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O Prof. Schulten, nos n.°» 41 e 42 do Philologische Wochenschrift, de 20 de Oulubro de 1924 (p. 1.159). dedica uma larga andlise bibliogrdfica aos Dispersos de Martins Sarmento e d Miscelanea de homenagem ao arque<5Iogo vimaranense, publicados por ocasido do centendrio respectivo.

A. ATHAYDE.

A Teologia e a origem do homem

A oraędo de sapiencia proferida na sessdo solene de aber-tora das aulas do Semindrio do Pórto etn Outubro de 1934, pelo rev. dr. Joaquim Manuel Valente (A origem do homem, perante o Transformismo, a FUosofia e a Teologia — Sep. do «Boletim da Diocese >, Porto, 1934) ndo se propóe ser apenas uma explanaędo extra-cientifica de pura apologćtica, mas uma critica sumdria das doutrinas transformistas sóbre a origem do homem, critica feita ndo sd em face do texto biblico, mas tambćm com base em depoYmentos de cientistas. Bste ultimo facto bastaria para indicar que do trabalho nos ocupdssemos nesta revista de cardcter estri-tamente cientifico e aconfessional. Mas parece-nos que a Ciencia, entendida no seu sentido corrente, nada tern a lucrar com uma tal indiferenęa perante o juizo que algumas das suas hipdleses suscitem em qualquer campo do pensamento. Acresce, neste caso, que o autor 6 um sacerdote culto e inteligente, e, atć pelo que pessoalmente diz respeito a quem escreve estas linhas — citado nalgumas passagens —impóe-se o dever de ndo deixar sem reparo certas afirmaęóes enunciadas no trabalho em questdo.

O sr. P.« Valente, citando C. Bayer, proclama «herćtico> o dizer-se que «o homem, na sua dualidade de elementos que constituem corpo e alma, procede da evoluędo animal* e declara <errar filosdfica e teológicamente quem nega ao corpo do animal qualquer transformaęao ao receber a alma racional*. Um trans-formismo moderado que atribue apenas h intervenędo divina a ultima dispusiędo corporal e a criaędo da alma, ć sem duvida (afirma) tambćm temerdrio, perante os dados da revelaędo.

Ora, o prdprio A. reconhece que <a Igreja nunca se pro-nunciou sóbre o estado da matćria de que foi constituido o corpo huinano> e, citando Sinćly, diz que o Oónesis parece (o sublinhado 6 nosso) claro nesse ponto. £ste «parece* ndo se coaduna com o «sem dtivida> *que acima sublinhamos tambćm...

No que ndo temos duvida nenhuma ć em divergir do autor.

<juando ele afirma, por exemp!o, que as tentativas de interpretacjo do Gćnesis, que negam a este o sentido literał hisldrico, nflo assentam em nenhum fundamento sólido, ou ainda que o transfor-mismo moderado nflo tem a seu favor um argumento sćrio.

0 Genesis 6 cientificamente inverosimil se for entendido fl ■letra. A sistemdtica bioldgica ou a cronologia geoldgica ali adop-tadas nflo coincidem de modo algum com as estabelecidas pela •Cifincia do nosso tempo, se se atribuir flquele texto uma signi-ficaęflo literał, e nflo se reconhecer o seu cardcter em grandę parte alegdrico. Sd deste modo 6 possłvel concilid-lo Com a •Ciencia, conciliaęflo que o sr. P.« Valente diz existir, o que nflo consrguiria alifls provar versiculo por versiculo, sem substituir ao sentido literał um sistema exegćtico que combate. A Comissflo Pontiffcia de Estudos Bibticos negou mesmo um sentido literał bistdrico h ordem e a certas passagens do Gćnesis que considera <uma histdria popular*.

Bem sabemos que entre as passagens entendidas com o seu ^alor literał pela Comissflo estflo as que se referem fl criaęflo do ■homem, mas os łimites a adoptar na exegese do Gdnesis sflo bastante incertos, e devemos atender fl importancia que catdlicos ,indiscutiveis ligam aos achados da prć-histdria.

Declarando <misterioso> o mecanismo da geraęflo carnal do homem e da criaęflo da alma, o sr. dr. Valente, ao passo que •contesta sóbre a letra da Biblia que a primeira se possa ter operado a parlir da matćria organizada, afirma que o corpo ioi criado directamente do climo da terra*. Sergi, cujo teste* munho cientifico invoca, diz que os grandes tipos biológicos fun-damentais nflo sflo transformflveis uns nos outros, mas admite que todos vieram separada e directamente duma mesma matćria prima, uma vaga e desconhecida substancia coloidal, amorfa, existenle no fundo dos Oceanos. Que 6 mais verosimil? As rela* ęóes genealógicas entre formas morfoiógicameote vizinhas (salvo nos casos de convergencia) ou antes um salto colossal do limo referido ou da ignorada matćria primordial de Sergi para a estru* tura complexa do homem?

O transformismo moderado — o transformismo de Le Koy, do P.* Teilhard de Chardin, de Bergson, do P.° Monchanin — nflo 1em, segundo o Autor, um sd argumento sćrio. O transformismo moderado funda-se — dizemos nds — no reconhecimento simultfl-neo: l.° de uma multidflo de factos cientificamente averiguados, ■que parecem mais explicflveis por evoluęflo, por parentescos, do que por uma criaęflo de que nflo hfl na cióncia tambćm qualquer «prova (porque a revełaęflo sd se impóe sem demonstraęflo fl fć e ■nflo 6 invocada na pura pesquiza cientifica); 2.® de uma mul-



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