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que o onomdstico lusitano com Callipus ou com Minius (o actual Minho) viria dum fundo comum, que relacionaria povos asidlicos, mediterraneos, europeus ocidentais, e americanos!? Quem nos diria que Minius, por exemplo, vem da pa!avra dakota mini que quere dizer a «dgua»!?...
Deixemos os tedsofos e ocullistas atlantidianos dc que Bess-mertny se ocupa ainda largamente, e registemos apenas que, para cle, o problema da Atlantida de Platdo < pertence pela sua <
natureza aos fenómenos irracionais», e estd na actualidade para aqueles que querem «descobrir urna pdtria e um objectivo».
<A imagem de continentes submersos — diz entrelanto— faz parte necessdriamente, d'ura-dvante, da nossa concepęflo do mundo».
Pouco importa, segundo o me?mo A., que Piatdo tenha ou nflo dado nomes exactos a esses continentes ou deles soubesse alguma coisa: o que o seu genio inventou de toutes pićces, essa mitologia nova, «nfio podia ser uma mentira*. A Atlantida platónica seria o simbolo duma aspiraę&o sugestiva que engloba todas os pdtrias primitivas— iluminadas pelo sol ou envolvidas na bruma, perfu-mados suavemente ou aęoutadas pela tempestade — das diversas mitologias nacionais, Vineta dos Alcmdes, San Brandan dos Sue-cos, Avalun dos Celtas...
O cćlebre relaldrio do neto de Schliemann, duas resenhas histdricas feitas por Paul Le Cour e R. Dćvigne sóbre o movi-mento atlantidiano em Franęa, e ainda duas notas de F. Gidon e Marcel Baudoin sóbre submersóes litorais nas costas irlandesa e francesa, completam o livro de Bessmertny. O relatdrio Paul Schliemann 6 porcerto uma das maiores fantasias a que tern dado alento o tema da Atlantida. Mistificaęflo indigna de algućm que usa o nome do glorioso orientalisla? Talvez nfio. Porventura serd antes um sonho exiranho dum atlantdmano, que, como Bessmertny sugere para o Comp!exe-Atlantis, mereceria ser mcnos o alvo de censuras ogastadas do que o objecto dum inqućrito psicana-litico ou — dizemos r.<5s — mesmo francamente psiquidtrico.
Talvez ?6b £>te ultimo aspecto os devaneios dalguns atlantó- c
filos adquiram moior interesse cientifico do que as prdprias pes-ąuizas do suposto continente desaparecido. Mas ć inegdvel que a intensificaędo recente dos estudos atlantidianos ć, como h teosofia, algumas filosofias e vdrias utopias e exaltaęóes sociais, politicas e religiosas, a expressdo profundamente dramdtica da imensa angus-tia intelectual e afectiva da humanidade contemporanea...
mendes corrEa.
Visitou Portugal no mfis de Maio findo o insigne cientista e escritor brasileiro, Prof. Afranio Peixoto, que veio tomar parte na sessAo inaugural da secęAo portuguesa do Instituto Luso-Brasileiro de Alta Cultura, tendo prof er i do nessa sessAo uma notabilfssima conferencia sftbre a história das relaęóes intelectuais entre os dois paises irmAos.
Infelizmcnte a permanfcncia de Afranio Peixoto entre n<5s foi muito curta. Tendo cstado cm Lisboa, Coimbra, Porto, GuimarAes, Braga, Vila Kcal, e alguns outros pontos do pais, póde sem duvida ajuizar de quanto 6 querido e admirado em Portugal, e surpreender aspectos da vida portuguesa que muito haviam de interessar o seu esplrito de raro quilate intelectual e de perfeita c simpAtica lusofilia. Mas, se lhe foi dado ter uma visuo rApida duma terra e duma gente a que o prendem os laęos da mais estrutural afinidade de inteligencie, de afecto e de sangue, mol houve tempo para entrar em contacto com alguns centros cultu-rais que de hd muito o conhecem e admiram e que lhe teriam sem duvida,lestemunhado expressivamente os seus sentimentos, se Ihes tivesse sido possivel recebe lo pessoalmente em seu grćmio.
Assim sucedeu com a nossa Sociedade que lhe consagraria, sem duvida, uma sessflo soiene de recepęfio, se a estada de Afranio Peixoto no Pórto nfio se tivesse reduzido a pouco mais dum dia e se, nestas condięóes, iósse legitimo e humano privar o ilustre autor dos Novos rumos da Medicina Ugal, da Criminologia, da Sexologta Forense c das Missaugas dalguns momentos de descanso na vertiginosa sucessfio de visitas, digressOes, recepęóes, etc. para que, sem fadiga c sempre na melhor disposięflo, se viu constante-mente solicitado.
A despeito de tanta pressa, nenhuma duvida temos de que Afranio Pcixoto viu e sentiu bem na paisagem, nn história, na alma, o Portugal que perfeitamcnte adivinhara do outro lado do Atlantico.
A cultura brasileira nAo podia ter tido mais adequado emis-sdrio peronie a antiga metrdpole. Numa revoada de nativismos tuo inuteis como desprestigiantes para quem os acalenta, a missAo de Afranio Peixoto surgiu como a mais alta, mais digna e mais pura expressAo da Inteligencie e do Sentimento da grandę Pdtria brasileira.