, o tabagismo, o
colesterol elevado (dislipidémia), o Diabetes Mellitus, a obesidade, doenças das válvulas e arritmias cardíacas,
dilatações do coração como na doença de Chagas, a hereditariedade, sedentarismo, o uso de
anticoncepcionais orais e a idade (a probalidade de ocorrência de AVC aumenta com a idade).
Na história familiar, em Portugal, cerca de 30% de doentes com AVC’S têm história familiar de AVC’S,
isto é, esses pacientes têm pelo menos um familiar afectado por esta doença. A influência de um estilo de vida
comum entre membros de uma família pode também contribuir para um “AVC familiar”. Os genes têm um
papel na expressão de factores de risco de AVC como hipertensão, doenças cardíacas, diabetes e
malformações vasculares. Existe evidência que sugere a existência de genes que predispõem um individuo
para desenvolver ou ser resistente a AVC’S.
Existem outras causas menos frequentes de AVC como doenças inflamatórias das artérias, alguns
tipos de reumatismo, uso de drogas como a cocaína, doenças do sangue e da coagulação sanguínea.
Finalmente, a presença de Acidentes Isquémicos Transitórios (AIT’s) é um factor de risco
extremamente importante visto que cerca de 1/3 dos indivíduos que sofrem AIT’s acabarão por sofrer um AVC
dentro de cinco anos.
Quanto maior for o numero de factores de riscos identificados no individuo, menor será a probalidade
de ocorrência de AVC.
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1.3.1 - FACTORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS
Idade
– O risco de AVC aumenta com a idade.
Sexo –
Os homens correm maior risco de ter um AVC, embora mais mulheres morram de AVC’S. Isto ocorre
porque os homens têm AVC’S mais cedo, tendo maiores hipóteses de recuperação.
Grupo étnico e racial –
Certos grupos étnicos têm maior risco de ter AVC’S que outros. Por exemplo,
pessoas da África ocidental e das Caraíbas têm o dobro do risco de ter um AVC em relação a uma
pessoa caucasiana.
História familiar -
Em Portugal, cerca de 30% de doentes com AVC’S têm história familiar de AVC’S, isto é,
esses pacientes têm pelo menos mais um familiar afectado por esta doença. A influência de um estilo
de vida comum entre membros de uma família pode também contribuir para um “AVC familiar”
Factores genéticos de risco –
Os genes têm um papel na expressão de factores de risco de AVC como
hipertensão, doenças cardíacas, diabetes e malformações vasculares. Existe evidência que sugere a
existência de genes que predispõem um indivíduo para desenvolver ou ser resistente a AVC’S.
1.3.2 - FACTORES DE RISCO MODIFICÁVEIS COM TRATAMENTO MÉDICO
HIPERTENSÃO:
É o principal factor de risco.
Pessoas com hipertensão (pressão arterial elevada persistente, superior a 140/90 mm Hg) têm um
risco de AVC 4 a 6 vezes superior ao das pessoas com pressão arterial normal (pressão arterial de ±120/
80mm Hg). O impacto da hipertensão, no risco total de AVC, diminui com o aumento da idade.
Em pessoas novas a hipertensão afecta mais os homens. Contudo, com o aumento da idade mais
mulheres que homens sofrem de hipertensão.
A hipertensão acelera o processo de arteriosclerose e pode levar à ruptura de um vaso sanguíneo ou a
uma isquémia.
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DIABETES:
É uma doença, em que o nível de açúcar (glicose) no sangue está elevado. A medida da glicose no
sangue é o exame da glicemia.
Pessoas com diabetes tem um risco 3 vezes superior de ter um AVC do que indivíduos sem diabetes.
No entanto se um portador desta doença tiver uma glicemia controlada, tem um AVC menos grave do
que aquele que não a controla.
O risco de AVC provocado por diabetes é mais elevado entre os 50 e 70 anos de idade e depois
diminui. Este risco varia tal como a hipertensão, homens novos são mais afectados que as mulheres (com a
mesma idade) e com o aumento da idade as mulheres sofrem mais que os homens.
Pessoas com diabetes podem ter outros factores de risco (como a hipertensão) a contribuir para uma
amplificação do risco de AVC’S.
COLESTEROL:
O colesterol é uma substancia existente em todo o nosso corpo, presente nas gorduras animais. Ele é
produzido principalmente no fígado e adquirido através da dieta rica em gorduras.
.
Existem dois tipos de colesterol:
- HDL ou lipoproteína de elevada densidade - o colesterol bom
- LDL ou lipoprotreína de baixa densidade – o colesterol mau, presente nas gorduras de origem animal.
O conjunto dos dois colesteróis forma o nível de colesterol total. Em análises do nível do colesterol, menos de
200mg/dl é um bom sinal, enquanto que mais de 240mg/dl pode ser preocupante.
Grande parte do colesterol que circula na corrente sanguínea é LDL. Quando há um excesso de
colesterol a circular no sangue, ele começa a depositar-se ao longo da parede interna das artérias. A
acumulação deste LDL leva ao endurecimento das paredes arteriais e ele transforma-se em placas arteriais
que bloqueiam os vasos sanguíneos, levando à arteriosclerose e consequentemente a AVC’S.
DOENÇAS CARDÍACAS:
Quaisquer doenças cardíacas, em especial as que produzem arritmias, constituem factores de risco
para AVC’S. Um exemplo é a fibrilhação auricular, (batimento irregular da aurícula esquerda do coração).
Pessoas com fibrilhação auricular têm um batimento da aurícula esquerda 4 vezes superior ao do resto do
coração, o que leva a uma corrente sanguínea irregular e à formação ocasional de coágulos sanguíneos, que
podem viajar até ao cérebro. Esta condição é mais prevalente em idosos. O risco de AVC em pessoas com
esta doença aumenta com a idade.
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Outras doenças cardíacas que aumentam o risco de AVC’S incluem:
→ Malformações das válvulas do coração e do músculo cardíaco.
→ Forame oval persistente (FOP) – é uma passagem ou buraco na parede do coração separando os
dois átrios (câmaras superiores) do coração. Coágulos no sangue são geralmente filtrados pelos pulmões mas
esta condição permite aos coágulos não terem de passar pelos pulmões, indo directamente pelas artérias até
ao cérebro.
→ Aneurisma septal auricular – malformação congénita do tecido cardíaco. É uma invasão do
septum ou parede cardíaca na aurícula do coração.
→ Aumento da aurícula esquerda – pessoas que têm uma aurícula esquerda maior que o normal.
→ Hipertrofia do ventrículo esquerdo – pessoas que têm um estreitamento da parede do ventrículo
esquerdo.
A cirurgia cardíaca também é um factor de risco. A cirurgia para corrigir malformações do coração ou
reverter o efeito de doenças cardíacas, pode levar ao deslocamento de placas da aorta. Estas podem viajar até
ao pescoço e cabeça e provocar AVC’S.
1.3.3 - FACTORES DE RISCO DO ESTILO DE VIDA MODIFICÁVEIS
OBESIDADE aumenta o risco de diabetes, hipertensão arterial e arteriosclerose, aumentando indirectamente o
risco de AVC’S.
SEDENTARISMO aumenta o risco de AVC’S, porque a falta de actividade física pode levar à obesidade, que
predispõe à diabetes, hipertensão e aumento do colesterol.
FUMAR duplica o risco de AVC isquémico. Isto acontece porque fumar promove a arteriosclerose e aumenta
os níveis de factores de coagulação do sangue.
Fumar também agrava os danos provocados pelo AVC porque enfraquece a parede endotelial do sistema
vascular do cérebro.
O risco de AVC diminui imediatamente depois de deixar de fumar, mas a maior redução dá-se entre 2 a 4 anos
após.
CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL é um factor de risco para AVC’S isquémicos e hemorrágicos já que
com o seu consumo há um aumento da pressão sanguínea. No entanto o consumo diário de pequenas doses
parece ter um efeito protector contra AVC’S isquémicos. Isto acontece possivelmente porque o álcool diminui a
capacidade de coagulação das plaquetas.
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USO DE DROGAS ILÍCITAS pode provocar AVC’S. A cocaína pode actuar sobre outros factores de risco
(hipertensão, doenças cardíacas e doenças vasculares). A cocaína reduz a corrente sanguínea no cérebro, o
que causa constrição vascular e inibe o relaxamento vascular, podendo levar à formação de coágulos. A
marijuana diminui a pressão arterial e, juntamente com outros factores de risco, pode causar níveis de pressão
sanguínea flutuantes.
1.4 - FISIOPATOLOGIA
O tecido nervoso é desprovido de reservas sendo totalmente dependente do aporte circulatório, pois é
graças a este que as células nervosas se mantém activas, sendo o seu metabolismo dependente de oxigénio e
glicose. A interrupção deste aporte numa determinada área do cérebro tem por consequência uma diminuição
ou paragem da actividade funcional dessa área.
Se a interrupção do aporte circulatório for inferior a 3 minutos, a alteração é reversível; se esse prazo
ultrapassar os 3 minutos, a alteração funcional poderá ser irreversível, originando necrose do tecido nervoso.
O AVC pode ser causado por dois mecanismos diferentes: oclusão de um vaso provocando isquemia e
enfarte do território dependente desse vaso ou ruptura vascular originando uma hemorragia intracraniana.
Qualquer destes dois grandes grupos pode ser ainda dividido em subgrupos distintos; a obstrução vascular
pode ser devida a doença local da parede do vaso, dando origem à formação de um trombo, ou a um embolo
originado num ponto mais distante da rede vascular e que, entrando na circulação, vai alojar-se num vaso são
e provocar a sua oclusão. Em qualquer dos casos o resultado é a formação de uma zona de enfarte.
As hemorragias podem dever-se igualmente a dois mecanismos: ruptura de uma mal formação
vascular (aneurisma ou angioma), ou ruptura de uma artéria intra-cerebral de pequeno calibre como resultado
de arteriosclerose. A ruptura de um aneurisma dá-se no espaço subaracnóideu, provocando uma hemorragia
meníngea, enquanto que as outras origens condicionam habitualmente uma hemorragia intracerebral.
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1.5 - TIPOS DE AVC
Existem dois tipos principais de AVC’S:
● O AVC isquémico é provocado pelo bloqueio de um vaso sanguíneo ou de uma artéria, o que
impede a corrente sanguínea de atingir partes do cérebro.
● O AVC hemorrágico é provocado pela ruptura de um vaso sanguíneo, que leva ao derrame de
sangue para dentro do cérebro ou para a área que o rodeia.
Tanto na isquemia como na hemorragia, vai ocorrer morte das células, ou seja, vai ocorrer o enfarte. A
rodear este enfarte. A rodear este enfarte está uma área de edema (inchaço provocado por uma reacção
do organismo de luta contra o AVC). À região onde ocorre este problema dá-se o nome zona de
penumbra isquémica. Nesta região as células estão vivas, mas não estão a funcionar de forma adequada.
Se o tratamento do AVC for rápido podem-se evitar sequelas maiores nestas células.
1.5.1 - AVC ISQUÉMICO
Este tipo de AVC’S é provocado por isquemias a perda de oxigénio e nutrientes das células cerebrais
resultando da obstrução de um vaso sanguíneo.
A isquemia leva ao enfarte – morte das células cerebrais, que são depois substituídas por um líquido.
Os coágulos sanguíneos provocam isquemia e enfarte de duas formas:
Embolia – um coágulo que se forma numa parte qualquer do corpo, que se desprende ou quebra, e se
desloca, percorrendo os vasos sanguíneos até ficar preso num ponto mais estreito de uma artéria cerebral.
Estes coágulos formam-se mais frequentemente no coração após um enfarte do miocárdio, por alterações no
ritmo cardíaco (arritmias) ou por doenças nas válvulas cardíacas. Um AVC provocado por uma embolia tem o
nome de AVC embólico.
Trombose – é a formação de um coágulo de sangue (também conhecido como trombo) dentro de um
vaso sanguíneo no cérebro, geralmente sobre uma placa de gordura (acumulação de colesterol nas paredes
das artérias, conhecido como processo de arteriosclerose). Isto leva à obstrução total ou parcial do vaso. Os
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locais mais frequentes para estas ocorrências são as artérias carótidas e cerebrais. Um AVC provocado por
uma trombose tem o nome de AVC trombótico.
A isquemia pode ser definitiva ou temporária. Quando o sangue volta a circular após um curto período de
isquemia e o paciente não apresenta sequelas, diz-se que ocorreu um Acidente Isquémico Transitório (AIT).
Um AIT pode ser um indicativo de que, no futuro, pode ocorrer uma isquemia permanente.
1.5.2 - AVC HEMORRÁGICO
A hemorragia pode ocorrer de várias formas, sendo as principais:
O aneurisma – Um ponto fraco ou fino na parede de uma artéria. Com o tempo estes pontos aumentam com a
elevada pressão arterial, acabando por rebentar.
- A ruptura de uma parede arterial. As paredes arteriais encrostadas de placas (provocadas pela
arteriosclerose) perdem a sua elasticidade, ficam rígidas, finas e sujeitas a quebrarem.
Quando ocorre uma hemorragia, o sangue pode derramar:
- Para o interior do cérebro, provocando uma hemorragia intra-cerebral.
- Para o espaço cheio de fluído entre o cérebro e a membrana aracnoideia, provocando uma
hemorragia subaracnóidea.
1.6. PROBLEMAS ASSOCIADOS À LESÃO NEUROLÓGICA PROVOCADA POR AVC
Existem inúmeros problemas e alterações provocados por AVC, dos quais se passam a descrever:
Alterações das funções motoras
Alterações do tónus
Logo após o AVC, o hemicorpo afectado apresenta um estado de flacidez sem movimentos voluntários
ou seja o tónus é muito baixo para iniciar o movimento, não há resistência ao movimento passivo e o indivíduo
é incapaz de manter um membro em qualquer posição, especialmente durante as primeiras semanas. Em
alguns casos a flacidez permanece por apenas algumas horas ou dias mas raramente persiste
indefinidamente.
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Todas estas alterações levam à ausência de consciencialização e de perda dos padrões de movimento
do hemicorpo afectado, bem como os padrões inadequados do lado não afectado (utilizado como
compensação). Assim, o indivíduo não consegue rolar, sentar-se sem apoio, manter-se de pé, e tem tendência
para transferir o seu peso para o lado são, por falta de noção da linha média.
Ainda que a hipotonia possa persistir, é frequente ser seguida pelo aparecimento de quadro de
hipertonia. Neste quadro verifica-se o aumento da resistência ao movimento passivo, sendo isto típico dos
padrões espásticos.
Durante os primeiros dezoito meses a espasticidade vai, gradualmente, desenvolvendo-se com as
actividades e esforços realizados pelo indivíduo (fase espástica).
A espasticidade produz características típicas como as posturas anormais e os movimentos
estereotipados. A distribuição anormal do tónus é variável, sendo normalmente mais intensa em certos
padrões que envolvem os músculos anti-gravíticos do hemicorpo afectado, nomeadamente, os flexores do
membro superior e os extensores do membro inferior.
Um hemiplégico pode apresentar padrões anormais de movimento ou sinérgicos devido ao tónus
anormal, défices sensoriais e perda das reacções de equilíbrio. Existem dois tipos de padrões anormais
(sinergias), sendo eles o padrão de flexão e o padrão de extensão.
As sinergias estereotipadas de movimento de hemiplégico podem ser observadas no quadro abaixo
(quadro 1):
Sinergia flexora
Sinergia extensora
Extremidade Superior
● Flexão do punho e dedos
● Flexão do cotovelo
● Supinação do antebraço
● Rotação externa do ombro
● Abdução do ombro
● Retração/elevação da omoplata
● Extensão do punho e dedos
● Extensão do cotovelo
● Pronação do antebraço
● Rotação interna do ombro
● Adução do ombro
● Protracção da omoplata
Extremidade Inferior
● Extensão do dedo grande do pé
● Flexão dorsal e eversão da tíbio-
társica
● Flexão do joelho
● Flexão da anca
● Abdução e rotação externa da
anca
● Flexão dos dedos
● Flexão plantar e inversão da
tíbio-társica
● Extensão do joelho
● Extensão da anca
● Adução e rotação interna da
anca
Quadro 1 ‐ Sinergias estereotipadas de movimento de um hemiplégico
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Presença de reacções associadas
As reacções associadas definem-se como respostas automáticas anormais estereotipadas dos
membros afectados resultantes de uma acção ocorrida em qualquer parte do corpo, por estimulação reflexa ou
voluntária (ex.: tossir, espirrar, esforço), inibindo a função.
Estas reacções podem ocorrer quando o indivíduo se esforça para realizar uma tarefa difícil ou quando
está ansioso. Quando realiza uma tarefa, como por exemplo o vestir, as reacções associadas poderão ser
observadas no braço e perna afectadas.
Perda do mecanismo de controlo postural
O mecanismo de controlo postural é a base para a realização dos movimentos voluntários normais
especializados. Este mecanismo consiste num grande número e variedade de respostas motoras automáticas,
adquiridas na infância, e que são desenvolvidas durante os primeiros três anos de vida.
É constituído por três grupos de reacções posturais automáticas, sendo estas as reacções de
rectificação; reacções de equilíbrio e as reacções de extensão protectiva.
Reacções de rectificação: são respostas automáticas que mantém a posição normal da cabeça no
espaço, bem como o alinhamento postural da cabeça e pescoço com o tronco, e do tronco com os membros.
Estas reacções dão ao indivíduo um dos elementos mais importantes da mobilidade funcional, que é a noção
de rotação dentro do eixo do corpo.
Reacções de Equilíbrio: são respostas automáticas a alterações de postura e movimento, complexas
e integradas, com o objectivo de recuperar o equilíbrio perturbado.
Reacções de Extensão Protectiva: são reacções automáticas que são activadas quando o centro de
gravidade é deslocado para fora da base de sustentação, e quando as reacções de equilíbrio e de rectificação
se mostram insuficientes.
Num indivíduo que tenha sofrido um AVC as reacções posturais automáticas descritas não funcionam
no hemicorpo afectado, o que impede o indivíduo de usar uma variedade de padrões normais de postura e de
movimento, essenciais para a realização de actividades funcionais tais como as transferências, o rolar, o
sentar, o manter a posição de pé, o andar e a realização de actividades da vida diária.
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Alterações da função sensorial
As alterações sensoriais mais frequentes e observáveis nos casos de lesão neurológicas do
hemicorpo, são os défices sensoriais superficiais, proprioceptivos e visuais.
A diminuição e ou abolição da sensibilidade superficial (táctil, térmica e dolorosa), contribui para o
aparecimento de disfunções perceptivas (alterações da imagem corporal, neglect unilateral), e para o risco de
auto lesões.
A diminuição da sensibilidade proprioceptiva (postural e vibratória) contribui para a perda da
capacidade para executar movimentos eficientes e controlados, para a diminuição da sensação e noção de
posição e de movimento, impedindo e diminuindo novas aprendizagens motoras no hemicorpo afectado.
São bastante comuns em indivíduos que sofreram um AVC distúrbios do campo visual (diminuição da
acuidade visual, hemianopsia e diplogia). O distúrbio visual mais comum é a hemianopsia homónima (cegueira
da metade nasal de um dos olhos e da metade temporal do outro olho). É um défice visual que contribui para a
diminuição do nível de consciência e/ou diminuição da noção do hemicorpo afectado.
Alterações da função perceptiva
Após a ocorrência de AVC poderão estar presentes alguns défices perceptivos. O seu tipo e extensão
vão depender do local da lesão.
As lesões do hemisfério não dominante (para a maioria dos indivíduos o hemisfério direito), produzem
distúrbios da percepção. Os distúrbios podem ser a nível da figura de fundo, posição no espaço, constância da
forma, percepção da profundidade, relações espaciais e orientação topográfica.
A apraxia e a agnosia são outros dos distúrbios frequentes em indivíduos que sofreram um AVC. A
apraxia consiste na incapacidade para programar uma sequência de movimentos, apesar das funções motora
e sensorial estarem aparentemente conservadas. A apraxia pode manifestar-se de varias formas, sendo estas,
a apraxia ideomotora (gestos); a apraxia ideativa (tarefa); a apraxia do vestir (incapacidade para efectuar as
tarefas funcionais do acto de vestir) e a apraxia construtiva (incapacidade para construir modelos a duas ou
três dimensões).
A agnosia, consiste na incapacidade de reconhecer objectos familiares de uso pessoal, e de lhe dar
uma função, ainda que os órgãos sensoriais não estejam lesados.
Poderão igualmente surgir alterações a nível da imagem e esquema corporal, onde se incluem o
neglect unilateral e falhas na discriminação esquerda/direita.
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Alterações da comunicação
Os problemas da comunicação são frequentes nos indivíduos que sofreram um AVC, por obstrução da
artéria cerebral média no hemisfério esquerdo.
A afasia é uma perturbação da linguagem que resulta de uma lesão cerebral, localizada nas estruturas
que se supõe estarem envolvidas no processo da linguagem.
Existem vários quadros clínicos das afasias, pelo que se passa a classificá-los no quadro abaixo
(quadro 2).
Fluencia do
discurso
Compreensão
Nomeação
Repetição
Afasia da Boca
Não fluente
Normal
Perturbado
Perturbado
Afasia de Wenicke Fluente
Perturbado Perturbado Perturbado
Afasia Global
Não fluente
Perturbado Perturbado Perturbado
Afasia de
Condução
Fluente Normal
Perturbado Perturbado
Afasia Anómica
Fluente
Normal
Perturbado
Normal
Afasia Transcortical
Motora
Não fluente
Normal
Perturbado
Normal
Afasia Transcortical
Sensorial
Fluente Perturbado
Perturbado
Normal
Afasia Transcortical
Mista
Não fluente
Perturbado
Perturbado
Normal
Quadro 2 ‐ Critérios de diagnóstico diferencial das afasias
Alterações do comportamento
Os indivíduos com lesão no hemicorpo esquerdo e direito diferem amplamente nos seus efeitos
comportamentais.
Os indivíduos com lesão do hemicorpo direito, tem um comportamento lento, são muito cuidadosos,
incertos e inseguros, logo, ao desempenharem tarefas estes apresentam-se ansiosos e hesitantes, exigindo
frequentemente “feedback” e apoio. Eles também tendem a ser realistas na avaliação dos próprios problemas.
A labilidade emocional, é geralmente encontrada nos casos de hemiplegia. O indivíduo apresenta
emoções instáveis, sendo capaz de inibir a expressão das emoções espontâneas, que rapidamente alteram o
seu comportamento emocional sem qualquer razão aparente.
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1.7. Problemas secundários e complicações das lesões neurológicas por AVC
Os indivíduos com lesão neurológica do hemicorpo estão predispostos ao aparecimento de problemas
secundários e/ou complicações, relacionados com o seu estado patológico que frequentemente, funcionam
como um obstáculo à reabilitação dos mesmos.
● As complicações possíveis de um AVC incluem:
● Pneumonia;
● Formação de coágulos de sangue nas veias das pernas, os quais podem atingir a circulação
pulmonar (artéria pulmonar), provocando uma embolia pulmonar potencialmente fatal;
● Infecção do tracto respiratório;
● Incontinência urinária;
● Obstição;
● Para além destas complicações existem ainda alguns problemas motores, problemas estes
que surgem como complicação secundária da hemiplegia:
● Síndrome ombro -mão;
● Ombro doloroso;
● Subluxação do ombro;
● Edema da mão.
1.8. INTERVENÇÕES APÓS UM AVC
1.8.1 - CUIDADOS DE EMERGÊNCIA
Pode ocorrer um AVC, quando uma pessoa está a trabalhar ou algures fora de casa, o que pode
levar a confundi-lo com crises epilépticas, coma diabético ou embriagues. Os cuidados de emergência, no
local, consistem em voltar o doente, cuidadosamente, para o lado afectado (determinado pela flacidez da face
desse lado) e elevar-lhe a cabeça sem pender o pescoço para a frente, visto que a inclinação pode comprimir
os vasos sanguíneos e, por sua vez, causar congestão sanguínea cerebral. O voltar o doente para o lado
afectado permite que a saliva saia da boca, o que diminui o perigo de aspiração pulmonar. A elevação da
cabeça pode ajudar a evitar edema cerebral. Deve desapertar-se o fato à volta do pescoço, ajudando assim a
evitar ingurgitação dos vasos sanguíneos da cabeça, o que poderia provocar edema cerebral. Deve-se manter
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a pessoa sossegada, mobilizando-se o mínimo possível e protegê-la do frio. Procurar, de imediato, ajuda
médica.
1.8.2 - CUIDADOS NA FASE INICIAL
Na fase inicial, não difere do facto de a pessoa estar no hospital ou em casa, embora seja mais
provável a administração de oxigénio no hospital. Na tentativa de prevenir trombose ou êmbolo adicionais,
podem administrar-se no hospital, biidroxicumarina (Dicuramol) e heparina, se houver a certeza de que se trata
de trombose ou êmbolos cerebrais, e não hemorragia cerebral. A utilização de anticoagulantes é objecto de
controvérsia. Alguns doentes podem ser tratados com vários tipos de agentes vasodilatadores, embora ainda
não esteja comprovada a eficácia desta terapêutica. Os objectivos estão direccionados para as necessidades
de sobrevivência e para a prevenção de ulterior lesão cerebral. Os cuidados, por parte do profissional de
saúde, são orientados para o estado de inconsciência, se for o caso. A apreciação neurológica é efectuada a
intervalos regulares para detectar alterações no estado e o aparecimento de complicações. Os sinais vitais
devem ser cuidadosamente controlados, e o profissional de saúde deve observar se há aumento de
temperatura durante os primeiros dias, diminuição da frequência do pulso e respiratória, e agravamento do
coma, tudo isto a indicar pressão nos centros vitais e mau prognóstico. Podem administrar-se fármacos para
redução da pressão intra-craniana como a dexametasona (Decadron).
1.8.3 - CUIDADOS NA FASE AGUDA
Depois de o doente estar estabilizado fisicamente, como se diz na secção sobre fase inicial, o técnico de saúde
tem a maior influencia, de entre todas as pessoas que prestam cuidados ao doente, na recuperação deste. A
preocupação com os cuidados, na fase aguda, é evitar complicações a partir do AVC original, pela imobilidade
e pela dependência que provoca, e pela perda de funcionamento causada por deficiências focais.
PROMOÇÃO DA NUTRIÇÃO
Nos primeiros dias após o AVC os líquidos podem ser restringidos para evitar edema cerebral.No caso de o
doente estar em coma ou não ter reflexo de deglutição, a alimentação deve ser feita por entubação
nasogástrica;
Se o doente não se levanta, mas está consciente e com reflexo de deglutição presente – levantar a cabeceira
da cama, doente bem alinhado, evitar hiper-extensão da cabeça, colocar poucos alimentos na boca do lado
são, dar líquidos por palhinha (reeduca e estimula os músculos faciais), cuidados à boca antes e depois das
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refeições. Se se levantar ter em atenção o alinhamento e postura, alimentos e utensílios mais dispostos junto
ao lado afectado (se colaborar; se não colaborar dar os alimentos do lado hemiplégico).
PROMOÇÃO DA ACTIVIDADE / MOBILIDADE
O repouso e o sossego são importantes após um AVC, pois crê-se que ajuda à perfusão cerebral. Dai que
alguns neurologistas prescrevam a cabeceira da cama na horizontal durante vários dias, outros pensam ser
mais benéfica a mobilização prematura do doente. O 1º levante depende também do tipo de AVC sofrido,
normalmente o hemorrágico é mais tardio, porque o vaso enfraquecido tem mais probalidade de voltar a
romper se houver aumento da pressão ou outros esforços. A manutenção da mobilidade e o impedimento da
deformação articular passa por: posicionamentos dos membros afectados, exercícios de mobilização e
mudança de decúbitos
PROMOÇÃO DA ELIMINAÇÃO
Vesical – deve ser observada e registada durante alguns dias após o AVC. A retenção urinária não é muito
comum, mas a incontinência é (explicar ao doente que o controlo da urina vai melhorar à medida que o estado
geral melhora, oferecer a arrastadeira após cada refeição e a intervalos regulares).
Intestinal – a incontinência fecal também é comum, mas também esta tem tendência a melhorar. Alguns
doentes desenvolvem obstipação e consequentemente fecalomas (deve informar-se os doentes para não
fazerem força por forma a não aumentarem a Pintracraniana – utilização de leite de magnésio, supositórios,
enemas). Para uma boa prestação de cuidados deve conhecer-se os hábitos de eliminação do doente e tentar
mantê-los, tentar que o doente evacue pelo menos de 2 em 2 dias, aumento da ingestão de fibras e de líquidos
e utilização de laxantes ou enemas se prescritos.
PROMOÇÃO DO APOIO EMOCIONAL
Se o doente sobreviver aos primeiros dias, a consciência pode começar a voltar e desaparecer uma parte da
paralisia. Então, é necessário o máximo de compreensão da parte das pessoas que tratam do doente. Este
tomará consciência da afasia, da acção de babar-se, da paralisia, e da insegurança, e ficará, por isso, muito
perturbado. É nesta altura que começa o papel activo do profissional de saúde, na reabilitação. Com uma
actuação convicta e calma, o profissional de saúde pode ajudar o doente a sentir que já começou – e vai
continuar – o processo de recuperação e auto-suficiência. Pode ajudar, explicando o que vai ser feito, mesmo
que a pessoa não consiga responder, falando. Se o doente tem afasia e também não é capaz de usar a mão,
que normalmente utiliza para escrever, ao problema adicional de tentar escrever com a outra mão. O
profissional de saúde deve tentar prever as necessidades do doente e esforçar-se, ao máximo, por entender
um discurso confuso, visto que as repetidas tentativas para se fazer entender só aumentam o seu infortúnio e
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frustração. Geralmente, se, ao retomar a consciência, estiver discurso parcial, é de esperar que ele melhor e o
doente fica animado, sabendo isso. O discurso pode ainda, ser afectado por envolvimento dos músculos da
língua, da boca e da garganta.
O doente que tenha tido um AVC, pode estar demasiado sensível e essa reacção, associada com o medo e a
frustração de tomar consciência do seu estado, perturba a família. É julgar o choro e, por vezes, os familiares
julgam-se responsáveis por essa tristeza, o que geralmente, não é verdade. Há que assegurar á família, à
pessoa e a outros doentes, que eles não são a causa dessa reacção. A seguir a um AVC, as pessoas podem
ter dificuldades relativamente a elas próprias e ao seu ambiente. Depois de uma fase aguda, recomenda-se um
técnico de saúde, pois as entradas sensórias de outros podem ajudar. Na fase inicial poderá ser estimulante
trazer para o ambiente do doente artigos que lhe sejam familiares, relógio da parede, relógio de pulso, uma
foto da família ou a bíblia. É bastante vulgar ocorrer hemianopsia, ou diminuição do campo visual. Aproximar-
se do doente pelo lado da visão intacta, e em sinal tatear, não só vai tornar mais consciente dos estímulos,
como vai ajudar a evitar danos. Pode ocorrer um conhecimento diminuído ou rejeição do lado afectado e pode
ser um perigo para a segurança. Deve considerar-se esta possibilidade quando o doente chocar com os
objectos, com a cadeira de rodas, ou deixar o braço ou a perna, afectados, a arrastar para trás, quando passa
da cadeira para o leito.
São importantes as observações, por parte do profissional de saúde, sobre o estado mental do doente. Este
pode estar desorientado, e ter raciocínio diminuído ou má memória. Um ambiente permanente e uma rotina
ajudam a melhorar a orientação e a capacidade funcional. Um mau raciocínio e impulsividade podem constituir
grandes perigos para a segurança. Um tipo assim de comportamento deve ser levado á atenção do médico. A
família também terá ter consciência disto, se vai cuidar do doente em casa.
PROMOÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Procurar compreender o doente, pois as repetidas tentativas de se fazer entender sem sucesso são motivo de
frustração; pode também tentar-se antecipar as necessidades do doente.
No caso das:
◙ Afasias motoras – tranquilizarem o doente e explicar que tem a campainha ao lado; levá-lo a
verbalizar calmamente para conseguir articular; estimula-lo para acompanhar com gestos.
◙ Afasia sensitiva – falar calmamente para facilitar compreensão, associar a palavra ao abjecto, falar
de frente para o doente, utilizar linguagem gestual.
◙ Afasia completa
◙ Disartria – alteração da articulação das palavras – estimular a dizer o som várias vezes ao dia
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RECUPERAÇÃO APÓS AVC
2. PERÍODO INICIAL DE CHOQUE CEREBRAL
Um infarto cerebral é imediatamente seguido de um período de choque cerebral. Durante esse
período, que pode variar de alguns dias a algumas semanas, o tônus muscular fica flácido (hipotônico). O
movimento do lado afectado é difícil, às vezes impossível. Isso inclui o movimento dos músculos da face, da
língua, do tronco e dos membros.
2.1. A FASE DA RECUPERAÇÃO
Depois do período de choque cerebral, tem inicio a fase de recuperação, que geralmente começa
entre a segunda e a sexta semanas após o acidente vascular cerebral. A fase de recuperação pode progredir
em três estágios diferentes. A duração dessas etapas é diferente para cada paciente. Além disso, não podem
ser observados um inicio e um fim claros em cada fase. Frequentemente, elas podem estar presentes em
diferentes partes do lado afectado na mesma época.
2.2. FACTORES QUE INFLUENCIAM A RECUPERAÇÃO
Alguns pacientes terão uma recuperação quase completa de um AVC, enquanto outros podem ter
dificuldades consideráveis durante um ano. Muitos factores podem influenciar o resultado, como os seguintes:
● A qualidade do tratamento de reabilitação
Embora o grau de recuperação dependa da extensão e da localização do AVC, ele é muito
influenciado pela qualidade do tratamento recebido no hospital e em casa. Isso inclui a
prevenção e o tratamento de complicações (perturbações intestinais, contraturas, retrações,
escaras, etc.), que podem aumentar o dano causado pelo AVC. As primeiras semanas imediatas
são cruciais. Durante esse período, é importante estimular e usar o potencial do próprio paciente
para a sua reabilitação.
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● A motivação do paciente e da sua família
A motivação do indivíduo e o apoio da família e de amigos também vão determinar o grau de
recuperação. Alguém que esteja motivado para realizar actividades como comer, vestir-se e
lavar a louça, poderá usar, nestas actividades, movimentos que ajudarão a sua recuperação. A
qualidade do cuidado e o estímulo dos familiares podem realmente fazer uma grande diferença.
● A idade do paciente
Os pacientes jovens têm maior probalidade de conseguir uma recuperação melhor do que
aqueles com mais de sessenta anos de idade. Isto se deve a problemas adicionais nos idosos
(por exemplo, problemas cardíacos, circulatórios, respiratórios, psicológicos e familiares).
● Persistência do estágio flácido e atraso no tratamento
Estes factores têm uma influência negativa na recuperação do AVC.
2.3 - DIRECTRIZES DO TRATAMENTO
2.3.1 INICIANDO O TRATAMENTO
A reabilitação deve ser começada já nos estágios iniciais do AVC. Durante a fase aguda, o manuseio
médico tem prioridade para salvar a vida. Entretanto, deve-se tomar um grande cuidado para prevenir
contraturas e escaras, por meio de posicionamento correcto na cama e actividades para amplitude do
movimento (ADM). Assim que o paciente estiver medicamente estável, deve ser iniciado o tratamento activo. O
tratamento deve ser precoce, intensivo, para que se obtenham resultados proveitosos.
Os objectivos do tratamento são:
● Evitar o desenvolvimento de padrões anormais de movimento, resultantes de tônus muscular
anormal;
● Ensinar o paciente a não compensar, de maneiras desnecessárias e potencialmente perigosas,
com o seu lado não afectado. Nos estágios iniciais da recuperação, se o indivíduo compensa com
o seu lado não afectado, isso pode aumentar a espasticidade, provocar reacções associadas
anormais e também não estimular o uso do lado afectado.
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2.3.2. ESTÁGIOS DO PROGRAMA DE TRATAMENTO
A direcção do desenvolvimento do movimento voluntário é do proximal para o distal.
Por isso, o controle dos movimentos do tronco superior, do ombro, do tronco inferior e do quadril deve ser
estabelecido primeiro.
Todos os movimentos dos membros afectados devem ser realizados nos seguintes estágios
progressivos: movimento passivo, movimento activo assistido e movimento activo.
Depois disso, o paciente será capaz de movimentar seu braço e sustentá-lo no espaço. Se houver recuperação
suficiente, poderá seguir-se o fortalecimento com exercícios de resistência.
O progresso na reabilitação do AVC é em geral obtido por meio do trabalho com uma sequência de
exercícios progressivos, que seguem de perto o padrão do desenvolvimento motor adquirido pelos bebes. Por
exemplo: rolar → sentar → ficar de pé → andar; ou rolar → ficar de bruços → se apoiar → ficar de gato →
ficar de pé → andar.
É importante estimular o paciente a realizar todas as actividades da vida diária, para que se torne o
mais independente possível. Ele deve aprender a se vestir e despir, a se alimentar, a ser independente na
higiene pessoal.
O último estágio da reabilitação vais se concentrar no movimento voluntario da mão. A precisão dos
movimentos da mão pode ser estabelecida quando os movimentos voluntários do ombro e do cotovelo tiverem
sido restabelecidos e a mão estiver livre do padrão flexor.
2.3.3. USO DE ESTÍMULOS SENSORIAIS
É importante fazer uso de estímulos sensoriais, tais como voz, tacto e visão.
Informações verbais vão ajudar o tratamento proporcionando sugestões auditivas. Os comandos
dados pelo fisioterapeuta dever ser curtos e de fácil compreensão, deixando ao paciente tempo suficiente para
entendê-los. Por exemplo, peça a ele para “pensar” sobre o movimento: “vamos dobrar e estender seu joelho…
observe o seu joelho … agora me ajude a fazer isso… sinta o movimento”.
Informação visual também é importante – por exemplo, um espelho de corpo inteiro colocado diante
da pessoa vai proporcionar um estímulo sensorial.
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2.4 - PLANEAMENTO DO PROGRAMA DE REABILITAÇÃO
2.4.1. ESTABELECENDO OBJECTIVOS
O tratamento deve levar em conta todos os aspectos da perda do indivíduo, e não somente as
perdas motoras e sensoriais mais óbvias.
O objectivo da reabilitação para o paciente que sofreu um AVC é obter o grau máximo de
independência física e psicológica, devendo desenvolver um nível de independência funcional, não somente
em um ambiente abrigado, como um hospital, mas especialmente em casa e na comunidade. Isso significa que
o “tratamento” deve ser realizado em todos os aspectos do dia-a-dia, tornando-se uma parte da rotina diária, e
não realizado como uma actividade isolada duas ou três vezes por semana, ou quando o fisioterapeuta vai à
casa do paciente.
É o movimento activo que promove a recuperação das habilidades funcionais. Realizar movimentos
passivos com o paciente deitado na cama durante meses é um mau hábito. Alguém que sofreu um AVC deve
ser ajudado a executar as actividades diárias normais, mesmo que estas não sejam realizadas com perfeição.
Por exemplo:
● Levantar-se da cama pela manha requer mobilidade na cama, rolar para o lado afectado sentar-se
com uma perna fora da cama, sair da cama e sentar-se em uma cadeira.
● Usar o banheiro em vez de fazer as necessidades na cama, ser quase arrastado ou carregado
para o banheiro, o paciente que sofreu o AVC deve ser ajudado, pelo treinador familiar, a ir ao
banheiro. Desse modo, andar até o banheiro torna-se parte do “tratamento” do paciente.
● Balance sentado: as actividades de treinamento são importantes para a restauração do equilíbrio
ao sentar, especialmente no estágio inicial após um AVC. Sentar-se e pegar um pente ou um jogo
de cartas colocado sobre uma mesa próxima ao lado afectado pode conduzir ao mesmo o
objectivo. A vantagem é que essas actividades fazem parte da rotina diária.
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2.4.2. PLANEJANDO O PROGRESSO
Seleccionar as actividades que o paciente pode realizar, assim como habilidades que proporcionem
seu progresso em um nível funcional mais elevado. Pode-se, frequentemente, fragmentar uma determinada
actividade nos movimentos que a compõem. O paciente será estimulado a praticar cada componente como um
exercício. Nos estágios finais do tratamento, a actividade pode ser praticada por inteiro, no inicio do
tratamento, para melhorar os movimentos e o controle do quadril, a ponte é uma habilidade funcional que
segue esta melhora.
2.4.3. A CAPACIDADE DO INDIVIDUO
Deve-se evitar a frustração do fracasso. Qualquer progresso no programa deve ser realizado dentro
da capacidade do paciente. Por exemplo, o paciente deve aprender a equilibrar-se ou estabilizar-se em uma
posição antes que seja solicitado a mover-se dessa posição.
3 – POSICIONAMENTO CORRECTO E MANUSEIO INICIAL
3.1. INTRODUÇÃO
O posicionamento correcto é muito importante, especialmente no estágio agudo do AVC. O bom
posicionamento vai ajudar a:
● Prevenir deformidades músculo-esqueléticas;
● Prevenir escaras;
● Prevenir problemas circulatórios (sanguíneos e linfáticos);
● Enviar informações normais ao cérebro, contrastando com a ausência temporária de
informações sensoriais causada pelo AVC;
● Promover o reconhecimento e a consciência do lado afectado.
Ficar deitado na cama durante várias horas na mesma posição não é bom para o paciente que sofreu
um AVC. O simples facto de mudar de posição vai proporcionar estímulos diferentes, que podem ajudar a
restaurar a função sensorial. O mau posicionamento vai levar à rigidez, a uma limitação na amplitude de
movimento e a retracções musculares. Todas essas são condições que pioram a incapacidade causada pelo
AVC.
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A posição do paciente na cama deve ser ajustada e modificada a cada duas ou três horas. As
posições devem ser alternadas entre deitar de costas (supino) e deitar de lado (decúbito lateral) sobre os dois
lados, e assim por diante. Dessa maneira, a posição das articulações e das partes do corpo se alterará e,
como resultado, estímulos diferentes serão enviados ao cérebro. No entanto, o posicionamento não deve ser
aplicado de maneira estrita ou estática. Será um meio para prevenir limitações articulares, e não uma fonte de
outras limitações.
Nota:
O posicionamento do quadril e do ombro é de fundamental importância. Ambos devem ser mantidos
para a frente, com a perna levemente rodada para dentro e o braço, para fora.
O posicionamento cuidadoso do corpo deve continuar durante todo o tratamento. Lembre-se sempre
de encarar o corpo como um todo e de posicioná-lo em conformidade com isso. Se um exercício envolve a
parte superior do corpo, a posição da parte inferior deve ser levada em conta, e vice-versa.
De inicio, o paciente fica posicionado passivamente. A posição pode ser mantida com a ajuda de
travesseiros macios, ou a pessoa pode ser rolada com o auxílio de lençóis ou toalhas. Evita estímulos muito
fortes na pele. Um travesseiro pode ser posicionado de modo a manter os tornozelos em uma boa posição e o
joelho levemente dobrado (em especial quando a perna está completamente mole).
O paciente, então, pode ser ensinado e ajudado a se mover e a manter essas posições sem ajuda e
sem auxílio de apoio. Quando o posicionamento correcto é usado rotineiramente, o paciente começa muito
rapidamente a se posicionar da melhor forma possível.
Quando mudar uma posição, não puxe o braço segurando a mão ou punho. O braço deve ser
apoiado nos níveis proximal e distal e gentilmente guiado para as diferentes posições. O paciente finalmente
precisará de menos apoio, ou será capaz de mudar sozinho de posição.
O manuseio e o posicionamento correcto previnem complicações indesejadas, ajudando também a
restaurar a actividade motora funcional. As diferentes actividades da vida diária transformam-se em “terapia”.
3.2. INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO DO TONUS MUSCULAR
Algumas posições podem aumentar o tonus muscular, enquanto outras podem diminuir ou influenciar
o desenvolvimento do padrão do espasmo. Por isso, o posicionamento correcto é usado para influenciar o
tonus muscular e promover a recuperação.
Assim, qualquer posição só deve ser adoptada após uma avaliação cuidadosa das necessidades do
indivíduo. Por exemplo, quando é necessário aumentar o tonus muscular em uma perna flácida usando a
posição supino, o braço deve ser posicionado com um cuidado extra, especialmente se está desenvolvendo
espasticidade
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3.3. ABORDAGEM DO PACIENTE E OUTROS ESTÍMULOS SENSORIAIS
Aborda-se sempre o paciente que sofreu um AVC pelo lado afectado. Isso promove a virada da
cabeça para esse lado. Os familiares, as visitas e todo o pessoal de saúde também devem abordá-lo pelo lado
afectado. A grade da cama ou a mobília do quarto devem ser colocadas de modo a ajudar na recuperação (por
exemplo, a mesa de cabeceira deve ser colocada do lado afectado).
A excepção é aqueles casos em que o paciente tenha sofrido negligência severa. Ele pode sentir-se
prejudicado, confuso e isolado se todo estímulo vier do lado afectado. Por isso, no inicio é melhor abordar a
pessoa pelo seu lado não afectado, ou pela frente. Depois, gradualmente, mover-se para o lado afectado.
Quando ele melhorar um pouco, será possível seguir as sugestões anteriores.
A cama deve ser firme, mas não dura demais. Uma cama muito macia não ajuda a circulação
sanguínea e linfática, aumenta a espasticidade e pode causar escaras. Para reduzir a espasticidade, tente
remover quaisquer factores que possam aumentar o tonus muscular. Manter o quarto aquecido, verificar que
não seja barulhento nem iluminado demais, e limitar qualquer stress emocional.
Falar com o paciente pelo seu lado afectado - a voz vai estimular sua audição e visão,
proporcionando uma estimulação sensorial importante.
4 – DEITANDO E SENTANDO NA CAMA
4.1 - DEITANDO DE COSTAS (POSIÇÃO SUPINO)
A posição ilustrada a seguir é utilizada com frequência. Entretanto, se usada sem a devida
atenção, pode causar escaras e reforçar o padrão de espasmo característico. Tenha sempre um grande
cuidado ao posicionar o paciente no padrão anti-espasmo.
● A cabeça deve ficar voltada para o lado afectado (não levantada demais por travesseiros de
sustentação).
● Colocar um travesseiro sob o ombro, para mantê-lo levantado.
● O braço é colocado sobre um travesseiro, com o cotovelo e o punho em extensão.
● A mão deve ficar com a palma virada para baixo, com o polegar e os dedos abertos.
● Colocar um travesseiro sob o quadril, para evitar retracção ou uma queda da pelve para trás
com a perna virada para fora (a perna deve ser mantida em posição neutra).
● Um travesseiro pequeno pode ser colocado por baixo do joelho para mantê-lo levemente
flexionado, evitando a rotação da perna para fora, caso ela esteja totalmente mole.
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● Um travesseiro macio pode ser colocado sob o pé, para evitar que ele fique rígido e voltado
para baixo.
Nota:
Uma trave para o pé não deve ser usada se o paciente estiver desenvolvendo espasticidade na
perna, particularmente no pé. A pressão resultante na parte dianteira do pé reforçará o tonus muscular na
perna. Entretanto, um arco deve ser usado desde o inicio para evitar o peso do cobertor sobre o pé e para
prevenir a rigidez do pé para baixo.
Nem todas as partes do corpo estarão no mesmo estágio ao mesmo tempo – por exemplo, o
paciente pode ter um braço espástico, enquanto a perna continua flácida. Por isso, qualquer posição deve ser
adoptada de acordo com os problemas e as necessidades individuais.
4.1.1 - POSIÇÃO SUPINO PARA UM PACIENTE COM UMA BOA AMPLITUDE DE
MOVIMENTO DO OMBRO
As posições que se seguem podem ser mantidas para aqueles pacientes com uma boa amplitude de
movimento do ombro e sem dor nesta articulação.
Ao colocar o braço nas posições sugeridas, realize os movimentos com delicadeza e gradualmente,
evitando qualquer estiramento repentino dos músculos. Para evitar esse problema, especialmente se o
paciente está desenvolvendo espasticidade, são preferidas as posições intermediárias.
● A cabeça não deve ser levantada demais por travesseiros de apoio (a flexão do pescoço
para a frente aumenta o tonus flexor indesejado no antebraço).
● O ombro é levantado para a frente, o braço virado para fora e bem aberto, o cotovelo fletido,
o punho levemente fletido para trás, colocado sobre um travesseiro (se possível, a mão
pode ser colocada também sob a cabeça do paciente).
● O quadril e o joelho ficam levemente flectidos.
● Um travesseiro pode ser colocado sob o pé, para evitar que ele penda para baixo.
● O braço fica voltado para fora.
● O cotovelo fica esticado com a palma da mão voltada para cima.
● O quadril e o joelho ficam flectidos.
● A perna fica levemente voltada para dentro.
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4.1.2 -POSIÇÃO SUPINO PARA UM PACIENTE QUE ESTÁ DESENVOLVENDO
ESPASTICIDADE NA PERNA E NO BRAÇO
● O quadril e o joelho ficam flexionados.
● O pé fica levemente flexionado, apoiado por um travesseiro macio.
● O braço fica voltado para fora e é mantido bem separado do corpo.
● O cotovelo fica flexionado, com a palma da mão voltada para cima.
● O punho fica dobrado para trás e os dedos ficam abertos, colocados sobre um travesseiro
(um pequeno saco de areia pode ajudar a manter a posição).
● O ombro é trazido para a frente por um pequeno travesseiro colocado sob ele (deve ser
tomado cuidado extra para evitar que o ombro entre no padrão de espasmo da rotação
interna).
● O cotovelo fica em 90º de flexão, com o antebraço mais elevado do que o ombro.
● A mão é colocada aberta sobre o travesseiro.
● O quadril e o joelho ficam ligeiramente flectidos.
● O pé virado para cima.
4.2. POSIÇÕES DE LADO (DECÚBITO LATERAL)
As posições que se seguem não aumentam a espasticidade e devem ser usadas sempre que
possível. São especialmente sugeridas para pacientes que desenvolvem o espasmo característico na
extensão.
4.2.1 - DEITANDO DE LADO (DECÚBITO LATERAL) SOBRE O LADO AFECTADO
Em nenhum momento o paciente deve ser rolado sobre um ombro preso. Esta é uma das maneiras
mais comuns de dar inicio à síndrome do “ombro doloroso”.
● O ombro é colocado para a frente com o braço voltado para fora.
● O cotovelo fica em extensão (ou flexionado com a mão colocada sob o travesseiro).
● A mão é posicionada com a palma mais elevada.
● A perna afectada fica em extensão, com o joelho levemente flectido.
● A perna não afectada fica flexionada.
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4.2.2 - DEITANDO SOBRE O LADO NÃO AFECTADO
Esta é uma posição, pois é fácil colocar os membros no padrão anti-espasmo. Também previne
escaras e facilita a respiração no lado afectado do peito.
● O braço afectado é colocado para a frente sobre um travesseiro.
● O cotovelo e o punho ficam esticados e a mão com os dedos abertos.
● O membro inferior é flexionado sobre um travesseiro e fica em posição de rotação neutra.
● A cabeça deve ficar apoiada, mas não voltada para o lado afectado.
É mais difícil para o paciente conseguir deitar activamente sobre o lado não afectado, em
comparação com deitar sobre o lado afectado. No começo, o paciente vai precisar de mais ajuda. Comece com
ele deitado de costas, apertando uma mão na outra e elevando-as sobre a cabeça. Você pode ajudá-lo a
flexionar a perna afectada e guiar a rotação do seu tronco para o lado não afectado.
4.3 - DEITANDO SOBRE O ESTÔMAGO (POSIÇÃO PRONO)
Deitar em prono reduz a pressão, especialmente sobre o sacro e o peito. Também mantém o quadril
e o joelho em extensão. Entretanto, os pacientes idosos ou aqueles com problemas cardíacos acham difícil
manter essa posição.
4.3.1 - POSIÇÃO PRONO PARA UM PACIENTE COM ARTICULAÇÃO DE OMBRO LIVRE,
SEM LIMITAÇÕES ARTICULARES OU RETRACÇÃO MUSCULAR
(Esta posição facilita e fortalece o padrão extensor do braço e o flexor da perna.)
● A cabeça é girada para o lado não afectado.
● O tornozelo deve ser colocado sob um travesseiro para evitar a flexão plantar e para manter
o joelho afectado levemente flectido.
● O quadril afectado fica em extensão, enquanto a perna não afectada fica levemente flectida.
● O braço afectado é colocado em extensão para a frente, com o cotovelo, o punho e os
dedos em extensão.
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4.3.2 - POSIÇÃO PRONO PARA INIBIÇÃO
Uma boa posição inibitória. Se for difícil mantê-la, pode-se utilizar, para isso, um saco de areia.
● A cabeça é girada para o lado não afectado.
● O braço afectado é colocado lateralmente, com a palma da mão virada para cima.
● A perna não afectada permanece em extensão.
● A perna afectada fica com o quadril em extensão e o joelho totalmente flectido.
4.3.3 - POSIÇÃO PRONO: OUTRA ALTERNATIVA
● O braço afectado é rodado para dentro, com a mão colocada na nádega direita.
● A parte inferior da perna fica com o quadril em extensão e o joelho levemente flectido, com
um travesseiro em baixo do tornozelo.
4.4 – SENTANDO NA CAMA
Sente o paciente na cama antes de lhe ser permitido sair dela. Mais uma vez, o posicionamento é
muito importante. O paciente deve estar bem apoiado em uma posição erecta, usando-se travesseiros ou
pequenas caixas de papelão para evitar a flexão lateral do tronco para o lado afectado.
● O tronco fica estendido (travesseiros atrás das costas, mas não da cabeça).
● O apoio do peso recai sobre as nádegas.
● O ombro é posicionado para a frente, com o braço virado para fora e estendido.
Quando o paciente que sofreu um AVC está sentado na cama (ou em uma poltrona de braço). Essa
posição meio sentada resulta em uma tendência a escorregar para os pés da cama. O apoio do peso recai
principalmente sobre o sacro, e o atrito da pele pode causar escaras.
4.5 – SENTANDO COM AS PERNAS FORA DA CAMA
Ser capaz de sentar com as pernas fora da cama é um passo importante na reaquisição da função
motora. Essa posição melhora a expansão do peito e facilita a respiração. Também estimula o
restabelecimento das reacções de apoio e equilíbrio.
Para conseguir essa posição, em geral é mais fácil rolar para o lado afectado.
Inicialmente, o paciente que sofreu um AVC pode encontrar alguma dificuldade para controlar o seu
corpo. Ele pode cair para trás, para a frente ou para o lado afectado. Tranquilizar, ficando de pé na sua frente
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ou sentando-se próximo ao lado afectado. A posição é mais estável se a cama não for muito macia. Três ou
quatro travesseiros devem ser colocados atrás do paciente, e outros usados nas laterais para apoiar seus
braços.
Os pés devem estar totalmente apoiados no chão, com o joelho e os tornozelos flectidos em 90º. Se
a cama for muito alta, os pés podem ser colocados sobre um banquinho. Blocos de madeira ou tijolos podem
ser colocados sob a cama se esta for muito próxima ao chão.
Uma base correcta para o apoio do peso facilita o controle do corpo, ao mesmo tempo em que envia
ao cérebro mensagens tácteis e sensoriais correctas. Muitos pacientes que sofreram um AVC podem ter
dificuldade em sentir o membro afectado, seus movimentos, sua posição no espaço e o seu relacionamento
com o corpo. Isso se deve à perda de sensação proprioceptiva. As mensagens sensoriais dos proprioceptores
dos músculos e das articulações contribuem para que o cérebro tome consciência das diferentes partes do
corpo e do seu relacionamento com o espaço. A perda de sensação táctil também pode ter algum efeito.
5– TRANSFERÊNCIA DA CAMA PARA SENTADO EM UMA CADEIRA
5.1 – TRANSFERÊNCIA DA CAMA PARA A CADEIRA
O processo de sair da cama e ir para uma cadeira é um exercício específico no programa de
reabilitação de um paciente que sofreu um AVC. Entretanto, é importante colocá-lo logo em uma posição
sentada. De início, a transferência é principalmente uma actividade passiva assistida. Desde o começo,
estimule-o a participar activamente da transferência. À medida que o tempo for passando, ele conseguirá
realizar essa actividade sem ajuda.
5.1.1 – SEQUÊNCIA DA ACTIVIDADE
a) Rolar para o lado afectado;
b) Apoiar-se sobre o cotovelo afectado;
c) Sentar-se na beirada da cama, com os pés totalmente apoiados no chão;
d) Transferir-se da cama para a cadeira.
a) Rolar para o lado afectado
Primeiro, deslocar o paciente para a lateral da cama oposta à rotação, para que tenha mais espaço
para rolar.
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Se não tiver ajuda, ele vai tentar realizar o movimento usando o lado não afectado.
Em vez disso, oriente-o para que sua actividade motora seja simétrica.
● Pede-se ao paciente para flexionar suas pernas, ajudando-o a flexionar a perna afectada.
● Firma-se as mãos na pelve do paciente, solicita-se que ele levante as nádegas, ajudando-o
neste movimento e depois move-se a pelve para o lado.
● Em seguida, rola-se o paciente para o lado afectado.
● Apoia-se o braço afectado do paciente entre seu braço e corpo para manter o ombro
inclinado para a frente.
b) Apoiando-se no cotovelo afectado
c) Sentando-se na beira da cama, com os pés totalmente apoiados no chão..
d) Transferência da cama para a cadeira
Ensina-se o paciente a inclinar-se para a frente sobre seus pés (que são mantidos totalmente apoiados no
chão) para levantar-se, girar e sentar-se. Os pés descalços ajudam a estimular a sensação na sola dos pés e a
firmar o corpo no chão sem escorregar.
● Fica-se de pé na frente do paciente, segurando seus ombros.
● As mãos dele devem estar sobre seus ombros
● Dobra-se o corpo do paciente, puxando-o para a frente pelos ombros; ele pode ajudar
empurrando-se para a frente para levantar as nádegas.
● Quando ele tiver erguido as nádegas, pode-se gira-lo em direcção à cadeira ou à cama o
paciente não deve ficar totalmente de pé.
● Usa-se os nossos joelhos para apoiar os joelhos do paciente, especialmente o joelho
afectado.
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5.2 – TRANSFERÊNCIA COM AJUDA
● O paciente segura uma mão na outra e inclina-se para a frente, colocando-as sobre uma
mesa baixa (ou uma cadeira)
● Os pés devem estar totalmente apoiados no chão.
● Depois ele deve levantar as nádegas, girá-las e movê-las na direcção da cadeira.
● Os técnicos podem ajudá-lo a levantar as nádegas.
5.3 – TRANSFERÊNCIA SEM AJUDA
● Os ombros são colocados para a frente, o paciente segura uma mão na outra, com os
cotovelos estendidos.
● O paciente inclina-se para a frente sobre seus pés, fica de pé e vira o corpo, transferindo
parte do peso para o lado afectado.
● O paciente senta-se na cadeira.
6 – POSIÇÃO CORRECTA
● O braço afectado deve ser apoiado com um travesseiro (um braço pendido causa o
estiramento da articulação do ombro, o que provoca dor).
● Os membros inferiores devem ter flexão de joelho a 90º, e os pés devem ser mantidos
totalmente apoiados no chão.
● O tronco deve estar erecto, apoiado contra as costas da cadeira.
A posição do braço afectado deve ser frequentemente mudada – por exemplo:
● O braço virado para dentro, com o antebraço dobrado e próximo ao corpo, e a mão
colocada sobre um travesseiro.
● O braço voltado para fora, o cotovelo flexionado, e a mão colocada no braço da cadeira.
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CONCLUSÃO
Após a realização do trabalho, concluo que um acidente vascular cerebral é uma perturbação súbita da função
cerebral devida a um bloqueio no fornecimento do sangue ou à ruptura de um vaso sanguíneo. Os sintomas da
ocorrência de um AVC ocorrem subitamente, e são muitas vezes aflitivos e variam conforme a zona do cérebro
afectada. Em geral, o médico determina se uma pessoa teve um AVC pelos sintomas ou após o exame
objectivo em que tem a obtenção de imagens do cérebro por uma TAC ou RMN que pode ajudar a confirmar o
diagnóstico e a localizar a zona afectada. Por norma, as pessoas que sofrem um AVC são hospitalizadas e o
tratamento depende da causa do acidente.
Muito pode ser feito para ajudar um paciente que sofreu um acidente vascular cerebral. Com tratamento e
estímulo, o indivíduo pode readquirir movimento e se tornar mais independente. Pois independência não
significa que um paciente que sofreu um AVC deva aprender a fazer tudo sozinho. Ele deve ter todas as
oportunidades de retomar a uma vida normal, fazendo o máximo possível sem ajuda, apesar de algumas
limitações residuais. O objectivo da reabilitação é desenvolver um grau de independência funcional, não
somente em um ambiente abrigado, como o hospital, mas especialmente em casa e na comunidade.
O tratamento deve então ser destinado especificamente para lidar com todos os aspectos de perda do paciente
afectado, e não apenas com as perdas motoras e sensoriais óbvias. Em que o mais importante é atingir os
objectivos previamente acordados com o doente, os familiares e a equipa da reabilitação.
Alguém que sofreu um AVC é um indivíduo dotado de motivação, interesses e habilidades.
Através deste trabalho adquiri conhecimentos, e pode aprofundar a parte de reabilitação, para que se
futuramente seja preciso já esteja dentro da área. Pois é uma área que me chama muito a atenção, e que é
muito vasta. Este tipo de acidentes, é muito frequentes devido a vários factores de risco, e ao estilo de vida
que se leva.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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● MAUSNER & BAHN (1999). Introdução à epidemiologia (2ª Ed.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian;
● O’ SULLIVAN, S. (1993). Avaliação e tratamento (2ªEd). São Paulo: Editora Manole
● PEDRETTI, Lorraine William (1996). Occupational Therapy: Practise Skills for Physical Dysfuntion (fourth
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● WILLARD & SPACKMAN (1998). Terapia Ocupacional (9ª Ed.). Philadelphia: Lippincott- Raven Publishers;
● CÉREBRO E SISTEMA NERVOSO CENTRAL- READER’S DIGEST;
● ENFERMAGEM MÉDICO CIRURGICA- MOSBY COMPANY
SITES BIBLIOGRÁFICOS
● www.igc.gulbenkian.pt/sites/soliveira/factoresrisco.html
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● www.acidentevascularcerebral.com/avc-problemas-secundarios.html
● http:/clientes.netvisão.pt/terapia/AVC.htm