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272 REYISTA BIBUOaRAPICA

constituc, por sua própria natureza, um programa de trabaiho nfio urna resenha de resultados. Nflo faltam monografias de re-gióes ou de factos, nflo faltam dissertaędes sóbre generalidades etnoldgicas, mas nfio havla um livro como aquele que o Prof. Mon-taodon acaba de dar A estampa.

Divide se o copioso volume em duas partes. A primeira con-tćem os generalidades, definiędes, discussdo das teorias culturais, descriędo dos ciclos de cultura. Expostas as teorias do desenvol-vimento uniforme (chamada evolucionista), dos ciclos culturais ou KuUnrhreise, e hiperdifusionista de Elliot Smith (que coloca no vale do Nilo a origem de tódas as civilizaę6es), o A. expóe a sua concepęflo da Ologtncsc cultural, paralela A idea ologenćtica que adoptou na Antropologia Fisica. O ciclo cultural 6 na Etnografia, diz, o que a raęa ć na Antropologia somdtica. Dum estado uni-versal de cultura primitiva teriam resultado dicotdmicamente, em ramos precoces e tdrdios, e ndo em centros ou pontos restritos mas em dreas, os vdrios complexos culturais. Mas esta concepę&o ologenćtica deixa em aberto, segundo o A., a questdo de saber se culturas andlogas de vastas regides de diferentes continentes resultom de origens comtins para todo o globo ou de convergen-cia. Tambćm o A. distingue entre elementos de cultura ocasional-mente irwentados e elementos lorgamente adopłados, sd estes ulti-mos sendo caracterfsticos dum ciclo de cultura.

Sdo dozę as culturas fundamentais que o A. individualisa e cujo descnvolvimento e conexdes resume num quadro elucidativo: 1, a cultura primordial ologenćtica, de formas embriondrias desco-nhecidas, com duas fdcies —a pigmoide (I a) e a tasmanoide (I b); !!. a forma cultural australoide, tambćm chamada o Ciclo do bumerang; III, o ciclo totćmico; IV, o ciclo pdleo matriarcal ou dos duas classes; V, o ciclo neo-matriarcal ou do arco chato; as culturas mćdias do mesmo ramo precoce, a autronesoide ou ma-laio polinesoide (VI a) e a sudnnoide (VI b), com presumiveis concxćes antigas; VIII, a cultura mćxico-andinoide, forma superior do mesmo ramo precoce com 8 fdcies principais; as culturas Infero-mćdias do ramo tardio, n drctico-subdrctica (VII a) e o pastorał (VII b)\ as culturas superiores do mesmo ramo, IX ciclo sinoide, X ciclo indoide, XI ciclo islamoide c XII1 ciclo pdleo-mediterraneo, do qua! dcriva a cultura suprema, a moderna civi-lizaęflo ocidental (XII3).

Para cada ciclo, Montondon estuda sintAticamente a distribui-ędo, a economia, a produędo do fogo, a habitaędo, o vestudrio, as armas, os utensilios, os meios de transporte, a organizaędo da familia, a propriedade, ccrimdnias, mutilaęóes, sepulturas, crenęas, musica, artes pldsticas, etc.

A segunda parte do livro, de ergologia sistemdtica, duma riquissima informaędo documental, abrange sucessivamente a des-crięflo de instrumentos e utensilios de caęa, de pesca, de agricul-tura, de fogo, de metalurgia, a habitaędo, o mobilidrio, o vestud-rio, calęado, ornatos, penteados, armas, utensilios industriais, mcios de transporte e de comdrcio, mutilaęóes, sepulturas, canibalismo, instrumentos de mtbica, mdscaras, etc. A descriędo sistemdtica dos vdrios factos segue-se o estudo da sua distribuięflo no globo e nos divcrsos ciclos culturais, e mesmo, quando pos<fvel, do desenvolvimento e conexóes das suas diferentes manifestaęóes. Figuras, quadros e cartas, cm profusdo, ilustram e valorisam os vdrios capitulos, alguns dos quais «flo verdadeiramente preciosos para os etnógrafos e conldem muitos elementos originais.

Pode divergir se do Prof. Montandon quanto A sua concepęflo, porventura um pouco foręada, duma Ologdnese cultural, paralela a urna Ologdnese fisica. Mas essa concepędo nflo d absorvente na exposiędo, udo desfigura a realidade, ndo modifica o alto interdsse documental da informaędo contida neslc livro de primeira ordem. Notemos que a ergologia sistemdlica d a parte roais desenvolvida pelo que o volume trata sobreludo da parte materiał da Etnografia, mas aparecem interessantcs elementos. o cada instante, sóbre os aspectos psico sociológicos daque!a ciencia. Montandon colo-cou-se a respeito desta, numn atitude andloga d de alguns antro-pogeógrafos perante a geogrzfia Humana, quando nesta se ocupam, apenas ou sobretudo, da geografia dos factos materiais.

Talvez entre os mćritos ddste livro devamos destacar precisa-mente o cuidado que o autor teve em, a-pesar-das suas opinióes e doutrinas, procurar conservar-se o mais possfvel no dominio do objeclivo c do concrcto. Ainda assim d possfvel a objectividade no estudo das manifestaęóes culturais de cardcter abstracto ou imaterial, como a religido, as superstięóes, certos aspectos da vidn psfquica e da vida social. Certamente Montandon ndo deixard de nos dar um dia urna visdo igualmentc brilbante dessa face da ciencia etnogrdfica, servida pelo mesmo mdtodo, pela mesma im-parcialidade, pela mesma erudiędo, que tern afirmado, com talento mulliforme, nos seus estudos quer de Antropologia ffsica, quer de Etnologia cultural.

MeNDES CORRfcA.



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