Neurociência: Um novo olhar educacional
Suely de Fátima Brito de Souza Calabri Leite
Imagem: Joe Backer
A neurociência é uma grande aliada do professor que o ajuda a identificar o
indivíduo como um ser único, pensante e que aprende a sua maneira. Ao
analisar o processo de aprendizagem, deve-se perceber um múltiplo enfoque,
explanando propriedades psicológicas, neurológicas e sociais do indivíduo, já
que a construção da aprendizagem considera aspectos biológicos, cognitivos,
emocionais e do meio que constroem o ser e embasei-a a sua evolução. A
Neuropedagogia desvenda os mistérios que envolvem o cérebro na hora da
aprendizagem, como se processam: a linguagem, a memória, o esquecimento,
o humor, o sono, a atenção e o medo; como é incorporado o conhecimento e
os processos de desenvolvimento que estão envolvidos na aprendizagem
acadêmica.
INTRODUÇÃO
Educar é uma tarefa complexa e que requer de seus educadores, dentre os
diversos fatores, a competência (formação) e a dedicação. Vivemos num
mundo que se transforma a cada dia. As necessidades de hoje serão
modificadas pelas necessidades do amanhã, devido aos diversos interesses
que movem cada sociedade. O maior desafio, no entanto, é planejar uma
educação capaz de preparar o educando para essas transformações.
No contexto escolar, o educador é o mediador entre o objeto do saber e o
sujeito, para que este possa ser autor do seu próprio conhecimento. Uma
aprendizagem eficiente é aquela construída sobre a base da crítica e da
reflexão sobre o objeto do conhecimento, e dessa forma, então, proporcionar
ao sujeito a capacidade de perceber o mundo que o cerca e seu significado
nesse contexto.
Podemos dizer que o Neurocientista é um especialista que trará uma
sublime contribuição para a ação pedagógica por compreender as estruturas e
o
funcionamento
do
Sistema
Nervoso
Central,
"palco"
da
aprendizagem. Conhecer as conexões neurais do educando é imprescindível
para que sejam elaboradas atividades que desenvolvam suas funções motoras,
sensitivas e cognitivas. É de suma importância que os profissionais envolvidos
na educação compreendam que a ação comportamental de seu educando é
fruto de uma atividade cerebral dinâmica.
O maior desafio, no entanto, é quebrar a fôrma triangular da clássica Equipe
Pedagógica e incluir em seus moldes o quarto elemento chamado
Neurocientista, esse profissional especializado de tanta relevância quanto, que,
logicamente contribuirá de maneira significativa para que seja possível a tão
sonhada aprendizagem eficaz.
A neurociência e a pedagogia juntas oferecem uma inovadora parceria,
respeitando as especificidades de cada ciência, elas se completam ao conduzir
este aprendente a um novo sistema, através do qual biologicamente se constrói
a fonte de novas conexões neurais.
DESENVOLVIMENTO
Segundo Relvas (2009), o encéfalo encontra-se localizado no interior do
crânio, protegido por um conjunto de três membranas, que são as meninges. E
constituído por um conjunto de estruturas especializadas que funcionam de
forma integrada para assegurar unidade ao comportamento humano. E
formado por Bulbo raquidiano, Hipotálamo, Corpo caloso, Córtex cerebral,
Tálamo, Formação reticular, Cerebelo e Hipófise.
HISTÓRICO DA NEUROCIÊNCIA COGNITIVA
A neurociência é um termo que reúne as disciplinas biológicas que estudam
o sistema nervoso, normal e patológico, especialmente a anatomia e a
fisiologia do cérebro inter-relacionando-as com a teoria da informação,
semiótica e linguística, e demais disciplinas que explicam o comportamento, o
processo de aprendizagem e cognição humana bem como os mecanismos de
regulação orgânica e por ser uma área da ciência é preciso sempre preocupar-
se em estar se atualizando. RELVAS diz que,
(...) o universo biológico interno com centena de milhões de pequenas células
nervosas que formam o cérebro e o sistema nervoso comunicam-se umas com
as outras através de pulsos eletroquímicos para produzir atividades muito
especiais: nossos pensamentos, sentimentos, dor, emoções, sonhos,
movimentos e muitas outras funções mentais e físicas, sem as quais não seria
possível expressarmos toda a nossa riqueza interna e nem perceber o mundo
externo, como o som, cheiro,sabor. ( 2009, pág.21)
O campo científico da neurociência cognitiva recebeu este nome no final da
década de 70, no banco traseiro de um táxi em Nova York, onde o grande
fisiologista cognitivo George A. Miller estava com Michael S. Gazzaniga a
caminho de um jantar. Neste jantar estavam reunidos cientistas que se
esforçavam para estudar como o cérebro dava origem à mente. Desta corrida
de táxi surgiu o nome Neurociência Cognitiva, que foi aceito por toda
comunidade científica.
Para esclarecer o significado deste termo é preciso voltar atrás e olhar não
somente para a história do pensamento humano, mas também para as
disciplinas científicas.
Desde a antiguidade, a curiosidade e as observações, contribuíram para que
o ser humano relacionasse a mente com a cabeça (cérebro). Dando origem a
varias teorias e descobertas científicas que permeiam, transformam vidas,
sociedade e consequentemente a humanidade. Na história antiga, a teoria
ventricular ( iniciada no século 4º d.C.) aborda que os processos mentais, ou as
faculdades da mente estavam localizadas em câmaras ventriculares no
cérebro. Entre os gregos, predominava também a teoria de que os ventrículos
cerebrais eram órgãos sede dos humores (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis
negra, procedentes, respectivamente, do coração, sistema respiratório, fígado
e baço) e nos quais estava localizada também a capacidade intelectual do
homem.
Segundo Hipócrates, as doenças surgiriam pelo desequilíbrio entre o
sangue, a fleuma, a bílis e a atrabile. Esta é a famosa teoria dos quatro
humores corporais, que dependendo das quantidades presentes no corpo,
levariam a estados de equilíbrio ou de doença e dor. Esta teoria veio a
influenciar posteriormente Galeno, que desenvolveu a teoria dos humores, que
dominou o conhecimento até ao século 18.
Para Hipócrates, a mente estava no cérebro. Já o Aristóteles considerou que
a alma não era substancialmente diferente do corpo, embora as suas funções:
a alimentação, a sensação, a motricidade e a intelecção, fossem similares.
Defendeu a hipótese que a mente tinha sede no coração e o cérebro resfriava
o sangue, tipo um sistema hidráulico, os nervos ocos que circulavam o espírito
animal.
Galeno, médico grego completou a doutrina de Hipócrates, foi o primeiro
que fez correlação entre forma e função, ao distinguir quatro temperamentos e
ao defender que os espíritos se formavam em órgãos diferentes: os espíritos
naturais, no fígado, os espíritos vitais, no coração e os espíritos animais, no
cérebro.
Suas
experiências
contribuíram
para
aumentar
os
seus
conhecimentos sobre a anatomia do cérebro e para a criação da hipótese
cefalocêntrica. Ele teorizava que se retirassem as ramificações de suporte dos
ventrículos, ficava o esférico e que o poder da sensação, do movimento fluía no
cérebro e ainda o que é racional na alma tem ali a sua existência. A sua teoria
de localização do espírito no fluído dos ventrículos perdurou por vários séculos.
No Brasil, o Imperador Pedro II, amante das artes e das ciências se
correspondeu com o eminente fisiologista alemão Du Bois Reymond, acerca
da fundação de um instituto de "physiologia" na cidade do Rio de Janeiro, mas
que jamais teve efetividade prática. A história da neurociência no Brasil se
confunde com a própria história da fisiologia brasileira.
O estudo experimental e sistemático da Fisiologia começou, sem dúvida,
com irmãos Álvaro e Miguel Ozório de Almeida, no Rio de Janeiro, os quais
também iniciaram (principalmente Miguel Ozório) as pesquisas em
neurofisiologia.
Álvaro Ozório criou uma escola nesse campo, que culminou com seu
discípulo Paulo Enéas Galvão, que foi para o Instituto Biológico de São Paulo e
tornou-se o segundo professor de Fisiologia da recém-criada Escola Paulista
de Medicina, substituindo outro discípulo carioca, Thales Martins que, em
parceria com Ribeiro do Valle, ajudou fundar a neuroendocrinologia brasileira.
Miguel Ozório de Almeida, entretanto, pesquisou a vida toda fisiologia e
fisiopatologia do sistema nervoso, Disseminando apaixonados pelas
descobertas cientificas.
O Brasil foi agraciado com vários pesquisadores que lutaram para postular o
conhecimento científico em solo brasileiro, permitindo a sociedade atual o
contato com a: Neurofisiologia, Neurobiologia, Fisiologia, Biofísica dentre
outras.
O sonho que norteia os pesquisadores em desvendar a máquina humana, os
códigos, os sinais e os circuitos pelos quais trafega a informação vital dos
seres humanos, permitiu à humanidade evoluir e tomar consciência a cerca da
concepção da natureza e da sua relação com o corpo, sua evolução biológica,
adaptativa para a manutenção e sobrevivência da espécie. Forneceu melhoria
na qualidade de vida da sociedade atual, avanços na medicina que
disponibilizam tratamentos efetivos não somente para as doenças
degenerativas, mais os quadros Psiquiátricos, psicossomáticos. Ressaltando
também o desenvolvimento das tecnologias que auxiliam para a visualização
das imagens do funcionamento cerebral e mapeamento direto da atividade
neuronal em suas especificidades. Toda pesquisa pode levar a infindáveis
benefícios para a humanidade, bem como podem levar à sua decadência, se
mal empregadas.
A APRENDIZAGEM COM O OLHAR DA NEUROCIÊNCIA
Com as novas descobertas da neurociência, percebe-se que com todo o
histórico da educação de jovens e adultos, não poderia deixar de destacar as
lacunas encontradas na vida escolar desses alunos. Segundo o autor Chalita,
A escravidão não subjuga o corpo, mas a mente.
A verdadeira escravidão existe quando o escravo nem desconfia de sua
condição de escravo. Ela é sutil e discreta. Na sociedade moderna,
pretensamente democrática, a escravidão apresenta-se de outras formas.
Aquele que é Disléxico, hiperativo; que apresenta qualquer disfunção
neurológica passam sem ser notados. Isso muito contribui para o Aluno de
Educação de Jovens e Adultos, ter uma autoestima baixa. Como diz Relvas:
Temos duas memórias, uma que se emociona, sente ,comove outra que
compreende, analisa, pondera, reflete... Trata-se de emoção e razão. Esta
escola é um local, dentre outros (trabalho, família,) onde professores e alunos
exercem a sua cidadania, ou seja, comportam-se em relação á seus direitos e
deveres de alguma maneira. Acontece de muitas das vezes por falta de
informação, o docente e alguns funcionários cometerem algum equivoco: por
não conhecerem o lado emocional dos alunos. No entanto, segundo o autor
Henri Wallon tudo se passa como se a educação fosse algo extático, algo
eterno, imutável, pronto e acabado ,necessitando de uma reflexão de nossas
atitudes em educação de Jovens e Adultos. Queixam-se professores de um
lado, aborrecem-se alunos de outro e todos juntos perpetuam uma situação
escolar praticamente insustentável, como se fosse uma fatalidade cuja a
resolução não lhes dissesse respeito.
Esquecem-se ambos de que existem os direitos e deveres do profissional
Professor, descritos no seu estatuto; existem os direitos e deveres da criança e
do adolescente, recém garantidos pela nossa constituição. Para além deles
existem os interesses dos professores que podem querer formar em seus
alunos este ou aquele tipo de consciência, deste ou daquele modo, seja
apenas informando os alunos, seja orientando experiências participativas para
este aprendizado. Existem os interesses dos alunos, próprios de suas idades e
do momento de seu processo de maturação, e que os faz vibrar, se
envolverem, se empolgarem e aprenderem muito mais, quando são sujeitos
ativos e participativos do que quando são apenas leitores ou ouvintes.
Portanto o desenvolvimento da cidadania, a formação da consciência do eu
tem na escola um local adequado para sua realização através de um ensino
ativo e participativo, capaz de superar os impasses e insatisfações vividas de
modo geral pela escola na atualidade, calcado em modos tradicionais.
É preciso usar o conhecimento que o professor já dispõe sobre o trabalho
escolar com a informação baseada no livro que atesta a importância que as
informações da neurociência traz a educação. Vivemos em uma sociedade em
que o conteúdo está em baixa, temos muitas informações, mas pouco
conteúdo, sutilmente estamos sempre defasados ao que acontece no mundo,
as informações são muitas, pouco se apreende. É a neurociência que seria
este norteador para nos mostrar as possíveis falhas do sistema Educacional. O
princípio básico desse profissional é a compreensão das respostas cerebrais
aos estímulos externos e assim, o desenvolvimento das potencialidades. Em
geral, o neurocientista é responsável por investigar a integração do indivíduo
com o meio ambiente, detectando os processos físicos e químicos, que
desencadeiam respostas musculares e glandulares.
Dentre as mais diversas formas de investigação, um dos principais objetivos
do neurocientista é interpretar as mais variadas mudanças que possa ocorrer
no comportamento fixo ou variante e, através da análise, contribuir para
modificar esse comportamento. Essa mudança chama-se: aprendizado. Ela
ocorre no sistema nervoso e pode ser chamada de plasticidade cerebral.
Fundamentalmente a neurociência possibilita um aprofundamento do estudo
dos processos da percepção, da consciência e da cognição. Em sua máxima,
consciência é o atributo pelo qual o indivíduo se integra ao mundo. É a
percepção dos fenômenos internos, afetivos, volitivos, intelectuais e das
realizações externas.
Nas últimas décadas a neurociência tem se tornado uma ciência amplamente
pesquisada e bastante reconhecida, contribuindo de maneira significativa para
o desenvolvimento de soluções de diversas doenças e transtornos, sobretudo
educacionais.
O profissional em Neuropedagogia tem como princípio compreender as
respostas cerebrais que surgem através dos estímulos externos. É responsável
pela investigação e integração deste individuo com o meio onde ele está
inserido, observando seu processo físico e químico e as respostas que
emanam deste sujeito. O Neurocientista deve interpretar as mais variadas
mudanças que ocorre em todo processo em volta do individuo desde seu
comportamento fixo há suas variantes.
Em suma o neuropedagogo através de seu olhar visa observar:
Processo interno:
- A Cognição;
- A Decisão;
- O Fazer;
- O Aprender;
Processo externo:
- A Adaptação;
- A forma de adequação ao novo ambiente
- habilidades de adaptação;
- Alterações no processo de interação
A NEUROCIÊNCIA SOB NOVOS OLHARES
Ao estabelecer um paralelo entre o passado e o presente, nota-se que a
tempos, o cérebro tem sido elemento de estudo e pesquisa desde a
antiguidade, sabe-se que muitas perguntas ainda continuam sem respostas e
em outras várias questões, não foram ainda decifradas onde o cérebro em
algumas áreas continua uma incógnita para todos principalmente para aqueles
que se propõe estudá-lo a nível científico.
O aprender e o lembrar do estudante ocorre no seu cérebro, conhecer como
este cérebro funciona não é a mesma coisa do que saber qual é a melhor
maneira de ajudar os alunos a aprender. A aprendizagem, a Neurociência e a
educação estão intimamente ligadas ao desenvolvimento cerebral o qual se
molda aos estímulos do ambiente, o estudo da aprendizagem une a educação
com a Neurociência.
A aprendizagem é afinal um processo fundamental da vida. Todo individuo
aprende e, por meio da aprendizagem, desenvolve os comportamentos que o
possibilitam viver. Todas as atividades e realizações humanas exibem os
resultados da aprendizagem. (CAMPOS, apud, PORTO, 2007, P.15)
Há décadas que as neurociências não são mais de longe uma ciência
puramente básica, hoje praticamente ela elabora o conteúdo das ciências que
a dedica ao estudo do sistema nervoso, sua anatomia e fisiologia bem como
patologia. Pesquisadores em educação tem tido postura otimista de que as
descobertas em neurociências contribuam para a teoria e práticas educacionais
O corpo, emoção e razão são indivisíveis e inseparáveis, é uma visão integra
e holística, a razão de ser nos últimos tempos as investigações da neurociência
revelou dados surpreendentes sobre o funcionamento do cérebro, o
crescimento de novos neurônios, outra afirmativa é que a inteligência não é
única e nem fixa e muito menos reside em um local determinado no cérebro
como se afirmava no passado, a inteligência é concebida como uma função do
cérebro e várias partes dele estão envolvidas em qualquer ação inteligente.
A inteligência muda com o tempo e os estímulos disponíveis no meio
ambiente. É preciso que estar atentos pois o mundo de hoje e de amanhã,
somente poderá ser enfrentado com sucesso, pela fantástica capacidade do
cérebro humano, existe um grande ênfase no desenvolvimento da inteligência,
do talento e das competências das pessoas.
O cérebro é único não existindo outro igual, cada individuo tem o seu de
forma distinta resultando na interação dinâmica entre natureza e ambiente,
respectivamente genética e estimulação onde tudo que o sujeito realiza
acontece á partir de uma comunicação entre os neurônios. As pessoas
aprendem de forma diferentes onde um único método não é o ideal para todos
os alunos, necessário se faz, várias estratégias diferentes de ensinar daí,
permitir ao educando sempre que possível a escolha, não é uma proposta
revolucionária, necessita de professores preparados, sintonizados e
comprometidos com a educação e com o método a aplicar ao desenvolver um
ensino diversificado e diferenciado, capaz de identificar, respeitar e aproveitar o
estilo de aprendizagem preferencialmente mais adequado para seus alunos.
Segundo FERNANDEZ e PAIN, "Para aprender são necessários dois
personagens, o ensinante e o aprendente e um vínculo que se estabelece entre
ambos"
A experiência escolar permite concluir que um dos grandes diferencias do
processo educativo é o vinculo estabelecido entre educadores e educandos. O
ideal é trabalhar com a premissa de que havendo vinculo é mais fácil que o
professor desenvolva a capacidade de escuta do que o aluno pretende
transmitir e possibilite a ele que se sinta compreendido e entendido em seu
sofrimento mesmo porque indisciplina e incompreensão caminham juntas.
INTERVENÇÕES NEUROEDUCACIONAIS
Os Neuropedagogos estudam sobre o processo de aquisição de
aprendizagem e da memória tendo o cérebro como elemento principal, fazem
pesquisas, testes e teorias as quais resultarão em benefícios para todos por
outro lado, encontram-se os educadores que anseiam em por em prática tais
pesquisas, testes e teorias, é um trabalho significativo e juntar estes dois
segmentos é compensador uma vez que irá exigir dos envolvidos as análises e
aplicações destes conhecimentos científicos traduzindo-os para as salas de
aulas.
Esta colaboração mútua, enriquece tanto o trabalho dos cientistas cognitivos
como dos educadores onde estes poderão desenvolver e aplicar métodos de
ensino que melhor possam serem adaptados a seus alunos, em busca de que
estes métodos facilitarão a aprendizagem. A Neurociência tem um papel
fundamental de intima ligação com a prática pedagógica ela investiga o
processo de como o cérebro aprende e lembra, desde o nível molecular e
celular até as áreas corticais, o estudo da aprendizagem une estas duas áreas
logo quanto mais se estuda a fisiologia nervosa cada vez menos se pode
dissociar o estudo anatômico da abordagem funcional ao sistema nervoso.
Desenvolver pessoas não é apenas dar-lhes informação para que elas
aprendam novos conhecimentos, habilidades e destrezas e se tornem mais
eficientes naquilo que fazem. É sobretudo, dar-lhes a formação básica para
que elas aprendam novas atitudes, soluções, idéias, conceitos e que
modifiquem seus hábitos e comportamentos e se tornem mais eficazes naquilo
que fazem. Formar é muito mais do que simplesmente informar, pois
representa um enriquecimento da personalidade humana". (Chiavenato, 1999)
O aprender e o lembrar do estudante ocorre no seu cérebro, conhecer como
este cérebro funciona não é a mesma coisa do que saber qual é a melhor
maneira de ajudar os alunos a aprender. A aprendizagem, a neurociência e a
educação estão intimamente ligadas ao desenvolvimento cerebral o qual se
molda aos estímulos do ambiente, o ensino bem sucedido provoca alterações
significativas na taxa de conexões sinápticas.
Inúmeras áreas do córtex cerebral são simultaneamente ativadas no
transcurso de nova experiência de aprendizagem, situações que reflitam o
contexto da vida real, de forma que a informação nova se junte a compreensão
anterior. A neurociência oferece um grande potencial para nortear a pesquisa
educacional e futura aplicação em sala de aula.
É fundamental que professores entendam que os sentimentos que
impulsionam a aprendizagem positiva ou negativamente, devem compreender
que o ser humano é um ser emocional, que pensa coerente com esta nova
visão, é primordial que os educadores aprendam a ler e entender as emoções,
alegria, tristeza, raiva, medo de seus alunos e principalmente a lidar
adequadamente de forma competente com elas.
Sob este aspecto considera-se como importante em primeiro lugar criar um
ambiente seguro e convidativo para a aprendizagem, livre de desrespeito,
ofensas e humilhações. Em ambiente de medo e insegurança, o aluno torna-se
passivo além de perturbar a disciplina naturalmente indesejáveis em sala de
aula além de que caso uma criança seja ridicularizada por erro, irá se sentir em
perigo logo, o cérebro desta criança reagirá imediatamente adotando uma
postura de fuga ou ataque, ao contrário de que quando o erro é aceito e tratado
de forma natural como parte do processo de crescimento, o estudante aprende
com ele, deve-se incrementar um clima emocional positivo dentro da escola e
da sala de aula com alegria, respeito mútuo, elogios e brincadeiras sadias.
Neste aspecto, vários fatores influenciam a ação do professor em sala de
aula e suas ações dificultando o processo ensino\aprendizagem, o uso de
metodologia inadequada, a falta de recursos didáticos, as condições
insatisfatórias de trabalho, sem contar a dinâmica emocional do ser humano
soma-se a isto, os desajustes familiares na vida do aluno, a violência hoje
presente tanto fora como dentro da escola e o lugar do fracasso ocupado
apenas pelo aluno, quando deveriam lá estar, o professor, o aluno e a escola.
Uma nova concepção educacional propõe montagem de ambientes
enriquecidos centrados no desabrochar da criatividade e da inteligência de
cada um dos jovens e crianças os quais motivados possam mais e com melhor
qualidade e, ao fazerem isto, possam desenvolver ao máximo o seu talento
dispostos a estudar e felizes.
Segundo a Neuropedagoga ISABEL S.W.Azevedo "Não existem "fórmulas
mágicas" na prática pedagógica, juntos podemos reunir as pesquisas em
Neurociência com a prática pedagógica que melhor se adaptará aos nossos
alunos". Neste contexto recai também, o uso da ludicidade como ferramenta
pedagógica em sala de aula o que facilitará a transformação diária em uma
vivência criativa e rica diante da qual os alunos serão os primeiros a se
interessarem por ir à escola, a pedagogia e a Neurociência promovem o
desenvolvimento cognitivo, pois através da aprendizagem o sujeito é inserido
de forma mais organizada no mundo cultural e simbólico.
O professor deve se aproveitar de meios e recursos no sentido de que o seu
aluno tenha motivação com a finalidade especifica que a aprendizagem venha
acontecer de forma plena e eficaz, deve ainda conhecer a bagagem que o
aluno traz incentivando-o para que seja sempre capaz de produzir e criar.
A motivação nada mais é que criar motivos, causar entusiasmo e ânimo,
entusiasmar o individuo fazendo-o chegar até a eficácia do conhecimento. E
mais ainda, cabe criar nestes indivíduos a vontade de aprender através de
estratégias e estímulos a fim de que estes indivíduos se sintam motivados em
aprender, naturalmente a realização dos objetivos propostos, implica que sejam
praticados sempre uma vez que não se desenvolve uma capacidade sem
exercê-la ás vezes exaustivamente.
Existe um desconhecimento da anatomia e da fisiologia do sistema nervoso
central e periférico, são questionamentos a fim de saber por onde passam
todos os processos da aprendizagem do ser humano e como ocorre a
alfabetização na mente das crianças.
A educação em nossos dias deve ser trabalhada com grupos
multidisciplinares, é necessário que se faça uma releitura e reelaboração do
desenvolvimento das práticas curriculares, criar atividades de acordo com cada
faixa etária trabalhada onde a atividade seja focada principalmente sob aspecto
afetocognitivo, a questão familiar também deve ser inserida neste contexto
mostrando ao aluno, a importância dos valores educacionais na vida de seus
filhos, ela é o primeiro núcleo do vinculo.
Na busca do conhecimento, estabelecemos relações com objetivos físicos,
concepções ou outros indivíduos. Afeto e cognição se constituem em aspectos
inseparáveis, estando presentes em qualquer atividade a ser desenvolvida,
variando apenas as suas proporções (LAJONQUIERE, 1998).
O afeto e a inteligência se estruturam nas ações e pelas ações dos indivíduos,
tanto a inteligência quanto a afetividade são mecanismos de adaptação,
permitindo ao individuo construir noções sobre os objetivos, as pessoas e as
situações, conferindo-lhes atributos, qualidade e valores.
As questões pedagógicas estão relacionadas a transformação e modificação
do individuo através da teoria e da prática educacional tendo de um lado o
aluno e do outro a ação neuropedagógica onde o professor é o agente
representante que detém o domínio pedagógico que tem como função, guiar o
aluno ao saber.
Segundo MARTA Relvas, "As equipes multidisciplinares e interdisciplinares
só tem sucesso quando agem de forma integrada com a família e a escola a
fim de otimizar resultados e focar o melhor desempenho da aprendizagem".
"Hoje não basta saber quem eu sou, é preciso também saber quem eu não sou
para então saber quem eu posso ser". Há um consenso hoje em dia que o
conteúdo dos nossos pensamentos deriva dos padrões de ativação de vastas
redes neuronais.
As manifestações da cultura mostram que as áreas do conhecimento são de
vital importância uma vez que influencia na vida de todos desde os primeiros
anos de vida até a velhice tendo a escola como elemento central onde projeta,
planeja e executa todos os procedimentos educacionais.
As ciências são instrumentos imprescindíveis na caracterização da
diversidade de situações e na legitimação de suas demandas, as tecnologias
de informações, ampliam a capacidade humana na comunicação, no tempo e
no espaço, naturalmente dão uma nova e valiosa contribuição no processo
ensino\aprendizagem.
Nos adolescentes e jovens, exerce um enorme fascínio e influência ao
despertar não só o seu lado curioso como além da disponibilidade de vários
equipamentos, o contato com o novo, a facilidade de aquisição e os resultados
imediatos. O uso da tecnologia é um recurso bastante significativo ao
desenvolver conhecimentos porem, deve ser usada de forma correta, tornando-
se um auxilio fabuloso na aprendizagem ao proporcionar aos estudantes a
oportunidade de desenvolver habilidades tecnológicas básicas do mundo de
hoje.
As competências escolares de formar ao longo da história, não significa que
elas mudam a cada ano letivo, é preciso compreender de que maneira elas
afetam o ensino e entender até que ponto aquilo que orientava professores de
uma geração continua útil ou não para a geração seguinte. É preciso analisar,
refletir e se necessário intervir neste contexto, pois o cérebro existe para
pensar e não a máquina pensar por ele.
No espaço escolar, se nivela o processo educacional, é lá que todos são
iguais, e que a inclusão se concretiza, não deve haver diferenciação na
formação do profissional\educador para as classes de ensino regular, das
classes especiais já que toda a educação é especial uma vez que a educação
do ser humano deve ser independente de qualquer atributo individual.
A tarefa de educar implica necessariamente o diálogo critico e livre entre
educadores e educandos, como forma de se permitir que o conhecimento surja
e seja construído á partir de interações coerentes vivendo o outro com
diferentes modos de pensar, agir com suas múltiplas expectativas exercitando
a autonomia do individuo, a liberdade de pensar seus sentimentos sua
imaginação a fim de que possa desenvolver talentos e que ele possa tanto
quanto possível ser dono do seu próprio destino.
No mundo de mudanças constantes, não devemos ensinar o que os outros
pensam ou pensaram, devemos desenvolver técnicas e métodos que possam
municiar nossos docentes á formação da consciência de que o aprendizado é
permanente e o conhecimento na sociedade contemporânea é volátil.
Ao partilhar os nossos saberes, estamos dividindo os nossos conhecimentos
com o outro ao construir novos saberes para este outro e naturalmente para
nós mesmos, estamos interagindo sempre com o meio que nos cerca fazendo,
construindo, revendo, analisando, definindo e ensinando para toda vida isto é,
ensinar é aprender a ensinar.
O cérebro humano é uma maravilhosa máquina que transforma uma simples
sensação em pensamento, é um órgão complexo, desvendado parcialmente
pela ciência, composto por células nervosas e glândulas. Dentro desta
complexidade é importante ressaltar as funções do encéfalo e dos
neurotransmissores, o encéfalo diferente do cérebro, é um conjunto de
estruturas que estão anatomicamente e fisiologicamente ligadas, são estruturas
especializadas que funcionam de forma integradas, para assegurar, unidade ao
comportamento humano. Possui uma constituição elaborada ao receber
mensagens que informam ao homem a respeito do mundo que o cerca além de
receber um permanente fluxo de sinais de outros órgãos que o capacita a
controlar os procedimentos vitais do individuo, batimento cardíaco, a fome e a
sede, as emoções, o medo, a ira, o ódio e o amor tudo iniciando no encéfalo
tendo o cérebro, a parte maior e mais importante.
Na aprendizagem a criança tem na concentração e atenção aspectos
importantes e fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e motor, o
aprendizado depende de alguns outros fatores, estimulo, interesse e da
funcionalidade adequada das estruturas que irão receber tais estímulos e
principalmente da atenção desta criança. Se a atenção é fundamental para a
aprendizagem é através do desempenho de uma estrutura complexa localizada
na parte central do tronco encefálico denominada de formação reticular (age
como se fosse um filtro), que mantém o córtex em condições para que possa
receber novos estímulos, decodifica-los e interpretá-los principalmente os
sensitivos que devem ser selecionados onde somente os estímulos importantes
passam por este "filtro", chegando ao córtex o que os torna conscientes
impedindo que os constantes bombardeios não venham atingir o córtex de
forma indiscriminada.
Quanto aos neurotransmissores, são substancias químicas produzidas pelos
neurônios, as células nervosas, por meio delas podem enviar informações a
outras células, podem também estimular a continuidade de um impulso ou
efetivar a reação final no órgão ou músculo alvo, elas agem nas sinapses que
são o ponto de junção do neurônio com outra célula.Os Neurotransmissores
possibilitam que os impulsos nervosos de uma célula influenciem os impulsos
nervosos de outra permitindo assim que as células do cérebro por assim dizer,
"conversem entre si".
O corpo humano desenvolve um grande número dessas mensagens
químicas para facilitar a comunicação interna e a transmissão de sinais dentro
do cérebro, são substancias que funcionam como combustível cerebral, nos
deixam mais felizes e são fundamentais para o bom funcionamento do
organismo. O interesse dos neuropesquisadores, suas descobertas, tem
crescido em resposta á necessidade de, não somente entender os processos
neuropsicobiológicos normais mais principalmente para respaldar a ciência da
educação. Modernas técnicas estão começando a revelar como o cérebro tem
conseguido a notável proeza da aprendizagem, as ciências cognitivas
modernas, estão sendo capazes de estudar objetivamente muitos
componentes do processo mental tais como atenção, cognição visual,
linguagem, imaginação mental etc. (Cardoso, Sabbatinni, 2000, "Cérebro e
Mente".
Novos desafios terão pela frente, certamente novas conquistas,
possivelmente os obstáculos existentes entre neurocientistas e educadores
serão ultrapassados, novos paradigmas irão impulsionar a ciência
principalmente a aqueles que se preocupam com a educação sob novos
olhares.
A NEUROEDUCAÇÃO E SUAS TRANSFORMAÇÕES
Neuroeducação é um modelo sistêmico de intervenções evolutivas
desenhado para atuar nas matrizes de inteligências do sistema mental e
estruturar o caminho de manifestação do potencial inteligente da consciência. A
Neuroeducação atua no campo da educação desenvolvendo ferramentas
holográficas capazes de corrigir as dificuldades de aprendizagem escolar
oferecendo instrumentos de inclusão social capaz de extrair o máximo do
potencial funcional de cada individuo ao transformá-lo em todas as
capacidades independentemente de sua origem social, qualidade de ensino
escolar ao qual está submetido ou grau de desenvolvimento pessoal.
Portanto, mais que eliminar dificuldades de aprendizagem, a Neuroeducação
auxilia também jovens e adultos a modificar suas estruturas funcionais
limitantes, aperfeiçoando suas operações das matrizes de inteligência,
possibilitando a expressão máxima da sua potencialidade: a genialidade
pessoal.
Segundo a Neuropedagoga ADRIANA Peruzo, "apostar nos estudos da
neurociência pedagógica é apostar numa evolução crescente e segura, é
vincular o educador a idéias, a comportamentos e a pensamentos complexos, é
levar ao educando a noção do sujeito do processo da aquisição e da produção
do conhecimento".
A neurociência pedagógica é um ramo da ciência que compatibiliza o
cognitivo (técnica de ensino) e o cérebro humano, adequando o funcionamento
do cérebro para melhor entender a forma como este recebe, seleciona,
transforma, memoriza, arquiva, processa e elabora todos as sensações
captadas pelos diversos elementos sensoriais para a partir deste entendimento
poder adaptar as metodologias e técnicas educacionais a todas as crianças e
principalmente aquelas com as características cognitivas emocionais
diferenciadas.
A Neuroeducação entre várias funções torna o ato de estudar, frequentar a
escola, ler, enfim aprender, interessante, prazeroso e fácil, as pessoas vêm
sendo trabalhadas com esta ciência tanto para eliminar incapacidades de
aprendizagem como para expandir conhecimentos específicos, é uma
ferramenta moderna e eficiente na construção e transformação do aprendente.
A união entre a neurociência e a pedagogia, está dando origem a estratégias
educacionais inovadoras, a plasticidade cerebral, a aquisição da linguagem e a
formação da mente simbólica, são analisadas em profundidade, é um extenso
e fascinante universo de potencialidades que cada um de nós tem, o nosso
cérebro.
O cérebro se modifica aos poucos fisiológica e estruturalmente como
resultado da experiência, a aprendizagem, a memória e emoções ficam
interligadas quando ativadas pelo processo de aprendizagem. Entre os modos
e oportunidades em que o cérebro se modifica e desenvolve a sua estrutura
para atender as novas exigências de desempenho, uma delas está em
aprender. Estas modificações também são extensivamente estudadas pela
neurociência sob vários aspectos tidos como plasticidade cerebral.
A característica plástica de uma estrutura pode ser definida utilizando-se
como ponto de partida a possibilidade de alteração estrutural, adaptabilidade a
nova morfologia ou funcionabilidade ou ainda capacidade de transformação.
Antigamente admitia-se que o tecido cerebral não tinha capacidade
regenerativa e que o cérebro era definido geneticamente, no entanto, como
explicar o fato de pacientes com graves lesões, obterem com auxilio de
terapias e estímulos, a recuperação da função cerebral, a ciência tem
comprovado através de pesquisas que com o aumento do conhecimento sobre
o sistema cerebral e que sendo ele mais maleável e flexível do que se
imaginava ao se modificar sob efeito da experiência das percepções, das
ações e do comportamento.
O avanço dos neurocientistas na descoberta no que diz respeito à
plasticidade cerebral oferece uma nova visão de como acontece o processo de
aprendizagem e de aquisição de novas habilidades cerebrais, a plasticidade
cerebral pode ser aplicada á educação, deve-se considerar a facilidade do
sistema nervoso em se ajustar diante das diferenças e influências do ambiente
por ocasião do desenvolvimento infantil e também na fase adulta.
Segundo MARTA Relvas, " A plasticidade em um organismo normal é o
processo de aprendizado que se desdobra em duplo aspecto: o motor, que se
dá num nível inconsciente e se faz de forma automática e o segundo nível, o
consciente que depende da memória, seja emocional, seja cultural.
O termo aprendizagem não é falar somente o que acontece entre paredes
de sala de aula, sob o ponto de vista da neurociência, é entender que cada um
de nós é único em seu conjunto e ao mesmo tempo peculiar no quadro de suas
capacidades e de atributos que suas múltiplas inteligências podem lhes trazer.
É principalmente, mudança de comportamento e de vista, sob olhares da
neurociência, é o movimento dos neurônios que se interligam criando ligações
(sinapses), trajetórias e redes de circuitos que se reforçam e se sustentam pela
repetição e pela necessidade do "uso" e, sobretudo, da busca incessante pela
exploração de si mesmo, do meio ambiente e do outro. De maneira geral,
existe um certo desconhecimento da anatomia e da fisiologia do SNC e
periférico, são alguns questionamentos para saber por onde passam todos os
processos da aprendizagem do ser humano e como ocorre a alfabetização no
cérebro das crianças.
O aluno não pode ser tratado de maneira igual, o tratamento das diferenças
direciona melhor o ensino, e oferece qualidade na aplicação do método, não se
trata de preferência nem tampouco privilégio, é preciso envidar esforços ao
qualificar o trabalho pedagógico e consequentemente a melhoria do padrão de
ensino, saber que todos possuem diferenças essenciais e conduzi-la de forma
eficiente, demonstra competência e habilidade consolidando o trabalho
escolar. Assim, conhecer a anatomia e a fisiologia da aprendizagem, expurga
os conceitos errôneos e os pré-julgamentos de que a criança está sempre
errada, é incompetente ou até mesmo relapsa, é preciso associar o processo
de aprendizado e desenvolvimento humano ao funcionamento do cérebro e sua
plasticidade. È necessário constantemente buscar a harmonia no que se faz,
naturalmente a partir das semelhanças e diferenças de cada um, ser claro nos
objetivos, com as pessoas envolvidas, ouvir atentamente e perceber o que os
outros dizem.
Efetivamente educar é portanto fugir dos determinismos estabelecendo a
cultura humana como processo sob permanente transformação forçando o
homem a se livrar das "amarras" do mundo, do autoritarismo, da arrogância e
da mesmice. Caminhos e métodos, procura-se o sentido de ser e de verdade, é
um contínuo interrogar, o que são e como são os alunos, indagando sobre o
ser das pessoas, suas verdades e modo de configurá-las, possibilidade de
conhecer implica a possibilidade do existir, transita de um modo de conceituar
o mundo para um modo de ser-no-mundo, habitá-lo, viver nele, sentir a si
mesmo e aos outros num contínuo que é dialógico.
Não se pode afirmar categoricamente que tal método e tal tendência é
melhor ou pior, o mais importante é conhecer qual o público alvo a se atingir,
suas necessidades, suas carências, o meio em que vive, sua situação
econômica e social, é preciso buscar formas e métodos que possam se
adequar a estes alunos uma vez que as dificuldades por eles enfrentadas os
tem colocados a margem do conhecimento. "Os conteúdos-métodos de
apropriação ativa do saber implicam uma relação dinâmica entre a ação
cientificamente fundamentada do professor, a vivência e a participação do
educando" (LIBÂNEO, 2006.p.105).
Libâneo cita com muita propriedade que a educação antes de ser um
processo de formação cultural, é um fenômeno social. A educação é um
processo através do qual o individuo toma a história em suas próprias mãos a
fim de mudar o rumo da mesma, como, acreditando no educando, na sua
capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor,
escolher e assumir as consequências de sua escolha.
Há décadas que os neurocientistas não são de longe uma ciência
permanente básica, hoje praticamente ela elabora o conteúdo das ciências que
se dedicam ao estudo do sistema nervoso, pesquisadores em educação tem
tido postura otimista de que as descobertas em neurociências contribuam para
as teorias e praticas educacionais.
A construção do conhecimento já não é produto unilateral de pessoas
isoladas, mas de uma vasta colaboração cognitiva distribuída, da qual
participam aprendizes humanos, sistemas cognitivos naturais e "artificiais", o
individuo está no centro pois o conhecimento é a moeda desta nova era que
por sua vez, é incorporado ao individuo ou seja não é impessoal. Como
preparar o indivíduo para atuar neste novo contexto?
O destino do cérebro depende de estímulos, da escola, da família e do meio
ambiente, além de elementos essenciais que influenciam na aprendizagem,
ambiente,
idade,
genética,
nutrição, psicológico,
áreas corticais
e
principalmente motivação.
É fundamental que educadores professores, escolas, universidades,
entendam que são os sentimentos que impulsionam a aprendizagem positiva
ou negativamente, compreendendo que o aluno é um ser emocional que
pensa, coerente com esta nova visão é importante que os mestres aprendam a
"ler e entender" as emoções de seus alunos procurando lidar de forma
adequada, com elas o aluno constrói através de diálogo, conhecimentos com
colegas, professores e pessoas desenvolvendo competências e valores
essenciais a fim de que possa viver junto á família, a sociedade e no futuro ao
exigente mundo do trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Sabe-se que está longe de se apresentar ideias conclusivas sobre a
Neurociência, pois é uma ciência em constante evolução que muda a cada
instante, por isso faz parte de um processo trabalhoso e que deve ser realizado
a médio e longo prazo.
Acreditar que a dificuldade de aprendizagem é responsabilidade exclusiva do
aluno ou da família, ou somente da escola é, no mínimo, uma atitude ingênua
perante a grandiosidade que é a complexidade do aprender.
A neurociência pedagógica busca apoiar junto a outras disciplinas, o
educando na direção do conhecimento pleno, a importância das atividades
neuroeducacionais onde ao apontar transformação no sistema, ressalta os
vínculos dos fenômenos plásticos cerebrais com o desenvolvimento do sistema
nervoso.
Ela traz em sua bagagem, mecanismos que despertam nos profissionais da
educação uma motivação no desafio de ensinar, é preciso que se conheça a
anatomia e a fisiologia da aprendizagem tendo no educador a função onde o
encorajamento e os estímulos positivos possam proporcionar sensação de
segurança, otimismo e confiança ao aprendente.
Pensar em uma Neuroeducação é pensar no futuro, é um trabalho exaustivo
e extenso onde os resultados naturalmente tem como principio, as pesquisas,
as buscas das soluções baseadas num trabalho multidisciplinar tendo como
estimulo as conquistas já obtidas ao longo do tempo.
As respostas encontradas na elaboração deste trabalho, são insignificantes
em face de sua complexidade, a união de todos, as pesquisas, novas
respostas aos problemas apresentados os quais afetam diretamente
estudantes, professores, família e sociedade.
É necessário encurtar a distância entre as pessoas e a escola, hoje já bem
menor assim como são incompletas algumas informações sobre motivos que
levam as estatísticas apontarem o crescente número de crianças com
distúrbios e transtornos.
O cérebro foi evolutivamente concebido para perceber e gerar padrões
quando testa hipóteses e a aprendizagem sendo uma atividade social, os
alunos precisam de oportunidades para discutir tópicos, o professor deve
propor situações em que aceite aproximações e tentativas ao gerar hipóteses e
junto com a família o ambiente de estudo deve ser tranquilo, o que encoraja o
estudante a expor seus sentimentos e idéias.
É necessário que haja uma ampliação dos horizontes da e na escola frente a
esta questão. Portanto, devemos priorizar o trabalho Neuropedagógico na
escola principalmente sobre aspectos preventivos, já que se observa questões
extremamente sérias, surgidas no ambiente escolar, seja na relação professor-
aluno, escola ? família que se houvesse uma intervenção prévia ao problema
talvez não se prolongasse e nem tampouco se agravaria a ponto de impedir o
desenvolvimento biopsico? social da criança.
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