Globo 108 Diario VII (M)


Fragmentos de um diário inexistente - VII


O poder da palavra

De todas as poderosas armas de destruiçćo que o homem foi capaz de inventar, a
mais terrível - e a mais covarde - é a palavra.
Punhais e armas de fogo deixam vestígios de sangue. Bombas abalam edifícios e
ruas. Venenos terminam sendo detectados.
Mas a palavra destruidora consegue despertar o Mal sem deixar pistas. Crianças
sćo condicionadas durante anos pelos pais, artistas sćo impiedosamente
criticados, mulheres sćo sistematicamente massacradas por comentários de seus
maridos, fiéis sćo mantidos longe da religićo por aqueles que se julgam capazes
de interpretar a voz de Deus.
Procure ver se vocÄ™ está utilizando esta arma. Procure ver se estćo utilizando
esta arma em vocę. E nćo permita nenhuma destas duas coisas.

Apolo e Daphne

O deus Apolo persegue a ninfa Daphne pelo bosque. Está apaixonado por ela, mas
Daphne - sempre cortejada por todos - nćo aguenta mais o seu próprio brilho, e
pede ajuda aos deuses, dizendo:
“ Destroi esta beleza que nunca me deixa em paz"
Os deuses escutam o apelo de Daphne e a transformam numa árvore, o loureiro.
Apolo nćo consegue mais encontra-la, pois agora ela é apenas uma parte da
vegetraçćo.
Daphne agiu de uma maneira que todos nós conhecemos bem: muitas vezes matamos
nossos talentos, porque nćo sabemos o que fazer com eles.
É mais confortável a mediocridade de ser apenas “mais um", do que a luta para
mostrar tudo aquilo do que somos capazes de fazer com os dons que Deus nos
deu.


Nćo há dois caminhos iguais

Em um dos seus raros escritos, o sábio sufi Hafik comenta a busca espiritual.
"Aceite com sabedoria o fato de que o Caminho está cheio de contradições. O
Caminho muitas vezes nega-se a si mesmo, para estimular o viajante a descobrir
o que existe além da próxima curva.
" Se dois companheiros de jornada estćo seguindo o mesmo método, isto
significa que um deles está na pista falsa. Porque nćo há fórmulas para se
atingir a verdade do Caminho, e cada um precisa correr os riscos de seus
próprios passos.
"Só os ignorantes procuram imitar o comportamento dos outros. Os homens
inteligentes nćo perdem seu tempo com isto, e desenvolvem suas habilidades
pessoais; sabem que nćo existem duas folhas iguais numa floresta de cem mil
árvores. Nćo existem duas viagens iguais no mesmo Caminho"


Dona Baratinha e a moeda

Uma velha estória infantil nos fala de D. Baratinha - que encontrou uma moeda
ao varrer sua casa. Depois de ficar muito tempo na janela, escolhendo o
pretendente adequado aos seus medos e anseios, terminou casando-se com Joćo
Ratćo. Como todos sabemos, Joćo Ratćo caiu na panela do feijćo.
Muitas vezes em nossas vidas, encontramos uma moeda que nos é dada pelo
destino, e achamos que este é o Å›nico tesouro de nossas vidas. Terminamos por
valoriza-lo tanto, que o destino - o mesmo que nos entregou esta moeda - se
encarrega de toma-la de volta.
Quem tem muito medo de escolher, sempre escolhe errado.


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