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19S REYISTA B1BLI00RAFICA

pcrmanencia na longinqua coldnia portuguesa, uma quan(idade considerdvel de informcs etnogrdficos sóbre a regiflo de Baucau e outros pontos da ilha. Os costumes e tradięóes relativos ao nas-cimento, ó infancia, ó adolescóncia, ao casamento, A morte, guer-ras, alianęas, desportos, organisaęflo social, mcdicina, cultos, fes-tas periódicas, lendas, etc., sflo desenvolvidamenle descritos neste livro, que 6, sem favor, urn dos mais notdveis que se tem publi-cado sóbre etnografia colonial portuguesa. Uma bibliografia sóbre a ilha de Timor e algumas ilustraęóes acompanham o valioso estudo.

Pinto Corrfia 6 cdptico em relaędo a devaneios de alguns < antropdlogos e ctn<5grafos> sóbre os origens ćtnicas dos Timo-renses e escreve com razóo: < prehistoria, arqueologia, antropologia, etnologia, sflo !iquidos capitosos que embebedatn cabeęas fracas, espfritos pouco disciplinados, propensos a tomarem a nuvein por Jono e a fazerem dum argueiro urn autentico cava-leiro...> Mas a alusflo evidente logo em seguida feila h sćrie cranioldgica de Timor, estudada por Barros e Cunha, suscitou ao ilustre antropologista de Coimbra uma carta na imprensa que mostrou nflo ter essa sdrie a suposta origem que cientificamente a desvalorizaria, de modo completo e definitivo, para o estudo dos timorenses.

Por outro lado, nflo sabemos quem tenham sido os «antropo-logistas* que, segundo o A., tomaram a sćrio as «mdgicas des-cobertas> quc serviram de alicerce ós fantasias de conferentes «monipuladores dum estapafurdio repertdrio de lendas» sóbre timorenses. Ao contrório do que supóe o A., nflo chegaram, que saibamos, esses devaneios a fazer incursflo em qualquer congresso antropoldgico recente, se bem que tivessem sido anundados sob o patronato dum instituto cientffico, desconhecedor por-certo do con-teudo real das comunicaęóes. Quem escreve estas linhas viu diversas peęas ceramicas e osteoldgicas sóbre as quais se preten-deu arquitectar toda urna nova mitologia timorense e em que se quiz descortinar imprevistas raizes etnoldgicos para aquela popula-ęóo. Com a mesma prudencia que tem posto invarióvelmente em todos os seus estudos, ficou cheio de cepłicismo perante tóo hete-rdclito e vago materiał, cuja provenicncia nflo era esclarecida com os pormenores que na autćntica ciencia se exigem como garantia docismental e que, alćm disso, nflo apresentava os indtcios objec-tivos duma antiguidade respeitóvel e significativa.

Ignoramos se algućm mais, com responsabilidades tćcnicas, viu ósse espdlio e se pronunciou sóbre 6le.

Precisamente ós rasgadas e pressurosas fantasias que preju-dicam perante o grandę publico o prestigio de ramos sćrios de estudo, o sr. Pinto Corróa prefere a cołheita pacieote e meticulosa dos factos. O seu livro demonstra brilhantemente o tabor aturado e fecundo que realizou durante a sua estada em Timor.

M. C.

DOEKE BROUWER — Bijdrage tot de Anthropologie der Aloreilan-den — I vol. de 155 pdg., excelentemente ilustr., Amsterdam, s. d.

A escola antropoldgica de Amsterdam que tem por figura pri* macial o ilustre professor Kleiweg de Zwaan, continua dando estampa os resultados de sucessivas investigaęóes no arquipdlago timorense, sóbre o qual jd se publicaram importantes trabalhos de Ten Kate, Kleiweg, Bijlmer e outros distintos antropdlogos holan-deses.

O presente estudo refere-se hs ilhas de Alor e Pantar, tendo o autor realizado ali mais de 1500 observaędes somatoldgicas em indmduos dos dois sexos. Sucessivamente Brouwer expde os resultados que obteve para a estatura, fndices cefdlico, nasal, facial, fronto interorbital e outros caracteres mćtricos, e para a cór da pele, enrolamento do cabelo, grupos sangufneos, etc., e chega A conclusflo de que os montanheses das referidas ilhas sflo «Mela-ndsios, resultantes duma mistura de elcmentos Proto maldios, com forte adięSo do elemento Papua*.

Tendo distinguido nas duas ilhas sete grupos para o seu estudo (Alor, Kalong, Barawahing, O-Alor, Lemma, M-Pantar, Kabir), o Autor mostra algumas diferenęas entre esles grupos, alids todos mais ou menos dolicocdfalos ou subdolicocćfalos e com pequena proporęfio de pregas mongdlicas. O indice-bioquimico mostra em geral fraca proporędo do grupo A, mas ao passo que esta e.tcede nos insuhres de Pantar a proporędo de B, dd-se o inverso nos insulares de Alor. Em ambas as populaęócs o grupo 0 6 muito freqiiente.

Quadros detalhados das medidas e fndices, grdficos, bons mćtodos estałfsticos, excelentes e numerosas fotografias, larga bibliografia, valorizam este trabalho que honra o seu autor e a escola de que provem.

M. C.



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