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o fogo e a dgua—, conjugando com freqiifincia os dois elementos considerados pelos antigos, como prindpios de foręa natuial, fon-tes de energia cdsmica, nflo se juntam por obra de acaso, mas siło atribuidas, como actos de magia, ń revivescfincia de riiuais, que eram praticados sobretudo no solslicio de veriło c ccincidiam com a festividade Sanjoanina, a qual o crislianismo sempre cele-brou. £ este urn dos facios que mostram que a nova rcligiAo aprovcitou ou adapiou, com felicidade e alegria, urn rito pagdo, o seu modo, h exeltaęao dum dos maiores santos assinalados no calenddrio.

« •

O culto do Fogo fi. com certcza, dos mais primilivos. Segundo o ctnografo Zaborowski, os relbos arianos tinham como funda-menlo religioso o lar e nesle primilivamentc o lume, com o qual sc idcntificava aquele. Muitos textos e revelaęóes ctnogrdficas, folcldricos e hislóricas forlalecem fisie asserto. A adoraędo do fogo fi comum a religifies e cultos diferentes. Muitas vezes o altar de sacrilfcio se transformou em fogueira (*). Entre os Oregos antigos e os Romanos, ve-se que o cmprfigo do lume nfio vi$ava sómente o aquecimento, mas represenlava, na realidade, objecto cullual preferido —o lar ou lareira—, cujo respeilo e presligio fi noldrio em muitos documentos histdricos, pelos quais se vfi que semelhanle veneraędo era muito espalhada na Antiguidade clds-sica. Havia os deuses lares, os penates, espficie de divindades domfisticas. de indole proteclora, talvez totłmica.

No imortal poema de Vergilio a elas se alude, de maneira a nflo deixar diividas. O entretenimento do lume era urn dever sagrado, atribulo do chefe da familia, que devia con$ervd lo de dia e de noite (Zaborowski). £ por demais conhecida a forma dfiste culto exercido por sacerdotizas do templo de Vesta, consagrado ao Fogo. Eram estas que mantinham constantemente o Fogo sagrado no altar apropriado. Muitos hinos e oraęóes tern por objectivo o lume (5). Para os Oregos e Romanos o lar represen-tava a familia, o niicleo ou cfilula social, como noutros póvos de diferente origem. 1 2

A corrida do facho, na Grćcia, no caminho de Atenas, por eąuipas, 6, de fndole semelhante, costume pagdo relativo ao culto do Fogo (3).

O lume era tornado de cima do Altar, simbolizando o arrebata-mento do Fogo ao deuses por Prometheo, para o dar aos homcns. Parece filiar-se nesta acędo o rito abraęado pelos cristdos, do I ao V sćculo, e que se celebrava na Iidlia, na Galia e na colónia romana do N. de Africa. Antiqui*simos monumentos atestam o culto de Yulcano, deus do Fogo. Com o tempo, o altar transfor-mou-se na fogueira mdgica, em tórno da qual danęavam ou sal-tavam, talvez com ideia de purificaęao.

Ritos conhecidos na Idade Mćdia, na Europa central, parecem ligar-se de longe a es«e costume bdrbaro. Assim as fogueiras que se ateiam na Alsdcia e na Lorena, bem como no Alto Rheno, segundo refere A. Glory. Nesses paises revive ainda com entu-siasmo o culto do lume, no mes do solstlcio de verdo. Na Bre-tanha religiosa e praticante e noutros pontos de Franęa coexiste, com pequenas alteraędes, o velho ritual do igneo e da dgua. Con-forme este autor, semelhantes usos prender-se-iam com os anti-quados ritos introduzidos pelos Romanos. Provam*no monumentos da ćpoco dos dominadores e deixados nas Galias.

F.m populaęóes actuais, de grau diverso de civilizaędo, esse ritual de dustera simplicidade acha-se disperso em manifestaęóes aparentadas, quc ccnslituem coslumes perpctuados pelas tradięfles locais, e que se repelent com fervor em grandę numero de locali-dades, com variantes quc os divcrsificam dum lugar para o outro. No fundo, existem as mesmas formas de magia e de supersliędo a respeito do lume.

Reconhecc-se que tais ritos se praticam em ćpocas do ano assinalodas pelos fenómenos solares, ou pela posiędo da lua, em particular, no solslicio de verdo. Nessas ćpocas, tanto os isla-mitas dum lado, como os cristdos do outro e atć os judeus, do lado do Oriente, se entregam n exercicios de cardcter especial, em que os elementos — Agua e Fogo— lim o papci principal. Por exemplo, os banhos, as abluęóes, as aspersóes, as libaędes. Assim tambćm os fogos que se acendem como demonstraędo de alegria, — as fogueiras. O solstlcio e$tival 6 marcado nas populaęóes mcridionais com a festa crdnica de S. Jodo (23 de Junho), que tern o seu simile ou equivalente nas cerimónias muęulmanas do com€ęo do mfis de Julbo.

1

   Radne, Iphigtnie.

2

   Hinos dc Rig- V/da, cf. Zaboroswki. Le CaUt do Foyer chn les Slai-es eon-temporains, in « Buli. et Mem. de la Soc. d'Anthropologie de Paris>, I. 1900. HA no foldore de ootras naęóes versos e canęfies nlusivns no lume. na Provcoęa e nn Oaliza, por exeinplo (V. Risco — Notas en col do calto do lume na Oaliza — Homenagm a Martini Saraiento, pdg. 342, Porto. 1933.

3

A. Glory, Les Ftux de la Saint-Jean, in «La Naturę, n.® 2955. Junho, 1935.



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