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170 VARIA

uma dependencia* — numa inversdo de valores. Vamos, pois, h fisiologia. Ndo sdo eloqiientes as afmidades fisioldgicas enlre ohomens e os animais? Ndo 6 favordvel a tese do parentesco o-estudo das reacęóes hemdticas? Ndo servem os animais de materiał de experiencia para o estudo da fisiologia, da patologia, da> terapeutica no homem?

No seu estudo The evidence bearing on man's evolulion (Washington, 1928), o ilustre antropdlogo americano Aleś Hrdlick* chama a atenędo para semelhanęas do homem e de outros mami-feros no modo de concepędo, no processo de desenvo!vimento, no curso da vida, na sencscencia — e atć na morte. lnvoca semelhanęas bioldgicas, semelhanęas quimica?, as analogias de todo* os processos vitais, os soros, a opoterapia, outras afinidades glan-dulares, digestivas, circulatdrias, etc. Apenas reconhece a supe-rioridade humana nas mais altas manifestaędes menteis, porque na vida psiquica interior ainda admite comunidade (instintos, mcdodesejos, paixóes animais)...

Negar o parentesco corporal entre o homem e os Primatas, negar a sigoificaęflo eloqiiente das analogias de processos biold-gicos fundamentais de seres interiores atć ao homem, ndo serd, pois, negar uma verdade flagrante, ndo serd uma cegueira obsti-nada e incompreensivel, ndo constituird uma ofensa h prdpria Razflo humana? Analogias ndo significam necessóriamente relaędes de filiaędo directa, mas tornam imensamente verosimil o parentesco. fisie quere dizer origens comuns — longinquas ou prdximas, mas comunidade de origens.

O rev. Valente julga-nos mutacionistas e invoca opinides con-trdrias ao mutacionismo. Poderia juntar-lhes mais. O prdprio Felix Le Dantec imaginava as mutaędes incidindo apenas sóbre caracteres de segunda ordem ou «de ornamentaędo*. Mas ninguem hoje pode duvidar de que hd mutaędes! Provocam-se nos labora-tdrios. Ningudm hoje as nega, a sćrio, dentro da ciencia. Podemos debater a sua extensdo, o seu papel na gćnese de novas espdcies (espćcies bioldgicas — ndo as vagas espćcies de que por vezes fala o rev. dr. Valente). Ndo se podendo jd discutir se hd ou ndo mutaędes, pode-se ser ou ndo mutacionista, isto ć, explicar ou ndo por mutaędes a evoluędo.

No entanto, se d nossa vista hd saltos pequenos no mundo vivo, hd o direito de contestar in llmine que nos milćnios incontd-veis dos tempos geoldgicos tenha havido saltos urn pouco maiores?-

A existencia de soluędes de continuidade, de lacunas, na sucessdo das floras e das faunas, 6 perfeitamente explicdvcl se ntendermos ds condięóes de formaędo dos estratos terrestres. Se essas lacunas ndo existissem e se os fdsseis hoje conhecidos-representassem mais do que a infima fracędo, que representam, das espćcies que realmente teem vivido d superflcie da Terra, tal-vez ndo se lcvantassem as dueidas que alentam discussóes como esta...

Continuamos a afirmar ao sr. dr. Valente que a maioria dos especialistas que se ocupam da paleontologia humana e da antropologia fisica, sdo ainda transformista?, e bem sabemos que assim 6 porque temos andado por Congressos e inslitutos cientificos da especialidade, ISmos a bibliografia desta. <Estdse qudsi universal-mente de acdrdo sóbre o facto de que o homem descende dum simio aotropóide>— escreve R. Broom no seu recenlissimo livro Les Origines de VHomme. E o mesmo autor admite <uma fóręa inteligent© a dominar a evoluędo>. lsto ndo agrada ao rev. dr. Valente?

Muitos (ndo nds— que nunca o dissemos como opinio nossa nem na I." ediędo do homo) dflo atć o transformismo como demonstrado, o que, a nosso ver, estd longe de ser exacto. A moda fixista voltard? Talvez; entretanto, contra o que o rev. dr. Valente insinua, ela ndo alterard os factos positivos da Biologia, as aqui-sięóes tidas como certos pela cióncia, mas as interpretaęóes desses factos, as hipótcses erigidas sóbre Sles. A variabilidade das orien-taęóes cientfficas ndo 6 urn motivo para a ironia com que o culto teólogo se lhe refere, mas antes urn motivo de respeito pela cien-cia, que honestamcnte reconhece as suas incertezas e, sem anqui-loses, sem desaoimo perante as dificuldades, semprc estd pronta ds revisóes, a recomeęar... As incertezas da ciencia —a qual, alids, tern tambćm certezas — ndo impedem que dela tenbam jd resultado beneficios incalculdveis para a humanidade.

Continuamos a afirmar que o que distingue os animais dos vegetais ndo sdo a motricidade e a sensibilidade nos primeiros, como dizia o rev. Valente. Hd mais de 20 anos que professamos cursos superiores de biologia e nunca adoptamos nem vimos adoptado ćsse critdrio distintivo. Tambćm quando preguntdmos ao rev. Valente qual era o seu critdrio de <superioridade» de caractercs lisicos do homem, fizemo-lo por ele udo aludir entdo aos caractercs relacionados com a vida psfquica. Na verdade, em que 6, por exemplo, que o aparelho digcstivo do homem e intrfnsecamente <superior» ao de muitos animais?

Quando expuzemos a trfplice razdo do nosso transformismo moderado, conjugamos intencionalmente elementos dos quais uns favoreciam o criacionismo, outros o transformismo, chegando assim a uma fdrmula transaccional intermedia. Dizendo que as nossas razóes a favor da criaędo ndo contrariavam o fixismo, o rev. P.e Yalente abriu uma porta aberta.



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