Vampire Academy – Fan-fic Blood and Love
Senti
o vento frio tocar meu rosto e bagunçar meus cabelos, reparei que
entrava por uma janela semi-aberta. Ainda estava escuro, mas forçando
meus olhos ao redor reconheci a cabana. Não foi muito dificil
encontrar os fósforos e a lanterna a base de querosene, e quando o
pouco se iluminou, uma sensação estranha invadiu meu corpo, uma
tristeza me dominando e ao sentir uma lagrima em meus olhos, ouvi um
barulho. Dando um pulo em direção a parte que nao se encontrava
totalmente iluminada, pude ver uma silhueta. Não sabia quem era, mas
ao ver se aproximando não pude acreditar no que os meus olhos viam,
era ele que se encontrava a alguns passos de mim, nada tinha mudado,
seu cabelo comprido até os ombros, castanho amarrado num rabo de
cavalo, seus olhos castanhos escuros me encaravam, me senti ficar
imovel, nenhuma palavra se formava na minha mente e a lagrima
finalmente escorreu pelo meu rosto. Vi ele se mover para mais perto
de mim e quando já estava a poucos passos, com menos de um metro nos
separado, eu o ouvi.
“Oh, Roza” aquelas simples palavras
passaram como um choque pelo meu corpo me fazendo tremer.
“O
que você está fazendo aqui?” Me ouvi dizer com uma voz fraca que
não parecia ser a minha.
“Senti saudades, Roza.” E
quebrando o minimo de espaço que faltava entre nossos corpos ele me
beijou.
Wow,
no começo não reagi, estava ainda tão atorduada com aquilo, não
podia acreditar que ele estava ali, completamente normal depois de
tudo que tinha acontecido. Sentindo sua lingua roçando na minha
boca, fechei meus olhos e me entreguei ao beijo. Ainda era só um
roçar de labios, então como que pedindo passagem senti sua lingua,
o beijo era suave, nossas linguas brincando em nossas bocas. Nossas
bocas não se desgrudaram por nenhum momento, dificultando a minha
respiração, e o beijo que tinha começado suave agora era mais
possessivo. Instintivamente coloquei meus braços ao redor do seu
pescoço, fazendo movimentos circulares passando minhas unhas
levemente e o fazendo suspirar cada vez mais alto, enquando a mão
dele passava lentamente por minhas costas fazendo cada parte do meu
corpo se arrepiar com cada toque, sentindo suas mãos brincarem com a
barra da minha blusa, levantando-a, a ponta dos seus dedos
acariciando ora minha barriga ora minhas costas subindo um pouco cada
vez mais as mãos pela minha barriga, e Oh Deus como aquilo era bom,
por um momento nossas bocas se soltaram e levantando meus braços e
soltando um longo suspiro vi minha blusa caindo no chão, ainda bem
que eu tinha colocado um bom sutiã naquele dia, ele era preto com
uma renda realmente bonita e ficava sexy nos meus fartos seios de um
jeito que eu tinha certeza que não ficaria em muitas mulheres e como
num passe de mágica, meus pensamentos sumiram quando a boca dele se
dirigiu ao meus pescoço. Inclinei um pouco minha cabeça para ele
ter mais acesso, sua lingua começando a acaricia-lo ora fazendo
movimentos cirulares, ora dando leve mordinhas indo em direção a
minha orelha. De repente senti suas mãos apertarem meus pulsos me
fazendo sentir um pouco de dor, seus beijos parando e um sussuro
baixo no meu ouvido fez meu corpo todo se arrepiar, não de prazer. A
sua voz tinha se tornado sombria, com suas mãos ainda prendendo meus
pulsos fortemente, cheguei minha cabeça de lado para encarar seus
lindos olhos castanhos escuros, mais ao inves disso, o que eu vi me
fez sentir um medo tão grande que jamais imaginei que poderia
sentir. Nos seus olhos agora encontravam-se aneis vermelhos, sua pele
tinha se tornado palida e sua feição que antes era suave agora era
a de um monstro, o terror crescendo em mim, sua face havia um pequeno
sorriso, mais já não era o “meu sorriso” e de novo ele
falou:
“Você é minha, Rose.” Sorrindo novamente, fazendo
com que suas presas aparecerem, sua cabeça voltou em direção ao
meu pescoço e comecei a me debater contra seu corpo com toda a força
que eu tinha, porém era um esforço em vão. Sua boca voltou para
perto do meu ouvido dizendo “Só minha, e não há nada que você
possa fazer”. E como se o mundo parasse, suas presas tocaram minha
pele, aprofundando cada vez mais, sugando o meu sangue e lançando
endorfinas pelo meu corpo para depois me trasnformar num
strigoi.
“Nãoo”, meu coração batia tão forte que daria
para ouvir a metros de distancia, meu corpo todo suado, meu rosto
coberto de lagrimas. Chutando as cobertas para longe, me sentei na
cama abraçando minhas pernas e deixei as lágrimas escorrerem. Esses
pesadelos me assutavam, porém sempre me lembravam do por que tinha
deixado a academia e minha melhor amiga, e eu tinha que cumprir minha
missão.
Eu tinha que matar o homem que eu amava.
Agora,
no escuro, percebi que nada mais importava nesse mundo a não ser
fazer isso por ele. Por mais que isso irá me machucar, eu sabia que
tinha que fazer. De repente várias imagens vieram a minha cabeça.
Nosso primeiro beijo quando eu estava na enfermaria, quando eu forcei
ele a me beijar na quadra, me lembrei do dia em que Victor colocou o
feitiço da luxúria no meu colar e como eu tinha me sentido e a
paixão que eu via nele, então me lembrei de nós na cabana, ele
murmurando meu nome “Roza”. Aquilo realmente havia acontecido a
uma semana atrás? Para mim parecia que havia um ano e tinha também
aquele cheiro de pós barba. Bem, da próxima vez que eu sentisse
esse cheiro, eu o estaria sentindo pela última vez. Eu senti como se
houve algo apertando o meu peito. Deus, onde eu arranjaria forças
para fazer isso? Eu não sabia, eu apenas sabia que tinha que
fazer.
Agora à noite a estrada estava deserta, e eu caminhava
sempre com a estaca de prata ao meu alcance. O dia já não era mais
seguro e quanto a noite? Cada passo poderia ser o último que você
daria. A estrada era ladeada por uma floresta e eu podia sentir o
cheiro da dama-da-noite se misturando ao cheiro do carvalho, era um
cheiro agradável, e assim eu continuei. Já passava da meia-noite
quando eu percebi que havia andado metado do percurso e me dei conta
do quanto eu estava exausta. Na ‘noite’ passada (para nós
vampiros, o sentido de dia e noite é algo muito relativo) eu quase
não havia dormido e agora eu sentia os efeitos disso. Mas não
importava. Eu chegaria na cidade, encontraria um lugar para passar o
resto da noite e iria ao banco assim que possível. Ontem, eu
procurei Adrian para conseguir dinheiro, bem, digamos que tenha sido
um golpe baixo, já que eu meio que me aproveitei dos sentimentos
dele, o que eu descobri, para minha surpresa, que eram verdadeiros.
Mas eu não estava completamente convencida ainda, ele
definitivamente tinha bebido o suficiente para não falar coisa com
coisa, mas mesmo assim ele havia me dado um dinheiro e havia deixado
mais para mim numa conta em um banco em Missoula. Se ele estava
falando a verdade em relação aos seus sentimentos ou não, isso nós
veríamos depois, quando eu voltasse, se eu voltasse. E então todas
aquelas emoções me tomaram de novo, e eu senti aquela raiva que não
parecia ser minha, mas dessa vez, Lissa não estava por perto. Aquela
raiva era minha, e era justificada. Eu me lembrei da face daquele
Strigoi. Ele era loiro, e havia dito que me conhecia, quando eles
invadiram a academia. Ele disse que voltaria por Lissa e depois por
mim, mas eu não sabia que antes disso tudo acontecer, ele tiraria
Dimitri de mim. Mais imagens vieram a minha cabeça, quando ele havia
mordido Dimitri e levantou seus olhos na minha direção. Aqueles
olhos vermelhos, aqueles olhos que haviam tirado de mim metade da
minha alma. Yeah, eu definitivamente queria partir a cara dele ao
meio, enfiar a estaca no coração e observar aqueles olhos perderem
o brilho e ficarem vidrados. Agora eu me sentia vazia, apenas vazia.
A minha outra metade se foi quando eu briguei com Lissa. Lissa, a
moroi que eu sempre quis proteger e que sempre se sentia protegida
quando estava comigo. Eu a havia deixado, mas ela não entendia o
quanto isso me doia, ela não entendia que eu não queria ter que
escolher entre os dois. Enquanto eu soubesse que ela estava na
academia eu sabia que ela estava bem, e quanto a Dimitri, eu não
podia deixar ele na mão.
A cidade se aproximava cada vez mais,
eu calculei que faltava mais umas duas horas de caminhada, o que para
uma dhampir como eu, mesmo cansada, era muito pouco, principalmente
depois de todas aquelas vezes que eu havia corrido com Dimitri, ele
me dizendo o quanto aquilo era importante. Dimitri. Como um cara
tinha um poder tão grande sobre mim? Eu realmente ficava me
perguntando como ninguém conseguia perceber o que acontecia entre a
gente. Era algo tão forte que com apenas um olhar nós entendíamos
um ao outro.
De repente eu ouví um barulho. Ow droga, eu estava
tão mergulhada nos meus sentimentos que eu não estava realmente
prestando atenção ao meu redor. Um Strigoi poderia me atacar a
qualquer momento e eu nem veria. A partir daí eu liguei meu modo
batalha. Quando me virei para saber da onde vinha aquele barulho, ví
que era um carro se aproximando e então decidi que era melhor eu
pedir uma carona, mesmo não estando longe, era bom eu guardar um
pouco das minhas energias. Mesmo armada, eu ainda estava nervosa. Era
um Porche prata, woow, interessante. Eu fiz sinal para parar, então
abaixando o vidro, eu vi que era uma mulher que dirigia. Parecia uma
mulher de negócios, tinha seu cabelo castanho preso em um coque
apertado e usava um blazer de cor pálida e estava olhando pra mim.
Ok, qual a desculpa eu ia dar agora?
“Você está perdida?”
ela me perguntou. Err, não, mas obrigada por inventar uma desculpa.
“Estou sim, eu estudo numa escola aqui perto, mas acho que saí dos
limites da propriedade e não percebi, só preciso chegar na cidade
mais próxima e de lá eu ligo pra eles, para não ficarem
preoculpados comigo.” E aí eu tentei fazer a minha melhor cara de
inocente perdida. Mesmo com tudo acontecendo, eu não podia ficar
apenas pensando na minha missão, tinha que empurrar aquilo para um
canto da minha mente e deixar lá guardado.
Consegui a carona e
meia hora depois eu estava em Missoula, a moça, eu desobri depois
chamada Barbara, me deixou na frente de um pequeno hotel, que eu
poderia passar a noite e supostamente voltar para a escola no dia
seguinte. Lá foi fácil me arranjar, e quando cheguei já logo pedi
informações sobre onde ficava o banco e depois fui para um quarto.
Era um quarto legal, tinha uma pequena mesa redonda no canto com duas
cadeiras para fazer as refeições e sob ela um tapete verde muito
fofo, mais no centro havia a cama de casal que parecia bem macia e no
lado oposto à mesa, a porta que dava para o banheiro. Era um
banheiro simples, não muito grande, mas com uma banheira bem
relaxante. Eu não perdi tempo, tomei um banho rápido e fui dormir.
Quando eu acordei, o dia já estava claro, então olhei para o
relógio digital que estava em cima do criado-mudo. Marcava 7:30 AM.
Ok, eu tinha dormido seis horas direto, acho que era o suficiente
para eu descansar, mesmo depois de todas aquelas noites mal dormidas.
Comecei a me arrumar, tinha trazido comigo apenas uma mochila com
algumas roupas dentro, meu hidratante e meu gloss. Esse último eu
não usava mais, era desnecessário, logo sairia, mas ainda sim eu o
carregava comigo. Dimitri havia me dado, até hoje eu ainda não sei
como ele conseguiu comprar naquele dia que nós estávamos no
shopping, ele não havia se afastado da gente e assim mesmo comprou.
Sim, ele era foda. Decidi usar meu cabelo preso, agora além de ter
as duas marcas molnija, eu tinha também uma espécie de estrela
tatuada no meu pescoço que queria dizer que eu tinha estado numa
batalha e matado muitos strigoi. Dimitri gostava do meu cabelo assim,
e enquanto lembrava disso, eu percebi que estava sorrindo.
Resolvi
pedir meu café da manhã. Uhn, tinha rosquinhas.
Nós dhampir,
somos meio humanos e meio vampiros e costumamos dizer que pegamos o
melhor de cada parte, os sentidos aguçados dos moroi e a força e a
aparencia dos humanos, não precisamos de sangue para viver, nem
temos problemas de andar no sol.
Quando eu terminei ainda
faltava um tempo para o banco abrir, então decidi ver o que estava
acontecendo na academia. Eu e Lissa tínhamos uma estranha ligação
que até a pouco tempo não entendiamos muito bem, eu sentia suas
emoções e podia ouvir seus pensamentos, mesmo que na maior parte do
tempo eu trabalhasse para mantê-los afastados. Eu ainda podia entrar
na mente dela e ver através de seus olhos e sentir tudo o que ela
sentia.
Me sentei na cama e relaxei, tentando abrir caminho para
a mente dela. As aulas já haviam acabado e ela estava na biblioteca
sentada no chão encostada numa estante junto com Christian Ozera,
seu namorado e Eddie Castile, seu guardião no trabalho de campo. Ela
estava nervosa e ao mesmo tempo tão triste. Eu podia imaginar o
motivo.
“Mas a Rose é louca de ir embora para matar o
Belikov? O cara já era bom sendo um dhampir, agora sendo um strigoi,
ela não tem chance com ele.” disse Christian e eu pude sentir o
quanto todos estavam angustiados por eu ter partido e o quanto eles
queriam que eu estivesse bem. “A Rose é forte e eu não acho que o
Dimitri vai matar ela, ele ainda deve se lembrar dela” Agora que
Lissa sabia o que tinha acontecido entre nós, ela parecia entender o
quanto aquilo era importante para mim.
“Ele vai se lembrar
dela, mas ainda vai querer matá-la, um strigoi novo não tem
controle sobre si” disse uma terceira voz. Lissa virou para ver
quem era. Adrian. Droga, a Lis tinha contado pra eles o porque deu
ter ido embora. “Mesmo eles tendo ficados juntos por tanto tempo”
continuou ele. Bem, agora eu sentia a surpresa dela, ela contou sobre
o Dimitri, mas não contou sobre o que acontecia entre a gente.
“Como
você sabe?” ela perguntou e culpa passou por ela. Será que só
ela não havia percebido? “Desde que eu conheci a Rose era bem
claro pra mim o que acontecia entre os dois” ele parecia bem,
tirando o forte cheiro de álcool, e estava com aquele sorriso
preguiçoso e seu cabelo estilosamente bagunçado, mas ainda com
fortes olheiras.
Eu voltei a mim mesma. Agora era questão de
tempo que se espalhasse pela academia o motivo deu ter ido embora,
não que eu realmente me importe, com rumores e fofocas eu podia
lidar.
Estava na hora, eu desci para a portaria do hotel, paguei
a conta e fui em direção ao banco. O céu estava em um azul
perfeito, sem uma única nuvem no céu e o sol da manhã estava
extremamente agradável. Meu genes humanos agradeciam.
O
recepcionista do hotel me disse que o banco ficava a apenas duas
quadras do hotel, eu segui na direção que ele havia apontado. Era a
rua principal da cidade, com vários prédios, principalmente
comerciais e havia outros mais baixos residenciais. Na terceira rua
que cortava a principal, eu virei à direita e dali eu pude ver o
banco. Era um prédio baixo, mas imponente. Quando eu entrei senti o
fresco do ar condicionado e me direcionei ao gerente. Era um homem
atarracado, careca, mas com uma aparência muito bondosa. Ele
certamente poderia se vestir no natal de papai-noel. Em cima de sua
mesa havia uma plaquinha de metal que mostrava que seu nome era
Andrew Smith, então eu me sentei a sua frente.
“Eu sou Rose
Hathway, meu amigo Adrian Ivashkov me mandou aqui”
“Ah sim,
srt. Hathway, estávamos te esperando. Só preciso que a senhorita
assine uns papeis e terá acesso à conta.” Ele disse enquanto
abria uma gaveta e tirava um papel que parecia um formulário já
preenchido seguido de outro que parecia um contrato. Ele me entregou
e explicou que aquilo era apenas um comprovante da abertura da conta,
nada demais, apenas a parte burocrática. Ecaa, eu não entendia nada
daquilo. Assim que eu assinei, tive que escolher uma senha para
colocar e a única palavra que vinha na minha mente era “Dimitri”.
Droga, eu estava falhando terrivelmente em afastar meus sentimentos.
Logo depois eu já pude sacar o dinheiro, peguei o suficiente para
ter certeza que não faltaria. Woow, quando Adrian disse que tinha
muito dinheiro na conta eu não imaginei que era tanto.
Agora
começaria a minha caçada.
O
primeiro lugar que veio a minha cabeça para começar a procurar era
Spokane. A alguns meses atrás, quando houve alguns ataques de
strigoi, nós fomos para um hotel muito maneiro construído para a
elite moroi em Idaho para passar os feriados, lá eu descobri que
haviam pistas que mostravam que existia strigois em Spokane, para ser
mais exata, dentro de um shopping. Sim, dentro de um shopping. E, sem
querer, eu contei para o Mason, um garoto que era afim de mim, sobre
isso. Ele saiu do hotel com mais alguns amigos e foi atrás dos
strigois, quando eu descobri o que ele tinha feito, fui atrás dele.
Eles não haviam encontrado os strigoi, mas os strigoi depois nos
encontraram. Foi quando eu recebi as minhas duas tatuagens molnija, e
foi quando também eu perdi o meu amigo.
Eu fui para a
rodoviária, e lá fui informada que só haveria um ônibus para
Spokane daqui a meia hora. Sentei ali num banco, esperando pelo
ônibus. Enquanto estava de dia, não havia grandes riscos, uma vez
que strigois não podiam sair no sol, mas ainda assim, o dia não era
seguro. Desde o ano passado, nós descobrimos que os Strigois estavam
se associando a humanos, que não tinham nenhuma de suas limitações.
Os humanos podiam andar no sol e podiam segurar uma estaca para
quebrar as Wards. Isso mudava tudo.
Enquanto eu observava todas
aquelas pessoas passando na minha frente, cada uma seguindo uma vida
diferente, algumas estando felizes e outras tão tristes, algumas
excitadas, outras desanimadas, aquele sentimento caiu sobre mim de
novo. Mas agora não era raiva. Era desamparo. Eu estava sozinha
nisso. Eu estava sozinha e tinha que fazer a coisa mais dificil da
minha vida, então comecei a pensar na minha última luta do trabalho
de campo, quando eu havia lutado com Dimitri. Ele ficou tão
orgulhoso de mim, eu mostrei pra ele que eu aprendi com as suas
aulas, e agora, o que ele tinha me ensinado, é o que vai ser usado
para matá-lo. O ônibus chegou.
A viagem até Spokane foi
longa, durou todo o dia e só fomos chegar no nosso destino ao
entardecer.
Na
hora do almoço o ônibus tinha parado em um daqueles enormes
restaurantes de beira de estrada. A comida era simples, mas muito
gostosa. Não demoramos muito e logo estávamos voltando para o
ônibus, quando eu vi um cara se aproximando e parando ao lado de uma
moça de cabelo loiros que estava na minha frente, ele era baixo, mas
parecia ser forte e não tinha um dos rostos mais bonito, na verdade,
ele era bem feio e nada gostoso. Ele falou muito baixo, para nenhum
dos outros humanos que estavam comigo ouvir, mas eu, sendo uma
dhampir, não tive dificuldades em saber o que ele falava. Era um
assalto. Eu apenas agi, e em poucos segundos ele estava no chão e a
arma que ele apontava para a moça estava na minha mão. Ah, fala
sério camarada, eu fui treinada pra derrubar um strigoi; eu não
teria problemas com um humano. Todos pararam e olhavam para mim,
assustados e impressionados. Poucos segundos depois dois seguranças
do restaurante chegaram.
“O que aconteceu aqui?” um deles
perguntou. “Ele estava tentando assaltar ela” eu disse apontando
para a moça do cabelo loiro que estava paralizada pelo susto “então
quando eu percebi...” e fiz um gesto vago com a mão indicando o
que eu tinha feito quando eu percebi. “É verdade?” perguntou o
outro para a moça que apenas acenou. “Ok, pode deixar que nós
cuidamos dele agora”
“Tudo bem” eu disse e entrei no
ônibus. Algumas pessoas viravam suas cabeças para trás para me
ver, ainda com admiração nos olhos. Estranho. Isso me lembrou de
uma menina moroi que eu conheci chamada Jill, ela tinha aquela mesma
admiração nos olhos quando olhava para mim, mas era por causa dos
strigoi que eu matei e então me lembrei do que Dimitri me disse
sobre como eu era esforçada, dedicada, e que isso superava tudo o
que eu tinha feito. Dimitri, parte da minha alma. E aquele vazio no
meu peito voltou. Droga! Eu só podia estar entrando em
depressão.
Depois de algum tempo as pessoas pararam de me
encarar e eu pude continuar a viagem sossegada. Quando chegamos a
Spokane, o sol já estava se pondo e eu decidi que seria mais seguro
se eu começasse a minha procura de manhã, então procurei por um
hotel. Perto da rodoviária tinha um não muito grande, mas que
parecia bem confortável, decidi ficar por ali mesmo. Subi para o meu
quarto, tomei um banho, fiz um lanche e decidi aproveitar os últimos
raios de sol.
Depois de passar quase o dia inteiro sentada,
minhas pernas pediam movimento, mesmo que eu não pudesse ficar do
lado de fora por muito mais tempo. Olhando para o céu eu calculei
que teria mais quinze minutos de sol, então não fui muito longe. A
cidade era uma cidade pequena, de clima semi-árido como Montana, e
aqueles prédios me traziam uma péssima recordação. Fui andando,
sentindo o ar seco batendo no meu rosto, já era primavera e umas
poucas flores floresciam. Agora o sol já estava muito baixo e eu
tive que voltar para o hotel.
Foi uma noite muito inquieta, eu
não conseguia dormir, fiquei pensando no que poderia acontecer
amanhã. Pensando no que eu teria que fazer se eu encontrasse
Dimitri. O homem que eu amava, mas que agora eu teria que matar.
Finalmente fui vencida pela cansasso e adormeci. Eu estava na base de
uma montanha, parecia um lugar muito bonito, era tão verde, tinha
uma cachoeira ali perto e o sol brilhava naquele céu azul, então eu
tive aquela sensação que eu já conhecia tão bem. Adrian.
“Hey
pequena dhampir” eu olhei para trá e o vi, ele estava usando jeans
que definitivamente era de marca e uma camisa que ficou muito bem
nele. “Hey Adrian” estranho, essa era uma das poucas vezes que eu
não estava decepcionada em vê-lo.
“Obrigada
de novo pelo dinheiro”
“Tudo bem, eu só queria saber como
você está?”
“Ótima” eu disse, eu não queria demonstrar
o quanto eu estava desesperada.
“Vamos, eu sei que você está
mal. Você realmente ama o Belikov, não?”
“Você não tem
idéia do quanto isso está sendo dificil pra mim, mas hey, me conte
como estão as coisas por aí?” Eu tentei fugir do assunto.
“Bem,
de alguma forma, a notícia que você foi embora já se espalhou pela
academia inteira, e tem várias histórias sobre o motivo, inclusive
a verdadeira”
“Eu imaginei, mas eu não me importo mais, eu
posso lidar com isso”
“Eu sei que você pode, Pequena
dhampir, você é forte”
“Mas não sei se eu posso lidar com
a idéia de...” Eu não consegui terminar a frase, mas Adrian
entendeu o que eu queria dizer. Eu não me sentia muito bem de
mostrar para ele o quanto eu realmente gostava de Dimitri,
principalmente sabendo que ele gostava de mim, mas assim mesmo ele
disse “Eu sei que você vai conseguir. Você vai fazer o que é
certo.”
Fazer o que é certo. É, é isso que eu tinha que
fazer, o que era certo. Então eu acenei para ele.
“Tenho que
ir, Rose, se cuida. A propósito, a sua aurea está diferente, tem
alguns raios dourados nela, mas ainda continua escura” e ele
começou a se afastar, mas então olhou para trás e tão rápido
quanto meus olhos puderam ver, ele estava próximo de mim de novo,
mas dessa vez era uma proximidade perigosa “Porque voce fez isso?
Você não sabe que pode morrer nisso?” e eu vi a angústia que
havia nele.
“Eu tinha que fazer...” e então me calei, ele
tocou meu rosto, passando seus dedos delicadamente por cada traço
meu, eu sabia o que ele iria fazer a seguir, porém não me afastei.
Eu estava cansada de mais para tomar alguma atitude e, sinceramente,
eu estava me sentindo um trapo. Precisava disso, eu queria alguem que
pudesse me entender, que me abraçasse e me fizesse sentir segura
novamente, neste mesmo instante, interrompendo meus pensamentos,
Adrian me beijou.
Não
era um beijo calmo, muito pelo contrário era cheio de desejo e
rapidamente suas mão me trouxeram pra mais perto, sua lingua
passeava e buscava a minha de uma forma tão intensa que chegava a me
assutar. O gosto do cigarro de cravo da india misturados com o alcool
me faziam sentir um certo prazer, mordendo seu labios pude ouvir um
breve suspiro e o senti estremecer. Eu não me reconhecia, minhas
mãos pecorriam seu peito e subiam até a sua nuca querendo ele mais
perto de mim, arranhando-o, sua mão nas minhas costas aqueciam meu
corpo, me arrepiavam. Se separando de mim, me ouvi soltar um murmurio
de insastifação, o topo de sua cabeça encostada na minha sua. Sua
respiração rápida e sua voz rouca o tornava ainda mais sexy “Você
me deixa louco pequena, desde da primeira vez em que te vi ’’
abrindo meus olhos e o encarando eu percebi a burrada que eu tinha
feito. Ele não era o Dimitri. Nunca poderia corresponder a ele; o
jeito que nos beijamos foi mais uma prova disso. Ele não me fazia
sentir aquele elétrico e apaixonado sentimento que sentia toda vez
quando dimitri me tocava. Eu não poderia brincar com os sentimentos
dele, ainda mais sabendo o que ele sentia por mim. Me afastei
bruscamente, no começo acho que ele não percebeu mas depois ele se
tornou sério, ele soube o que tinha acontecido. Eu tinha pensado em
Dimitri, e virando as costas para mim, me dirigiu um último olhar
“Eu vou te esperar Rose, não irei a lugar nenhum” antes que eu
pudesse me ouvir dizer uma breve desculpa voltei a dormir sonhando
pelo resto da noite apenas com os olhos vermelhos que faziam meu
corpo estremecer.
Quando eu acordei, o relógio marcava que era
6:00 AM. Ok, estava na hora, e eu não fazia idéia de quantos
strigois eu ia enfrentar e se eu ia achar algum; se eu não achasse
lá, bem, aí o problema ia ser maior ainda.
Me arrumei e decidi
pelo cabelo preso de novo, agora não por vaidade, mas porque eu não
poderia ter nada me atrapalhando. Rose Hathway estava na área.
Tomei
o meu café da manhã o mais rápido possível e logo estava saindo
do hotel, mas não sem antes perguntar como eu faria para chegar no
shopping. O shopping era bem longe do hotel, mas não era difícil de
encontrar. O céu estava com muitas nuvens hoje, mas isso não
impedia o sol de aparecer às vezes e nem o calor que estava fazendo.
Eu ouvia os passos apressados ao meu redor e um pouco do farfalhar
das árvores, que já não balançavam tanto, por causa da ausência
de vento. Eu finalmente cheguei no shopping, daqui eu podia ver a
praça que ficava na frente dele e o café com todas aquelas mesas e
cadeiras onde eu encontrei Mason, Eddie e Mia. Mas eu não parei,
continuei andando, eu tinha que ser forte. Entrei no shopping e fui
em direção à entrada dos túneis. Estava exatamente como eu
lembrava, passei por uma porta para funcionários e havia alguns
zeladores ali e então entrei em uma outra porta e ali estava a
escada que levava para o subterrâneo. A escada era suja e eu podia
sentir um cheiro horrível. Quando terminei de descer, eu revi
aqueles corredores estreitos que continuavam, eu não sabia até
onde, para a direita. Eu resolvi seguí-los e passei por aquele
escrito em preto na parede com as iniciais de cada familia moroi da
realeza. A inicial dos Dragomir era a
primeira:
D
B
C
O
T
D
V
L
D
Z
S
I
E
agora eu notei, além dos ‘x’ que estavam na frente do B e do D
dos Badica e Drozdov, que já havia sido atacados, outras letrar
estavam circuladas, e todas elas eram iniciais de famílias que
possuíam muitos membros na academia, inclusive o D dos Dragomir, que
a família inteira se resumia em Lissa. Não. Uma raiva se apossou de
mim naquele momento que eu tinha certeza que quaquer strigoi que
aparecesse na minha frente estaria morto. Aquele fogo que me queimava
por dentro e que eu não conseguia dominar estava em mim.
Aquelas
mudanças mostravam que os strigoi estiveram por aqui, era bom eles
rezarem para conseguir fugir de mim agora, porque ninguém ia
encostar em Lissa. Eu continuei seguindo por aquele corredor, ele
ficava cada vez mais estreito e as paredes mais rústicas e sujas.
Era um caminho tortuoso e a cada curva que passava, e eu não via os
strigoi a tensão aumentava. Agora havia uma bifurcação, e eu
decidi ir pelo corredor da esquerda, continuei andando; a frente eu
via uma curva que facilmente poderia esconder alguém, mas eu me
mantive firme e continuei. Quando eu fiz a curva, para minha
surpresa, vi que o corredor acabava ali. Tive que retornar até a
bifurcação e ir pelo corredor da direita. Ele era mais estreito e
havia uma água corrente no chão, que eu não imaginava de onde
vinha. Cada vez que eu seguia e me afastava mais do começo dos
túneis, mais eu ficava atenta a qualquer barulho. De repente, depois
de uma curva, o corredor começou a se alargar e eu vi que estava
numa câmara. Era uma câmara enorme, que parecia constituir toda a
base do prédio, mas que estava vazia. Olhando melhor ao redor eu vi
o resto de uma fogueira que foi apagada recentemente. Ok, meu
problema era maior do que eu havia pensado: eu não fazia idéia de
onde eu poderia encontrá-los agora.
Procurando ainda pelo lugar
por qualquer pista que pudesse dizer onde eles estavam, eu vi muitas
manchas de sangue pelo lugar, estavam escuras, o sangue seco.
Encontrei então dois mapas, um era das cavernas que haviam perto da
academia, muito parecido com um que eu tinha visto, e o outro era o
que parecia a planta de uma casa e, ow, era A casa. Parecia uma
verdadeira mansão, e então eu tentei procurar se ali havia alguma
indicação de onde ela se localizava. Bem, tinha uma sigla: R.A. 182
– Lowston
É pra lá que eu vou.
Saí
correndo através dos corredores de volta ao shopping. Enquanto
corria e meus pés batiam na água que havia ali no chão, ela
respingava em toda a minha roupa. Que bom que eu não estava com uma
blusa branca, se não eu traria alguns problemas para o trânsito da
cidade. Agora eu subia pela escadaria e só tinha em mente a
rodoviária, onde eu poderia pegar um ônibus e ir para Lowston. Lá
eu me preoculparia em descobrir o que significa a abrevição R.A.
182. Passei correndo pelo café e pela praça, voltando pelo mesmo
caminho por onde eu tinha vindo. Quando cheguei na rodoviária o
relógio marcava 9:35 AM, e imaginei se havia um ônibus para Lowston
às 10:00 AM. Bem, eu já estava querendo demais, nem tudo podia dar
tão certo assim.
O próximo ônibus era meio-dia e eu teria que
esperar até lá. Decidindo então, eu fui para uma biblioteca que
havia ali próximo. Lá, alguém deveria saber o que significava
aquelas iniciais. Já que eu tinha tempo, fui caminhando devagar,
tentando pensar no que eu faria quando eu chegasse lá. Sendo uma
casa, ela deveria estar vigiada e se eu tiver sorte do jardim ser
grande o suficiente, eu posso atacar cada um dos vigias sem que os
que estão dentro da casa notem. De novo, apenas se eu achar algum
strigoi lá.
A biblioteca era um prédio branco e antigo, mas
parecia reformado, mantendo as características originais do lugar.
Na frente havia quatro janelas e no centro uma porta, que tinha
acesso por uma enorme escadaria. Eu me apressei em começar a subir
as escadas e empurrei a porta que estava encostada. Deus, isso vai
dar um trabalho. A biblioteca era enorme. Fui procurar a
bibliotecária e a encontrei agachada organizando algumas
prateleiras.
“Oi, eu precisava de uma ajuda. Queria saber onde
eu posso encontrar algum livro ou qualquer outra coisa falando sobre
Lowston”
A bibliotecária que tinha um crachá mostrando que
seu nome era Elena Medison, se levantou e olhou para mim. Era uma
mulher alta e muito pálida, aparentava ter uns cinquenta anos e algo
nela me chamou atenção. Parecia uma moroi. É claro que havia
muitos moroi que trabalhavam entre humanos, mas eu não esperava
encontrar uma aqui.
“Você é uma moroi” eu disse. Não era
exatamente uma pergunta, era mais um constatação. É lógico que
ela era uma moroi.
“Sim” ela disse, me encarando, mais
curiosa e surpresa ainda do que eu havia estado. Ela abriu a boca
como se fosse perguntar algo, mas acho que decidiu não dizer
nada.
“Você é uma dhampir, não?” mas ela não esperou por
uma resposta “Claro, eu tenho algumas coisas aqui na biblioteca
sobre Lowston. Venha comigo” ela se levantou e foi em direção a
uma estante que estava no final daquele corredor de prateleiras. De
lá ela tirou três livros bem grossos e um mapa da cidade e voltou
para a organização dos seus livros. Uhn, será que ela não tinha
um resumo daqueles livros? Eu acho que não. Imediatamente eu me
sentei e comecei a folhear os livros procurando por aquelas iniciais,
cada página que passava eu tinha mais certeza que não iria
encontrar, mas ainda assim existia um sentimento de que eu estava
deixando passar alguma coisa importante. O primeiro livro falava
sobre vários assuntos históricos sobre a cidade, como o nome do seu
fundador e como ela havia sido fundada, as primeiras famílias que
foram morar lá e várias outras coisas, mas nada sobre a sigla. No
segundo livro, entrava em detalhes sobre a geografia da cidade. Toda
a topografia, clima, vegetação e tantas outras coisa também, mas
absolutamente nada sobre a sigla. Após um logo tempo perdido olhando
aqueles livros, minha paciência já tinha se esgotado. Estava
começando a ficar irritar, ler nunca foi exatamente meu passatempo
preferido, ainda mais quando eu não conseguia encontrar de jeito
nenhum o que eu procurava, nem uma pistazinha qualquer. Quando eu
estava indo pegar o terceiro livro e algo me dizia que ele também
não me ajudaria em nada, a bibliotecária, Elena, voltou e sentou ao
meu lado.
“Sabe, é dificil encontrar qualquer um como nós
aqui na região, você é uma das primeiras que vem até aqui na
biblioteca. Qual seu nome?”
“Rose
Hathway”
“A filha da famosa guardiã Janine Hathway?” de
novo, ela não esperou eu responder “O que você está procurando
exatamente? Eu posso te ajudar”
“Eu preciso encontrar uma
casa na cidade de Lowston, mas as únicas informações que eu tenho
é a sigla R.A. 182 e eu não faço idéia do que isso significa”
Ela
parou e ficou pensativa por um momento, depois de quase um minuto ela
falou de novo “Isso para mim parece um endereço. Pegue o
mapa”
Wow, eu sabia que estava deixando passar alguma coisa
importante. Urgh, que idiota, é lógico que aquilo era um endereço.
Pegando o mapa, eu o abri sobre a mesa e ali nós começamos a
procurar por todas as ruas que começavam com a letra ‘A’.
Com
a ajuda da bibliotecária não foi tão dificil encontrar o que eu
procurava. Mais ou menos meia hora depois, consegui encontrar uma rua
mais ao norte da cidade chamada Rua das Acacias, enquanto Elena me
apontava um outro lugar no mapa mais ao sul, na periferia da cidade,
chamada Rua Anthony Watson.
“Bem, acredito que são apenas
essas as ruas com as iniciais” ela me disse, e então, olhando no
relógio, percebi que o tempo tinha passado realmente rápido e se eu
não me apressasse perderia o ônibus do meio-dia.
“Obrigada
pela ajuda” agora, a observando, vi que me olhava de um jeito
diferente.
“Nada, precisando de ajuda é só vir aqui. É
muito difícil encontrar alguém como nós, então...“ suas
palavras me trouxeram uma sensação tão estranha, mas que
desapareceu quase que imadiatamente, assim que Elena se afastou,
quebrando o contato que havia entre nós. Oh, droga! pelo visto vou
ter que correr.
A viagem até Lowston foi longa, servindo para
colocar meus pensamentos e planos em ordem. Quando cheguei, ainda
estava de dia e perguntei a um transeunte que horas eram. Ok, era
4:15 PM. Eu deveria começar a andar se eu realmente quisesse chegar
a algum lugar. Não demoraria muito para escurecer e quando a noite
chegasse era melhor já estar dentro de um hotel. Tinha que agir.
O
céu estava em um tom de azul claro e o sol se escondia por entre as
nuvens, lançando apenas alguns feixes de luz, o suficiente para
fazer meu corpo esquentar. Uma brisa suave passava por mim, fazendo
os fios já soltos do meu cabelo bagunçarem. Resolvi procurar
primeiro na parte mais ao sul da cidade, então, indo em direção a
periferia, comecei ver os nomes das ruas, esperando encontrar a
qualquer momento a Rua Anthony Watson, onde talvez encontraria também
Dimitri. Tão logo quanto eu avistei a rua e comecei a andar por ela
percebi que, definitivamente, ali não teria nenhuma mansão. A rua
estava suja, o que deixava o lugar meio sombrio e as casas eram
pequenas, com poucos adornos e a maioria delas era de um azul claro
apagado, muito parecidas. Não precisava entrar em nenhuma daquelas
casas para saber que não proporcionavam conforto algum para as
pessoas que as habitavam. O movimento era pequeno e seria até mais
provável que os strigois se reunissem ali, fazia bem o tipo de lugar
deles. Quando eu estava me virando para ir embora, apareceu um carro
no final da rua, uma espácie de cadillac bem acabado. A pintura que
era de um vermelho sangue estava gasta e tocava uma música com uma
batida forte, que eu supus ser algum tipo de hip-hop. O som era tão
alto que seria capaz de deixar qualquer um surdo e o carro balançava
para cima e para baixo como se seguisse o ritmo da música tipo
aqueles carros nos filmes, e vendo aquilo ali, me soava cada vez mais
ridículo. O carro diminuiu a velocidade enquanto passava na rua ao
meu lado e os caras que estavam dentro ficaram me encarando. Eu pude
ver a densa fumaça e sentir o cheiro de álcool me deixando cada vez
mais enjoada e me fazendo lembrar do Adrian, do sonho, que não era
só um sonho, mas que eu precisava deixar para trás.
“Hey,
gostosa, quer uma carona?” Encarei de novo o homem que dirigia, não
passava de um garoto, deveria ter mais ou menos a minha idade. Tinha
cabelos crespos e escuros, assim como sua pele que era de um tom
marrom que me lembrava chocolate. Seus olhos eram esverdeados e se
não fosse a droga e o álcool que deixavam a sua expressão como se
estivesse no mundo da lua, eu poderia dizer que era bonito, mas
espera. Ele me chamou de gostosa? Eu ouvi bem? Quem esse muleque
pensa que é? Ok, eu sei que eu sou gostosa, mas... Wow, eu já
estava começando a me irritar. Pensei então em Dimitri. Eu não
poderia estragar tudo, eu tinha que me controlar, mesmo que a minha
vontade fosse de dar um tapa nele, e com um puta esforço eu consegui
colocar algumas palavras para fora da minha boca “Não, obrigada.”
“Ok gostosa, é você quem está perdendo” então ele
acelerou de novo e eu fiquei parada na calçada esperando que o carro
se afastasse. Quando o carro sumiu de vista, comecei a andar
novamente. Agora só restava um lugar para ir.
Andei até
encontrar um ponto de ônibus, que não ficava muito longe dali, e
esperei um que pudesse me levar direto para a Rua das Acácias. Assim
que entrei no ônibus, sentei no primeiro lugar que eu vi e inclinei
minha cabeça em direção a janela. Fiquei ali, encarando a rua, mas
sem realmente ver o que acontecia ao meu redor e fechei meus olhos
por um momento. Lembranças do meu último momento com Dimitri me
preecheram, fazendo meu corpo todo tremer, quando nós finalmente
achamos que aquela guerra tinha acabado, quando tínhamos sentido um
sentimento de alívio vendo que os dois sobreviveram, a nossa troca
de olhares; então lembrei de um pouco antes daquilo tudo começar, o
nosso beijo, a forma como ele falou que eu era dificil de resistir e
que teria feito tudo novamente, que eu era o que ele mais valorizava
ao se lembrar do que Rhonda havia dito. Por que tudo tinha que ser
desse jeito? Por que tudo desde o principio tinha que ser tão
dificil, e no momento em que nos resolvemos, tinha que acontecer algo
para atrapalhar tudo de novo? Eu não me conformava, mas eu ainda
tinha uma missão e eu sabia que era aquilo que ele queria. Era a
única coisa que me restava para fazer por ele. Soltando um alto
suspiro, começei a notar como a paisagem se modificava, as casas iam
se tornando cada vez mais bonitas, bem construídas e modernas,
grandes muros as cercavam, apenas mostrando o topo de algumas delas.
Elas eram realmente lindas e na sua maioria eram brancas de estilo
vitoriano com suas janelas que iam até o chão. As grandes casas
ocupavam quarteiroes inteiros, com jardins imensos ao seu redor.
Desci do ônibus e olhando o céu, ví que estava num tom
alaranjado com misturas de vermelho em um jogo de luz que passava por
entre as nuvens indicando que logo o sol estaria se pondo. Comecei a
procurar a casa de número 182, e quando estava quase chegando ao
final da rua, me deparei com a maior casa que havia ali. O muro era
realmente alto e não precisei olhar o número pra saber que aquela
era a casa que eu procurava: senti a mesma sensação quando os
strigois invadiram a academia, minha cabeça rodou e fiquei tonta, a
náusea se apoderando de mim. Definitivamente tinham strigois naquela
casa.
Observei tudo que pudi. Com o sol se pondo, estava havendo
uma troca de turnos, humanos que antes estavam em seus postos nos
quatro cantos das casas eram agora substituidos por strigois. Ainda
me causa repulsa ver humanos trabalhando junto com eles, como eles
podiam? Isso era tudo tão repugnante.
Então comecei a pensar
em como eu faria na noite seguinte. Eu deveria esperar ficar mais
escuro, quando o sol já tivesse sumido totalmente no horizonte.
Haveria a probabilidade de encontrar Dimitri ali, vigiando a casa.
Ele era um guardião antes, o melhor guardião que já conheci, tinha
certeza que quem quer que estivesse no comando reconheceria isso e
saberia que a melhor posição em que poderiam colocar ele, seria
vigiando a casa. Quem poderia passar por ele? Ninguém! Mas eles não
esperavam por mim. Eu usaria as técnicas que ele me ensinou para
matar o guardião mais foda que eles já conheceram, Dimitri Belikov.
Quando o sol de pôs, eu deixei a mansão. Tinha que colocar
meus pensamentos em ordem, não podia ser imprudente. Eu voltaria
amanhã, e faria tudo certo.
Peguei outro ônibus, indo para um
hotel que não ficava muito longe dali, segundo o motorista. Eu
estava cansada e, sinceramente, acho que nunca tinha andado tanto de
ônibus na minha vida. Eu estava precisando de uma boa noite de sono.
O motorista parou perto do hotel que ele havia me indicado, e dizendo
um rápido ‘obrigada’, desci do ônibus.
Era pequeno, porém
parecia confortável. Encontrei um senhor na recepção, ele deveria
ter uns sessenta anos, tinha a pele enrugada pelo tempo, seus cabelos
de um cinza escuro em contraste com os olhos castanhos claros. Em sua
face havia um sorriso singelo, que o fez parecer muito gentil. Quando
ele era novo, deveria ter sido muito fofo.
“Olá, menina.
Deseja um quarto?” ele disse enquanto seus olhos por trás dos
óculos me analisavam.
“Sim, senhor.”
“Você parece
muito cansada. Acabou de chegar na cidade? Bem, aqui não é muito
grande, mas tem muita coisa para ser vista. Seja bem-vinda!” e o
sorriso que havia em sua face se intensificou.
Ele continuou
falando, apesar de eu não estar prestando muita atenção no que ele
dizia. Eu só queria descançar! Urgh, será que nem isso eu consigo?
Eu acho que nesse momento ele notou o meu olhar desesperado, porque a
conversa tomou um novo rumo.
“Olha, faremos assim, eu no
momento só tenho um quarto de casal, e ele é o dobro do preço do
de solteiro, mas você pode ficar com ele pelo preço do de
solteiro.” Ele ainda tinha aquele sorriso realmente fofo e me deu
uma piscada que eu achei graça. Agradeci, pegando minha chave com o
número 182. Ha, grande coincidência. Lançando um triste sorriso,
eu subi para meu quarto. Mesmo sendo um quarto de casal, ele era
pequeno e simples. A cama se encontrava bem no centro do cômodo,
coberta por uma colcha florida num tom rosa claro. Tinha uma mesinha
de madeira ao lado, com um relógio despertador e um vaso vazio. As
paredes eram de um tom bege já desbotado e ao lado da porta havia um
quadro com uma paisagem, nela havia um moinho de vento cercado por
montanhas. Joguei minhas coisas na cama e comecei a tirar minhas
roupas. Eu precisava de um bom banho antes de mais nada para relaxar,
entrando no banheiro e me encarado no espelho que ficava um poco mais
acima da pia, não me reconheci. Eu estava um trapo: meu cabelo
estava todo bagunçado, minha pele desidratada e meus olhos fundos
com sombras roxas embaixo de noites mal dormidas. Oh Deus, eu
precisava de um spá.
Tomei um banho demorado, quem me dera que
aquele banho pudesse levar toda a dor que eu sentia no meu corpo, mas
não era uma dor fisica. Era mais profunda, era na alma. Saindo, logo
coloquei um pijama e fui deitar.
Então lembrei da minha melhor
amiga, Lissa. Fazia um tempo que não pensava nela, eu queria saber
como ela estava. Relaxando meu corpo me senti deslizar para dentro da
mente dela. Ela estava com Adrian, e estava linda, com uma vestido
azul escuro tomara-que-caia que realçava sua pele branca, seus
longos cabelos loiros caindo pelas suas costas esguias. Parecia
concentrada no que estava fazendo, eu podia sentir, e Adrian que
também estava muito bonito com seu cabelo bagunçado, usando uma
camisa verde clara de mangas compridas, parecia muito concentrado
também. Olhando melhor ao redor deles, vi que estavam posicionados
na frente de uma planta que possuia as pétalas já amareladas e um
pouco murchas. Eu sabia o que eles estavam tentando fazer, já tinha
visto várias cenas parecidas com aquela. Com o poder de espírito,
estavam dando vida à planta. Ele estava tão disposto a conseguir da
última vez, que conseguiu algum resultado, porém não foi muito
bom. Enquanto isso, Lissa tentava aprender a entrar nos sonhos, assim
como Adrian fazia comigo, mas já ela, não tinha tido sucesso algum
e se sentia extremamente frustrada por causa disso. Achei engraçado
Christian não estar lá com eles, ele geralmente tinha muito ciúmes
dos dois juntos. Procurei na mente dela por alguma coisa que pudesse
dizer se não estava tudo bem entre eles, mas não encontrei nada
demais, então voltei para a minha mente e adormeci.
Acordei
assustada. Tinha tido mais um daqueles pesadelos que me deixavam
realmente irritada, eu sempre acordava cansada e chorando. Olhei para
o relógio, eram 3:10 AM. Eu não tinha dormido quase nada, droga, eu
preciso dormir bem essa noite, preciso estar bem disposta amanhã.
Fiquei encarando o teto do quarto e por incrivel que pareça, sem
pensamentos. Nem dei por mim quando adormeci de novo, mas dessa vez
foi um sono leve e calmo, sem sonhos. Acordei me espreguiçando e vi
que o relógio marcava 1:00 PM, tinha que me levantar e comer alguma
coisa. Eu estava morrendo de fome, seria capaz de matar um para
conseguir um hamburguer com bastante gordura e batata-frita. Ai, como
eu queria comer algo da cafeteria da academia. A comida lá era
absurdamente gostosa, ou pelo menos era o que me parecia agora.
Me
troquei e, conformada com a idéia, desci pra comer quaquer coisa.
O
gentil senhor da recepção me deu boa tarde e, dizendo que eu
parecia bem melhor, me indicou um restaurante que ficava ali perto.
Não foi dificil de encontrar e chegando lá arrumei rapidamente meu
prato com bastante carboidrato, mas sem prestar muita atenção no
que eu colocava. A comida era até gostosa, logo paguei e saí para a
rua.
Faltava muito ainda pra o anoitecer, eu tinha que fazer
algo. Então resolvi correr um pouco e depois fiquei olhando algumas
lojas ali por perto. Comprei uma camisa preta regata um pouco
decotada, sóbria, mas sexy. Definitivamente a minha cara. Eu sei que
eu não deveria pensar na minha vaidade agora, mas já fazia tanto
tempo que não pensava, que eu parecia um trapo e querendo ou não,
daqui a algumas horas eu veria Dimitri, e mesmo ele não sendo mais o
meu Dimitri, eu não queria que ele me visse daquele jeito.
Voltei
para o hotel e ali o tempo passou rápido. Cada vez mais a noite se
aproximava e eu tinha trabalho a fazer. Tomei um banho, prendi meu
cabelo num coque, deixando alguns fios soltos caírem pelo meu rosto,
coloquei uma calça de ginástica preta, a regata que eu havia
comprado e wow, ela realmente ficou legal em mim, realçando minhas
curvas e peguei a estaca de prata, colocando-a num cinto, onde seria
fácil pegá-la. Meu coração bateu forte e um sentimento estranho
cresceu dentro de mim, se era ansiedade ou medo, eu não sabia dizer.
E, olhando pela última vez no relógio, vi que era 6:50 PM. Eu
estava pronta.
Pelo menos era o que eu achava. Peguei o mesmo
ônibus que me levou até a Rua das Acácias da última vez e
descendo no mesmo lugar fui caminhando em direção a mansão. Eu já
sabia o que teria que fazer: primeiro, pular o muro. Isso não seria
um problema para mim, e era a forma mais fácil de chegar até eles.
Agora eu teria que agir, agora seria a hora de fazer o que eu tinha
que fazer, estando pronta ou não, agora mais que tudo, eu precisava
ter força, conseguir olhar para ele e saber que ele era meu inimigo,
então empurrei para o fundo da minha mente minhas melhores
lembranças com ele. Naquele momento eu só precisava me lembrar o
que ele me ensinou.
Assim, eu pulei o muro, e yeah, o jardim
era enorme, poderia caber um campo de futebol ali. De verdade, era
perfeito, mas ao mesmo tempo assustador. Tinha algumas roseiras
vermelhas espalhadas pelos cantos, exalando um cheiro exótico e
havia algumas árvores podadas em formatos estranhos, formando
sombras fantasmagóricas ao seu redor. Se concentra, Rose.
No
meio do jardim existia uma espécie de labirinto, mas que não era
complicado de atravessar, na verdade aquilo era ótimo, eu passaria
despercebida até chegar na casa que estava do outro lado, no fim do
jardim. Entrei no labirinto e fui andando em direção ao centro. Ele
era feito de baixas sebes, que eram o suficiente para me esconder,
mas não para me confundir. Quando cheguei no centro, tomei a direção
da casa. No final daquele emaranhado de arbustos, havia uma pequena
árvore, onde eu parei e fiquei observando qualquer movimento
suspeito, e para minha surpresa, nas sombras da parte de trás da
casa, vinha andando um homem. Ele era alto, mas mesmo assim o seu
andar era gracioso, o seu cabelo estava amarrado em um rabo de
cavalo. Meu coração deu um pulo e começou a bater freneticamente,
aspirei o ar lentamente tentando fazer meu coração acalmar, mas o
cheiro que senti fez meu corpo todo derreter. O cheiro da sua loção
pós-barba entranhou em mim, me fazendo ficar tonta. Eu reconheceria
esse cheiro a quilômetros de distância. Aquele cheiro que faria
qualquer garota desmaiar, então percebi que eu não estava mais
respirando e levou alguns segundos pra eu lembrar como fazia, eu
tentei desviar o olhar daquele homem, mas entendi que era impossivel,
então apenas continuei olhando. Era ele.
Passando por debaixo
de uma janela, a fraca luz refletiu em seu rosto, e eu pude ver que
sua pele estava um pouco pálida, seus olhos ainda eram castanhos
escuros; ele parecia ser o meu Dimitri, mas agora um anel vermelho em
volta da sua íris me lembrava no que ele havia se transformado.
Ele
estava cruzando uma pequena ponte sobre um riacho artificial que
havia no jardim, vindo na minha direção, cada vez mais próximo.
Pelas sombras, eu poderia agir rápido, sem ele me notar. Eu teria
que o empalar antes que me visse; antes, apenas como um dhampir, ele
era extremamente forte e habilidoso, agora como um strigoi, eu não
poderia imaginar do que ele seria capaz. Correndo o mais rápido que
pude e dando um salto, eu o ataquei por trás. Ele foi mais rápido
do que qualquer strigoi que eu já tinha visto, se defendeu dando um
giro e me atacou, seu braço acertou o meu estômago, eu sabia que
iria doer muito daqui a um tempo, mas agora eu não poderia me
preocupar com isso, então voltei e dando um chute em suas costelas
consegui que se afastasse um pouco e finalmente ele olhou para
mim.
Tentei dar outro chute, mas não consegui. Agora sua
posição era apenas de defesa. Tentei atacar de novo, dando um giro
e acertando um soco em seu rosto e dessa vez consegui. Tinha a
impressão que eu havia ficado mais forte, apesar de não ter
treinado nada esses dias. Talvez fosse apenas a raiva que sentia por
ele não ser mais o homem que eu conhecia que me consumia e me
impulsionava. Chutei e dei outro soco, mas dessa vez ele não se
defendeu, como se estivesse pensando em alguma coisa e esquecido da
luta. Perdeu um pouco do seu equilíbrio e até se recuperar, foi a
minha deixa para fazer o que eu tinha que fazer. Agarrei o seu
pescoço trazendo-o para perto, então tão rapidamente quanto pude,
alcancei a estaca de prata, seu cheiro me invadindo, fazendo meu
corpo dar uma leve estremecida, mas dessa vez não era um sonho, eu
não poderia fraquejar e olhando na direção do seu peito, levantei
a estaca para empalar o homem que eu amei.
“Não, Roza”
com esse baixo sussurro, eu congelei.
E
fiquei ali, parada, contemplando aquele homem, olhando dentro dos
seus olhos e vendo nele aquela expressão que eu conhecia tão bem.
Meu coração parou naquele instante.
Eu não sabia o que
pensar, eu não sabia o que fazer. Minha garganta estava seca.
Estávamos tão perto e ao mesmo tempo tão longe, mas eu não podia
perder o controle, não nesse momento. Deixando de olhar em seus
olhos, agarrei com mais força a estaca, fazendo os nós dos meus
dedos ficarem brancos e mais uma vez eu estava pronta para empalá-lo.
Aquela seria a última vez em que ouviria sua respiração, em pouco
tempo tudo estaria acabado.
“Olhe para mim, Rose” mais que
droga! por que ele tinha que tornar tudo tão difícil? Bem, como se
um dia algo entre nós tinha sido fácil. Era errado e perigoso, mas
eu podia sentir em cada célula do meu corpo que aquilo era o certo,
sabia que se olhasse em seus olhos novamente, eu estaria perdida. Me
entregaria e ele poderia fazer qualquer coisa comigo que eu já não
me importaria mais.
“Não é ele, não é ele” repetia essas
palavras na minha cabeça como um mantra. Então, as palavras dele
vieram em minha mente “Você tem que ficar repetindo a si mesmo
que aquelas não são mais as pessoas que você costumava conhecer.
Eles se transformaram em algo negro e distorcido. Algo que não é
natural. Você tem que abandonar o que te ligava a eles e fazer o que
é certo. Se eles tiverem qualquer vestígio deles mesmos, eles
provavelmente ficaram agradecidos.”
“Não!”
“Você
está com medo?” Pela sua voz, eu sabia que tinha um leve sorriso
em seus lábios.
Eu estava com medo? Vários sentimentos me
consumiam. Confusão, amor, tristeza, raiva, mas medo?
“Não,
eu não estou com medo de você!” Eu disse, tentando soar forte,
mas minha voz era fraca e trêmula. Ele entendeu. Ele sempre
entendia.
“Olha para mim, Rose. Eu nunca machucaria você,
nunca. Você não tem que fazer isso.”
E então eu o olhei.
Seu olhar era tão intenso, com tanta ternura, uma ternura que eu
sabia jamais ter visto em qualquer outro strigoi. Era ele.
Não
era só o Dimitri. Era também o meu professor, que tanto me ensinou;
ainda era aquele guardião respeitado por todos; e o melhor de tudo,
era ainda aquele gato, que parecia um deus muito gostoso pelo o qual
eu havia me apaixonado. Agora, nós dois deitados no chão, embaixo
de uma árvore, parecia tudo tão certo. Eu estava ainda por cima
dele, segurando seu pescoço e com a estaca levantada. Então,
lentamente ele se aproximou de mim. Com seus olhos ainda me fitando
tão intensamente que era como se eu pudesse ler seus pensamentos,
ler a sua alma. Havia fogo neles, um fogo que me fez sentir calor em
todo o meu corpo. Devagar, seus dedos traçaram a minha pele,
delineando a minha bochecha, se movendo em direção ao meu cabelo.
Quando senti sua pele tocar a minha, meu corpo respondeu ao contato
com um leve tremor. Sua mão alcançou meu cabelo, seus dedos
torcendo-o e me puxando para ele, me pressionando contra o seu corpo.
E assim que ele me beijou, eu pensei que fosse morrer. Era como se
nunca tivéssemos nos beijado antes.
Seus lábios começaram a
se mover no meu gentilmente e depois se tornaram exigentes, com mais
força, desejo, alegria, um misto de emoções que se apoderaram do
meu corpo e fizeram com que eu esquecesse tudo que estava ao meu
redor, a náusea que eu sentia, a tensão, tudo. Uma de suas mãos
que estava no meu braço deslizaram para o meu quadril, sentindo cada
parte do meu corpo e passando sua mão pela minha coxa levantou-a,
encaixando minha perna em sua cintura. Agora, eu já não segurava
mais a estaca, eu passava minha mão pelo seu cabelo sentindo sua
textura suave que me lembrava tanto seda, pelo seu peito arranhando-o
por cima da fina blusa que usava, sentindo seus músculos, seu braço,
tudo do jeito que eu lembrava. Sussuros baixos de prazer escapavam
pela minha boca enquanto ele segurava meu cabelo indo em direção
aos meus ombros. Minhas mãos percorriam descontroladamente todo o
seu corpo apertando-o mais contra mim, como se ainda fosse possível
ficar mais próximos do que já estávamos. Era intenso e cheio de
saudade. Meu corpo ansiva pelo o dele, por seus toques, pela sensação
que só ele podia causar em mim. Então ele se afastou um pouco,
nossos lábios ainda roçando um no outro e inclinando levemente
minha cabeça, eles desceram até o meu pescoço, suas presas
arranhando levemente minha pele me fazendo ficar tonta.
“Minha
Roza” ele murmurou, abrindo seus olhos e me olhando novamente. “O
que você está fazendo aqui? Como me encontrou?” Aí eu tentei me
recuperar e contei tudo para ele: o quanto eu fiquei desesperada
quando eu o vi naquela caverna, como eu fiquei sabendo que ele havia
se transformado num strigoi, a idéia que eu tive de começar a
procurar em Spokane depois que eu havia deixado a escola, e então os
mapas que eu achei lá, sendo que um deles era desta casa e todos os
ônibus que eu tive que pegar para chegar ali.
“E tudo isso
para me matar?” ele perguntou, com um brilho divertido no olhar,
enquanto passava um dedo pela minha bochecha.
“Eu me lembrei
de quando a gente estava indo para o shopping e você disse que
gostaria de morrer caso se transformassem num, e pensei que isso
seria a última coisa que poderia fazer por você.” Eu disse, com a
minha voz parecendo soar como uma justificativa.
“E você
deixou a academia e estava disposta a enfrentar um bando de strigois
sozinha, só para fazer isso por mim? Porque eu havia dito que
preferia morrer a ser um strigoi?” era como se nada tivesse mudado,
era como se ele ainda fosse meu mentor durão-gentil.
Eu
acenei.
“Oh, Rose, você não existe. Ás vezes, tenho medo do
que você pode fazer. Você não pensou nem por um momento que eu
jamais iria querer que você se arriscasse? Que até eu mesmo poderia
te machucar?”
“Desculpa” minha voz soando baixa.
“Você
não tem porque se desculpar” ele me abraçou novamente, e apesar
das circunstâncias, eu me senti protegida em seus braços.
“Você
é a única razão por eu ainda não ter me tornado um monstro. É a
lembrança do seu rosto, do seu sorriso, do seu amor que continua
forte dentro de mim e que me mantém controlado. Você não sabe o
quanto é difícil para mim, mas é por você, só por você
que eu continuo vivo. Mesmo estando longe, foi você quem me
salvou.”
“Eu achei que você não se lembraria de mim” e
dizendo isso, percebi o quão assustada eu estava com essa
possibilidade.
“Depois de tudo que... Como você pôde pensar
numa coisa dessas? Eu jamais esqueceria você.” E me beijou de
novo, mas dessa vez foi um beijo calmo, um beijo que deixava
transparecer todo o amor que sentia por mim e eu correspondi,
enquanto passava o dedo sobre seus traços perfeitos do rosto.
“Eu
preciso te perguntar uma coisa” ele mudou de posição, adquirindo
aquela feição séria que costumava ter e me esperou continuar.
“Quando eu estava em Spokane, eu vi no túnel uma lista com algumas
das iniciais das famílias reais circuladas, o que aquilo queria
dizer?”
“Eles estão planejando invadir a academia de novo
daqui a três ou quatro dias, mas dessa vez mais organizados, porque
estão conseguindo informações da...” e parou de falar, olhando
para o lado e de repente segurou fortemente meu pulso, me fazendo
congelar por um breve instante quando me lembrei do meu sonho.
“Rose,
você precisa ir, estão vindo para cá.”
“Como você sabe?”
e ele apontou para o seu ouvido, num gesto me lembrando que seus
sentidos estavam mais aguçados.
“Tudo bem, amanhã eu volto.
Você vai ficar bem?” eu não podia ir antes de saber se tudo
ficaria bem.
“Vou. Agora, corra e só pare depois que tiver
atravessado o muro. Contanto que você não esteja aqui, tudo vai
ficar bem.” Pressionamos nossos lábios rapidamente “Vai!” e
pegando a estaca que estava caida no chão, eu corri, corri até
sentir as minhas pernas fraquejarem, deixando ali nas sombras daquela
árvore, o homem que eu achei que havia perdido. Ele ainda era o meu
Dimitri. Alto, com seu cabelo preso, seus olhos escuros. Entrei num
ônibus, sem realmente notar para onde ia. Eu estava num estado de
êxtase, andando nas nunvens, como se tudo ao meu redor fizesse
apenas parte de um sonho, um sonho do qual eu não queria despertar.
Todos os temores que eu tive até então, foram desnecessários, eu
não precisava me preoculpar com mais absolutamente nada; agora, eu
sabia, tudo ia se resolver.
“Boa noite, Rose” a voz do
senhor da recepção me assustou, eu não lembrava exatamente como
tinha chegado até aqui, ou quando o ônibus havia parado para eu
descer, mas minhas pernas doiam e tudo que desejava era um banho.
“Boa noite” resmunguei, sem parar, indo direto para o meu
quarto com aquela onda de torpor finalmente me deixando. Ele
continuava do mesmo jeito que eu havia deixado antes de sair, a não
ser pela cama que estava arrumada, provavelmente a camareira tinha
passado por aqui. Tirei minhas roupas, jogando-as no chão e fui para
o banheiro. A água morna caia sobre meus ombros descendo pelo meu
corpo, fazendo-o relaxar. E com um alto suspiro, enquanto a água
caia, meus pensamento foram em direção aos acontecimentos dessa
noite.
Eu ainda não podia acreditar no que tinha acontecido.
Minha luta com Dimitri, nossos beijos, nossas conversas. O modo como
ele disse que era por mim que ele ainda continuava lutando contra os
novos sentimentos que o tornariam um monstro e uma alegria dominou
meu corpo, eu pude sentir lágrimas de felicidades rolando pelo meu
rosto e se misturando na água.
Vesti um pijama azul escuro de
seda e voltei para o banheiro, enquanto penteava meu cabelo molhado,
fitava o espelho, vendo aquele brilho de volta aos meus olhos e um
sorriso bobo na minha boca, quando terminei, voltei para o quarto e
me deitei. Fiquei encarando o teto por horas, esperando o sono vir,
mas as imagens de momentos antes ainda continuavam na minha cabeça.
A verdade era que eu não queria dormir e ter que acordar para
descobrir que tudo aquilo tinha sido só mais um sonho como tantos
outros que já tive. Mas este era diferente, eu sabia que era.
Afastando esses pensamentos, me foquei sobre outra coisa que Dimitri
tinha mencionado, o ataque à Academia St.Vladimir. Repassando o
pouco que ele tinha me contado, as peças foram se juntando na minha
cabeça, fazendo ter sentido tudo aquilo que eu ainda não tinha
conseguido entender. Era por isso que o mapa estava no túnel, e
então meu corpo vibrou de raiva pela lembrança do D dos Dragomir
marcado na parede. Eu tinha que agir, ninguém tocaria em Lissa! O
relógio ao meu lado já marcava 4:00 AM, e apesar dos meus medos, me
deixei adormecer, rezando para que ao acordar tudo não tivesse sido
um sonho. Eu estava numa floresta, as árvores tão verdes e
frondosas, e podia sentir o cheiro de terra molhada, como se tivesse
chovido toda a última semana e agora o sol aparecia nos presenteando
com seus primeiros raios. Alguns esquilos corriam por ali e eu podia
ouvir o canto dos pássaros ao longe. Um sensação me invadiu.
Adrian. Mas dessa vez, vinha com algo mais, era uma sensação que
parecia não ser minha. Uma sensação que vinha até mim pela minha
ligação com Lissa e, olhando para o lado, eu a avistei. Ela usava
um vestido amarelo, que combinava perfeitamente com seu cabelo loiro
que caia pelo ombro, estava com um claro batom rosado nos lábios e
sorria, sem mostrar suas presas.
“Lissa” eu gritei e corri
para abraçá-la “Você conseguiu, você entrou no meu sonho!”
“Eu
sei, eu estive tentando tanto que finalmente consegui...” e ela
parou de falar, com sua expressão mudando “Me perdoa?” ela pediu
com sua voz soando desesperada “Eu sei que eu fui uma vaca com
você, eu devia saber mais do que dizer para você ficar quando
Dimitri estava aí fora”
“Lissa, claro, você não tem que
se desculpar, meu dever era proteger você, mas eu te deixei, eu
precisava te deixar”
“Eu sei” ela disse e me abraçou “Eu
sinto tanto a sua falta” e lágrimas começaram a escorrer pelo seu
rosto.
“Eu também” e continuamos assim por um tempo. Nunca
havíamos nos separados, desde que nos conhecemos, e agora ficar
longe dela era quase tão horrivel quanto ficar longe de Dimitri, mas
agora eu poderia ter os dois “Encontrei Dimitri” e ela parou de
me abraçar e se afastou.
“Oh, Rose, eu não acredito que você
teve coragem de... de...” ela não conseguiu terminar a
frase.
“Não, Lissa, eu não o matei! Ele se lembrou de mim,
ele vai nos ajudar, ele ainda me ama!”
“Como? Ele não é
um strigoi?”
“Sim, mas ele não age como um propriamente
dito. Eles estão planejando invadir a academia de novo, mas não se
sabe quando ainda, talvez daqui a três ou quatro dias e Dimitri vai
nos ajudar.”
“Oh Deus, eu não acredito. De novo? Rose, nós
temos que avisar alguém.”
“Sim, eu preciso que você vá
falar com Alberta, mas não conte absolutamente nada para mais
ninguém, entendeu? Diga a ela que eu encontrei Dimitri e que ele me
disse que vão tentar entrar na academia de novo, ainda não sabemos
o dia, mas assim que souber, eu aviso, ok?”
“Tudo bem, eu
tenho que ir então” e com mais um rápido abraço, ela se foi, e
eu voltei a dormir, sem sonhos.
A claridade que entrava pela
janela estava me incomodando, virei meu corpo contra a claridade e
joguei me travesseiro sobre o rosto. Eu ainda queria dormir mais. Meu
estômago fez um barulho estranho, claramente reclamando de fome, e
ouvi um baixo apito vindo do meu lado, olhando agora, vi que era
apenas o relógio, e virei para o canto de novo. Espera, que horas o
relógio marcava mesmo? Rapidamente me virei para ele e o encarei,
levando um susto, dei um salto da cama. Ele marcava exatamente 4:30
PM. Wow, eu exagerei. Meu corpo, apesar de descançado, ainda doia
exatamente no lugar onde dimitri tinha me socado.
“Não foi
um sonho!” exclamei em voz alta, um sorriso escapando dos meus
lábios. Peguei o telefone que ficava junto ao relógio.
“Recepção,
boa tarde” a voz gentil do senhor soou do outro lado da linha. Me
tocando que eu ainda não sabia o nome dele, anotei mentalmente que
perguntaria mais tarde.
“Boa
tarde. Como o senhor está?”
“Bem, muito bem; e a menina
está precisando de alguma coisa?”
“Oh sim. O senhor poderia
mandar alguém trazer algo para eu comer? Não precisa ser nada de
mais, waffer e suco está bom.”
“Claro, só um
momento”
“Janice,” eu pude ouvir ele falar “prepare algo
para a senhorita do quarto 182 comer e leve até lá”.
“Pode
deixar, seu Carlos” ouvi a tal janice responder. Então o nome do
senhor era Carlos, combinava com ele. Agora não precisaria mais
perguntar.
“Já estão preparando, não vai demorar
muito.”
“Ah, ok, obrigada”
Alguns minutos depois,
ouvi uma suave batida na porta, me tirando dos meus pensamentos.
Serviço de quarto definitivamente rápido.
Levantei indo em
direção a porta e a abrindo. Janice era uma mulher baixa,
rechonchuda, com os cabelos negros, apesar de alguns poucos fios
brancos que apareciam. Ela tinha os olhos de um azul profundo e o
rosto num formato oval. Não era feia, mas também não era bonita,
aparentava ter uns quarenta anos.
“Seu lanche, senhorita” Me
disse, entregando uma bandeija e saindo rapidamente. Ao sentir o
cheiro vindo da bandeija, meu estômago roncou. Havia ali alguns
pães, waffers, bolachas, geleia de uva, um copo de suco de laranja e
uma maçã. Quando terminei de comer já era um pouco mais tarde, mas
o sol ainda brilhava no céu. Dali a algumas horas, eu me encontraria
com Dimitri novamente, só de pensar no nome dele, meu coração deu
um salto.
Tomei um banho demorado, e fui procurar uma roupa na
minha bolsa adequada. Optei por uma camiseta preta de manga curta com
o decote em ‘V’ e uma calça jeans escura um pouco desbotada, e
colocando minha estaca de prata no cinto, sai, diferentemente da
noite passada, sentindo agora um misto de alegria e euforia, daqueles
que você poderia ficar por aí dando pulinhos.
Peguei um ônibus
ali próximo do hotel como de costume, mas dessa vez a viagem parecia
que tinha durado uma eternidade, mesmo com o hotel não sendo muito
longe da mansão. Eu contava cada segundo, esperando para ver Dimitri
novamente. Quando o ônibus parou, me apressei para sair, caminhando
rapidamente pela calçada indo em direção ao fim da rua, onde me
deparei com o imponente muro da casa. A rua estava completamente
deserta, sem movimento algum. Yeah, definitivamente ninguém
imaginaria que aquela mansão era o quartel general de um grupo de
vampiros assassinos e cruéis.
Quando pulei o muro, o sol já
havia se posto e, fazendo exatamente o mesmo caminho da noite
anterior, segui até a árvore em que encontrei Dimitri. Vi a alta
sombra de alguém que estava encostado preguiçosamente na árvore,
com as mãos no bolso. Lá estava Dimitri me esperando, com seu
cabelo preso num rabo de cavalo, seu cheiro vindo até mim.
“Você
chegou bem ontem a noite?” sua voz transbordava preocupação,
enquanto eu me aproximava dele, meu coração começou a bater
rapidamente e então quando cheguei mais perto, ele se inclinou para
mim, me dando um beijo.
“Uhn, cheguei sim, corri até entrar
num ônibus, valeu todas as vezes que você me fez correr na
academia.”
Ele deu um sorriso torto, fazendo meu chão
desaparecer. Ui, eu acho que vou desmaiar. “Eu disse que iria
servir.”
“Você ficou bem ontem? Alguém percebeu que eu
estava aqui?”
“Não, Molly disse que não me viu no meu
posto e veio me procurar, eu disse que tinha ouvido um barulho e
tinha vindo checar.”
“Molly? Você quer dizer a guardiã? A
guardiã que ficou na caverna também?”
“É, ela mesma.”
“E
ela acreditou?”
“Sim, eles confiam em mim. Eu tenho passado
algumas informações para eles.” Eu me espantei.
“Que tipo
de informações?”
“Sobre a academia” sua voz era baixa e
séria. “Eles querem saber tudo e qualquer coisa sobre a academia
para conseguirem o que querem com essa invasão que estão
planejando. Nada poderia dar errado dessa vez, eles já tinham
perdido um grande número de”
“Hey, hey” eu o cortei.
“você está contando tudo para eles?” o tom da minha voz era
pura indignação.
“Não,
Rose.” o seu tom era de surpressa, mas logo se trasnformando em
raiva, um baixo rugido escapou de seus lábios. “Eu não, mas Molly
sim. Ela está passando quase toda a informação necessária, eu
apenas repito o que ela já disse, tento segurar o máximo que dá,
mas o que eles sabem já é mais do que da última vez.”
Minhas
mãos se fecharam em punho, não me lembrava exatamente como ela era.
Sabia que fazia parte da segurança da Academia e era alta e calada,
nunca via ela conversando com alguém, sempre estava sozinha. Apesar
dela ser assim, sempre imaginei que era uma boa pessoa, mas agora ela
estava traindo a própria Academia dando informações para aqueles
monstros. Era difícil acreditar naquilo.
Dimitri percebendo
minha reação, disse passando sua mão pela minha bochecha “Não
fique assim, ela não tem culpa se deixou seu instinto a dominar.
“Você é diferente dela.” Eu sussurei.
“Sim, mas
ela nunca teve alguém em quem pudesse pensar e por quem pudesse
lutar contra tudo isso.” Eu relaxei meu corpo.
“Ok! Agora
me diz, que informações ela passou a eles?”
“O suficiente,
as entradas e saídas, como chegar até elas, mudanças de turnos,
onde e quando há mais guardiões. Eu não sabia antes como iria
avisar a Academia.” sua expressão era séria “Eles pretendem
usar novamente a caverna que fica próxima a escola.”
“Eu
sei, encontrei o mapa dela lá no shopping e deduzi que seria usada
de novo”
“Eles estão se organizando Rose. Eles são muitos
e estão sedentos por sangue. Não querem apenas sequestrar alguns
como fizeram daquela vez.” a lembrança daquele dia fez com que a
raiva me dominasse novamente “Você tem que ir e avisar a Academia
antes que esteja tudo pronto, eu vou tentar apressar a nossa ida para
lá, assim vou poder ficar perto de você e passar todo o plano
quando terminarem, mas depois disso eu não posso atrasá-los, talvez
apenas por uma noite, vai depender de você que todos já estejam
preparados esperando”
“Claro, eu vou fazer tudo o que eu
puder”
“Rose,
me escute, nem essa noite de atraso eu posso garantir. James está
impaciente, por ele já teria entrado lá a algum tempo, mas se
segurou porque não tinha toda a informação que queria.”
“James?“ vi seu rosto se tornar inexpressivo, suas mãos
fechando-se em um punho, raiva passou pelos seus olhos, eu sabia que
naquele momento o seu auto-controle estava por um fio.
“É
quem está a frente da invasão.” Sua voz saindo baixa e com ódio
“Foi ele quem me trasnformou.”
Meu coração gelou.
Lembranças do dia do ataque me invadiram. Dimitri sendo pego de
surpressa, o strigoi o atacando, suas presas afundando no seu
pescoço, enquanto seus profundos olhos vermelhos me encaravam. O
mesmo loiro que havia dito que mataria Lissa e que depois voltaria
por mim. Minhas lembranças foram quebradas quando senti o braço
forte de Dimitri segurando meus ombros. Meu corpo que tremia de
raiva, relaxou diante daquela força.
A sede de vingança enxia
meu corpo, aquele sentimento que eu já havia sentido uma vez, mas
era porque eu o havia pegado de Lissa, agora esse sentimento era
totalmente meu. A vontade que eu tinha era de entrar na mansão e
matar ele das três formas possíveis que se pode matar um strigoi,
mas eu não seria imprudente, eu sabia qual era o próximo alvo dele,
e para a sua surpressa eu o estaria esperando com a minha estaca na
mão, pronto para empalá-lo. Então eu apenas abracei Dimitri, me
sentindo segura, e sentindo toda a raiva fluindo para fora do meu
corpo.
“Rose, você precisa ir agora, mas eu quero que você
vá para a Academia e lá conte tudo o que você sabe para a Alberta,
ela vai saber o que fazer. Daqui a dois dias me encontre às dez
horas da noite no lado oposto ao que os strigois entraram da última
vez, tudo bem?”
“Tudo bem. Eu vou te esperar lá.” E então
eu dei um beijo nele. Era um beijo profundo, que dizia muito mais do
que qualquer coisa. Um beijo que mostrava todo o poder que havia
entre nós. Eu passava minhas mãos pelas suas costas, tentando
guardar cada pedaço na minha mente e parecia que ele pensava a mesma
coisa. Ele se afastou apenas o suficiente para conseguir
falar.
“Minha Roza, eu te amo.”
“Eu também” disse
olhando em seus olhos que me encaravam com aquela mesma intensidade,
e me virei, indo em direção ao muro.
Quando
saí da casa, decidi que dessa vez eu iria andando até o hotel,
havia dias que não fazia qualquer exercício e achei que seria uma
boa idéia. Quando comecei a me afastar, senti a minha náusea
passar, uma sensação de alívio me tomando. Olhei para o céu. A
noite estava linda, como um manto negro salpicado de estrelas. Não
havia uma nuvem sequer, o céu estava límpido e as estrelas
brilhavam com toda força. A lua estava cheia, num tom amarelado e
parecia maior do que o normal como se ela tivesse se aproximado da
Terra, nos dando uma visão priveligiada sua. Continuei caminhando,
olhando para as casas ao meu redor pela segunda vez. Mesmo tendo
vindo algumas vezes aqui, eu não prestava atenção por onde
passava, estava sempre perdida nos meus pensamentos, pensando no que
eu iria fazer, pensando no que eu deveria fazer e agora minha mente
estava limpa. Eu sabia o que eu tinha que fazer, não havia dúvidas,
nem perigo. Na verdade, a idéia de voltar para a Academia me soava
maravilhosa. Eca, nunca imaginei que algum dia eu iria me ouvir dizer
isso. Eu realmente mudei.
Depois de algum tempo caminhando, eu
cheguei no hotel. Não estava completamente cansada, porque aquele
tempo sem fazer um exercicio não foi o suficiente para perder a
forma, mas a alguns dias atrás eu teria me sentido melhor do que
agora. Fui direto para o meu quarto, arrumando minhas poucas coisas
de volta na mochila e depois que tomei um rápido banho para tirar o
suor do corpo, coloquei o pijama que eu tinha deixado separado e
deitei. Ainda era de madrugada e eu teria que esperar até de manhã
para pegar o ônibus e ir de volta para a academia. Fiquei deitada
por um tempo, não pensando em nada, apenas tentando relaxar e deixar
aquela adrenalina se esvair do meu corpo. Em pouco tempo eu estava
dormindo.
Assim que o dia clareou, eu fui acordada pela luz do
sol. O relógio marcava 6:20 AM e logo me levantei. Fui para o
banheiro lavar meu rosto, me lembrando do que restava fazer agora: ir
para a Academia, avisar a todos e esperar, apenas esperar.
Dei
um jeito no meu cabelo e coloquei um jeans e uma camiseta branca.
Básico. Rapidamente tomei meu café da manhã; comi algumas
rosquinhas e tomei um copo de suco de abacaxi. Voltei para o quarto e
enquanto guardava meu pijama na mochila, algo caiu no chão. Meu
gloss. Num impulso, voltei ao banheiro para passá-lo. Mesmo com a
roupa simples, a alegria que eu sentia, fazia com que eu parecesse
ilumidada, o gloss realçava meus lábios, e até aquela camiseta
branca sem graça, conseguia deixar minhas curvas em evidência. Eu
sabia que qualquer cara que olhasse para mim hoje, daria uma nota
dez. Voltei para o quarto e pegando minha mochila, desci para pagar a
conta e ir embora.
“Hey, eu queria pagar a conta.”
“Já
está indo?” Perguntou o sr. Carlos
“Já, já sim. Obrigada
por tudo.”
“Espero que tenha gostado daqui, e que volte
algum dia, estaremos a disposição.”
“Obrigada” eu disse
dando um sorriso. Ah, eu realmente me simpatizei por ele, o cara era
gente boa. “Tchau”
Ele acenou de volta e então eu saí,
indo em direção a rodoviária. O céu continuava limpo, como na
noite passada, mas agora, em vez da rua estar fracamente iluminada
pela luz da lua, ela era iluminada por uma luz imensamente forte, que
queimava minha pele, que me fazia suar enquanto andava.
Definitivamente, nem meus genes humanos estavam muito gratos por
isso. A rodoviária não ficava muito longe dali, mas eu estava sem
tempo, então peguei mais um ônibus. Oh Deus, acho que nunca andei
tanto de ônibus assim na minha vida, depois disso, pretendo nunca
mais ter que andar em um. Como alguém pode esperar que eu não fique
traumatizada?
Assim que cheguei na rodoviária, a moça que
trabalhava no guichê me informou que tinha um ônibus saindo naquele
momento, então eu comprei a passagem e corri para conseguir pegá-lo
antes dele partir. E mais uma vez, com a esperança dessa ser a
última, eu entrei num ônibus para meu total desespero.
A
viagem foi longa, durou quase todo o dia, paramos para almoçar num
restaurante de beira de estrada muito parecido com aquele da ida, mas
dessa vez sem incidentes, e a comida parecia gostosa também, mas eu
agradeci profundamente por ter a opção de pedir um hamburguer com
uma batata-frita bem crocante, daquelas que eu sonhava a dias e ainda
não tinha tido a chance de comer. O ônibus passava perto da entrada
da Academia, e pedi para o motorista me deixar ali, agradecendo, eu
desci do ônibus.
Calculei que seria mais ou menos umas cinco
horas da tarde, e provavelmente todos ainda estavam dormindo. Fui
caminhando até chegar no portão, onde havia dois guardiões de
vigia que me olharam com uma expressão exagerada de surpresa.
“Não
me olhem desse jeito, será que vocês vão me deixar entrar ou não?”
eu perguntei dando um sorriso. “Não posso ficar aqui parada o dia
inteiro”
“Claro” respondeu um deles que eu reconheci ser
um guardião chamado Yuri que eu já tinha conversado algumas vezes.
E abrindo o portão, eu pude entrar. Alegria e um sentimento de
segurança me tomaram. Mesmo estando armada, eu sabia que lá fora
não era seguro e a todo momento eu tinha que me preoculpar com o que
acontecia, mas aqui, eu podia simplesmente relaxar. Ver as pessoas
que gostava, estar perto delas sem grandes preocupações, mas eu
ainda tinha um trabalho a fazer. Falar com Alberta.
“Yuri,
você sabe onde eu posso encontrar a Alberta?”
“Rose, ela
estava de vigia essa noite, provavelmente está perto do prédio de
ensino elementar.”
“Obrigada” e saí andando em direção
ao prédio onde ficavam os novatos, ao longe eu pude vê-la. Ela era
alta e parecia ter sido bonita; agora ela caminhava, alerta, vestida
de preto com seu cabelo cortado no ombro. Me lembrei de quando havia
contado a minha preocupação para Dimitri de que eu iria ficar feia
e ele me disse que isso não aconteceria comigo, me lembrei também
de quando ele havia pedido para eu não cortar meu cabelo curto como
as outas guardiãs, apenas usá-lo preso. Então apressei meu passo e
assim que ela me viu chegando, parou e ficou me olhando com uma
expressão que eu não conseguia entender bem o que era. Talvez
aflição, alívio? Eu não sabia dizer. Então me aproximei e a
olhei nos olhos, vendo aquela expressão se tornar reprovadora.
“Srt.
Hathway” ela disse, me cumprimentando, mas mantendo o olhar
reprovador “No que a senhorita estava pensando exatamente quando
deixou a academia?”
“Eu precisei”
“Não, você não
precisava. Você tem noção do quanto nos deixou preoculpados.” É,
ela sabia que eu tinha saído para ir atrás do Dimitri.
“Eu...
eu nunca imaginei que vocês fossem se importar, bem, comigo”
“Não
diga uma tolice dessas, Rose. É lógico que nos importamos. Sempre
pensei que o que você mais queria era proteger Vasilisa e então
você deixa a Academia, larga tudo. Não imaginava que ele era tão
importante assim para você.” Droga, ela sabia sobre o que
acontecia entre eu e Dimitri. Perfeito. Era tudo que eu
precisava!
“Como você sabe?”
“Eu ouço as histórias”
ela disse simplesmente, me lançando um olhar sugestivo e um
sorriso.
“Então... Quero dizer, não tem problema, não é?
Ele não é mais meu mentor e eu também não sou mais aluna da
Academia” Eu soava completamente embaraçada. Eu estava
completamente embaraçada.
“Não, na verdade, eu não vejo
problema algum.” Ela continuava sorrindo e, para meus espanto, ela
piscou o olho. Wow, está aí uma coisa que não esperava: Alberta a
favor do amor. “Mas o que você está fazendo aqui? Vasilisa me deu
o recado. Disse que você achou Dimitri e que ele pediu para avisar
que haveria uma nova invasão.”
“Yeah,
eu o encontrei e ele me disse que estavam planejando entrar aqui de
novo, só que dessa vez aquela outra guardiã que tinha virado um
strigoi junto com ele, estava passando algumas informações sobre a
segurança da escola, então nós teríamos que nos prevenir. Não
tem ainda um dia certo, mas vai acontecer logo, precisamos chamar o
maior número possivel de guardiões. Daqui a dois dias, eles já vão
estar na caverna aqui perto para poder terminar o plano e assim que
terminarem, Dimitri vem aqui falar comigo. Ele vai tentar atrasá-los
por uma noite, mas não pode prometer nada.”
“Rose... mas
você confia nele? Ambas sabemos que agora ele é um strigoi
e...”
“Não. Ele pode ter a aparência de um strigoi, mas
não age como um. Ainda é ele. Dimitri. Eu garanto que é.” Nessa
hora eu falei com um força tão grande, soando tão firme, que
Alberta não duvidou da minha palavra, ela apenas acenou e não tocou
mais no assunto.
“Tudo bem, nós já avisamos alguns guardiões
e estamos esperando eles chegarem, vamos ver se conseguimos juntar um
número maior do que da última vez. Temos que ter a certeza que
nenhum moroi estará correndo perigo.”
“Claro” eu disse
“agora, se puder, eu preciso ir ver Lissa”
“Pode ir” e
então, me virei e fui em direção ao seu dormitório. Pela nossa
ligação eu sabia que ela estava lá, de qualquer forma, ainda era
muito cedo para os alunos estarem acordados.
O dormitório
estava exatamente do jeito que eu me lembrava, não que eu tivesse
ficado longe muito tempo, mas ainda sim, era bom saber que tudo
continuava da mesma forma, ou melhor quase tudo. Vi Eddie parado na
entrada do dormitório dos moroi e me perguntei o que ele estaria
fazendo ali. Tecnicamente, era para ele estar com Lissa protegendo
ela dos guardiões que fingiam ser strigois. Sim, enquanto eu estava
lá fora, parecia incrivel que aqui as pessoas estivessem apenas num
trabalho de campo. E eu que tinha ficado preocupada com isso quando
começou. Tá certo, eu tinha meus motivos, nada parecia dar certo,
era um erro atrás do outro. Mas de verdade, o que um simples teste
pode significar quando o cara que você pensa que é o amor da sua
vida vai pra uma caverna vira uma coisa detestável e você tem que
ir atrás dele para matá-lo. É, foi o que eu pensei. Nada. Chega a
ser cômico.
“Rose, como é que você está?” Eddie
perguntou parecendo sinceramente preocupado.
“Hey, eu estou
bem. O que você está fazendo aqui fora? Não deveria estar com
Lissa?”
“Yeah, é que o Christian está com ela, então...“
Ele disse deixando bem claro o que estava acontecendo, mais claro do
que se ele tivesse falado. Ow, droga! Eu queria tanto falar com ela.
Será que eles precisavam estar se agarrando exatamente quando eu
precisava tanto ver ela? Deus, será que algum dia eu vou conseguir
me acostumar com a idéia de ter que dividir Lissa com ele?
“É
verdade? Tudo o que estão falando?” Eddie perguntou cortando minha
linha de pensamentos que já estava chegando na parte ‘ah, o
Christian não vai fazer realmente falta nesse mundo, então eu podia
simplesmente partir com a cara dele e...’ “Você nos deixou tão
preocupados.” Ow, droga! Não sabia que todo mundo se importava
comigo desse jeito, estou começando a me sentir culpada por ter ido
atrás do Dimitri sem avisar a ninguém. Não que eu me arrependa,
porque eu tenho certeza que se falasse, eles iriam falar que eu era
maluca, que era pra deixar para lá e que não era para eu ir. De
qualquer forma, era bom saber que tinha pessoas que se importavam
comigo, principalmente Eddie, que era um dos que estavam comigo em
Spokane quando Mason foi morto. Depois daquilo, ele mudou
completamente. Se tornou sério e deixou de ter aquele ar divertido
no rosto, encarava o trabalho de campo como se realmente fosse tudo
realidade e como se a vida de Lissa estivesse em jogo. Era bom saber
o quanto ele se importava com ela, principalmente porque agora ele
poderia ser até designado para ela quando eles sairem daqui. Minha
vida estava uma bagunça tão grande, que eu não sabia se
conseguiria ser mais a sua guardiã.
“É, bem, se for a parte
em que o Dimitri vira um strigoi e eu vou atrás dele para matá-lo e
que eu e ele meio que tinhamos alguma coisa, então, sim, é verdade”
Eu disse soando cansada. Eu não queria realmente falar sobre aquilo.
Eu me sentia mal. Agora que tudo estava começando a ficar melhor e
talvez poderiamos ter um final felizes para sempre (e quando eu digo
‘para sempre’, nas nossa condições, pode ser realmente para
sempre - pensar nisso me fez tremer), eu teria que lidar com todos
esses boatos, mas como eu já tinha dito, eu podia lidar com isso.
“E
você conseguiu achá-lo, certo?” Eu não podia contar a ele que
tinha achado Dimitri, que ele ainda é um gato gostoso, que ia nos
ajudar e que estava para acontecer uma batalha. Afinal de contas, se
eu falasse qualquer coisa, os strigois poderiam ficar sabendo que há
um traidor no meio deles e as coisas poderiam ficar definitivamente
complicadas.
“Não, na verdade, não o encontrei” preferi
pela resposta simples e rápida, sem explicações, e pelo tom da
minha voz, deixou bem claro que eu não queria falar no
assunto.
“Você está muito mal, não é?” Ele perguntou
para minha surpresa. Ele estava parecendo preocupado de novo!
“Eddie,
está tudo bem. Mesmo. Foi melhor assim, eu só tenho que seguir
minha vida. Não se preculpe, ok?” Eu disse tentando soar calma e
feliz, o que não foi dificil já que era assim mesmo que eu me
sentia.
“Claro, se precisar de qualquer coisa, é só falar.
Eu preciso voltar agora e encontrar com Lissa. Acho que eles já
terminaram.” Ele falou timidamente.
”Uhn, ok, eu vou com
você. Preciso falar com ela também.” E entramos juntos no prédio,
subindo as escadas e indo em direção ao quarto dela. Enquanto
passavamos pelos guardiões que estavam no prédio, eles me davam
olhares assustados e surpresos. É, eu tinha sido a fofoca da semana.
Paramos na frente da porta dela e com uma batida, eu e Eddie
entramos.
“Rosee”
Ela deu um grito e saiu correndo para me abraçar. Ela estava deitada
na cama com Christian ao seu lado, mas os dois pareciam que estavam
apenas dormindo, isso é estranho, mas lógico. Eu realmente não
tinha sentido nada demais pela nossa ligação.
“Liss, senti
tanto a sua falta.” E então sussurrei tão baixo, de modo que
apenas ela poderia ouvir. “Você não contou para mais ninguém que
eu encontrei Dimitri, não é?”
“Não, quer dizer, Adrian
descobriu. Ele meio que apareceu quando eu estava dando o seu recado
para a Alberta”
“Ow, droga, eu vou ter que falar com ele
depois.” Quando eu acho que minha vida estava melhorando, tem
sempre algo para acontecer. Eu tenho que me acostumar com isso. “Mas,
querida, por favor, continue guardando isso. Ninguém pode saber.
Para todos os efeitos, eu não o achei, ok?”
“Tudo bem”
Ela me disse, se afastando do meu abraço.
“Hey Rose” eu
ouvi a voz de Christian me chamando e me virei para olhar para ele.
Ele estava com aquele sorriso típico dele e que tanto me irritava. O
que eu estava pensando em fazer com ele a algum tempinho atrás
mesmo?
“Oi Christian” Eu disse totalmente apática e Lissa
me empurrou brincando mostrando que eu deveria ter mais jeito quando
falava com o namorado dela.
“Como é que foi lá?” Eu
poderia realmente ter esperado outra pergunta? Não.
“Eu não
o encontrei, mas acho que foi melhor assim.” Eu disse dando um leve
sorriso mostrando que não queria falar sobre isso.
“É,
talvez. Você e ele realmente estavam juntos, certo?”
“Yeah,
acho que sim.”
“Rose, você não tem idéia do quanto todos
tem falado de você” Lissa disse tentando mudar de assunto.
“Eu
notei, mas daqui a pouco passa. Eu espero.”
“Você deve
estar com fome, não?” Ela continuou. Agora que ela disse, eu
percebi o quão faminta estava. Já havia horas desde a última vez
que eu havia comido, então eu acenei.
"Ok, vamos andando,
temos tanto para conversar. Eu estou cada vez melhor com a coisa de
lidar com o espírito..." Lissa continuou falando, mas eu não a
ouvia mais. Estávamos saindo do quarto quando eu o avistei. Estava
no corredor, vindo na nossa direção com seu cabelo escuro
usualmente bagunçado contrastando com o verde dos seus olhos. Suas
roupas como sempre, pareciam bem caras e o cheiro de álcool e do
cigarro de cravo da índia o precederam. Adrian. Ele parou na minha
frente.
“Olá Rose” Eu podia estar mais enrolada?
Primeiro:
Ele sabia que eu tinha encontrado Dimitri e que ele ia nos ajudar.
Segundo: Eu beijei ele, mas me afastei quando eu lembrei do Dimitri.
Terceiro: Ele disse que estaria me esperando, e eu prometi que
voltaria. E para completar, quarto: Eu prometi que voltaria e que
daria uma chance para ele. Eu tinha falado alguma coisa sobre o meu
dia estar bom?
“Oi Adrian” ele não disse nada, ficou apenas
me olhando, como se tentasse decifrar algo da minha
expressão.
“Adrian, estávamos indo para a cafeteria, quer ir
com a gente?” Lissa disse tentando quebrar aquele silêncio
incômodo que se estabeleceu.
“Não, não, obrigado. Estou
indo para a biblioteca. Só passei aqui para avisar que eu vou
terminar a pesquisa que nós começamos ontem a noite.” Ele disse
se dirigindo a Lissa, mas sem tirar aqueles olhos verdes de mim, me
fitando com a mesma intensidade como se estivesse tentando entender a
minha expressão. Provavelmente ela estava tão confusa quanto meus
pensamentos.
“Tudo bem, te vejo mais tarde então”
“Ok”
ele disse e se virou, indo embora pelo corredor.
“Pesquisa?”
Eu perguntei tentando soar normal.
“É, nós voltamos a
procurar por outros usuários do espírito. Adrian encontrou um livro
bem interessante narrando algumas histórias, então estamos vendo se
alguma delas pode ter envolvido um usuário.”
Eu olhei a tempo
para o lado, para ver Christian fazendo uma cara que mostrava
claramente que ele não estava muito satisfeito ainda com essas
reuniões do Adrian com a Lissa. Principalmente depois que ele ficou
sabendo que a rainha Tatiana queria que os dois se casassem. Yeah,
isso tinha rendido uma quase briga muito feia. Quando eu cheguei, vi
o Christian tentando atacar o Adrian com o Eddie no meio dos dois.
Agora foi como se uma luz se acendesse na minha cabeça. Eddie. Ele
estava demonstrando tanta preocupação, porque estava lembrando do
Mason, meu tecnicamente namorado que eu perdi, e agora ele achava que
eu tinha perdido Dimitri também. Eu não sabia o que pensar. Por
sorte, meus pensamentos foram cortados quando chegamos na cafeteria.
Já estava cheia com os alunos que daqui a pouco iriam para suas
aulas e mais alguns guardiões que sempre ficavam por ali.
“Rose,
nós vamos até os alimentadores.” Lissa disse, apontando para
Christian também.
“Uhn, tudo bem, eu vou com vocês”
E
caminhamos em direção aos alimentadores. Enquanto passava, todos
olhavam para mim, com aquele olhar de surpresa, alguns nem tinham o
trabalho de disfarçar seu espanto. Eu definitivamente estava
começando a fica irritada com tudo isso. Ralf e Jesse estavam
sentados juntos com o resto da realeza moroi e assim que eu passei
perto deles, vi o seus olhares se tornarem de pânico e então
lembrei do que tinha acontecido da última vez que eu os vi. Eu tinha
tentando matar Jesse e tinha certeza que se Dimitri não tivesse
aparecido, seria isso que teria acontecido. Agora, pensando no
assunto, me perguntei qual teria sido a punição deles por ter
criado aquele estúpido Mână e ter facilitado a entrada dos
strigois na academia. Mas talvez seja melhor eu continuar sem saber,
apenas imaginando que foi algo muito feio, tipo uma tortura ou
qualquer coisa assim. Minha imaginação com certeza é mais foda.
Quando entramos na sala dos alimentadores, havia uma fila não muito
grande, e Lissa e Christian logo se dirigiram à coordenadora que
sempre ficava ali e colocaram seus nomes na lista de espera. A sala
era divida em compartimentos para dar mais privacidade, onde havia em
cada um, um alimentador, que eram humanos viciados na mordida dos
moroi e que doavam sangue por vontade própria. Lissa foi chamada
primeiro e para meu espanto, vi para que alimentador ela estava sendo
levada. Alice.
“Rose” ela me saudou “É ótimo ver você
de novo. Vasilisa sempre tem vindo apenas com Eddie” ela disse
apontando para ele que ficou parado encostado um pouco atrás de
nós.
“Também é bom ver você de novo, Alice” Alice era
uma alimentadora já bem velha, tinha uns sessenta anos e estava com
uma aparência constante como se vivesse no mundo da lua por causa
das mordidas que ela levava diariamente. Mas, bizarramente, da última
vez, foi ela quem percebeu que se eu estava vendo fantasmas, era
porque não estávamos mais seguros. Significava que as wards estavam
fracas. Só para checar, eu resolvi perguntar se ela via mais algum
acontecimento trágico.
“Alice, nós estamos seguros
agora?”
“Não, Rose, ainda não. Mas isso vai acabar logo,
logo.” Eu congelei. Enquanto conversava com ela, Lissa não tinha
falado nada, mas agora ela me olhava espantada. Como Alice poderia
saber que haveria uma invasão daqui a poucos dias?
“Bem, eu
estou com fome.” Lissa disse desviando do assunto. E então ela
mordeu Alice, que estava muito feliz pelo assunto ter tomado esse
rumo. Antes, eu me sentia estranha quando via Lissa mordendo outra
pessoa. Durante o tempo em que moramos juntas, era sempre eu que a
alimentava e ainda hoje eu me lembro da sensação que me causava,
mas agora eu não sentia mais inveja e não queria mais o lugar em
que Alice estava. Eu me sentia estranha, aquilo me trazia lembranças,
então eu olhei para o outro lado. Assim que terminou, nos viramos e
estávamos saindo quando encontramos Christian nos esperando na porta
que dava para a cafeteira. Beleza, agora era a minha vez de comer.
Fui direto para a fila da cafeteira para pegar minha comida, Lissa,
Christian e Eddie foram também, apesar de só eu e Eddie ter
realmente pedido algo para comer. Depois que os moroi se alimentavam
de sangue, eles costumavam não ter mais muita fome, apenas algumas
vezes eles comiam algo, mas quase sempre o sangue era o suficiente.
Depois sentamos numa mesa e eu ataquei os meus bolinhos e o meu suco.
Não conversamos muito, Christian tinha contado que depois que eu saí
da escola, ele continuou sem guardião e que Eddie defendia
brilhantemente os dois, além do assunto da escola ser a minha saída
indo atrás do Dimitri que havia virado um strigoi e que ainda por
cima era meu mentor-namorado. Enquanto eu comia, muitas pessoas
levantavam de seus lugares, apenas para conseguir me ver melhor,
provavelmente procurando por algum machucado para ver se eu o tinha
achado ou não. Isso quase me fazia lembrar de quando eu e Lissa
tínhamos voltado para a Academia, mas dessa vez era pior. Quando eu
terminei de comer, me apressei para sair de lá, tudo o que eu não
queria era me sentir como em um circo que todo mundo podia ficar me
olhando. Logo que saímos da cafeteria, vi um movimento do meu lado,
foi um movimento tão rápido que eu poderia ter imaginado, mas eu
sabia o que estava acontecendo, então peguei Lissa e Christian
colocando-os atrás de mim, encostados na parede, enquanto Eddie
lutava com um dos guardiões vestidos de preto que apareceu. Olhando
agora a luta eu pude perceber que estava ficando cada vez mais
difícil, que os guardiões estavam pegando cada vez mais pesado.
Através da nossa ligação eu podia sentir as emoções que tomaram
o corpo de Lissa, toda aquela adrenalina como se fosse ela que
estivesse lutando, ela gostava de se sentir desse jeito. Protegida.
Então eu senti um nó na minha garganta. Eu tinha deixado ela, eu a
tinha abandonado, mas eu não podia pensar naquilo, eu fiz o que era
certo e se não tivesse feito, talvez não ficaríamos sabendo dos
strigoi. Eu engoli tentando fazer aquela sensação ir embora. Então
mais uma sombra se moveu, e Eddie tinha terminado com aquele primeiro
‘strigoi’ e já tinha partido para o outro. O primeiro ‘strigoi’
que já estava ‘morto’ levantou e foi para o canto esperar
enquanto assistia a luta. Era Stan. Nas vezes que eu tinha tido
problema no trabalho de campo, Stan sempre estava presente. Eu nunca
fui realmente com a cara dele. Ele já tinha me expulsado várias
vezes da aula dele, não que eu me importasse. A luta, então,
terminou. Eu não conhecia o segundo guardião, parecia que era novo,
provavelmente substituindo o lugar do Dimitri. Eu me lembrei de todas
aquelas vezes que ele sussurrou meu nome em russo Roza e me
lembrei também do nosso beijo quando eu o encontrei, como cada toque
dele ainda era o mesmo, então com um tremor eu voltei a
realidade.
“Parabéns sr. Castile” disse Stan acenando
realmente satisfeito para Eddie. “Srt. Hathway tinha ouvido falar
que você voltou para a Academia depois da sua saída atrás do
guardião Belikov. Vejo que aprendeu a não querer se meter sempre na
luta e pensou em proteger os moroi também” ele disse apontando
para Lissa e Christian que estavam atrás de mim. Uhn é, eu não
sabia o que dizer, tudo o que eu precisava era ouvir isso do Stan.
“Yeah, eu saí, mas agora precisei voltar aqui para a
academia.”
“Já fiquei sabendo dos motivos também” Ele
disse com um olhar duro e virou e saiu andando. Típico do Stan. Será
que ele não poderia me dar um ‘parabéns, Rose. Se você não
tivesse ido atrás do Dimitri, os strigoi iam entrar na escola e todo
mundo ia se ferrar... ’ ou qualquer coisa do tipo? É, eu também
acho que não. Me virei para Lissa.
“Acho
que agora eu vou dar uma passada na igreja, eu tenho algumas coisas
para agradecer e depois vou para o meu quarto. Ainda nem passei lá,
estou com a mochila da viagem até agora.” Urgh, eu tava nojenta
também, precisava de um banho.
“Tudo bem então, eu vou para
a aula de qualquer forma. A gente se vê depois.” Dando uma olhada
na nossa ligação para saber se estava realmente tudo bem, eu sorri
e fui andando na direção da igreja. Não sabia exatamente porque eu
queria ir lá, mas eu senti que devia. A porta estava aberta, e
quietamente, eu me sentei no último banco pensando em tudo que tinha
acontecido e agora percebendo o milagre que foi ter encontrado
Dimitri, e o milagre maior ainda dele ter me reconhecido e ainda
sentir o mesmo amor por mim. Eu mal podia esperar para estar em seus
braços de novo e... Opa, eu estou numa igreja, acho melhor segurar
um pouco meus pensamentos e senti um sorriso aparecer em meus lábios.
Mas tudo estava sendo tão perfeito. Mesmo com o meu problema com
Adrian, que eu pensaria em como resolver mais tarde, eu me sentia
imensamente feliz. A felicidade de saber que na próxima noite eu já
veria Dimitri, independente das causas que estavam trazendo ele aqui
para perto de mim, sobrepunha qualquer preocupação que eu pudesse
ter.
“Obrigada Deus” Eu disse baixinho, sentindo com todo o
meu coração a gratidão de tudo ter dado tão certo. Eu fiquei ali
por mais alguns minutos, até que comecei a sentir meu corpo pesado,
pedindo por um banho e uma cama. A viagem realmente tinha me cansado
e eu não duvidava nada que eu apagasse por umas longas horas. Me
levantei e fui em direção ao meu dormitório. A noite estava muito
parecida com a noite passada, o céu cheio de estrelas, a lua naquele
estranho, mas lindo tom amarelado e a temperatura aconchegante.
Quando estava quase chegando no dormitório, encontrei com Jill, ela
estava correndo, indo em direção às salas.
“Oh meu Deus.
Rose!”
“Hey” eu disse tentando soar um pouquinho animada,
mas agora eu me sentia tão completamente e totalmente cansada que eu
não acho que tive muito sucesso.
“Você se lembra de
mim?”
“Claro, lembro sim.”
“Sério? Você lembra
mesmo de mim? Ai meu Deus, eu tô atrasada para a aula, eu queria
tanto falar com você. Você e o guardião Belikov pareciam tão
amigos, yeah, é claro, vocês eram namorados. Eu definitivamente não
ia conseguir nem ficar perto dele, acho que ia sair correndo. Espera,
eu já fiz isso. E wow, ele virou um strigoi e você foi atrás dele.
É verdade?” Deeus, eu tinha esquecido o quanto ela falava.
“Yeah,
é verdade”
“Mas você não encontrou ele, certo?”
“Não,
não encontrei. Uhn, você não disse que estava atrasada? As aulas
já começaram.”
“É, verdade. Eu tenho que ir. Ai, ninguém
vai acreditar em mim quando eu disser que eu falei com você, que é
verdade tudo isso que estão falando e que você ainda lembra de
mim.” Ela parecia estar hiperventilando e então dando um apressado
tchau continuou correndo em direção às salas. Eu tive que segurar
um riso que estava começando a surgir na minha boca.
Entrei no
prédio e subi as escadas indo em direção ao meu antigo quarto.
Estava exatamente do jeito que eu o deixei. Joguei minha mochila em
cima da cama e fui para o banheiro. A água corria pelo meu corpo, me
fazendo sentir cada parte dele, relaxando toda a tensão e me
deixando leve. Fiquei ali por vários minutos, apenas sentindo a água
batendo no meu rosto, ouvindo cada barulho. Quando saí do banho
imaginei que deveria ser bem tarde (para os humanos, ou cedo ainda
para os vampiros, como preferir) e vi que eu realmente estava com
problemas para conseguir voltar ao meu horário normal. Mas ainda
assim, meu corpo pedia por cama, e eu teria que me virar com o
horário depois. Assim que deitei na cama, eu apaguei.
Acordei
era meio-dia, o meio da noite para os vampiros, sem saber o que
fazer, levantei e fui até o espelho. Meu cabelo estava
definitivamente uma bagunça, parecendo que algum bicho passou por
ali e fez um ninho. Peguei o pente e tentei desembaraçá-lo, depois
de alguns minutos eu tinha conseguido dar um jeito nele e colocando
uma roupa, fui dar uma volta. Sempre fui muito boa em dar escapadas,
normalmente para ir para o quarto de alguém ou alguma festa. A
proteção da escola podia ser boa contra strigois, mas
definitivamente eles eram incapazes de manter um aluno no quarto.
Abrindo a porta devagar, olhei no corredor e vi que estava vazio,
então rapidamente desci as escadas e lá embaixo vi apenas uma
guardiã sentada totalmente entediada lendo uma revista. Enquanto ela
olhava a revista, eu passei indo em direção a porta e abrindo-a
devagar, consegui sair do dormitório. O sol estava quente e o céu
com apenas algumas nuvens espaçadas, o vento passava pelo meu rosto
e pelo meu cabelo, fazendo os fios que eu havia acabado de
desembaraçar se espalharem ao redor da minha cabeça. Tomada por uma
decisão repentina, decidi ir para um lugar que passou a significar
muito para mim, mais do que eu poderia descrever em palavras. A
cabana ficava bem afastada do prédio principal da escola, quase na
parte extrema de um dos lados do terreno. Depois de alguns minutos de
caminhada, entrei no meio das árvores, sentindo aquele cheiro do
carvalho misturado ao cheiro das flores que haviam ali. O sol se
tornando cada vez menos aparente, por causa das copas das árvores
que ficavam cada vez mais juntas e o ar se tornando cada vez mais
fresco. Daqui, eu a avistei e um turbilhão de emoções tomaram o
meu corpo, surgindo um enorme sorriso em minha face. Todos aqueles
momentos que eu havia passado ali com Dimitri me preencheram,
lembrando de tudo. Ali eu tinha tido a minha primeira vez com o homem
que eu amava. Ao mesmo tempo em que todos poderiam ter nos dito que
era errado, que nós tínhamos que cuidar de Liss, quando estávamos
juntos tudo parecia certo; e definitivamente, nenhum de nós dois nos
arrependíamos do que tínhamos feito. Fiquei ali parada,
contemplando o pequeno lugar onde eu tinha passado um dos momentos
mais felizes da minha vida. Depois que longos minutos se passaram,
decidi voltar para o dormitório. O caminho de volta foi tão fácil
quanto a ida. Chegando no meu quarto, liguei o computador. Não tinha
exatamente nenhum propósito nisso, talvez eu pudesse checar a minha
caixa de mensagens e ver se tinha algum e-mail. Depois de algum tempo
esperando (sim, o computador era muito devagar) eu consegui acessar o
meu e-mail. Tinha várias propagandas e um e-mail em especial me
chamou atenção.
De: Janine Hathway
Para: Rose
Hathway
Rose, eu entendo que agora você tenha dezoito anos, mas
onde você estava com a cabeça quando decidiu deixar a academia para
ir atrás de um bando de strigois sozinha? Você tem noção do eu
senti quando me ligaram falando o que você tinha feito? E ainda
mais, a suspeita do porque você tinha feito? Achei que você tivesse
aprendido alguma coisa todo esse tempo.
Janine Hathway
Yeah,
bem a cara da minha mãe. Pensando agora, me perguntei se ela viria
para aqui, para a academia ajudar também os outros guardiões e
cheguei a conclusão que com certeza ela não perderia isso. Apaguei
todos os e-mails e respondi alguns, depois desliguei o computador e
voltei para a cama, esperando dar a hora de todos acordarem.
Contando
os minutos para me encontrar com Dimitri.
Quando
saí do meu quarto, percebi uma movimentação estranha, todos
estavam nos corredores, excitados com alguma coisa. Saí andando
procurando por alguém que eu conhecia para poder me dizer o que
tinha acontecido, não foi preciso andar muito até eu finalmente
entender qual era a novidade. A academia estava cheia de guardiões,
como eles nunca haviam visto antes.
No caminho até a
cafeteria, os grupos que se formavam nos corredores, pelo que eu
podia ouvir, apesar da confusão, só tinham um único assunto: o
porquê de tantos guardiões estarem aqui. Eles não sabiam
exatamente o que estava acontecendo, mas não eram ingênuos.
Suspeitavam que algo estivesse para acontecer e temiam por um novo
ataque. Não fazia muito tempo desde o último, e após o ataque dos
strigois, mesmo aumentando o número de guardiões, para alguns, a
academia já não era mais segura e era por esse motivo que havia
medo estampado no rosto de alguns.
Quando cheguei na cafeteria,
vi que estava quase vazia, tirando os guardiões que estavam
encostados nas paredes. Todos os morois e dhampir estavam ainda nos
corredores, indo uns nos quartos dos outros contando as novidades.
Não que eu realmente me importasse, pelo menos não tinha fila para
pegar a comida. Peguei um Waffle, alguns bolinhos de chocolate e um
suco de laranja, indo me sentar sozinha numa mesa no canto, afastada.
Olhei ao redor, procurando por Liss, mas não a achei. Então olhando
pela nossa ligação, vi que tinha acordado mais cedo e que estava
com Adrian na biblioteca lendo algum livro, que para eles parecia
muito interessante. Ecaa , livro. Então resolvi continuar com o meu
lanche sozinha. Às vezes lançava olhares furtivos aos guardiões
que estavam na parede ao meu lado para ver se conhecia algum deles,
mas seus rostos eram estranhos para mim. Alguns correspondiam ao meu
olhar, logicamente todos já tinham ouvido sobre a estudante louca,
suicida, que havia matado dois strigoi e ajudado os guardiões na
primeira invasão, apaixonada por um strigoi que era o seu mentor e
que apesar disso ainda é um cara aparentemente do bem, e que tinha
uma ligação estranha com uma moroi da realeza e filha da famosa
guardiã Janine Hathway. Yeah, meu histórico fica cada dia melhor.
Quando terminei o meu lanche, a cafeteria já estava começando a
encher e obviamente todos que entravam olhavam para mim. E eu que
tinha pensando que por causa de toda essa movimentação de guardiões
eles tinham me esquecido. Doce ilusão. Não que eu não gostasse de
chamar a atenção, mas geralmente minha idéia de atenção não era
ser olhada como uma aberração, então, não, esse tipo de atenção
não era do tipo que eu gostava. Me levantei, pensando aonde eu
poderia ir, já que eu queria falar com Lissa, mas não sabia ainda o
que dizer para o Adrian, quer dizer, eu tinha prometido que daria uma
chance para ele, mas ele sabia que eu tinha encontrado Dimitri, então
não é como se ele tivesse realmente chances comigo. Ele era
inteligente o bastante para entender isso. Quando eu dei um passo em
direção a porta, vi que um dos guardiões ao meu lado se moveu
vindo até mim.
“Rose Hathway?” Perguntou, mas parecia que
ele definitivamente sabia quem eu era.
“Yeah, eu mesma”
“A
diretora Kirova gostaria de vê-la imediatamente”
“Uhn, tudo
bem, obrigada”
Eu me afastei, indo em direção ao escritório
de Kirova.
Kirova tinha mandado me chamar e eu não fazia idéia
sobre o que ela queria comigo, ou melhor, eu fazia. Desde que eu
tinha chegado, o assunto da escola era o meu relacionamento com
Dimitri. Eu conhecia bem o escritório dela, afinal já tinha passado
muitas vezes por ali, eu sabia que iria levar o maior sermão do tipo
“O que você estava pensando em ir atrás de um strigoi?... e
blá blá blá”, mas talvez não tão grande quanto o que eu
recebi quando voltei para a academia após minha fuga com a Lissa.
Ela não entenderia e eu sinceramente não esperava que entendesse os
meus motivos para ir atrás de Dimitri.
A bruxa velha
continuava do mesmo jeito que eu a tinha visto da última vez. Nariz
pontudo, cabelo grisalho e apesar de estar sentada atrás de sua
mesa, ela era visivelmente alta e magra como a maioria dos moroi e
ainda me fazia lembrar um abutre; mas a expressão na sua face não
era de superior ou de furiosa como eu imaginava que estaria, era
apenas de cansaço.
“Sente-se.” Ela disse fazendo um gesto
com a mão indicando a cadeira a sua frente.
Olhando ao redor,
percebi que havia só um guardião que eu não me lembrava quem era,
provavelmente um novato, e Alberta na sala encostados na longa parede
em posição, fazendo aquela coisa legal de não ver e ver tudo ao
mesmo tempo.
“Srta. Hathaway, você já deve imaginar o porque
de estar aqui.” Urgh, hora do sermão! Mas sua voz, ao contrário
do que eu esperava era tranquila e séria. “A academia está
prestes a ser atacada, e se não fosse por você, bem, não
estariamos preparados e só Deus sabe o que poderia acontecer a nós
com um ataque desta magnitude. Considerando as circunstância de como
você conseguiu tais informações – ‘sabia que vinha alguma
coisa desse tipo.’ - que apesar de serem de extrema
importância, você sinceramente não pensou no que poderia acontecer
a você indo de encontro a um bando de strigoi? Você não tinha
noção de que nesse exato momento você poderia estar morta?” Ela
fez uma pausa, mas como eu não disse nada, ela continuou “Porém o
motivo da conversa não é o quão arriscado foi você ter se
aventurado por aí afora procurando strigois, e a sua sorte por não
ter sido morta nesse tempo. O assunto em questão é um que julgo
ainda ser de seu interesse. Você vai voltar a ter seu treinamento
aqui na academia para ser uma guardiã e se formar junto com os
outros. Não se passou muito tempo desde que você partiu, e
analisando os fatos, tenho certeza que não está atrasada em relação
a qualquer outro estudante, e nós precisamos de você.” Wow,
apesar do seu tom não ser o de uma pergunta e sim o de uma
afirmação, eu não fiquei puta da vida com ela. Não esperava por
isso. Então me lembrei do dia em que entreguei os papéis de
desistência e do tom implorativo que havia na voz dela ao pedir para
eu não partir, mas não pensei que estaria viva para testemulhar
isso de novo. Eu estava sem reação.
“Hey, você está
falando sério?”
“Bem, apesar de você ser impulsiva e um
imã para problemas, dará uma boa guardiã. E terá que seguir as
regras novamente ou você achou que poderia ser a guardiã de
Vasilisa sem se formar?”
“É claro que eu quero voltar para
poder proteger Lissa” Ser guardiã de Lissa era tudo o que faltava
para mim. Eu já tinha encontrado Dimitri e ele era ainda o meu
Dimitri. Mesmo sendo um strigoi agora, o que importava era que ele
continuava me amando e eu a ele. Pensar que iria encontrar com ele
algumas horas mais tarde, fez meu coração dar um salto.
“Você
voltará ao treinamento de campo a partir de amanhã, protegendo
Christian Ozera”.
Encarei os olhos de Kirova e com apenas um
aceno, eu aceitei. Não via a hora de voltar a treinar. Eu queria
mostrar que apesar de ter ficado umas semanas fora, eu não tinha
esquecido o que aprendi com Dimitri, pelo contrário, eu tinha
melhorado.
Me
retirei da sala e fui em direção à área comum. Fazia um tempo que
as aulas tinham começado e havia ainda alguns alunos que passavam
correndo por mim nos corredores me olhando descaradamente e
cochichando entre si. Não precisava escutar e nem ser nenhuma
adivinha para saber sobre o que era. Agora eu percebia que realmente
nunca tinha visto tanto guardião por metro quadrado assim antes.
Faltava apenas uma hora para eu ir me encontrar com Dimitri e eu
tinha decidido que daria uma volta pelo jardim enquanto esperava.
Assim que pus um pé para fora do prédio me deparei com a minha mãe.
Eu sabia que ela estaria ali. É claro que, como no último
ataque, a guardiã Janine Hathaway seria chamada. Ela estava
encostada em frente à porta principal, seu cabelos vermelhos
ondulados continuavam curtos, seu rosto ainda queimado pelo sol e
seus olhos severos. A postura que ela tomou assim que me viu,
demonstrava que ela tinha algo importante a me dizer e que eu tinha
certeza que não queria ouvir. A minha relação com ela já não era
uma das melhores e eu podia sentir que não era essa conversa que a
tornaria melhor.
Ela saiu e não precisou pedir para que eu a
seguisse. Ela foi até uma grande árvore não muito distante do
pátio principal, não havia ninguém por ali e poderíamos conversar
a sós.
“Rose!” ela parou e me analisou por um momento e
quando resolveu falar sua voz soava com raiva e preocupação. “O
que você pensou que estava fazendo indo atrás de um strigoi?”
“Você não entenderia!” Eu já estava de saco cheio de
todos me julgando.
“Então tente explicar, por que eu
realmente quero entender e ouvir da sua boca que o motivo pelo qual
você foi não é o que andam dizendo por ai.”
“Eu tinha que
fazer isso por ele. Se tivesse acontecido comigo, eu sabia que ele
faria o mesmo por mim. E sim, e se eu disser que o motivo pelo qual
eu fui é exatamente esse?” O tom da minha voz começando a
aumentar.
“Rose...
você não pode ter se envolvido com um dhampir, isso vai contra
todas as regras, e arriscar a sua vida indo atrás dele sabendo que
ele é um strigoi agora é totalmente inadmissível.”
“Eu
amo ele”
“Isso não justifica nada. A partir do momento em
que ele se transformou num strigoi ele deixa de ser o homem que você
ama, e que você nem deveria amar. Como se você não soubesse que
dhampirs não ficam juntos, Rose, assim como dhampir com moroi é
totalmente errado.” Ela disse, nesse momento sua voz soando triste,
uma sombra passando pelo seu rosto, como se ela soubesse exatamente
sobre o que estava falando.
“Nós vamos fazer dar certo!”
minha voz era firme.
“Nós? Ele está morto, Rose! Morto não,
pior, ele agora é um strigoi. Você tem a noção do que essa
palavra quer dizer? Ele não é mais o homem que você ama, ele já
nem pode ser considerado um homem, é desumano que mata para
sobreviver, não possui emoção, é maligno e só vai lhe causar dor
e mais dor. Se um dhampir não pode ficar com um dhampir, um strigoi
com um dhampir é totalmente impossível!”
“Não! Não é,
ele não é assim, você não o conhece. Eu o vi e olhei em seus
olhos. Apesar dele estar com a aparência de strigoi, ele continua
sendo o mesmo Dimitri de sempre, controlado, forte e determinado que
eu conheci. O mesmo Dimitri que não me esqueceu e que ainda me ama.
Foi ele quem nos ajudou a nos preparar para o bando de strigois que
está vindo nos atacar. Se não fosse por ele, você não estaria
aqui e todos os moroi estariam desprotegidos. Você está errada, eu
sei que ele não faria nenhum mal a mim ou a qualquer outra pessoa.
Todos pensam que strigois são totalmente malignos, que não têm
auto-controle e que são irracionais, mas muito pelo contrário, se
eles quiserem, eles podem ser completamente o oposto de tudo isso.”
Eu respirei fundo, recuperando meu fôlego, meus olhos já cheios de
lágrimas. Eu não queria chorar e estava odiando aquela conversa. A
expressão no seu rosto se suavizou, um pequeno sorriso amargo
formando em seus lábios.
“Oh Rose, você ainda tem muito o
que aprender. Um dia você irá saber que nem tudo é como você acha
que é, e só por que você o ama e ele a ama, há outras coisas que
pesam para que algo entre vocês dê certo. O mundo nem sempre
conspira a nosso favor, mas pelo visto nada do que eu diga irá fazer
você mudar de idéia. Eu só não quero que você sofra ainda mais
com esse relacionamento impossível. E que eu acho incrível ele até
ter começado. O que estava passando na cabeça de Belikov quando ele
alimentou essa paixão? Ele não pensou no que poderia acontecer e
que isso era totalmente contra as regras? Como ele teve coragem?”
Eu apenas olhei para ela, e sem esperar uma resposta, ela balançou a
cabeça de um lado para o outro e se virou, me deixando ali
sozinha.
Por alguma razão eu me sentia triste e vazia, as
palavras dela de alguma forma tiveram um certo efeito em mim e como
se eu não pudesse mais impedir, as lágrimas finalmente vieram. Eu
sabia que ela tinha razão, eu me lembrava do dia que me falaram que
dois dhampir tinham fugido para ficar juntos, lembrava exatamente das
palavras que eu havia falado, isso é ‘uma estupidez’. E agora eu
estava ali, não só me relacionando com um dhampir, mas sim com um
strigoi. A lembrança do seu rosto vindo até mim, o meu
sorriso em seus lábios, seu cabelo caído nos ombros. Aquela simples
lembrança fazia todo o meu ser ter uma única certeza: de que
naquele momento, tudo o que eu estava fazendo daria certo, não
ligava se iriam falar ou nos julgar, o que importava era eu e ele
juntos, nada mais.
Limpando meu rosto com a palma da minha mão
e colocando a mecha de cabelo que teimava em cair por cima dos meus
olhos atrás da orelha, continue o caminho que estava fazendo antes
de encontrar minha mãe, me dirigindo ao jardim. Quando me dei conta,
faltava exatamente dez minutos para me encontrar com Dimitri, então
comecei a caminhar em direção ao local marcado. Havia muitos
guardiões por ali, mas conforme eu ia me afastando dos prédios, eu
ficava cada vez mais sozinha. Só em pensar que eu o veria novamente,
que o abraçaria e sentiria seus lábios nos meus, uma sensação
maravilhosa de conforto preencheu cada pedaço do meu corpo. Não
demorou muito até eu conseguir chegar lá, em poucos minutos eu já
estava rodeada pelas altas árvores da floresta que rodeava todo o
perímetro da academia, o ar fresco e úmido passando por mim. Não
sabia se o local tinha se tornado mais próximo ou se eu tinha
caminhado tão rápido, na expectativa de encontrá-lo, que mal
percebi.
O jeito dele conseguir entrar na academia era se
quebrasse uma das wards. As wards eram anéis mágicos lançados por
morois realmente poderosos usando a mágica de cada um dos elementos
e que mantinham os strigoi fora. Para quebrar as wards, era usado as
estacas, que eram feitas da mesma forma e, sim, eu tinha uma estaca
desde a primeira invasão que houve na academia, da qual eu não me
separava nunca.
O único barulho que podia ouvir era o som do
vento ao tocar as folhas. Eu pulei o muro e olhei para o céu, a
noite estava linda, como as outras que a antecederam e apesar de ter
algumas nuvens cobrindo o céu, ainda era possível ver a lua cheia
em tons alaranjados, exuberante, entre as nuvens iluminando o local.
Então ouvi um som por entre os arbusto próximos ao muro que não
era do vento. Instintivamente meu corpo ficou em posição de ataque
e me virei na direção de onde tinha vindo o som, onde a luz da lua
não tocava o chão. Tudo estava escuro e eu via uma sombra se
aproximando de mim, mas meu corpo relaxou, instantaneamente eu soube
que era ele. Meu corpo reagia ao dele, seu andar era calmo, porém
forte, e seu cabelo preso num rabo com alguns fios caindo ao lado de
seu rosto, seu casaco maron longo me fazendo lembrar da primeira vez
que nos vimos, e agora com seu corpo saindo inteiramente das sombras
conforme se aproximava de mim, eu pude observá-lo melhor. Seu rosto
estava mais pálido que o usual, seus olhos castanhos com um pequeno
círculo vermelho em volta da íris faziam me lembrar no que ele
tinha se transformado, mas só precisei ouvir sua voz para esquecer
tudo isso.
“Rose” ele disse tranquilo.
“Diabos, você
me assustou!”
“Desculpa, não foi a intensão. Você está
bem?”
“Fiquei melhor agora.” Falei lançando meu sorriso
comedor de homens, um que eu não usava a um bom tempo. Aquele não
era o momento, mas eu queria provoca-lo.
“Oh Rose!” ele se
aproximou e por um momento pensei que iria obter um daqueles
sorrisos, meu coração pulou, mas essa idéia passou por mim só por
um instante, sua expressão tornou-se séria.
“O assunto que
temos que discutir é sério Rose, você sabe disso!”
“Hey
camarada, eu sei disso.” E foi então que eu notei “Espera...”
eu disse parando e analisando como eu me sentia enquanto ele me
olhava com uma cara de curiosidade “Eu não tô sentindo náuseas,
quer dizer, você é um strigoi e eu sinto náuseas quando eu estou
perto de um strigoi, lá na mansão eu estava sentindo!”
“Talvez
você só sinta quando eles representam algum perigo” Ele disse me
dando um abraço e fazendo com que eu colocasse a minha cabeça em
seu peito.
“Yeah, talvez, faz sentido.”
Ele passou pelo
muro depois que eu quebrei a ward, se movimentando tão rápido que
nem vi ele chegando ao meu lado, começamos a andar, sem uma direção
exata, em silêncio, apenas sentindo a incrivel sensação que era
estar ao seu lado. De repente eu comecei a notar para o onde
estávamos indo, eu sabia aonde aquele caminho iria nos levar e um
arrepio passou pelo meu corpo. Ele pareceu notar e me lançou um
olhar divertido, mas que se tornou sério novamente.
“Você já
conseguiu avisar Alberta?” Ele perguntou preocupado.
“Avisei,
hoje vários guardiões chegaram na academia, não sei o número ao
certo, mas são muitos. Quando eles vierem, daremos conta do recado,
não se preocupe. Você já sabe quando eles estão pensando em
atacar?”
“Amanhã acertarão todos os detalhes que resta,
então provavelmente atacarão depois de amanhã, não consegui mais
do que isso. Queriam terminar os planos hoje, mas consegui arranjar
uma desculpa.”
“Eles não desconfiam de você, certo?” O
medo transparecia claramente na minha voz.
“Não! Se
desconfiacem já teriam me matado.”
“As pessoas não ficaram
muito satisfeitas comigo. Elas meio que descobriram o que você se
tornou e o porque de eu ter saído da academia. Incluindo a parte em
que a gente tinha, bem, uhn, alguma coisa juntos.”
“Sabia
que as pessoas não iriam aceitar, mas você está bem sobre
isso?”
“Claro, eu não me importo realmente com o que falam,
o que importa para mim é que nós estamos juntos.” Ele me abraçou
mais uma vez e eu pude sentir o seu cheiro. Aii, que cheiro! Eu
definitivamente não conseguia me acostumar com o poder que tinha
sobre mim.
“Mas eles sabem que você me encontrou?”
“Não,
só os guardiões. Eles não queriam que os alunos ficassem sabendo
sobre nada, porque iria parecer muito estranho se todos os moroi
saíssem da academia. Os strigoi saberiam que alguma coisa estava
errada.” Ele acenou e continuamos a andar, um ao lado do outro,
nossos braços encostando um no outro. Nós paramos assim que
chegamos em frente à cabana. Nossos olhos se cruzaram, um leve
arrepio percorreu minha espinha. Só de estar lá novamente com ele,
meu coração batia tão rapido e milhares de emoções passavam por
mim.
Suas mãos seguraram fortemente as minhas, indo em direção
a porta. Lá dentro, apesar da pouca luz, eu podia ver que continuava
do mesmo jeito que tínhamos deixado no nosso último encontro. Mesmo
eu já tendo voltado ali, depois de tudo aquilo, eu ainda não tinha
tido coragem de entrar. Aquele era o nosso local, o nosso refúgio
onde não precisávamos nos esconder de ninguém, ser apenas eu e
ele, um homem e uma mulher que se amavam.
Ele soltou minha mão
e eu ouvi um rugido contrariado saindo pela minha garganta, um
sorriso escapou dos seus lábios e tão rápido que meus olhos não
puderam ver, ele já estava na frente da lareira acendendo uma
pequena chama para iluminar com uma fraca luz o ambiente, e então
ele já estava de volta para mim com a mesma rapidez, os nossos
lábios colados. Nos separamos um pouco, eu mal pude sentir o sabor
da sua boca. Nossas testas estavam praticamente coladas, olhava
profundamente nos seus olhos, queria saber o que ele estava pensando,
seus dedos passearam levemente sobre minhas bochechas, traçando
minha boca, meus olhos fechando lentamente.
”Rose, você não
imagina o quanto eu senti saudades.”
“Eu posso imaginar, eu
também senti.”
“Você não deveria, eu não deveria, eu me
tornei algo horrivel e monstruoso!” Sua voz era cheia de dor.
“Não,
você não se tornou! Você pode até pensar isso, mas você escolheu
ser diferente deles, você nunca será igual a eles, eu não vou
deixar” Eu disse com uma determinação incrivel na minha voz
“Lembra do que você me disse aqui? ‘Você não é, você não
será! Eu não vou permitir, nao importa o que, eu não vou deixar.’
Faço das suas as minhas palavras, eu prometi que sempre estaria
aqui para você, nós somos como duas metades de um todo, sempre
prontos para suportar o outro, não deixarei você se transformar em
algo que você não é.”
Nossos
lábios de juntaram novamente, um beijo suave, puro, demonstrando
todo o amor que sentíamos. Minhas mãos indo de encontro a sua nuca,
nossas línguas roçando levemente, um sentimento de felicidade
completa, se apossando de mim. Suas mãos delizavam por entre meus
cabelos bagunçando-os, nosso beijo tornando-se profundo e cada vez
mais intenso, mas ainda assim cheio de amor. Era faminto, cheio de
desejo, meu corpo nessecitava tê-lo mais próximo do meu, queimava a
cada toque seu, minhas mãos foram de encontro ao seu longo casaco,
tentando tirá-lo e com um movimento dos seus braços, ele caiu no
chão. Com o mesmo movimento tirei minha jacketa jeans, suas mãos
foram em direção a minha cintura, levantando minha blusa, mas sem
tirá-la, o contato das suas mãos frias sobre minha pele, fez meu
corpo estremecer, nossas bocas não desgrudando nem por um segundo.
Não tinha percebido que estávamos andando pela cabana até quando
nossos corpos caíram na cama quente e macia, seu corpo por cima do
meu, totalmente certo, suas mãos terminaram de suspender minha blusa
fazendo nossas bocas desgrudarem, e nossos olhos se encontraram e nos
dele pude ver um misto de sentimentos.
“Você tem certeza?”
ele perguntou, sua respiração ofegante por causa do ar que lhe
faltava.
“Absoluta, eu te amo e só isso que importa.”
Confiança transbordando em minha voz.
O vi passar sua camisa
por cima da sua cabeça, e nos seus olhos que antes possuiam
vestigios de dúvida, agora eram somente amor.
Então sua boca
estava na minha novamente, me devorando, minhas mãos percorriam
todas a extensão dos seus ombros e braços, seus dedos caminhavam
pelo meu ventre provocando uma sensação de formigamento, indo em
direção ao cós da minha calça, abrindo-a e tirando-a rapidamente,
deixando apenas uma peça cobrindo o meu corpo, um leve sussurro
saindo pelos meus labios, cravando minhas unhas em suas costas. Uma
das suas mãos voltaram a subir pelo meu corpo, minhas costas
arqueado levemente, dando assim espaço para ele desabotoar o fecho
da única peça que restava, jogando-a para longe da cama. Descolando
nossos lábios, ele encarou meu corpo por baixo do seu, que agora
estava totalmente nú, sem uma única peça de roupa.
“Tão
linda” Sua voz saindo rouca, intensamente sexy e eu senti minha
face corar, sua boca tocando a curvatura do meu pescoço, beijando-o
e deslizando sua língua devagar por ele, foi então que eu senti.
Suas presas no meus pescoço, trazendo toda aquela sensação de
volta, todo aquele desejo, e um gemido escapou pela minha boca. Eu
sabia que ele nao se alimentaria de mim, mas só aquele toque trazia
uma sensação incrível e suas mãos tocavam meus seios, seu toque
inesperado era leve, quase inexistente, mas mesmo assim fazendo com
que os pelos do meu corpo todo se arrepiassem. O tecido da sua calça
impedia o contato direto da nossa pele, minhas mãos saíram das suas
costas, indo em direção ao cós da sua calça, desabotoando-a,
tentando de qualquer jeito tirar aquela peça de roupa ou qualquer
outra coisa que ele pudesse estar usando. Ouví um gemido rouco
escapando por sua boca ao sentir nossos corpos nús se tocarem, seus
lábios desciam pelos meus ombros, explorando cada pedaço dele
enquanto uma mão se fixava em meu seio esquerdo, sua língua
encontrando meu seio direito, demorando um instante ali e então
descendo pelo meu ventre e voltando ao meu seio. Ele sabia exatamente
aonde me tocar e como me tocar, minhãs mãos já não sabiam por
onde percorrer, ora em sua nuca meus dedos se entrelaçando em seu
cabelo, ora passeando pelas suas costas, arranhando levemente,
fazendo com que sua garaganta soltasse um gemido contra minha pele,
sentí-lo daquele jeito era torturante. Nossas bocas voltando a se
encontrar em um beijo lento, profundo, me explorando, abafando meus
gemidos em seus lábios. Se continuasse desse jeito, eu não iria
aguentar por muito tempo. Por mais que eu desejasse que ficássemos
assim por muito tempo, eu não aguentaria, eu o queria sentir dentro
de mim e como se adivinhando meus desejos, ele me olhou
profundamente, suas mão deslizando pelo meu corpo afastando minhas
pernas, ele posicionou seu corpo sobre o meu encaixando-o
perfeitamente, penetrando devagar, eu nunca tinha sentido tanto
prazer como ele estava me proporcionando naquele momento. Nunca
quebrando o contato dos nossos olhos, o movimento era lento e eu o
abracei forte, quando o senti aumentar o ritmo, cravando minhas unhas
com mais força em suas costa e um gemido escapando da minha boca.
”Dimitri” Era tudo tão intenso e prazeroso. “Minha Roza”
ao ouvir meu nome em sua língua materna como uma oração, meu corpo
estremeceu, parecia que ia explodir em várias sensações me
dominando sobre aquele ritmo intenso, eu gemi, minhas pernas
enlaçando sua cintura, unindo ainda mais nossos corpos. Eu já não
aguentava mais o ritmo torturante, senti meu corpo ficar tenso,
arquejando, tremendo violentamente e logo em seguida era como se eu
estivesse caindo em uma sensação maravilhosa, me dominando,
sentindo-o apertar ainda mais forte minha cintura e eu soube que ele
tinha chegado naquele momento praticamente junto a mim quando um
gemido forte e rouco chegou aos meus ouvidos, seu corpo também
ficando tenso e imóvel em cima do meu, a sua respiração forte na
curvatura do meu pescoço, a minha própria respiração acompanhando
o ritmo dele. Eu o encarei, seu rosto suado e lindo me olhando
tranquilamente com um sorriso perfeito em seus lábios, retirando um
fio de cabelo do meu rosto, ele disse a única coisa que eu precisava
ouvir para a noite ser perfeita.
“Eu te amo, Roza”
Ficamos
ali por mais algum tempo, até quando Dimitri ouviu alguém se
aproximar da cabana e vimos que já havia passado várias horas.
Depois de colocarmos nossas roupas, o que foi um tarefa realmente
dificil já que não parávamos de nos beijar como da última vez,
saímos de mãos dadas, nos sentindo leves, indo em direção ao
muro. No caminho, vimos um guardião e nos escondemos atrás de uns
arbustos, esperando ele desaparecer de vista, então continuamos
nosso caminho. Eu sentia uma mistura tão grande de emoções, que
não conseguiria explicar metade delas. Assim que chegamos no muro,
por onde ele havia entrado, nós paramos, nos olhando.
“Rose”
ele disse, e seus olhos mostravam que seus sentimentos estavam tão
confusos quanto os meus “Eu preciso ir, mas amanhã eu vou voltar,
me encontre no mesmo horário. Eu vou precisar falar com os
guardiões, avise Alberta.”
“Tudo bem, eu falo com ela sim.”
Eu disse com a voz soando um pouco embargada.
“Rose, o que
houve?” Ele perguntou, olhando nos meus olhos e parecendo ler
através deles a minha alma.
“É só que... e quando tudo isso
acabar?” Eu disse simplesmente, achando dificil explicar o que se
passava na minha cabeça, mas para Dimitri, foi o suficiente. Ele
sempre me entendia.
“Nós vamos dar um jeito nisso. Eu
simplesmente não posso mais viver sem você, por mais que seja
errado estarmos juntos. Eu não consigo.” E levantou suas mãos
para segurar meu rosto nelas “Eu amo você, sempre tentei me
controlar quando estava perto de você, mas algumas vezes era
impossivel, e agora, eu não consigo mais. Quando tudo isso acabar,
eu vou continuar por aqui, perto de você”
Eu acenei, pensando
no quanto aquilo seria dificil, mas nós fariamos funcionar, já
tinha sido pior, além do mais, depois que eu me formasse, o que não
demoraria muito para acontecer, eu poderia dar um jeito de ficar com
ele. Dando um rápido beijo, ele se virou e saiu na noite. Assim que
eu dei um passo indo em direção à academia, eu ouvi um barulho, e
quando olhei para o lado, dei de cara com um dos guardiões, um muito
grande mesmo e que eu nunca tinha visto, mas pelo olhar que ele me
lançou parecia que me conhecia.
“Srt. Hathway, não é muito
seguro se afastar da escola” Yeah, ele definitivamente me
conhecia.
“Eu estou bem, só vim, uhn, só precisava andar um
pouco. Mas já estava voltando.” Ele me lançou um olhar
questionador, mas eu não disse mais nada e me perguntando a quanto
tempo ele estava ali e o quanto ele tinha visto, me afastei.
Voltando
para a academia correndo, eu encontrei com Lissa saindo da cafeteria
indo para a biblioteca com Christian e Eddie. Eu estava doida para
contar a ela que voltaria a estudar na academia e que poderia me
formar junto com os outros e ainda havia também o encontro
desastroso com a minha mãe.
”Hey, Rose?”
“Oi Eddie”
eu disse apressadamente e parei na frente de Lissa.
“Rose” A
voz de Lissa era como música para os meus ouvidos me acalmando. Eu
precisava falar com ela, mas não só sua voz soava um pouco cansada,
como sua mente também estava, eu podia sentir através da nossa
ligação, bem como o medo que havia nela por causa da invasão que
iria acontecer, mas era pequeno, ela estava confiante que dariamos
conta. A aula havia sido cansativa e ela estava indo encontrar com
Adrian na biblioteca para continuar procurando por outros usuários
do espírito naquele livro.
“Está tudo bem com você?” Eu
deveria estar parecendo uma bagunça, provavelmente suada,
descabelada e cansada. Christian estava com seu inconfundível
sorriso sarcástico, seu cabelo bagunçado, vestindo uma blusa de
mangas azul escuro que ficava perfeitamente bem nele, realçando seus
olhos azuis pálidos, seu braço esquerdo repousando delicadamente na
pequena cintura de Liss e ela estava com um vestido de alça lilás
que encaixava perfeitamente no seu corpo magro. Olhando para eles eu
senti aquela ponta de inveja me dominando, os dois juntos parecia ser
tão simples, tão perfeito. Eles tinham tudo, os dois juntos era
‘certo’. Ele era um moroi e ela também, apesar do que os pais de
Christian fizeram no passado e que algumas pessoas ainda olhavam
torto para eles, ninguém podia negar que eles formavam um belo
casal. Eles não faziam idéia da sorte que tinham. Eu queria ter
apenas uma vida amorosa simples, sem ninguém para se meter na nossa
relação, poder andar de mãos dadas quando eu quisesse e não
precisar esconder o que eu sentia.
“Yeah, eu acho que sim. Só
estava correndo.” Ele me olhou levantando uma sobrancelha e
claramente segurando um riso. Então eu me expliquei.
“Eu
estava correndo, porque eu precisava falar com Lissa.” E lancei um
olhar de descaso para ele.
“O que você queria falar comigo?”
“Eu encontrei com, bem, Kirova.”
“Oh, isso explica
tudo.” Todos teriam que concordar que minha cara poderia ser
claramente justificada só pelo fato de ver Kirova, apesar de dessa
vez não ser isso o que estava me incomodando.
“Mas não foi
só sobre isso que eu vim falar com você.” Eu não queria
preocupar ela com meus problemas, mas precisava falar com alguém e
ela era a única que sabia que eu havia encontrado com Dimitri, além
de Adrian. Urgh! E definitivamente eu não podia falar sobre aquele
assunto na frente do Christian.
“Tudo bem, eu vou dar uma
volta” Christian disse, acho que ele percebeu que eu preferia ter
uma conversa a sós com Lissa, mesmo sabendo que depois ela contaria
tudo pra ele, ou pelo menos tudo o que ela poderia. Ainda não tinha
me acostumado com a idéia de ter que dividi-la com ele, mas ela o
amava, então eu tinha que aceitar. Os seus lábios colaram
delicadamente, um simples roçar, que apesar de ter sido rápido,
demonstrava o quanto eles se gostavam, enquanto Eddie se afastava um
pouco, numa distância educada para não ouvir a nossa conversa.
Contei rapidamente minha conversa com Kirova, sobre como ela tinha me
dito que eu voltaria a estudar na academia, que retornaria a partir
de amanhã ao trabalho de campo protegendo Christian e que eu poderia
me formar junto com os outros.
“...e isso é tudo. O que você
acha?”
“Oh Rose!” ela se lançou sobre mim me dando um
longo abraço “Isso é maravilhoso, eu nem posso acreditar,
aqui...” ela moveu seu braço e vi que nele se encontrava meu
chotki, era parecido com um rosário mas um pouco menor, por trás da
cruz estava entalhado um dragão decorado com flores, o símbolo dos
Dragomir, vendo-o agora, uma dor cortante passou por mim, me fazendo
lembrar do dia em que fui embora. Eu o tinha devolvido e não sabia
se iria voltar. O chotki tinha pertencido a guardiã da avó de Liss
e eu não poderia ficar com ele sem saber se iria voltar e me tornar
a guardiã dela.
“Tome, eu tenho andando com ele desde que
você me devolveu, eu sabia que você iria voltar, sabia que não
iria me abandonar, você é a minha melhor amiga, minha
guardiã.” Enrolando de volta o chotki no meu pulso e sentindo a
fria cruz sobre a minha pele, eu tinha a certeza de que seria a
melhor guardiã que Lissa poderia ter, não deixaria nunca que nada
de mal acontecesse a ela. Então ela parou e disse lentamente como se
escolhesse as palavras. “Rose” sua voz soando calma, “Você
sabe que pode confiar em mim, o que aconteceu?” Eu sabia que podia
confiar nela, ela era a minha melhor amiga, estávamos juntas desde a
nossa infância, estávamos ligadas uma a outra e eu precisava falar
sobre aquilo com alguém.
A lembrança da conversa me deixou um
pouco triste novamente, mas mesmo assim contei brevemente tudo o que
minha mãe tinha me dito.
“Não deve ter sido fácil para
você. Sua mãe não é muito delicada com as palavras.”
“Wow,
definitivamente ela não é. Mas eu estou me sentindo melhor sobre
isso. Eu tenho certeza sobre Dimitri, eu o amo e ele me ama e é com
ele que eu quero ficar.”
“Rose,
se você o ama e ele também a ama é a única coisa que importa no
momento. Você o ama tanto que seria capaz de dar a sua vida por
ele?”
“Sim! Eu o amo mais que tudo nessa vida, só em pensar
que poderia ter perdido ele é como se metade da minha alma estivesse
sendo arrancada de mim.”
“Então simplesmente siga seu
coração, faça o que você acha que é certo, não o que os outros
possam achar que é certo ou errado, quem pode decidir isso é você
e somente você.” Havia uma determinação na sua expressão e uma
maravilhosa sensação de confiança chegava até mim através da
ligação.
Ficamos em silencio por um momento até quando um som
estranho vindo do meu estômago me fez perceber que até aquele exato
momento eu não tinha comido praticamente nada.
“Eu preciso
comer alguma coisa e depois me encontrar com Alberta. Tenho que
avisar a ela que Dimitri vai vir aqui amanhã para falar sobre a
invasão.”
“Claro, vai dar tudo certo, não vai?”
“Não
se preocupe, tenho certeza que sim. Eles não tem a mínima chance
contra a gente.”
“Eu sei.” E deu uma risada gostosa, com
total confiança em nós, indo se encontrar com Christian que já
estava voltando para onde nós estávamos.
Quando cheguei na
cafeteria, vi que estava quase vazia, a maioria dos estudantes já
haviam saído das aulas e passado por ali. Pegando qualquer coisa, me
sentei na mesa que havia sentado mais cedo, perto de onde estava
alguns guardiões. Depois de comer tudo e ainda repetir. Sim, eu
estava com fome. Me levantei e perguntei para um dos guardiões se
ele sabia onde estava Alberta.
“Acho que ela está no prédio
dos guardiões.”
“Obrigada.” Eu disse e fui em direção
ao prédio. No caminho passei pelo centro da área comum, onde estava
a maior parte dos alunos, quase todos pararam de conversar e olharam
para mim. Enquanto eu passava, aos poucos as conversas foram
voltando, mas em forma de sussurro, até que alguém gritou.
“Rose,
é verdade que você estava saindo com o guardião Belikov?”
Olhando eu reconheci que era um garoto da realeza que andava sempre
com os idiotas do Jesse e do Ralf, que graças a Deus, tinham parado
de me importunar. Calmamente, eu me virei e disse numa voz
perigosa.
“E se estivesse? Algum problema?” Certamente ele
conhecia a minha reputação e com a cara que eu deveria estar, ele
provavelmente não gostaria de ser mais um na minha lista. Então deu
de ombros e se virou. Eu continuei andando, enquanto alguns estavam
rindo baixinho e outros ainda me encarando.
Quando saí, vi que
o dia já estava clareando, e eu estava me sentindo tão cansada, mas
ao mesmo tempo feliz por ter me encontrado com Dimitri e ele ter me
assegurado que tudo ficaria bem entre nós, e triste pelo o que minha
mãe havia me dito, então alegre de novo por poder voltar a treinar
e me formar com os outros, e aliviada por ter conversado com Lissa, e
irritada também por todos estarem me olhando como se eu fosse algum
tipo de aberração, e juntando ainda mais algumas coisas, estava
resultando numa Rose totalmente querendo uma cama.
Quando
cheguei no prédio, vi Alberta parada junto com outros três
guardiões discutindo ao redor de uma mesa, onde havia um mapa. Eu
parei na porta, esperando eles notarem a minha presença. Assim que
eu parei, eles se viraram para mim.
“Guardiã Petrov, eu
preciso falar com a senhora.”
“Pode entrar, srta.
Hathway.”
“Obrigada” Eu disse indo até ela “É sobre
Dimitri. Ele pediu que eu viesse aqui avisar que amanhã eles já
estarão preparados para entrar aqui na academia e só vão esperar
mais um dia, então ele vai vir trazer os detalhes.” Em seu rosto
havia uma expressão que eu não conseguia entender. Que droga!
Porque eu nunca conseguia entender as expressões dela?
“Tudo
bem. E que horas ele virá?”
“Dez horas”
”Eu
suponho que ele queira que todos os guardiões estejam presentes,
não?”
“Acredito que sim, assim fica mais fácil para que
todos entendam o que vai acontecer e o que vão ter que fazer.”
“Eu
vou convocar uma reunião, então.” Depois de uma pausa como se ela
estivesse considerando alguma situação, acrescentou “Você poderá
estar aqui.” Yeah, isso eu não esperava.
“Eu... eu, ahn,
obrigada.” Eu disse parecendo completamente atordoada. Eu era uma
novata, e novatos não participavam de reuniões, não que eu já não
tivesse visto alguma, mas era meio que clandestinamente e sempre que
me viam, tentavam me colocar para fora.
“É só
isso?”
“Sim”
“Rose, você sabe da importância que
é manter isso em segredo. Ninguém vai ficar satisfeito se souber
que vamos deixar um strigoi entrar aqui na academia, mesmo ele agindo
de forma tão diferente. Será uma reunião apenas com os guardiões
e ninguém poderá ficar sabendo.”
“Claro, eu entendo.”
“Amanhã, às 9:50h eu encontro com você na entrada do
prédio principal para irmos encontrar com Dimitri. Vou ter que
quebrar uma das wards, se não ele não conseguirá entrar na
academia e, portanto, teremos que reforçar a área, porque a
segurança da academia terá diminuido.” Uhn, bem, eu já tinha
quebrado uma das wards, mas achei melhor não comentar, eu sabia que
a academia não corria riscos. Os strigois não iriam se aproximar
daqui sozinhos sabendo que haviam guardiões, mesmo sem imaginar a
quantidade que havia agora, e o bando só viria daqui a dois
dias.
“Tudo bem, eu estarei lá.”
“Você pode ir
então” Eu acenei e saí.
O dia já tinha clareado
completamente, e agora que já tinha feito o que precisava, eu fui em
direção ao meu dormitório. Cama finalmente! No corredor, eu vi uma
movimentação e quando olhei para trás, vi Lissa com Eddie.
“Rose,
hey” ela veio até mim “Você não vai acreditar! Encontramos
mais um usuário do espírito!”
“Como?”
“Nós
estávamos olhando aquele livro e encontramos uma citação falando
algo sobre ‘nem sempre aquilo que é morto permanece morto’.
Rose, tem que ser um usuário do espírito, um que use o poder do
espírito da mesma forma que eu, curando!” Pela no ligação
passava uma felicidade tão grande por finalmente ter achado mais
alguém como ela, uma euforia misturada com excitação.
“Liss,
isso é tão bom. Eu realmente fico feliz.”
“E temos um nome
dessa vez, vai ser mais fácil para encontrar a pessoa. Embaixo da
citação, tinha assinado o nome ‘Medison’. Isso te diz alguma
coisa?”
“Não, quer dizer, esse nome é familiar, mas eu não
sei onde eu o ouvi.”
“Rose, é muito importante, você tem
que tentar lembrar.”
“Eu não sei, acho que é só
impressão.” Eu disse, mas tendo a certeza de que estava deixando
passar algo importante, mas o cansaço me impedia de tentar lembrar
qualquer coisa de mais de cinco minutos atrás. Minha mente já não
estava trabalhando mais, eu estava andando mecanicamente, apenas
sendo guiada pela parte do meu cérebro que tinha aquele caminho
decorado. “Vamos, o toque de recolher já vai tocar.”
“Vamos”
Ela disse ainda mais eufórica com a hipótese de eu saber algo sobre
o nome Medison.
“Lissa, sério, não sei porque o nome me
pareceu familiar, mas eu acho que é só impressão. De qualquer
forma, eu vou tentar procurar alguma coisa para te
ajudar.”
”Obrigada, Rose” gratidão fluindo pela nossa
ligação. Então nos separamos, cada uma indo para um prédio
diferente, com Eddie seguindo ela. Assim que eu entrei no meu
dormitório, fui direto para o terceiro andar, onde ficava o meu
quarto. Parei na frente no espelho, para ver uma pessoa que eu tinha
que acreditar que não era eu, porque se fosse eu, era melhor eu
nascer de novo para ver se dava um jeito. Normalmente, ainda mais por
eu ser uma dhampir, eu chamava atenção por onde passava no mundo
vampírico, mas era pela minha beleza e definitivamente agora eu até
chamaria atenção, mas era porque as pessoas estariam se perguntando
como alguém tinha coragem de sair daquele jeito. Eu não sabia. Fui
para o chuveiro e fiquei lá por um bom tempo, relaxando, assimilando
tudo o que havia acontecido naquele dia. Sentindo meus olhos querendo
fechar, eu resolvi que já estava no hora de sair debaixo d’água e
coloquei o meu pijama mais confortável e deitei. Minha mente ficou
ativa por mais uns cinco minutos enquanto eu pensava no quão gostoso
Dimitri era com aquele corpo escultural e no quanto eu o amava, então
apaguei.
Acordei na manhã seguinte e me lembrei que hoje eu
voltaria para o trabalho de campo e teria que me encontrar com
Christian o quanto antes. Me levantei relutantemente e fui em direção
ao banheiro. Minha aparência tinha melhorado muito, eu poderia até
me dar uma nota oito, o que é muito se comparado ao dia anterior que
o máximo seria uma nota três, forçando muito. Prendi o meu cabeço
num coque, para que as minhas tatuagens aparecessem e para que ele
não me atrapalhasse lutando. Eu sabia que teria que lutar hoje, o
trabalho de campo estava ficando cada vez mais difícil, com ataques
mais frequentes e com os guardiões lutando de forma cada vez mais
mortal. Colocando uma camiseta branca, daquelas que apesar de básica
realçam as curvas como ninguém e uma calça comprida de ginástica
preta, passei o meu creme nas mãos e no rosto e saí indo em direção
ao quarto de Christian. Agora eu teria que ficar 24h com ele, não
seria apenas meio turno como eu estava fazendo antes, já que todos
sabiam que eu não era maluca e que não estava sofrendo de trauma
nenhum, apesar de que, isso seria o normal. Não a parte do ‘eu ser
maluca’ , mas a parte do ‘ter algum tipo de trauma’. Quer
dizer, eu fujo da academia para salvar Lissa, e do nada aparece um
cara que eu detestei a primeira vista (isso foi só a primeira vista)
e trás a gente de volta para a academia, então começa uma onda de
ataques a animais, todos provocando em Lissa seus piores sentimentos,
e descobrimos que era a pequena e inocente Nathalie que estava
fazendo tudo isso e depois Lissa é sequestrada. Bem, para isso
acontecer, Victor teve que fazer algumas outras coisa para conseguir
tirar ela de perto de mim sem eu perceber, tipo colocar uma magia num
colar pra enfeitiçar eu e Dimitri, o que logicamente funcionou, pelo
menos a principio. Depois começa uma onda de ataques feitos por
strigois associados a humanos, o que faz tudo ser muito pior, já que
humanos não tinham suas limitações e eu presencio o resultado de
um desses ataques. Todos ficaram em pânico e vamos passar nossas
férias num hotel para a realeza moroi. Lá, eu tive que lidar com um
puta ciume do Dimitri que ficava pra cima e pra baixo com a tia do
Christian, além de mais tarde ter que ir atrás dos meus amigos que
decidiram tentar pegar os strigoi sozinhos, então lá eu perco o meu
amigo, e ainda mato dois strigoi, o que querendo ou não, não é uma
coisa legal de fazer e ganho duas marcas molnija. Algum tempo depois
começo a ver o fantasma do Mason, que parecia estar sempre triste e
tentando me avisar alguma coisa e então num dia que eu vou à corte
porque descubro que Victor ainda não tinha sido jugado pelo que fez
com Lissa, eu vejo um monte de fantasmas. O que, sinceramente, é
algo assustador. Quando volto, tenho minha primeira vez e um segundo
depois já estava no meio de uma guerra, que eu mato mais strigoi e
ganho mais uma tatuagem em forma de estrela e então vamos atrás dos
strigoi que se esconderam nas carvenas perto da escola e lá eu acho
que perco Dimitri. Algumas semana depois eu saio da academia para ir
atrás dele com a intenção de matá-lo. Se eu já fiquei horrivel
quando matei um strigoi que eu nem conhecia, imagina como eu ficaria
se matasse ele? Então descubro que eu não o perdi, mas que agora
tenho um namorado, ou seja já o que nós somos, strigoi. Adicione a
isso uma ameça de um strigoi macabro de que voltaria por Lissa e por
mim e mais toda aquela loucura (literalmente) de eu ser uma Shadow
Kiss. Yeeah, eu tinha motivos de sobra para ter algum trauma.
Assim
que cheguei no quarto de Christian, encontrei ele Lissa juntos. Será
que eles não conseguem ficar separados um do outro por um tempinho a
mais? Acho que não.
“Bem, Christian, para a sua alegria e
para meu desespero, voltei a ser a sua guardiã”
“Uhn, já
recebi a notícia, Lissa acabou de me falar”
”Ok, então.
Vamos?”
“Só uma pergunta. Você vai ser minha guardiã
direto, ou vai ser igual daquela vez?”
“Eles chegaram a
conclusão de que eu não sofro de distúrbio nenhum e eu vou ficar
com você direto”
“Eles chegaram a essa conclusão?” ele
perguntou rindo “Eu acho que preciso ir falar com a diretora Kirova
então”
“Me poupe do seu sarcasmo”
”Eu não estava
sendo sarcástico. Eu estou falando sério. Ninguém em juiso
perfeito chegaria a essa conclusão”
“Ok, então, já
entendi que você não quer ficar comigo 24h colada em você, e eu
também não quero, mas eu tenho uma noticia para você: você vai
ter que me aguentar”
“Vou tentar fazer o sacrificio”
“Vocês
dois podem, por favor, parar com isso? Se eu me lembro bem, vocês
não estavam tendo problema nenhum de convivência da última vez”
Lissa nos interrompeu.
“Ok, vamos?” eu perguntei de novo. Os
dois acenaram e Eddie que estava num canto se juntou a nós. Ele
levava tão a sério aquela coisa toda de guardião. Não que isso
fosse ruim, claro, mas é só que ele se comportava de uma forma tão
diferente. Estava sério e quieto. Quase nunca ouvia a sua voz.
Assim
que chegamos no refeitório, Liss e Christian foram direto para os
alimentadores e de lá nos sentamos na cafeteria para eu e Eddie
comermos. Peguei qualquer coisa que tivesse uma cara boa e voltei
logo para a mesa. Já estava ficando de saco cheio de todos me
olharem daquela forma. Quer dizer, se tivesse acontecido tudo o que
aconteceu comigo a outra pessoa eu também olharia, mas só um tempo,
depois já teria passado a novidade. Definitivamente estava
precisando surgir uma outra novidade aqui. Essa escola tem andado
pacata demais, quer dizer, até onde eles sabem. Tirando a quantidade
enorme de guaridões que estavam andando por aí e a suspeita do
porque, aquilo não passava disso, uma suspeita. As pessoas
comentavam, mas bastava eu aparecer, para eu virar o assunto.
Assim
que saímos da cafeteria, Lissa e Christian se separaram, indo cada
um para um lado.
“Aula de ciência culinária ainda,
uhn?”
“Vai continuar com essa implicância?”
“Não,
é sério, só perguntei por perguntar. Eu achava até legais as
aulas, você leva jeito”
”Obrigado, e sim, aula de ciência
culinária ainda”
“Tudo bem” Eu disse e continuei seguindo
atrás dele. Na nossa frente havia um aglomerado de pessoas que
assistiam a um ataque, eu parei, assistindo, junto com Christian. Nós
estávamos num corredor, o piso branco e as paredes num tom de
amarelo claro, mas quase não era vista, pois havia armários de
metal por todo o lado cobrindo-as. Eu tinha que admitir que estava
ficando realmente dificil, mas tinha certeza que eu poderia lidar com
aquilo também, quer dizer, não é como se eu nunca tivesse pegado
de jeito um strigoi. Esse pensamento me fez rir, bem, ele meio que
tinha uma dupla interpretação. Assim que terminou, cada um seguiu
para sua sala. Eu notei que não havia mais toda aquela emoção que
havia antes, depois de já algum tempo acontecendo os ataques
diariamente, mas notei também que a aparencia dos guardiões estava
horrivel. Os novatos estavam realmente pegando pesado.
Quando
cheguei na sala, vi que havia outros três guardiões em treinamento
e que, aparentemente, ficaram felizes em me ver. Assim que eu me
juntei a eles, começamos a discutir as táticas. Eles me disseram
que agora estava tendo ataques durante as aulas e que normalmente
entravam três ‘strigoi’, assim nos dividimos, ficando cada um em
um ponto estratégico da sala. Eu fiquei perto da janela no lado
oposto à porta.
Enquanto passava o tempo, ficamos fazendo
aquela coisa legal de não ver e ver tudo ao mesmo tempo. Christian
estava muito concentrado no que estava fazendo e seja lá o que
fosse, parecia envolver algum tipo de carne bem mal passada. Eca! De
repente ouvi um barulho ao meu lado. Alguém estava ali, vestido de
preto, cacos de vidro voaram sobre mim e eu me dei conta de que
estavam quebrando a janela. No mesmo momento vi que entrava outros
quatro guardiões pela porta e que os três novatos já foram pra
cima deles, para não deixarem se aproximar dos moroi que estavam
paralizados em suas carteiras, a não ser Christian que eu via
claramente que se fossem strigois de verdade ele já teria começado
a usar o seu elemento: fogo. O Guardião que entrou pela janela veio
para cima de mim e então me desligando do que acontecia com os
outros me foquei só nele. Era Stan. Ele definitivamente estava me
perseguindo. Não era possível! Eu quase não lutei com qualquer
outro guardião, mas ele parecia estar em todas! Deixando esse
pensamento de lado, comecei a luta.
Ele começou tentando me
segurar, mas fugi, usei o meu tamanho ao meu favor e então soquei o
estômago dele e em seguida dei uma cotovelada no queixo. Ele se
desiquilibrou e se afastou um pouco, em seguida tentou acertar meu
rosto, eu desviei e tentei segurar ele para derrubar, ele se esquivou
e depois tudo aconteceu tão rápido que eu não conseguia saber o
que estava fazendo, eu apenas agia conforme meu instinto e meu corpo
mandavam. Stan começou a dar golpes tão velozes que não passavam
de um borrão. Ele estava querendo me detonar, eu percebi isso. Eu me
entreguei a luta, tentando entender qual seria o próximo golpe dele,
era dificil saber, mas depois de algum tempo eu podia deduzir. Estava
um silêncio tenso ao meu redor, eu apenas me concentrava em Stan na
minha frente tentando me derrubar. Ele tentava me acertar de todo
modo, me obrigando a adotar uma postura de defesa, mas eu não queria
e não podia só me defender, eu precisava atacar. Então comecei a
ir pra cima dele, cada vez mais atacando e obrigando ele a se
defender, e com um golpe consegui segurá-lo e dar uma rasteira. No
mesmo momento ele estava no chão, e eu sobre ele. Ele ainda tentava
lutar, mas estava imobilizado com minhas pernas prendendo seus braços
do lado do seu corpo e com o meu anti-braço sobre a sua garganta,
pressionando-a contra o chão, eu não sabia quanto tempo ainda
aguentaria mantê-lo assim, enquanto tentava buscar a minha ‘estaca’
com a outra mão. Com algum esforço, consegui alcançá-la e tirando
do cinto cravei em seu peito. Quer dizer, não foi exatamente um
‘cravei em seu peito’, foi mais um ‘acertei a marca no peito
dele’, mas juro que se eu tivesse acidentalmente cravado a estaca
ali, eu não ia me importar muito. Stan tinha provado mais uma vez
que me detestava. Ele tentou de todos os modos me fazer perder, ele
queria que eu reprovasse no exame, mas eu não daria esse gostinho
para ele.
Quando olhei ao redor, vi que todos nos encaravam. Os
outros guardiões estavam parados num canto, obvimente já tinham
sido ‘mortos’, enquanto os novatos olhavam para nós com uma
expressão no olhar que dizia ‘eu não vou me arriscar e me
aproximar dessa luta’. Naquele momento eu me levantei e todos
começaram a bater palmas e senti meu sangue fluindo pelo meu rosto
deixando-o num com certeza muito vermelho. Eu olhei para Stan para
ver como ele estava. Eu tinha dado alguns hematomas a ele, o que só
deixou a sua aparência pior e mais assustadora.
“Parabéns
Hathway” Fiquei chocada ao ouvir isso, mas não o suficiente para
impedir o meu sarcasmo.
“Obrigada guardião Alto” Eu disse
com meu sorriso mais cínico e com a minha voz mais fria, demostrando
que eu tinha percebido qual era a intenção dele ao me atacar
daquela forma. Agora, quem sabe ele não desiste? Tem uma chance. E
sem mais uma palavra, ele se virou e saiu da sala, pisando duro e
passando no meio dos seus colegas guardiões sem nem olhar para eles,
quando a porta da sala bateu às suas costas, os outros guardiões
vieram falar comigo.
“Parabéns, Rose”
“Parabéns, o
guardião Alto pegou realmente pesado com você e você se saiu muito
bem”
”É verdade, com certeza uma nota máxima”
“E
parabéns por vocês terem se organizado desse jeito, protegendo toda
a sala e não só os seus moroi”
Depois de ter dito vários
‘obrigada’ e ter me sentido corar ainda mais, eu os vi partir.
Assim que o sinal tocou, me aproximei de Christian.
“Você
mandou bem”
“Uhn, obrigada, mas agora eu vou ter que te
deixar. Estou indo encontrar com Alberta”
“Por que?
Aconteceu alguma coisa?”
“Não, não. Nada demais. Só
preciso falar com ela sobre alguns assuntos, mas não sei que horas
eu vou voltar, ok?”
“Ok, então” Eu me despedi e fui em
direção a entrada do prédio principal. Quando cheguei lá ainda
faltava vinte minutos para dar a hora que eu tinha combinado com
Alberta, então me sentei num dos degraus da escada e encostei na
parede, apoiando minha cabeça na pedra fria. Daqui a pouco eu veria
Dimitri. Parecia que o tempo sem ele se arrastava, mas quando estava
com ele, passava tão rápido. Merda, isso não é justo. Era
estranho ainda pensar nele com aqueles círculos vermelhos em seus
olhos, mas quando ele falava comigo, eu esquecia toda e qualquer
diferença que pudesse ter fisicamente. Eu só pensava que ele ainda
era o cara que me amava e que me disse que não mudaria nada do que
tinha feito comigo. Ele ainda era o cara que tinha sido meu mentor,
que brigava comigo e que me ensinava a lutar. Ele ainda era o cara
que eu tinha tido uma queda estúpida desde o inicio, mas que se
transformou em algo muito maior com o tempo, algo que eu não
conseguia controlar. Então eu ouvi um barulho de passos se
aproximando e quando eu levantei minha cabeça para ver quem era,
percebi que eu estava de olhos fechados e assim que os abri, vi
Alberta parada do meu lado, me olhando.
“Está tudo
bem?”
“Claro, está sim” Eu disse soando meio estranha,
minha voz embargada de felicidade.
“Vamos?”
“Vamos”
eu disse e me levantei rapidamente. Começamos a andar indo para os
portões da academia em silêncio. A grama fazia um barulho agradavel
sob meus pés e sentia o vento passar pelo meus rosto, o tempo
ficando cada vez mais quente. Conforme íamos nos aproximando mais,
percebi que o número de guardiões aumentava, todos indo também na
nossa mesma direção. Lembrei que Alberta havia dito que teria que
reforçar a segurança de academia por ter que quebrar uma das wards
e por deixar, deliberadamente, um strigoi entrar. Quando chegamos nos
grandes portões de ferro, vi que havia ali uns dez guardiões.
“A
ward já foi quebrada?” perguntei a Alberta.
“Já, ele vai
demorar?”
“Acho que não. Vou esperar ele do lado de fora
dos portões”
“Rose, espera” Alberta colocou uma mão no
meu ombro, tentando me impedir de ir “Eu não sei se é uma boa
idéia você ir lá sem a nossa proteção” Ela estava preocupada
só porque eu ia encontrar com Dimitri sozinha? Ela sabia que já o
tinha visto antes sem ninguém por perto.
“Está tudo bem, não
vai acontecer nada” Eu me afastei, passando pelos portões. Lá, eu
fiquei olhando para os lados, esperando ouvir qualquer barulho que
pudesse indicar que ele havia chegado. Depois de alguns minutos, eu o
vi. Ele estava andando na minha direção com seu cabelo amarrado na
nuca, parecia um pouco tenso, mas assim que me viu, apressou o passo
e pareceu relaxar. Um sorriso perfeito apareceu em seus lábios e eu
comecei a andar para me encontrar com ele.
“Rose” ele passou
a mão pelo meu cabelo e como se tivesse lembrado que não estávamos
sozinhos e que havia um monte de guardiões de olho na gente, ele se
afastou.
“Não, não precisa. Você não é mais meu
mentor”
“Não é isso Rose” Ele disse rindo “Mas estamos
tratando aqui de um assunto sério, e na frente dos outros temos que
ser discretos. As pessoas não vou gostar muito da idéia de você
estar com um strigoi. Eu posso ser perigoso”
“Não, você
não pode e não é, mas tudo bem” eu concordei a muito
contra-gosto, sabendo que ele estava certo. Nos viramos e fomos para
os portões da academia, ele manteve uma certa distância de mim,
então eu me aproximei dele, até nossos braços roçarem um no outro
enquanto andávamos. Ele me olhou de esguelha e sorriu, se divertindo
com a minha atitude.
Quando atravessamos os portões, paramos.
Alberta estava nos olhando, e deu um passo a frente.
“Dimitri”
ela disse, com uma expressão ilegível em sua face.
Capítulo
VIII
Dimitri deu um passo a frente, acenando em uma forma de cumprimento. “Alberta”
Era estranho pensar que Alberta ainda estava receosa por deixar Dimitri entrar na academia. Tudo bem que era mais estranho ainda que um strigoi pudesse se comportar dessa forma, mas ele já tinha dado provas que estava do nosso lado. Depois desse cumprimento se instalou um silêncio ao nosso redor, enquanto Alberta o analisava e ele se mantinha impassivel, disposto a não esconder nada e mostrar que realmente estava ali pelos motivos que tinha falado. Depois de um momento pareceu que ela chegou a conclusão de que ele estava falando realmente a verdade.
“Venha comigo” ela disse e começou a andar. Ela estava se comportando de uma forma dura, parecendo que não queria aparentar franquesas, apesar de eu saber que ela não estava se sentindo da melhor forma. Quer dizer, Dimitri sempre pareceu ser o guardião mais próximo a ela, sempre que eu o via acompanhado de alguém, era dela. É um choque saber que num momento você acha que perdeu alguém e no outro, apesar das aparências, você não o perdeu. E, diabos, eu posso dizer isso por experiência própria. Depois de andarmos um pouco seguidos apenas por mais um guardião, Alberta parou.
“Dimitri, eu realmente não sei o que dizer”
“Só quero que entenda que eu não sou um perigo para a escola”
“Não, não é isso que eu quero dizer. Eu me senti horrivel quando vi o que aconteceu a você. Meu impulso era voltar naquela caverna e matar aquele...” suas palavras se perderam. Sabia que ela não estava a vontade por colocar em palavras o que se passava em sua mente. Guardiões normalmente eram muito fechados, e quando estavam trabalhando, quase não conversavam, se mantinham sérios, e depois de tanto tempo adotando essa postura era dificil se comportar de outra forma. Ela estava parada, imovel, olhando para a frente sem realmente encarar nada.
“Não se preocupe comigo. Eu estou bem.” E deu um sorriso, mas era um sorriso diferente de quando ele estava comigo. Era estranho ver como ele agia tão formal com as outras pessoas e comigo ele se comportava tão a vontade. Ela sorriu de volta e começamos a andar, aquela atmosfera pesada que nos cercava sumindo completamente. Enquanto andávamos, ficamos um pouco afastados um do outro. Eu tinha que concordar com ele que era melhor que não demostrássemos nada na frente dos outros. Estávamos indo em direção ao prédio dos guardiões. Não havia ninguém a vista, provavelmente a maioria dos guardiões já estavam lá e os alunos estavam em suas aulas. Assim que nos aproximamos, pude ver o interior do prédio. Estava tão cheio de guardiões como nunca tinha visto antes, talvez uns setenta a oitenta guardiões, mas meus olhos ficaram presos em apenas um: minha mãe. Ela me olhava de forma tão profunda que eu não conseguia desviar o olhar, via sofrimento neles e ao mesmo tempo uma determinação já conhecida quando estava pronta para lutar. Ela se virou, quebrando o nosso contato e voltou a conversar com a guardiã que estava parada ao seu lado. Assim que nós entramos no prédio, foi como se todos prendessem a respiração. Nos olhavam, olhavam Dimitri. Todos estavam tensos com o que seria dito e decidido hoje, isso era aparente. Alberta deu um passo a frente.
“Bem, como eu já havia informado a vocês, Dimitri viria hoje aqui para nos informar o que o bando de strigoi está planejando. Ele está do nosso lado e, sem o aviso dele, não consigo imaginar o que poderia acontecer aos moroi” com essa fala, a tensão diminuiu um pouco, mas todos ainda nos olhavam. “Vamos começar, por favor, todos para dentro da sala” ela indicou uma sala que ficava mais aos fundos, fazendo me lembrar de um daqueles salões de conferencia, mas no centro havia uma grande mesa, na qual ela se posicionou na cabeceira fazendo sinal para Dimitri acompanhá-la e eu o segui.
“Quantos serão ao todo?” ela começou perguntando. Todos estavam parados ao redor da mesa, prestando atenção em cada palavra. Dimitri começou a falar, sua voz era firme como em todas as outras vezes que eu o havia visto discutindo sobre alguma tática.
“Será uma base de oitenta e cinco strigoi com mais a ajuda de dez humanos que serão usados para quebrar as wards. Eles farão isso um pouco antes do anoitecer, no crepúsculo, logo após a primeira ronda dos guadiões do turno da noite”
“Precisaremos usar algum moroi usuário do fogo?” perguntou uma guardiã que aparentava estar recém-formada.
“Não será necessário dessa vez. Estaremos em números iguais” disse Alberta.
“E como eles ficaram sabendo da troca que ocorre entre os guardiões?” perguntou um guardião que havia vindo especialmente por causa da invasão, obviamente desconfiando de Dimitri, como eu, sinceramente, achava que todos ali estavam. Dimitri arqueou uma sombrancelha entendendo muito bem a insinuação.
“Molly, a outra guardiã que se tornou um strigoi, informou-os que os guardiões assim que trocam de turno, fazem uma ronda e depois ficam em seus postos por um tempo até a próxima ronda”
“Então eles vão se aproveitar dessa brecha em que não há guardiões percorrendo o perímetro da academia?” perguntou minha mãe. Ela não parecia estar desconfiando de Dimitri, estava tratando aquilo tudo como trataria qualquer outra reunião em que se discutisse um método de defesa.
“Exatamente. Os strigoi vão entrar por vários lugares, não será concentrado em apenas um como da última vez. Não está demarcado ainda, vão decidir na hora, já que não sabem onde os guardiões estarão. Será nos lugares mais afastados que conseguirem”
“Mas você sabia onde estariam os guardiões. Porque não contou a eles?” perguntou o guardião que havia me dito na cafeteria onde eu poderia encontrar Alberta.
“Sabia” ele confirmou “mas, como já disse, é a vocês que estou ajudando, não a eles” depois dessa declaração seguiu um silêncio, mas que logo foi substituido por uma discussão de como eles fariam para proteger todos os moroi e poderem lutar sossegados contra os strigoi. Foi aí que eu comecei a sentir algo. Náusea. Meu primeiro pensamento foi de que os strigoi tinham entrado na academia, mas eu percebi que não era isso. Era por causa do strigoi que estava ao meu lado o tempo todo. Olhei para ele, em seus olhos, e reconheci algo que eu nunca tinha visto antes neles. Era agora frio. Não, não os olhos assassinos de um strigoi. Longe disso. Mas eu percebi que algo estava errado. Eu segui o seu olhar e vi que estavam focados em Kirova, a diretora, e uma moroi. Eu entendi o que estava acontecendo. Lógico. Ele era um strigoi, e strigois eram, tipo, obcecados por sangue moroi, ainda mais sendo ele um strigoi novo que tecnicamente não podia se controlar. Todos ao nosso redor estavam tão dispersos na discussão que nem perceberam o que se passava, e tenho que admitir, eu também não perceberia se não tivesse sentido a náusea. Então ele estava certo. A náusea funcionava mais como um aviso de que algo perigoso estava próximo. Ou melhor, algo morto perigoso estava próximo. Parei para pensar. Fazia total sentido, quer dizer, se tudo que fosse morto me desse náuseas, coitada de mim se entrasse num cemitério. Eu apertei a sua mão e ele me encarou. Assim que seus olhos encontraram os meus, sua expressão mudou como num passe de mágica, lá estava meu Dimitri de novo. O meu impulso era de pular em seus pescoço e dar um beijo daqueles, mas tive que me segurar.
“Vamos dar uma volta?” ele perguntou baixo, para apenas eu ouvir.
“Mas não vão precisar de você?”
“Não, eu já disse tudo o que precisava, daqui para frente eles conseguem se virar bem sem mim”
“Tudo bem então” e saímos da reunião.
Lá fora, no ar quente da noite, eu me dei conta de que antes quando andávamos juntos (nas poucas vezes que alguém nos via juntos) não pensavam nada demais a nosso respeito, mas agora que todos sabiam o que tinha acontecido entre nós, tenho certeza de que a coisa mudaria de figura, sem contar que a qualquer momento poderia aparecer vários alunos correndo para suas próximas aulas. Eu estava realmente pensando naquilo? Jessh, eu mudei! Desde quando eu me preocupava com o que as pessoas poderiam pensar e nas consequencias que poderiam ter os meus atos? Pois é, desde nunca.
“O que aconteceu com a parte do ‘estamos tratando aqui de um assunto sério, e na frente dos outros temos que ser discretos’?”
“Bem, se você quiser nós podemos simplesmente voltar para lá” Ele disse fazendo menção de dar meia-volta e ir para o prédio dos guardiões que já se afastava às nossas costas.
“Nãoo” eu disse, meio que gritando. Ele me olhou, curioso “Não... não quero você volte para lá, nem estou reclamando nem nada, mas só estava me perguntando aonde foi parar seu auto-controle e sobre aquela parada de ‘vou me manter afastado de você na frente dos outros’... a sua parte racional.”
“Ah sim, isso.”
“Sim, isso”
“Rose, me responda. Desde quando, quando estou perto de você, eu ajo com qualquer parte racional que possa haver em mim?”
“Eu...” Eu fiquei vermelha “bem, não sei. Desde quando você age com a parte racional quando está perto de mim?” Brilhantemente respondi a sua pergunta com a mesma pergunta. Algumas vezes me pergunto se meus neurônios não me abandonam momentaneamente.
“Simples, nunca ajo racionalmente quando estou contigo. Prova disso é até onde deixei que nosso relacionamento chegasse”
“E você se arrepende disso?”
“Como você pode perguntar uma coisa dessas? Olha para mim.” ele disse parando e se postando a minha frente, me olhando nos olhos “Já disse que te amo e que não consigo viver sem você, Rose.” E então acrescentou “Eu não ajo racionalmente quando estou contigo e nem quero agir” Nós continuamos a nos olhar por um momento. Eu sentia aquele impulso elétrico passando por nós, por nosso corpo e então ele virou e começou a andar calmamente. “Além do mais” ele continuou “eu não estava me sentindo muito bem lá dentro com a diretora Kirova, às vezes é dificil de resistir”
“Você está dizendo para mim que é dificil resistir à Kirova? Como tem coragem?”
“O que?” ele perguntou me olhando sem entender ao que eu estava me referindo.
“Você está dizendo para mim que a Kirova é tão gostosa que é dificil de resistir. Não sabia que você queria me trocar por ela.” Eu disse brincando e seus olhos brilharam quando ele entendeu a brincadeira.
“Isso não quer dizer que ela seja tão irresistivel quanto você. A diferença é: você eu não preciso resistir, eu posso simplesmente atacar.” E dizendo isso ele pulou em cima de mim tão rápido que eu não vi. Quando me dei conta estava imprensada contra seu corpo e o tronco de uma árvore. Já haviamos nos afastado bastante dos prédios e com todos os guardiões reunidos na reunião estávamos sozinhos.
“Hey, você não pode me atacar assim. Está pensando que eu sou o que?” Eu perguntei com um sorriso provocador em meus lábios.
“Você não tem idéia do poder que tem sobre os homens não é? Principalmente quando você está querendo provocá-los. Não tem como resistir” e então ele me beijou. Foi um beijo quente, suas mãos percorriam o meu corpo e eu segurava o seu cabelo firmemente entre meus dedos, seu rabo de cavalo já desfeito e seu cabelo caia ao lado do rosto. Deus, como alguém podia resistir a ele? Àquele cabelo marrom que mais parecia seda e ao seu cheiro que me derretia cada vez que o sentia? Eu não sabia. Então ele se afastou.
“Sério, Rose, você sabe sobre o que eu estou falando. Como você percebeu?”
“Eu senti uma náusea” Eu disse um pouco aturdida pela mudança de atitude. “e quando olhei para você percebi que estava olhando para Kirova”
Ele ficou quieto por um momento, eu deduzi que estava se lembrando de quando estava olhando para Kirova.
“Eu senti o cheiro do seu sangue. É dificil ignorar. O cheiro do sangue de dhampir é bom, mas o sangue moroi parece que nos chama, é algo estranho.”
“Eu não posso dizer que consigo imaginar, mas sei que você é forte, você consegue resistir”
“Não tenho tanta certeza” e depois de mais um momento em silêncio ele acrescentou “Eu preciso ir agora”
“Porque?” eu perguntei deixando transparecer o desespero que eu sentia com aquela idéia. Eu quase não tinha ficado com ele hoje!
“Eles podem começar a se perguntar onde eu estou”
“Amanhã, o que vai acontecer? Com você, eu digo”
“Eu virei aqui para a academia, serei o primeiro a entrar junto com James” Um raiva tão poderosa tomou conta de mim que eu seria capaz de esmurrar o primeiro que aparecesse na minha frente, desde que esse primeiro não fosse Dimitri, claro.
“Rose, se acalma, o que ele fez para mim não tem importância, você não deve pensar nisso. Está feito.”
“Não tem importância? Como não? Eu continuo tendo você do mesmo jeito, mas e se não o tivesse? E se ele tivesse tirado você de mim?”
“Rose, Rose, não pense no que poderia ter acontecido e sim no que aconteceu. Eu estou aqui com você, pense apenas nisso” disse, me dando um abraço que eu achei dificil resistir, era tão aconchegante, era como se eu pertencesse àquele lugarzinho desde sempre e poderia ficar ali parada junto a ele por toda a eternidade. “Mas agora eu preciso ir. Vejo você amanhã quando tudo isso tiver terminado”
“Tudo bem” eu disse com uma revolta reprimida parecendo mais uma garota mimada de quem um adulto muito mal tentava tirar o doce.
“Pára com isso” ele disse rindo, passando a mão pelo seu cabelo e me deu um rápido beijo, indo em direção aos portões da escola. Ele andava de uma forma tão sensual para um cara daquele tamanho que até hoje eu me perguntava como ele conseguia fazer aquilo.
Quando comecei a voltar para a escola, pensei em tudo o que havia acontecido comigo até aquele momento. Como eu tinha tido a necessidade de procurar por ele e como eu o havia encontrado naquela mansão. Claro! Uma lâmpada devia ter se acendido em cima da minha cabeça naquele momento. Como eu o havia encontrado naquela mansão. A bibliotecária que havia me ajudado a encontrar o endereço. Elena Medison. Ela era um Medison. Eu precisava achar Lissa.
Saí correndo, indo em direção a área comum. Sabia, pela nossa ligação, que era na cafeteria que Lissa estava. As aulas do primeiro turno já tinham acabado e ela estava lá comendo. Eu tinha que encontrar ela de qualquer forma (na verdade, eu tinha que encontrar o Christian, mas se eu achasse Lissa, achava ele. Simples), afinal tinha voltado para o trabalho de grupo, e eu só fui liberada dele para a reunião. Quando entrei na cafeteria, que estava lotada de alunos e com vários guardiões encostados nas paredes, o que mostrava que a reunião para eles já tinha acabado também, eu procurei por Lissa. Ela estava sentada numa mesa ao lado da mesa da realeza com Christian, Eddie e... Adrian. Eu não estava conseguindo raciocinar o suficiente para conseguir encarar uma conversa com ele, mas vamos lá! Eu não podia ficar fugindo, ainda mais que eu precisava falar algo tão importante para Liss. Eu segui em frente.
“Olá” eu tentei parecer normal, mas pela cara que fizeram, acho que não tive bom resultado.
“Uhn, eu preciso ir ver um...” Adrian começou a dizer.
“Não, espera!” eu disse. Não sei o que deu em mim, mas algo me dizia que era melhor falar o que eu tinha para falar com ele por perto. Ele ficou paralizado com o que eu disse. Com certeza esperava que eu apenas concordasse e ficasse aliviada por não ter que falar nada com ele depois daquele beijo. Os outros ficaram nos olhando, tentando entender o que aconteceu para nós agirmos tão estranhos. Mas apenas isso, tentando. “Eu preciso falar uma coisa que eu lembrei. É bom você estar por aqui”
“Tudo bem” ele disse ainda me encarando e voltando a se sentar.
“Liss, lembra que você disse que tinha achado outro usuário do espírito?”
“Lembro. Você disse que o nome era familiar”
“Sim, agora eu sei porque. Quando eu estava em Spokane, fui até uma biblioteca pesquisar algumas coisas sobre Lowston e lá eu encontrei uma bibliotecária moroi. Eu fiquei meio espantada quando percebi que ela era uma moroi e tinha algo estranho nela, eu não sei explicar bem, mas pode ser por ela ser uma usuária do espírito”
“Qual o nome dela?” Adrian perguntou.
“Elena Medison”
“Eu vou ver se consigo ir para lá procurá-la hoje mesmo. Tenho a impressão de que se eu não for agora, não vou conseguir ir depois” Ele se referia a chance provavel de que ninguém deixaria ele ir depois quando estivesse quase acontecendo a invasão. “E só devo voltar tarde amanhã” (o que quer dizer cedo para os humanos). Lissa estava tão feliz, era aquele tipo de felicidade que não dá para se descrever. Passava uma onda de euforia tão forte pela nossa ligação que era dificil não me deixar contagiar.
“Boa sorte” ela disse olhando para Adrian assim que ele se levantou. Seus olhos brilhavam. Ele acenou e continuou andando, indo para fora do prédio. Era bom saber que nisso tudo, depois de olhares reprovadores e uma reunião sobre uma invasão que aconteceria em menos de vinte e quatro horas pudesse ter alguém se sentindo tão feliz.
O tempo que se seguiu foi tranquilo, fui para a aula com Christian e lidei bem com os ataques que aconteceu. Com certeza uma nota dez. Eu estava ficando orgulhosa de mim mesma. Mais tarde, quando acabou as aulas, Adrian encontrou a gente e avisou que a diretora Kirova tinha liberado e que estava partindo naquele momento para Spokane. Nós nos despedimos, incrivelmente formais, e ele se foi. Era um alívio que ele ainda não tivesse cobrado a chance que eu prometi que daria, apesar de saber que se ele gostava de mim de verdade, ele iria cobrar. Quando fui dormir, já era bem tarde. Ficamos assistindo a um filme que prestei mais atenção porque tinha um cara muito gato. Pera lá, eu posso estar com Dimitri, mas olhar não mata ninguém. Quando Lissa e Christian começaram a se enroscar muito, decidi que estava na hora de me recolher e levantei murmurando qualquer coisa indo para o meu quarto. Tomei um rápido banho e me sentei na frente do espelho. Fiquei ali, escovando o meu cabelo por não sei quanto tempo. Minha vida tinha virado de cabeça para baixo tão rapidamente. Não que eu reclamasse, era bom ter um pouco de ação, principalmente sabendo que logo acabaria, mas era estranho pensar na quantidade de coisas que aconteceu. Algumas semanas atrás eu jamais poderia imaginar tudo isso. E nem conseguir imaginar o que ainda estava por vir.
Quando deitei, relaxei meu corpo e tentei não pensar em nada. Eu precisava estar descansada amanhã. Sabia que ninguém ia deixar eu lutar, mas queria estar preparada para tudo.
Eu estava num lugar que eu conhecia muito bem, era ali que era o meu refúgio, onde eu podia me encontrar com Christian e fazer a nossa própria comemoração por ter encontrado mais um usuário do espírito...
Christian?
Ow não! Logo entendi o que estava acontecendo. Sentia as mãos de Christian percorrer o corpo de Liss enquanto eles estavam no depósito na igreja. Ah cara, era tudo o que eu não precisava. Eu estava furiosa. O pior era que parte de mim gostava daquilo, era como se eu estivesse sendo beijada, sendo tocada. Droga, Rose! Sai daí, você não tem que presenciar isso. Eu emergi tanto em Lissa que, para todas as intenções e propósitos, isso estava acontecendo comigo. Os lábios dele não desgrudavam dos meus e as roupas começaram a sumir e aparecer jogadas numa pequena pilha do lado. Eu definitivamente tinha que sair dali. Aquele não era Dimitri, eu não queria ser beijada por Christian, eu não queria fazer sexo com Christian. Não mesmo. Com a lembraça do nome de Dimitri, eu voltei ao meu quarto. Me sentei na cama, meu coração disparado. Antes o que me acordava eram os pesadelos de Lissa e agora, bem, agora era a sua vida sexual. Eu aprendi a bloquear isso, mas só quando eu estava acordada. Quando eu estava dormindo e ainda relaxada, o negócio era outro. Tentei voltar a dormir, dessa vez demorando um pouco, já que eu não podia me deixar relaxar tanto e acabar vendo o que eu não queria.
Tinha colocado o despertador para despertar às 17:30h. Eu queria ter tempo de ir para o dormitório de Lissa, antes que os guardiões fechassem os prédios e não nos deixassem ir para mais lugar algum. Me arrumei depressa e saí correndo. Lá embaixo encontrei Yuri, já parado na porta não liberando mais a passagem de ninguém.
“Ah, qual é, por favor Yuri. Você sabe que eu não vou me meter em nenhum problema, eu só quero estar com Lissa” Pela cara dele, eu pude ver que ele não tinha tanta certeza assim que eu não iria me meter em problemas, para falar a verdade, nem eu. Então tentei mandar a minha melhor cara de garota carente. Acho que isso foi um ponto.
“Tudo bem, mas vá rápido e não pare para nada, apenas vá até o dormitório moroi”
“Pode deixar, palavra de escoteiro” eu disse levantando a mão. Que brega! Mas parece que ele ficou satisfeito com a minha promessa. Saí correndo, e vi que já era o crepúsculo. Naquela hora, provavelmente os humanos estariam quebrando as wards, facilitando a entrada daqueles monstros na academia. Ahn, bem, quase todos monstros.
Quando cheguei no prédio, vi que a guardiã que tinha perguntado durante a reunião se os usuários do fogo seriam necessários estava parada na porta.
“Oi, Rose. O que você está fazendo aí fora? Os alunos não podem sair de seus dormitórios.” Ela disse me dando passagem para entrar.
“Yeah, eu sei, mas já que eu não vou poder estar lá fora com vocês” eu fiz um gesto indicando os jardins da academia onde daqui a pouco seria o palco de uma luta “eu prefiro estar aqui com Lissa” ela acenou e indicou as escadas para eu subir e ir para o quarto de Liss.
“Rose, espera” ela me chamou de volta. “Fique com isso. Você pode precisar” disse me entregando uma estaca de prata. Eu fiquei apenas olhando por um tempo e quando cheguei a conclusão de que ela não estava brincando, eu peguei.
“Obrigada” ela acenou de novo, indicando que eu poderia ir agora. Eu havia perdido a minha quando quebrei a ward para Dimitri entrar. Era como se as mágicas se anulassem, então ela passava a ser apenas mais uma peça de prata. Eu me sentia segura sabendo que se acontecesse alguma coisa de errado eu poderia entrar em ação. Havia muitos guardiões no prédio, obviamente eles queriam garantir que nenhum strigoi engraçadinho ia entrar ali. Chegando no quarto encontrei Lissa, Christian e Eddie juntos para variar. Quando olhei para Christian e Lissa me lembrei da minha pequena intromissão na noite passada, me sentindo um pouco mal. Eu disse um pouco. Afinal de contas, de quem seria o maior trauma? De Lissa que apenas ficou sabendo que eu tinha visto o que ela estava fazendo, ou meu, que tinha visto o que ela estava fazendo?
“Oi pessoal” eu disse logo me aconchegando confortavelmente na cama de Lissa para esperar tudo acontecer e depois vivermos felizes para sempre. Depois de todo esse tempo eu ainda tinha a ilusão de que quando eu resolvesse um problema não ia aparecer outro? Mas de qualquer forma, a esperança é a última que morre, não é mesmo? Enquanto isso, deixa eu ser feliz com a minha doce e vã ilusão.
“Aí está a pessoa que eu queria ver” Christian disse olhando para mim.
“O que?”
“Você pode me explicar o que significa tudo isso? Lissa não quer me dizer de jeito nenhum” ele disse e agora olhando melhor os dois e esquecendo da noite passada eu pude ver que estavam no meio de uma discussão.
“Tudo bem, Liss, pode contar. Agora não precisa mais esconder”
“Ok, é só que Rose na verdade encontrou Dimitri e ele vem passando algumas informações para os guardiões de uma invasão que os strigoi estavam planejando.”
“E que vai acontecer hoje” Christian disse afirmando, não era uma pergunta, mas assim mesmo eu respondi.
”Sim, eu o encontrei e ele meio que é diferente dos outros strigoi. O que eu quero dizer, é que ele não é nenhum carinha do mal. Ele está do nosso lado.” Então quando olhei novamente para Christian vi que tinha uma expressão estranha no seu rosto, era como se estivesse sentindo uma dor interior tão forte, uma batalha para conseguir organizar seus pensamentos. Aí eu entendi. Deveria estar pensando em seus pais, como eles tinham virado strigoi e como os guardiões os tinham matado e agora Dimitri vira um strigoi e ao contrário de ser morto, recebe confiança. Acho que ele entendeu que o que fez seus pais serem mortos não era o fato deles serem strigoi, era a decisão que eles haviam tomado. Eles tinham escolhido agir do lado errado.
“Christian, está tudo bem?” eu perguntei. Ele pareceu chegar a alguma conclusão interna e me olhou.
“Claro. Então era isso que você vinha escondendo de mim?” ele se virou para Lissa.
“Você percebeu?” Lissa perguntou espantada que Christian tivesse notado que ela estava escondendo algo.
“Percebi, mas não posso saber tudo. Achei que quando chegasse a hora você iria me contar”
“Desculpa, eu não podia.”
“Eu entendo”
“Então neste exato momento há strigoi na academia?” Eddie perguntou, falando pela primeira vez.
“Não, acho que ainda não. Eles devem esperar estar um pouco mais escuro, mas sei que não deve demorar muito mais. De qualquer forma, estamos seguros.” Eu disse com convicção.
“Mas espera” Christian disse depois de ter desgrudado de Liss “Você disse que encontrou com Dimitri, certo?”
“Sim”
“Como? Onde?”
“Uhn, é uma longa história. Eu o encontrei numa mansão em Lowston. Mas acabei descobrindo que ele ainda era ele mesmo e desde então ele vem nos ajudando”
“E como você descobriu que era ainda ele mesmo?” Ele perguntou levantando uma sobrancelha com um sorriso sarcástico.
“Acho que você consegue imaginar” Eu disse rindo e dando uma piscada de olho.
“Vocês estão juntos?” eu sinceramente não sabia o que responder. Eu não tinha contado para Lissa que estava me encontrando com ele. Ela só sabia que nos amávamos, mas não das nossas escapadas. Não poderia admitir isso agora.
“Acho que sim” eu disse, tentando ser o mais evasiva possível.
Ficamos ali sentado na cama em silêncio às vezes, outras vezes falando sobre coisas sem importância enquando comiamos Doritos. O tempo passou sem que nós percebessemos, mas fomos trazidos a realidade por um terrivel grito daqueles de gelar a alma e que ficou ecoando em nossos ouvidos por algum tempo.
“Eles chegaram.”
Capítulo
IX
Não era realmente necessário Eddie explicar a quem ele se referia quando disse ‘eles’. Nós ficamos paralizados por um tempo, como se tivéssemos sidos enfeitiçados. Num impulso eu me levantei da cama e fui até a janela. Não dava para ver o que estava acontecendo lá fora muito bem, por causa da proteção que havia contra o sol, ainda mais que estava completamente escuro agora, com a iluminação vindo apenas dos postes de luz que haviam espalhados por ali. Mas eu podia ver sombras, muitas sombras se movendo. Cada vez surgia mais, todas se mexendo tão rapidamente que eram apenas borrões. Parecia que chovia guardiões, que iam aparecendo de todos os lados. Mas também parecia que chovia strigoi. Era um grande número, infelizmente. Mas eu sabia que dariamos conta. Logo Lissa, Eddie e Christian se juntaram a mim. Já havia vários corpos espalhados pelo chão e o som de luta enchia o ambiente. Eu ouvia gritos e mais gritos de dor. Era uma confusão generalizada lá embaixo e eu fiquei pensando no que eu não daria para estar lá. Urgh! Como eu queria estar lá! Fiquei me perguntando aonde estaria Dimitri, mas meus pensamentos foram interrompidos quando eu me fixei na janela de novo. Havia um par de olhos vermelhos me encarando com um sorriso de escárnio no boca.
Eu gelei tomada pela náusea.
Fiquei encarando ele, enquanto ele parecia se divertir com a minha incrivel reação. Ou a falta dela. Mas eu consegui despertar do transe que a visão daqueles olhos vermelhos me causou e agir rápido. Me afastei rapidamente da janela levando Lissa e Christian comigo indo em direção a porta. Enquanto isso ele quebrava a janela e cacos de vidro voavam pelo ar. Alguns me atingiram, mas eu não parei para me preocupar com isso.
“Eddie, rápido. Fique com eles” Eddie imediatamente obedeceu. Ele estava sem uma estaca e sabia que se ficasse ali seria completamente inútil. Eu abri a porta e empurrei eles para fora fechando-a logo que eles passaram. Minha respiração estava pesada. Quando me virei, aquele par de olhos vermelhos que antes me fitavam através do vidro estavam ali me encarando a alguns centímetros de distância. James. Eu tentei me afastar, mas bati de encontro a porta. Não tinha para onde ir.
“Você realmente acha que vai conseguir salvá-los?” ele me perguntou. “Você sabe, eu disse que voltaria por você e pela princesa. Aqui estou eu. Eu sou um homem de palavra” eu tive o impulso de dizer aonde ele poderia enfiar aquelas palavras, mas achei melhor ficar quieta. “Eu só preciso acabar com você antes de ir atrás dela, com certeza você será mais divertida, apesar de eu saber que ela será muito mais saborosa. Oh, mas não precisa ficar com ciúmes” Ok, se ele queria me ver furiosa, ele conseguiu, na verdade, ele conseguiu mais do que isso.
“Não toque nela” eu disse numa baixa voz perigosa. Ele riu, uma risada fria.
“E quem vai me impedir? Você?”
“Porque não?” Então ataquei, mas quando fui para cima dele ele já não estava lá. Achei que ele havia se movido para fugir do meu golpe, mas quando olhei ao meu redor, vi que ele estava lutando. Dimitri. Era uma luta tão rápida que eu não via os movimentos. Via apenas corpos. Num momento eles estavam no chão e logo em seguida vi que ele empurrava Dimitri contra a parede. James gritava. Eu não conseguia entender o que. Era tão rápido que eu só pegava algumas palavras.
“Traição”. ”Amor”. ”Nada”. Então eles já estavam no chão de novo. Dessa vez Dimitri estava sobre ele, o mantendo preso, e com um rugido eu vi suas presas. Ele ia atacar James. Pelos seus olhos, vi que ele estava disposto a arrancar a sua cabeça ali mesmo. Num impulso eu tirei minha estaca e cravei em seu peito. Eu não sabia como eu estava me sentindo. Havia uma nuvem no meu cérebro. De repente tudo parecia tão confuso. Eu fique ali paralizada vendo aqueles olhos vermelhos que um dia eu tinha jurado que veria perder o brilho, ficarem vítreos. Vendo o que o mantinha andando deixando aquele corpo. Minha mão ainda estava agarrada na estaca, o nó dos meus dedos branco. Eu sentia uma escuridão me tomando, mas eu não queria ir. Eu queria saber se Dimitri estava bem. Dimitri. Ele estava ali tão próximo de mim e ao mesmo tempo tão longe. Eu senti meu corpo amolencendo. Eu estava caindo num lago de escuridão. Somente escuridão.
“Dimitri” eu chamei, mas acho que minha voz era só um pequeno sussurrar.
“Eu estou aqui minha Roza. Está tudo bem.” Está tudo bem? Não, não estava nada bem. Eu não queria ficar longe dele. Senti suas mãos me enlaçando e senti meu corpo pressionado contra o seu peito forte. “Pode dormir”
“Eu não quero” eu disse muito baixo “Ele... ele disse que mataria Liss”
“Ele está morto meu amor, apenas descanse. Eu vou cuidar de você” eu ouvi a porta se abrindo em algum lugar e então gritos assustados, mas com essa promessa eu me deixei levar pela escuridão.
Algum tempo mais tarde eu acordei. Estava num lugar familiar. A enfermaria. Era mais familiar do que o ministério da saúde recomendaria que fosse, na verdade, era mais familiar do que eu gostaria que fosse. Dra. Olendzki estava olhando para mim.
“Olá Rose” ela disse. Ela era uma moroi de meia idade e frequentemente brincava que eu era sua paciente número um. “Como está se sentindo?”
“Eu... eu não sei” eu consegui dizer. Os detalhes do que tinha acontecido voltaram. Os olhos vermelhos. Dimitri lutando. Eu cravando a estaca em seu peito e me sentindo tão repentinamente fraca. Então eu olhei além dela e vi Dimitri. Dimitri como sempre era um bálsamo para mim. Ele estava com um olhar tão cheio de ternura e preocupação. Uma parte de mim gostava de saber que ele se importava tanto comigo, mas outra parte queria mostrar que eu estava bem, que eu era forte e que ele poderia ficar tranquilo. “Eu estou bem” eu disse por final. Dra. Olendzki aceitou a minha resposta e se virou, entrando em sua sala.
Ele se aproximou e tocou na minha mão.
“Rose...”
“O que aconteceu?” eu o interrompi.
“Não pense nisso agora, apenas descanse, logo você ficará sabendo”
“Dimitri, por favor” Com um suspiro ele resolveu me relatar o que tinha acontecido.
“Dois guardiões foram mortos, nenhum moroi ferido e conseguiram matar todos os strigoi”
“Que horas são?”
“Cinco horas. Você dormiu por apenas algumas horas”
“Eu preciso sair daqui, ver como Lissa está”
“Ela está bem, graças a você. Você agiu muito rápido essa noite, devo dizer”
“Mas eu não lutei, eu nem...”
“Rose, se o seu primeiro impulso não fosse tirar eles do quarto, tenho certeza que nada impediria James de conseguir pegá-los” Um frio percorreu meu corpo, me fazendo arrepiar, mas quando olhei nos seus olhos e vi aquele olhar de aprovação, eu sorri. Ele era tão maravilhoso.
Dra. Olendzki voltou interrompendo o nosso momento. Ele se afastou um pouco da minha cama.
“Belikov, por favor, preciso que você saia agora. Rose deve descansar”
“Tudo bem” e me dando um último sorriso, ele foi.
“Eu não preciso descansar. Ele poderia ficar muito bem aqui, não ia atrapalhar em nada”
“Rose, você desmaiou e tem alguns cortes do braço. É lógico que precisa descansar”
“Cortes?” então eu me lembrei de quando James quebrou a janela e tinha sentido alguns dos cacos de vidro me acertarem.
“Não é nada demais, pode ficar tranquila, são apenas alguns arranhões superciais” ela suspirou aliviada achando que a mudança de assunto tinha me feito esquecer sobre o meu descanso.
“Ok” mas eu não ia desistir facilmente do assunto ”Mas ele não me incomada em nada, é serio...”
“Rose. Descanso.”
“Por favor”
“Vamos ver como você fica na próxima hora. Se estiver se sentindo realmente bem, eu te libero”
“Obrigada” então eu dei o meu melhor sorriso , mostrando que se ela quisesse me liberar naquela hora, para mim estava ok.
Eu fiquei deitada ali, olhando o teto, sem pensar realmente em nada específico, enquanto entrava um ou outro guardião para tratar de algum ferimento. Depois do que pareceu muito tempo, Lissa apareceu. Pela nossa ligação passava uma alegria tão grande, mas ao mesmo tempo ela estava tentando esconder alguma coisa de mim, eu podia sentir.
“Rose, como você está?”
“Bem” eu sorri “O que aconteceu?”
“Você já vai ficar sabendo. Eu tive tanto medo quando entrei no quarto e vi aquele strigoi morto e você desmaiada nos braços do Dimitri”
“Wow, essa deve ter sido uma cena daquelas de filme mesmo, né? Mas o que aconteceu?” eu tornei a perguntar. Será que ninguém queria me contar as coisas hoje? Não é possível que todos achassem que eu fosse tão fraca para não aguentar as notícias.
“Adrian. Ele voltou, acabou de chegar”
“E conseguiu encontrar e bibliotecária? Elena?”
“Sim”
“Então, ela é quem vocês estavam procurando?”
“Sim e não” eu senti que era sobre isso o segredo que ela estava guardando “Você vai ver. A Dra. Olendzki vai te liberar. Já volto” Lissa saiu e entrou na sala onde a Dra. Olendzki estava. Depois de algum tempo lá, ela voltou toda sorridente seguida por uma Dra. Olendzki um pouco confusa. Compulsão, eu percebi. Lancei um olhar a Lissa de reprovação e ela simplesmente levantou os ombros como se aquilo fosse uma justificativa.
Quando já estávamos passando pela porta da enfermaria, Lissa sussurrou.
“Vai valer a pena, você vai ver”
“Espero” eu disse tentando soar reprovadora, mas ela apenas riu.
Ela estava me levando em direção ao centro da área comum. Eu percebi que não havia corpos nos arredores dos prédios.
“Onde estão os corpos?”
“Eles limparam enquanto você estava na enfermaria” Eu realmente fiquei agradecida, porque tudo o que eu não queria ver agora eram corpos espalhados pela grama. Só de pensar eu sentia um enjôo.
Mais a frente eu vi Adrian parado ao lado de Elena. Quando olhei para ela, senti meu olhar ficar preso no seu, como aconteceu quando estávamos na biblioteca. Então, mais uma vez, foi ela quem quebrou o contato. Assim que nos aproximamos, Adrian me cumprimentou.
“Pequena dhampir”
“Adrian” eu disse e depois me dirigindo a Elena “Olá”
“Rose,
nós temos algumas coisas para te explicar” Lissa começou e então
Adrian continuou.
”Elena não é uma usuária do espírito
como imaginávamos”
“Então, porque...” eu comecei a perguntar e Adrian me interrompeu.
“Mas ela de certa forma era quem estávamos procurando, ou pelo menos, quem você estava”
“Eu ainda não estou entendendo”
“Ela é uma Shadow kissed, Rose, assim como você” Lissa disse.
“Mas então aquele trecho do livro que você tinha me falado de trazer o que é morto a vida, ou sei lá o que, não era sobre ela”
“Na verdade, era” Elena falou pela primeira vez “Eu pensei que você soubesse que eu era uma Shadow kissed quando me encontrou, nós sentimos algo diferente quando nos encontramos com um”
“Eu... eu nunca tinha me encontrado com nenhum antes, não sabia que sentiamos algo diferente, mas como pode ser sobre você o que dizia no livro?”
“Nós, como Shadow kissed, temos ligação com o outro lado, com o mundo dos mortos. Podemos ver fantasmas e podemos devolver a vida para os mortos-vivos” Eu achei que fosse desmaiar de novo.
“O que?” eu quase gritei “O que exatamente você quer dizer com isso? Com... com devolver a vida?”
“Podemos trazer de volta os mortos-vivos. Nosso sangue é como se fosse uma porta para o mundo dos mortos e quem o bebe, tem sua alma resgatada de lá. Volta a ser quem era”
“Não! Como? Como pode? Deus, eu não acredito! Dimitri, onde está Dimitri?” Eu ia sair correndo como uma louca e já ia xingar quando Lissa colocou a mão no meu braço me segurando.
“Rose, espera”
“Porque?
O que eu tenho para esperar?”
”Nós sabemos onde Dimitri
está. Ele foi para o seu antigo quarto” Então eu saí desabalada
indo para o dormitório dos guardiões. As pessoas ao meu redor me
olhavam, mas eu não estava prestando atenção nelas, eu queria
apenas chegar onde Dimitri estava. Deus, Dimitri poderia voltar a ser
um dhampir. E eu era a solução do problema o tempo todo e não
sabia.
Assim que cheguei no quarto, entrei direto, sem nem bater na porta. Quando olhei, Dimitri estava saindo do banheiro, com apenas uma toalha enrolada na cintura e seu cabelo molhado caiam sobre os ombros. Eu definitivamente devia ter batido na porta. Mas parece que ele não se importou, ele apenas ficou me olhando enquanto o cheiro dele me pegava de jeito. Nossa, que cheiro.
“Hey” eu disse meio sem graça, me esquecendo momentaneamente o motivo que me trouxe ali. Incrivel como ele conseguia apagar os meus pensamentos só por estar daquele jeito.
“Espera, eu vou colocar uma roupa” ele disse rindo. Então entrou no banheiro e voltou com apenas uma calça. Isso ainda não estava ajudando. Não que eu me importasse. “Você está melhor?”
“Estou”
“Aconteceu alguma coisa?” Ele perguntou tentando entender o motivo que me levou ali.
“Eu sei de um jeito que vai trazer você de volta” eu disse numa única respiração.
“O que você quer dizer com isso, Rose?”
“Você pode voltar a ser um dhampir!”
“Como? Do que você está falando?”
“Eu descobri que se um strigoi beber o sangue de uma Shadow kissed, ele volta a ser o que era antes. Uma Shadow kissed tem ligação com o mundo dos mortos e o sangue funciona como uma porta para a alma de quem bebe sair de lá.”
“Rose, não brinque com coisa séria. Você está dizendo que se eu te morder, eu vou voltar a ser um dhampir?” ele perguntou incrédulo.
“Exatamente. Vamos Dimitri” Eu disse prendendo o meu cabelo num coque.
“Não Rose, eu não posso”
“Sim, você pode e você vai. Você sabe que Lissa se alimentava de mim. Você nos viu quando nos encontrou”
“Rose, eu...”
“Dimitri”
“Você tem certeza disso?”
“Tenho”
Então ele pareceu se convencer e se aproximou de mim. Meu coração começou a bater tão violentamente que eu seria capaz de dizer que ele estava ouvindo. O que ele confirmou quando disse “Se acalme, eu não vou te machucar” Então ele me levou para a sua cama.
“Eu sei que não” eu disse deixando transparecer na minha voz a confiança que eu tinha nele. Mas quando ele se aproximou de mim, ele não foi em direção ao meu pescoço, ele foi em direção a minha boca e me beijou. Me beijou como tinha beijado quando estávamos na cabana. Aquele beijo que levaria facilmente a muitas outras coisas. Principalmente estando trancada e sozinha no quarto dele. Mas então sua boca deixou a minha e foi descendo, em direção ao meu pescoço e tão rapidamente que eu quase não senti, ele me mordeu.
Naquele momento eu quis que ele nunca parasse. Não era nada parecido com qualquer coisa que eu já tivesse experimentado antes. As químicas em sua saliva provocaram uma alta de endorfina em mim e então um maravilhoso e excelente prazer se espalhou pelo meu corpo. Era melhor do que sexo. Era um cobertor do mais absoluto, puro prazer, que me envolvia e prometia que tudo ficaria bem no mundo. E assim foi, continuamente. Eu perdi a noção do mundo, perdi a noção de quem eu era. Felicidade se apoderando de mim. Deslumbramento. Alegria. Era como estar em um sonho. O que eu sentia quando Lissa me mordia não era nada próximo ao que Dimitri estava me provocando. Eu me agarrei a ele, querendo que aquele momento durasse para sempre, meu corpo pedia que eu tocasse o dele e eu não ousava desobedecer uma ordem tão direta. Eu passava minha mão pelo seu corpo e sentia cada parte dele, a tensão em seus músculos, tudo. E então acabou. Não sabia o quanto ele tinha bebido de mim, ou quanto tempo ficamos ali, mas me senti repentinamente fraca, a escuridão querendo me tomar de novo, mas dessa vez era algo diferente, era como um caminho que eu devia seguir. Então me deixei levar por ela.
Eu estava num lugar totalmente tomado pela escuridão. Não conseguia ver nada ao meu redor, sentia apenas uma enregelante névoa tocar as minhas pernas. Quando olhei para cima, vi apenas alguns pontos brilhantes de luz espalhados, mas a escuridão que me cercava era tão densa, que não conseguiam iluminar nada. Eu dei alguns passos a frente e então esbarrei em algo. Era disforme, negro também, mas de alguma forma contrastava com o negrume que o cercava e assim que eu o toquei, senti um puxão na região da minha barriga, era como se um gancho tivesse agarrado ali e me puxado para trás e tão repentinamente quando eu tinha chegado lá, eu saí. Estava de volta ao quarto de Dimitri, não sabia o que tinha acontecido exatamente, e achei que nunca descobriria, mas esse pensamento se perdeu quando eu olhei para ele. Seus olhos eram marrons. Digo marrons mesmo, sem o círculo vermelho que antes havia ali e suas presas já não estavam mais lá. Senti seu coração voltar a bater e vi a cor voltar ao seu rosto. Com um grito de alegria, eu pulei em cima dele, percebendo que a fraqueza que eu tinha sentido a algum tempo atrás e que eu sentia sempre que Lissa bebia o meu sangue tinha desaparecido e desconfiei que tinha alguma coisa a ver com aquela estranha escuridão. Mas agora, de verdade, isso importava? Eu achava que não.
”Rose... Rose” ele murmurava enquanto me beijava apaixonadamente.
“Obrigado” ele disse descolando nossos lábios um pouco, com nossas testas ainda encostadas uma na outra “Eu não sei como agradecer o que você fez por mim” Com essa deixa, eu não poderia perder tempo.
“Eu consigo pensar num bom jeito” ele riu e voltou a me beijar. Eu podia sentir o quanto ele me queria, e eu arqueava o meu corpo contra o dele, me entregando, mas então com um esforço evidente ele se afastou um pouco.
“Nós não podemos aqui. Você sabe. Vamos. Eu...” e então parou como se estivesse tentando pensar numa desculpa “Eu preciso falar com Alberta e explicar o que aconteceu. Quero você esteja comigo” Ele olhou para mim e percebeu o quanto eu estava sentida. “Meu amor” Quando ele me chamou foi algo tão forte o que passou pelo meu corpo que eu senti a minha espinha gelar e o meu corpo se arrepiar “Você sabe que nós não podemos aqui. Eu... Deus, como eu quero você, mas não posso. Agora eu preciso falar com Alberta para conseguir voltar a ser guardião da escola, para ficar perto de você, Rose.”
“Tudo bem, eu entendo, mas realmente não consigo entender a pressa de ir falar com Alberta, podiamos ficar, ninguém ia perceber mesmo” eu fiz questão de registrar a minha queixa.
“Venha, vamos. Se eu ficar mais um minuto aqui sozinho com você eu não vou aguentar” Eu sorri para ele, provocando, mas ele riu e colocando uma camisa, nós saímos juntos.
Capítulo
X
Nós andamos um do lado do outro, sem nos tocar. Enquanto passávamos pelos corredores, todos paravam para nos olhar. Estavam chocados por ter acontecido uma invasão, mas mais chocados ainda por ver Dimitri andando ao meu lado. Inteiro. Normal. Com aquele seu jeito que todos respeitavam e que lhe dava a fama de um deus. Por onde passamos todos nos olharam, acontecendo até um acidente quando um garoto parou de repente para nos olhar e o grupo que estava atrás continuou andando, se chocando contra ele. As pessoas sussurravam coisas das quais algumas eu consegui ouvir.
“É a Rose com o Belikov?”
“Oh meu Deus, é o Dimitri?”
“Ele não era um strigoi?”
“Como Belikov está aqui? Rose não tinha dito que não o encontrou?”
“Estava acontecendo mais coisas do que estavam nos contando”
“Então é verdade mesmo que eles tinham um caso?”
Mas não era necessário realmente ouvir para adivinhar do que se tratava. Depois de um tempo andando Dimitri me perguntou.
“Você tem aguentado isso todos esses dias?”
“Uhn, mais ou menos, mas não é nada demais, eu já me acostumei”
“Nós vamos dar um jeito nisso depois” ele disse e então continuou sem me dar mais detalhes de como ele pretendia dar esse jeito. Mas lógico que foi o suficiente para minha imaginação funcionar. Logo lembrei do modo como ele tinha tratado Jesse quando nos encontrou num quarto sozinhos. Naquele dia ele parecia um deus, sabia que ninguém pensaria em desobedecer qualquer coisa que ele dissesse; bem que ele poderia usar o mesmo método.
Quando encontramos com Alberta, percebi que ela estava indo para o prédio onde ficava o dormitório dos guardiões da onde nós tínhamos acabado de vir, provavelmente indo dormir. Pensando nisso, percebi que nunca teve um único dia no qual eu a procurei e me disseram que ela estava dormindo. Ela definitivamente trabalhava como ninguém.
Assim que ela nos viu, parou de repente encarando Dimitri como se fosse a primeira vez que o via.
“O que aconteceu? Onde...?”
“Voltei ao normal graças a Rose”
“Como? O que você quer dizer com normal?”
“Sou um dhampir novamente. E é sobre isso que eu vim falar com você” ele sutilmente não respondeu a sua primeira pergunta. Eu sabia que ele fez isso para não me deixar mal, quer dizer, afinal de contas, ele bebeu meu sangue. Não que eu me importasse, porque eu sabia que uma hora ou outra teriamos que falar como aconteceu. Mas fiquei aliviada de saber que não seria agora. “Queria saber se posso voltar a ser um guardião da academia”
“Dimitri, é claro! Bem-vindo de volta” Ela disse sorrindo e balançou a cabeça o cumprimentando. “Bem, e quanto a vocês, quero um longe do outro enquanto estiverem aqui”
“Não se preocupe com isso.” Ele disse sério “Nós vamos nos manter afastados enquanto estivermos aqui” Sabia que Dimitri estava falando por ele, porque se dependesse de mim, a coisa não ia ser exatamente assim como ele estava prometendo, apesar de uma parte de mim saber que ele estava certo. Não é como se faltasse uma eternidade até nós podermos estar juntos. A minha formatura seria daqui a um mês, e então poderiamos dar um jeito na nossa vida.
“Tudo bem então. Seus horários vão continuar os mesmo. Descanse agora e comece a partir de hoje a noite” Dimitri acenou e Alberta continuou seu caminho até o prédio.
“Eu preciso ir agora. Preciso falar com Lissa e agradecer a Adrian.
Tchau camarada” eu disse sorrindo, e dando uma piscada de olho me virei e fui andando para o quarto de Christian. Sabia que Lissa estaria lá e fiquei me perguntando se Elena já teria ido embora. Eu saí feito uma louca mais cedo e nem ao menos agradeci pelo que tinham feito. Eu posso ser um pouco esquentada às vezes, mas não sou sem educação.
Ainda não conseguia entender porque o Adrian tinha feito aquilo, quer dizer, ele sabia que se Dimitri voltasse ao normal eu jamais ficaria com ele, na verdade, se Dimitri continuasse o mesmo, eu já não ficaria com ele. Talvez ele tivesse entendido isso e queria apenas ajudar. Não achava que Adrian, por mais egoísta que fosse, ia querer também condenar alguém a viver como um strigoi se pudesse voltar a ser quem era antes.
Olhei para o céu e vi que o dia tinha clareado completamente. O céu estava lindo, não havia uma única nuvem sequer naquela imensidão azul. O sol queimava minha pele e me fazia suar. Quem disse que era fácil o verão em Montana? Assim que entrei no dormitório moroi senti um alívio. Ali estava tão maravilhosamente fresco. Corri até o quarto de Christian e dando uma batidinha na porta, entrei. Estava apenas Lissa e Christian, sem Eddie.
“Onde está Eddie?”
“Dia de folga. Hoje é domingo. O que você está fazendo aqui?” Christian perguntou. Eu andava com tanta coisa na cabeça que nem tinha me dado conta de que hoje já era domingo e meu dia de folga também.
“Dimitri voltou ao normal” eu disse tentando conter minha felicidade, mas era praticamente impossivel.
“Rose, não acredito! Como você está se sentindo?” Sabia que ela estava se referindo não só ao fato de tê-lo de volta como dhampir, mas também à perda de sangue.
“Ótima. Ele falou com Alberta e agora ele é guardião de novo”
“Fico contente de ter o meu guardião de volta também” eu apenas sorri, sabia que Dimitri não seria guardião de Lissa quando ela saisse da escola, era errado e perigoso já que tínhamos decidido que ficaríamos juntos depois da minha formatura, e como ele mesmo tinha dito, se aparecesse um strigoi nós estaríamos preocupados em defender um ao outro e meio que deixariamos Lissa de lado, o que não era bom.
“Onde está Adrian? Elena já foi?” eu perguntei mudando de assunto.
“Já. Adrian foi acompanhá-la até o avião, depois ele vai encontrar com a gente na cafeteria antes da missa”
“Eu queria agradecer a ele por ter trazido Elena. Eu vou para o meu quarto, preciso tomar um banho. Daqui a pouco encontro vocês lá também.”
“Ok”
O cansaço estava me tomando por completo agora e lembrando dos acontecimentos das últimas vinte quatro horas não era para menos. Eu fui andando devagar até o meu quarto. Aconteceu muita coisa para absorver em tão pouco tempo. O strigoi que ultimamente vinha tirando minhas noites de sono e que tinha ameaçado Lissa estava morto; a invasão já tinha acontecido e acabou tudo bem, mesmo que ainda perdendo dois guardiões; Dimitri tinha voltado ao normal e daqui a algumas semanas seria a minha formatura e poderíamos ficar juntos. Tudo estava indo tão bem, mas eu sabia que tinha que falar com Adrian, devia uma explicação a ele e também precisava agradecer. Quando cheguei no meu quarto estava pensando no quão incrivelmente bom seria tomar um banho, depois fazer um lanche e ir dormir. Não fazia idéia de quanto tempo tinha gasto até chegar ali, na verdade, não tinha nem prestado atenção por onde andava, daquele tipo que se alguém te gritasse você não iria saber. Mas fui despertada quando notei que a porta do meu quarto estava encostada apenas. Alguém tinha entrado ali. Talvez já tivesse ido embora, mas talvez estivesse ali ainda. Me perguntando quem poderia ser, abri a porta devagar, olhando lá dentro, procurando por qualquer coisa estranha e encontrei. Minha mãe estava lá me esperando sentada na cama. Desde o dia da reunião eu ainda não a tinha visto na academia.
“Fiquei sabendo o que aconteceu na invasão, parabéns” ela disse naquele seu tom de ‘aliás’.
“Obrigada, mas o que você está fazendo aqui?” eu perguntei. A minha intensão não era ser grossa nem nada disso, eu só estava muito cansada e curiosa para saber o que ela queria falar comigo. Mas pela sua expressão eu acho que fui grossa.
“Fico feliz que Belikov tenha voltado ao normal”
“Você já sabe então”
“Sei. Acabei de encontrar com ele e tive uma conversa” Ah, não! Isso agora não. Era tudo o que eu não precisava.
“Que tipo de conversa?” eu perguntei, mas já sabendo exatamente que tipo de conversa ela tinha tido. E então me lembrei do que eu e Dimitri tínhamos falado antes de ir para as cavernas e minha vida virar de cabeça para baixo ”Estamos prestes a encarar Strigoi, e minha mãe é o que te assusta?”
“Ela é uma força a ser reconhecida. De quem você acha que puxou?”
“É de se admirar que você se incomode comigo então.”
“Você vale a pena, acredite.” e um sorriso surgiu nos meus lábios.
“Conversei sobre vocês dois”
“E o que ele disse?” eu perguntei agora realmente curiosa para saber como ele tinha saído daquela situação.
“Ele disse que vocês já tinham conversado e que se manteriam afastados enquanto estivessem aqui. Que era para eu não me preocupar”
“Exatamente” eu disse e me segurei para não perguntar então o que diabos ela estava fazendo ali. E como se tivesse lido meus pensamentos ela disse.
“Rose, eu só vim me despedir de você. Agora que meu trabalho já terminou aqui, eu preciso voltar para a europa. Eu...” ela parou e como se tivesse tomado uma dificil decisão, acrescentou “Eu quero que você seja feliz. Não importa que para isso você tenha que ficar ao lado de Belikov. Eu sei que ele vai te fazer feliz, e se é ele quem você ama, não importa o que os outros digam. Siga seu coração.” Eu senti o meu queixo cair com aquela declaração e uma lágrima escorreu pelo meu rosto ao mesmo tempo que eu vi uma sombra de tristeza passar em seus olhos. Lembrei de quando ela disse que havia outras coisas que pesavam para você estar junto de quem você ama e entendi que ela se referia ao meu pai. Eles se amavam, mas por causa do que os outros falaram, ela teve que se afastar dele. Naquele dia, ela só queria me proteger, queria que a história não se repetisse comigo. E hoje, ela viu que nada poderia me separar dele, então só restava me desejar toda a felicidade que um dia ela tanto quis, mas que não pôde ter.
“Mãe, obrigada” eu disse e me atirei em seus braços. Era tão bom sentir o abraço de mãe e deixei as lágrimas rolarem. Depois de um tempo ela se afastou.
“Eu preciso ir agora. Se cuida”
“Você também” eu disse e ela sorriu entre as lágrimas. Depois de um longo suspiro, ela enxugou o rosto com as costas da mão e saiu do meu quarto. Era bom saber que eu finalmente tinha entendido algo do passado da minha mãe. Eles se amavam. Ele não tinha apenas a usado. Com essa resolução, eu entrei no banho.
Quando saí, coloquei uma roupa bem fresca e fui pentear meu cabelo. Eu estava me sentindo tão bem. Uma sensação de bem-estar tão grande e me olhando agora no espelho, olhando nos meus olhos, via nele um brilho diferente, que não havia ali a muito tempo, ou que talvez até nunca tenha estado ali. Saí do meu quarto e fui para a cafeteria.
No caminho ainda notava as pessoas me olhando, mas já tinha resolvido ignorar aquilo, não me incomodava mais. Estava quase chegando na cafeteria quando avistei Adrian, ele parecia estar indo para lá. Estava charmoso como sempre, com seu cabelo escuro bagunçado fazendo um lindo contraste com seus olhos verdes.
“Pequena dhampir” ele disse me alcançando antes que chegássemos na cafeteria e então parou “eu queria falar com você” eu percebi que ele estava sóbreo, sem o cheiro do cirgarro de cravo-da-índia que normalmente o cercava ou o cheiro de bebida alcóolica.
“O que aconteceu? Não tem mais bebido?”
“Não preciso mais, eu Lissa aprendemos a usar o espírito de um modo que não nos afeta”
“Yeah, eu notei que Lissa tem estado normal, mas achei que fosse só porque ela não o estivesse usando. As pessoas ainda estão muito assustadas com a descoberta do novo elemento?” Eu perguntei me lembrando que na primeira invasão Liss e Adrian tinham usado seu poder para ajudar a curar pequenos ferimentos.
“Eles ficaram só nos primeiros dias, mas depois já estavam acostumados a idéia. Quando você voltou já estava tudo bem”
“Eu queria ter te encontrado mais cedo. Queria te agradecer por ter trazido Elena”
“Não é nada” ele disse sorrindo.
“Porque você fez aquilo?”
“Aquilo o que?”
“Trazer ela”
“Eu só quero que você seja feliz, pequena dhampir”
“Eu... obrigada de novo” eu consegui dizer. ”Então, sobre o que você queria falar comigo?”
“Acho que você sabe”
“Adrian, sobre o beijo, você sabe que eu não posso ficar com você.”
“Não entendo porque não”
“Você sabe que é por causa do Dimitri. É com ele que eu quero ficar. Desculpa, eu sei que prometi te dar uma chance, mas não conseguia imaginar que tudo isso fosse acontecer” eu me senti horrivel por ter que falar com ele assim, de verdade, mas era melhor do que tentar amenizar a situação falando qualquer mentira.
“Entendo, já imaginava alguma coisa assim, mas...” ele parou, como se estivesse pensando em algo, olhando para longe de mim.
“Mas o que?”
“Será que você poderia me dar um último beijo? De despedida e agradecimento.
“Eu não sei, Adrian. Acho melhor não”
“Por favor” ele pediu, me olhando nos olhos. Por um momento eu achei que ele estivesse usando compulsão em mim, mas descartei essa idéia quando percebi que conseguia pensar ainda claramente sobre aceitar a proposta ou não. Mas depois de tudo o que ele tinha feito, acho que não tinha nada demais dar um último beijo. Então me aproximei dele e o vi sorrir percebendo qual era a minha decisão.
“Obrigado” ele sussurrou antes de nossos lábios se encostarem. Então eu o beijei. Era um beijo calmo, um beijo de despedida. Nossas línguas brincavam uma com a outra em nossas bocas, causando um certo arrepio no meu corpo. Eu podia até não amar ele, mas também não podia dizer que ele não beijava bem (não que fosse melhor do que Dimitri). Eu me afastei dele quando percebi um movimento do meu lado. Estava preparada para enfrentar qualquer aluno que fosse começar a zuar da minha cara ou até mesmo um inspetor que com certeza não ia gostar nada de ver um aluno quebrando as regras da academia. Mas quem eu definitivamente não estava preparada para enfrentar era Dimitri.
“Srta. Hathaway.” Ele disse de forma irônica “Acredito que conheça as regras da academia e que é proibido o contato íntimo entre os alunos”
“Eu não sou aluno, então a regra não se aplica a nós” Adrian disse antes que eu pudesse responder “e acredito que relação entre aluno e professor também seja proibida” essa ele acertou em cheio. E doeu.
“Adrian, cala a boca!” eu gritei “Dimitri, não é isso que você estava pensando, eu tinha vindo só agradecer...”
“Eu vejo que você estava agradecendo, só não sabia que era tão generosa nos agradecimentos”
“Dimitri, por favor, me escuta”
“Srta. Hathway, acho melhor ir para o seu dormitório agora, antes que eu mude de idéia e decida aplicar alguma punição”
“O que? Você está brincando comigo, né? Pro diabo que eu vou pro dormitório” Eu disse vermelha de raiva.
“Quarto. Agora. Por favor, me respeite e faça o que eu estou falando. Eu sou o seu instrutor.” E se virou e saiu andando. Se ele estava pensando que eu iria correr atrás dele para explicar uma situação que eu era completamente inocente, ele estava muito enganado. Isso só tinha acontecido porque ele se recusou a me ouvir e acreditar no que eu tinha para falar.
“E você sabia que ele estava vindo, não é? Você fez de propósito!” eu disse apontando para o Adrian.
“Desculpa, eu tinha que fazer a minha última tentativa” ele disse.
“Urgh! Como eu odeio todos vocês!” E saí correndo indo em direção ao meu quarto sentindo meu coração bater furiosamente no peito.
Capítulo
XI
Me sentei na cama, colocando as mãos sobre os olhos e sentindo uma dor no peito maior do que eu poderia explicar. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, um nó na garganta persistia em não se desfazer. Eu sentia uma dor que atravessava todo o meu ser. Era como se eu parasse de existir ali, naquele momento. Por mais furiosa que eu pudesse estar, como eu poderia deixar de pensar no fato que estava brigada com Dimitri? E ainda, por minha causa. Eu nunca deveria ter deixado Adrian me beijar, mas Dimitri também nunca deveria ter se comportado daquele jeito. Se ele tivesse me ouvido, nada disso estaria acontecendo. Eu me deitei, sentindo as lágrimas aumentarem cada vez mais, o soluço tornando-se impossivel reprimir. Meu corpo sacudia, o sofrimento sobrepujando a raiva. Eu não conseguia raciocinar direito. A única coisa que vinha a minha mente era que eu estava brigada com Dimitri. Ele estava com raiva de mim. Ele tinha agido de forma tão fria, me tratando como qualquer outra aluna. Aquilo me machucou mais do que qualquer outra coisa, me feriu por dentro, me fazendo sentir uma dor que era pior do que qualquer dor física. Adrian tinha agido de propósito, bem, agora ele deveria estar satisfeito, porque atingiu o seu objetivo; mas Dimitri, Dimitri não me deu tempo de explicar, apenas se virou e foi embora. Meus pensamentos seguiram assim por um tempo, até que o cansasso me venceu e eu adormeci.
Acordei na manhã seguinte com o meu despertador tocando. Eu estava ainda com a roupa da noite anterior, o travesseiro molhado pelas lágrimas. Então o que aconteceu voltou com toda a força a minha mente, como se fosse um furacão destruindo tudo pelo que eu tinha lutado a minha vida inteira. Ok, se era isso que Dimitri queria, ser apenas aluna e mentor, era isso que ele iria ter. Por mais que isso me machucasse, eu não iria correr atrás dele. Afinal, eu estou aqui na academia para me tornar uma guardiã, então eu vou mostrar para todo mundo o que eu posso fazer. Hoje eu iria retornar ao trabalho de campo e iria detonar com qualquer um dos guardiões que tentassem me atacar.
Fui para o banheiro e tomei um rápido banho, deixando a água levar toda mágoa que havia em mim, surgindo uma nova determinação no lugar. Eu não poderia ficar sofrendo. Aquela foi a escolha que ele fez: não me ouvir e me tratar apenas como uma aluna, e eu teria que respeitar isso. Urgh! Porque absolutamente nada pode ficar certo na minha vida? Sempre tem algo para atrapalhar. Porque eu não posso ter uma vida normal, sem complicação? Eu sabia a resposta. Porque minhas escolhas eram sempre as que me levavam aos lugares mais dificeis, às situações mais complicadas. Me vesti e saí do meu quarto, indo para o quarto de Christian. Quando saí do prédio dos guardiões, olhei para o céu. A lua era apenas um filete que se escondia por entre as nuvens com um brilho pálido. Isso me fez sorrir, parecia que a noite ao meu redor espelhava o meu interior. Não havia vento, era uma noite silenciosa, eu podia ouvir apenas o barulho da grama sob meus pés. Entrei no dormitório moroi e subi as escadas. Christian estava sozinho quando cheguei lá, Lissa estava em seu quarto ainda.
“Hey” eu disse, tentando parecer o mais normal possivel.
“Rose, o que aconteceu? Você estava chorando?” ele perguntou espantado com a sua própria conclusão, aqueles olhos azuis me observando.
“Não, estou legal” Ele ergueu uma sombrancelha como se duvidasse muito que estivesse tudo legal e mostrando que achava que eu era uma estúpida tentando esconder que não tinha chorado a noite inteira dele. “Não, sério, não foi nada” eu disse tentando convencê-lo.
“Você está com os olhos vermelhos. Isso tem alguma coisa haver com você não ter aparecido ontem?”
“O que?” eu perguntei distraida.
“Você. Ontem. Combinou que iria na cafeteria e não apareceu. Depois o Adrian” ele fez uma careta quando disse o nome dele “apareceu com uma cara estranha. Lissa perguntou o que aconteceu, mas ele não quis falar e então você desaparece e nem dá sinal de vida”
“Esquece, não foi nada”
“Ok, você que sabe” ele disse dando de ombros.
“Lissa está no quarto dela” eu disse sentindo pela nossa ligação “Vamos para lá encontrar com ela?”
“Tudo bem, eu só preciso pegar umas coisa aqui” ele se virou e foi em direção a uma pequena estante de madeira que havia no canto do quarto. Lá havia vários livros, uns muito grossos e antigos, que eu me perguntava o que estaria fazendo lá. Ele pegou dois deles e colocou na mochila.
“Pra quê isso?”
“Lissa e Adrian querem aprender auto-defesa”
“Auto-defesa?”
“Exatamente”
“Luta? Você quer dizer que Lissa e Adrian querem aprender a lutar?”
“Bem, não a Lissa, ela só quer ler sobre o assunto, mas o Adrian sim”
“E quando vai ser?”
“Depois da aula, hoje”
“Eu quero ver isso. Posso até dar uma ajuda.” E sorri pensando que o Adrian iria me pagar bem antes do que eu pensava. Não que eu fosse uma pessoa vingativa, bem, talvez sim, mas não podia deixar passar essa oportunidade. Christian me olhou com uma expressão curiosa tentando entender ainda o que tinha acontecido ontem. Antes que ele chegasse a qualquer conclusão, eu o chamei para irmos ao dormitório de Lissa. Encontramos com ela no corredor onde ficava o seu quarto. Ela pediu desculpas e explicou que perdeu a hora e só acordou quando Eddie chegou.
“Tudo bem, temos tempo ainda para fazer um lanche” eu disse, rezando para ela não me perguntar o que tinha acontecido noite passada. Eu detestava mentir para ela, ela era minha melhor amiga. Mas se eu dissesse que não estava mais com Dimitri, teria que explicar o motivo também e tudo o que eu não queria era falar sobre isso. Na verdade, eu queria que nunca tivesse acontecido. “Vamos?”
“Vamos.
Está tudo bem? Você não apareceu ontem”
”Yeah, eu só
acabei decidindo ir dormir mais cedo” eu disse sorrindo, triste por
ter que omitir tanta coisa sobre Dimitri para ela. Ela provavelmente
não percebeu que tinha qualquer coisa errada. Quando ela estava com
Christian essas coisas costumavam acontecer. No mundo, havia apenas
ele. Claro, eu tinha uma parte também, mas digamos que ele ocupava a
maior parte. Eu estava com saudades de quando era apenas eu e Liss.
Ainda não tinha conhecido Dimitri e minha vida não tinha virado uma
loucura, éramos apenas mais dois rostos no meio de todos aqueles
humanos. Lá eu tinha uma vida tranquila, mas pensando bem, o que
seria a minha vida se eu não tivesse conhecido ele? Seria apenas uma
vida vazia e infeliz, porque eu ainda não tinha conhecido e nem
conheceria o cara que me fazia tremer da cabeça aos pés cada vez
que se aproximava, mesmo que agora não fosse mais assim. Agora seria
ele lá e eu aqui. Um longe do outro.
Saímos do quarto e fomos direto para a cafeteria. Enquanto Lissa e Christian iam para os alimentadores, eu e Eddie ficamos esperando na porta.
“Então, Rose, estamos quase acabando, heim?” eu demorei um pouco para entender ao que ele se referia e respondi quase um minuto depois.
“Yeah, menos de um mês e estaremos longe daqui”
“Já sabe com quem você vai no baile de formatura?”
“Eu... não sei” um nó surgindo na minha garganta “Ainda não pensei nisso, talvez eu vá sozinha mesmo”
“Belikov não vai poder ir com você?”
“Eu acho que não, mas depois eu me preocupo com isso” eu disse sorrindo, tentando terminar aquele assunto que tanto me feria. Lissa e Christian apareceram para me salvar daquela conversa e fomos para a fila pegar meu lanche. Peguei algumas rosquinhas e um pedaço de bolo de chocolate que estava me chamando. Eu realmente não ia deixar de comer um daqueles por medo de engordar, era algo mais forte do que eu. Comi com tanta vontade aquele bolo de chocolate como nunca tinha comido nada na vida. Quer dizer, a não ser aquele dia em que eu comi um hamburguer com batata-frita quando estava voltando de Lowston. Depois fomos para as aulas, Eddie seguiu com Lissa enquanto eu fui com Christian. As horas se arrastavam e parecia que aquele dia nunca iria acabar, as aulas foram passando, o calor intenso, a tensão de haver um ataque a qualquer momento enchia o ambiente. Finalmente a última aula tinha chegado e quando entramos na sala, olhei para a parede dos fundos, onde os guardiões sempre ficavam postados para um eventual ataque. Eu senti minha respiração falhar, tentei respirar, buscar o ar ao meu redor que parecia ter sumido de repente. Dimitri estava lá. Parado. Olhando para o nada. Não fez um movimento sequer para mostrar que percebeu a minha presença na sala. Eu e os outros guardiões fizemos o esquema de nos separar e proteger toda a turma e não só os nossos moroi. Eu, sutilmente, dei um jeito de ficar o mais longe de Dimitri que pude, do lado oposto na sala, mas infelizmente de frente para ele. Aquela coisa toda dele me ignorar completamente me fez me sentir horrivel, pior do que se me desse um olhar de desdém ou qualquer coisa parecida. Mas eu não podia esquecer da decisão que tinha tomado hoje quando acordei. Eu não iria atrás dele. Se era aquilo que ele queria, era aquilo que ele iria ter. Cada minuto daquela aula parecia uma eternidade. Se eu pudesse, sairia correndo dali e nunca mais voltaria. O ar ao meu redor estava opressor, tenso. Os guardiões na parede nunca se moviam. Tinha certeza que aquela foi a hora mais longa que passei da minha vida. Dimitri estava lindo como sempre, agora no calor, tinha dispensado aquele sobretudo que sempre costumava usar e ao invés disso, usava a roupa preta dos guardiões que delineava todos os seus músculos do abdomen e faziam a combinação perfeita com o seu cabelo que parecia seda preso num rabo de cavalo. Mas eu não podia olhar para ele, eu tinha que me controlar. Fiquei todo o tempo tentando ignorar a sua presença, um presença que eu sabia desde o inicio que era impossivel de ser ignorada. Quando bateu o sinal, andei rápido para fora da sala, querendo apenas sair dali. Christian logo me seguiu.
“Vamos para a quadra agora”
“Porque?” eu perguntei esquecendo totalmente que Adrian queria treinar. “Ah sim, claro, vamos” e comecei a pensar em todas as maneiras que eu podeira dar um soco ou chute mais forte do que o necessário. Iria agir como se nada tivesse acontecido, mas faria questão de fazer ele pagar por ter me separado de Dimitri. Se ele achava que minha aurea estava negra antes, era porque ele não tinha me visto ainda como eu estou agora. Ele iria se surpreender.
Assim que entrei na quadra, vi Lissa conversando com Adrian, enquanto Eddie estava parado perto de uma das pilastras ao lado dela. Quando Adrian, que estava com uma camiseta branca e uma calça preta própria para os exercicios, notou a minha presença, parou de falar no mesmo instante. Ficou me olhando, tinha uma expressão diferente em seus olhos, se eu não soubesse que ele tinha feito tudo de caso pensado poderia dizer que era algo parecido com culpa.
“Hey” eu disse me aproximando “Christian me disse que você estava querendo aprender a lutar. Aqui estou eu para ajudar. Faço questão” ele me olhou assustado, mas logo escondeu sua surpresa e no lugar apareceu um sorriso irônico.
“Obrigado por querer ajudar, mas tenho certeza de que não será necessário. Eu já tinha combinado com Eddie que ele me ajudaria”
“Ah, qual é Adrian. Nada disso. Eu quero realmente ajudar e não vou aceitar um não como resposta”
“Mas Eddie...”
“Tenho certeza que ele não vai se importar, não é Eddie?” Eu perguntei cortando qualquer argumento que ele pudesse ter.
“Claro que não, Rose. Ele é todo seu”
Eu mandei o meu sorriso mais perigoso e disse “Obrigada Eddie. Viu, problema resolvido. Agora vamos” e indiquei o centro da quadra. Adrian me seguiu, completamente desconfiado da minha atitude.
“Ok, como você quer começar?”
“Que tal do começo?”
“Não
foi isso que eu perguntei. Estava me referindo se você queria
começar com os socos ou com os chutes. Você sabe, eu sou muito boa
com socos”
”Acho melhor os chutes” Definitivamente hoje eu
iria me divertir. Começamos a aula e peguei alguns dos bonecos que
eu usava para empalar nas aulas com Dimitri para chutar. Descarregar
a raiva neles era um bom jeito. Não sabia mais quanto tempo eu ia
aguentar ficar ali fingindo que não estava acontecendo nada e não
pular no pescoço dele. Meu auto-controle melhorou incrivelmente nos
ultimos tempos. Mas, claro, não significa que ele seja ainda muita
coisa. De qualquer forma, eu ainda tinha muita raiva para descarregar
quando cheguei no final da aula e disse que agora eu e ele iriamos
lutar para ver se ele aprendeu algum coisa. Adrian levava jeito, eu
não podia negar, mas em matéria de força, eu ganhava. Enquanto
isso, Christian e Lissa estavam sentados em um canto no chão lendo
aqueles livros. Eles pareciam perdidos na leitura, mas quando
perceberam que eu e Adrian iriamos lutar, pararam de ler e se viraram
para nós. Eu peguei pesado. Acertei umas três vezes em seu estômago
com toda a força que eu tinha. Naquele momento eu vi que ele
entendeu o motivo de toda essa minha ansiedade em ajudar nas suas
aulas. Pedi desculpa algumas vezes, falando que era dificil controlar
a força e que eu sentia muito. Lógico, eu não sentia absolutamente
nada. A raiva estava me cegando. Por causa dele, eu perdi Dimitri. E
tudo aquilo que eu vim reprimindo durante todo o treino e tentando
descarregar nos bonecos, explodiu dentro de mim. Eu não conseguia me
controlar. Ele se defendeu algumas vezes, mas eu não descansei
enquanto não vi que ele estava sentindo tanta dor quanto ele havia
me causado. Parei depois de um tempo e disse que ele precisava
melhorar muito ainda, que não tinha aprendido nada a aula inteira e
que talvez Eddie fosse um professor melhor, já que ele parecia estar
prestando atenção nas minhas curvas e não nos golpes, eu
acrescentei sarcasticamente. Christian se aproximou de nós.
“Me lembre de nunca pedir para você me ensinar alguma coisa” Eu ri.
“Pode deixar, eu pegaria mais leve com você”
“O que me garante?”
“Bem, você teria que confiar na minha palavra”
“Acho que prefiro continuar sem ter aula com você”
“Tanto faz” eu disse rindo ainda.
“Ok, vamos? Já está tarde, temos que comer ainda. O toque de recolher não vai demorar muito.” Lissa disse se aproximando também. “Adrian, você não parece muito bem. Rose, você não pegou um pouco pesado, não?”
“Eu acho que não. Eu não posso pegar leve aqui, você sabe, quando ele for lutar tenho certeza que o cara não vai realmente se importar se ele sair machucado” Quando eu disse isso Adrian me lançou um olhar. Ele tinha entendido que eu jamais o perdoaria pelo que fez.
“Obrigada por se preocupar com a minha segurança, pequena dhampir” ele comentou sarcasticamente.
“Nada, eu faço o necessário para isso” eu disse sorrindo no meu melhor comportamento vaca. “Então vamos?” Todos assentiram e seguimos para a cafeteria.
Ficamos conversando um pouco lá, mas Adrian logo foi embora falando que precisava pesquisar algumas coisas ainda, apesar de eu desconfiar que era por causa da nossa pequena aula de hoje. Quando faltava dez minutos para o toque de recolher, fomos para os nossos quartos. Eu segui Christian para o dele. Lá, tomei um rápido banho e deitei. Estava tão cansada que logo dormi.
Os
dias seguintes foram passando tão lentamente que eu me perguntava se
não tinham aumentado as horas. Via Dimitri apenas algumas vezes e
nessas vezes, ele nunca falou comigo. Quando havia algum ataque dos
guardiões, ele sempre se dirigia para qualquer outro novato que não
fosse eu. Era dificil ver algum que conseguia ganhar dele, ele sempre
acabava ‘matando’ quem quer que estivesse lutando com ele. Ele
era o guardião mais foda que eu já tinha conhecido, e agora, depois
de ter se tornado um strigoi e voltado ao normal, parecia
incrivelmente mais forte e habilidoso. O calor nesses dias que se
seguiram era intenso. Depois do tempo que passei longe de Montana,
tinha me esquecido o quão quente aqui poderia ser.
Quando
estava saindo da cafeteria com Christian, Lissa e Eddie, Lissa
lembrou que tinha esquecido um dos seus livros em cima da mesa.
Voltamos para pegar, enquanto isso, a cafeteria já estava
completamente vazia, todos os alunos tinham ido para suas aulas.
“Vamos rápido, estamos atrasados” disse Lissa assim que ela conseguiu pegar seu livro de cálculos avançados. Eca! Jamais consegui entender como alguém aprendia alguma coisa de cálculos. Quando estávamos no corredor da sala onde seria a primeira aula de Christian e Lissa, senti um movimento às minhas costas e no mesmo instante Eddie já estava lutando com um guardião. Percebi que havia outro guardião também e naquele momento foi como se tivessem me jogado um balde de água fria. Dimitri estava parado me olhando. Eu o encarei, olhando em seus olhos nesse breve segundo de hesitação e vi neles algo que eu não esperava. Tristeza. Eu o conhecia bem para saber isso, mesmo que os outros não tenham percebido que havia alguma coisa de errado. Como ele poderia estar triste quando ele mesmo tomou aquela decisão? Aquilo não estava certo, mas ele logo se recompos, escondendo qualquer sentimento que pudesse ter deixado transparecer naquele momento fugaz que depois eu até poderia pensar se não tinha imaginado aquilo. Então ele avançou. Eu sabia que ninguém tinha notado o que se passou entre a gente. Ele veio e tentou me segurar, como se fosse me morder. Eu desviei e tentei atacá-lo, mas ele foi mais rápido, me segurou e me derrubou me prendendo contra o chão. Quando eu vi que iria perder, foi como se toda aquela frustação que senti por todos esses dias me impulsionasse e me desse forças. Eu consegui escapar do seu aperto e rolei por cima dele, pressionando-o contra o meu corpo e o chão. Não pude deixar de notar o calor que a pele dele emanava e ainda um pouco aturdida pela nossa proximidade, tentei pegar a estaca. Sua mão deslizou suavimente pela minha cintura e segurou minha mão na sua. Eu olhei em seus olhos, sentindo o seu corpo contra o meu e sua mão na minha. Foi como se tudo deixasse de existir ali, foi como se nós tivessemos voltado a estar juntos, mas não, nós não voltamos, isso era a minha imaginação. Eu tinha que me lembrar do que ele havia me feito passar, a dor que eu senti por algo que eu não tinha culpa; Adrian tinha armado para mim e eu caí. Então eu cravei a minha unha na sua pele fazendo-o soltar minha mão e acertei a marca em seu peito com a estaca. Quando terminei, não consegui me mover. Era a coisa mais estranha do mundo que ao mesmo tempo que eu estava com tanta raiva dele, eu quisesse permanecer ali para sempre e nunca me afastar. Ao mesmo tempo que eu dizia para mim mesma que eu não voltaria a me aproximar dele, meu corpo clamasse para que eu ficasse ao seu lado. E pior, que minha mente e meu coração concordassem. Mas eu não podia, devia existir alguma parte lógica em mim e nessa confusão toda, então o mais rapidamente que eu pude, ainda aturdida pela sua presença, me levantei e ele fez a mesma coisa, nos afastando um do outro rapidamente.
“Parabéns, srta. Hathway” ele disse de um modo que ele com certeza poderia usar com qualquer outro aluno.
“Parabéns, Rose” eu me virei para o outro guardião e vi que era Yuri. “Dimitri tem pegado pesado com os novatos ultimamente, você foi uma das primeiras que conseguiu empalá-lo”
“Yeah, eu notei. Obrigada” eu disse sorrindo e achando que era uma opção melhor não olhar para onde Dimitri estava parado. Então nos viramos e fomos correndo para a sala. A aula já tinha começado e para conseguirmos entrar tivemos que explicar que sofremos um ataque dos guardiões e que por isso nós demoramos. Eu fiquei num canto da sala enquanto olhava para a porta esperando por um ataque a qualquer momento, mas minha atenção não estava totalmente ali. Eu estava pensando na luta que tinha acabado de acontecer. Em Dimitri. No que eu havia visto em seus olhos. Aquilo não parecia certo, foi ele mesmo que tinha tomado a decisão e como poderia ficar triste? Então eu cheguei a conclusão que era outra coisa que o estava aborrecendo. Provavelmente alguns dos comentários que ainda estavam circulando na academia, mas que já tinham diminuido consideravelmente. Acredito que só a presença dele aqui, já fazia com que todos calassem a boca e cuidassem das suas próprias vidas. Fiquei assim durante todo o dia. Não estava falando muito, apenas concordava e respondia as perguntas que eram dirigidas a mim com as respostas mais menos elaboradas possível. Até que Lissa perguntou o que estava acontecendo quando estávamos assistindo um filme no prédio do dormitório moroi.
“Não é nada” eu disse tentando fazer com que ela acreditasse em mim.
“Rose, desde quando você lutou com Dimitri você está assim. O que aconteceu?”
“Não é nada, é só que é estranho lutar com ele”
“Porque ele te tratou daquela forma?” Christian perguntou me fazendo virar para ele.
“Que forma?” Eu tentei me fazer de desentendida, mas sabia que ele se referia ao modo frio e distante que ele me deu os parabéns.
“Corta essa, a gente sabe que aconteceu alguma coisa que você não quer contar. Desde aquele dia que você sumiu e que não apareceu na cafeteria”
“Eu prefiria não falar sobre isso”
Christian começou a protestar, e então Lissa pos a mão ao redor do pescoço dele. O gesto de censura o silenciou. Houve um momento de constrangimento entre nós. Lendo a mente de Lissa, eu senti ela procurar um tópico novo desesperadamente.
“O filme parece bom, não é?”
“Uhn, acho que sim, vamos terminar logo de ver, estou cansada e queria ir para cama.” O filme na verdade era até bom, mas meu estado de espírito era péssimo. O que fez com que eu contasse os segundos para o filme acabar. Quanto mais tempo eu ficava acordada, mais eu pensava em Dimitri e em tudo que vinha acontecendo e mais eu me sentia péssima. Droga! Porque nós simplesmente não podíamos nos resolver. A coisa que eu mais detesto no mundo era ficar brigada com ele e parecia que dessa vez não teria volta. E eu que um dia cheguei a pensar que nós ficaríamos juntos para sempre, mas de uma coisa eu sei, não importa o que ele faça ou o que ele diga, eu ainda o amo e tenho certeza que isso não mudará jamais, mesmo que não seja correspondido. Eu senti uma lágrima nos meus olhos e enxuguei antes que qualquer um deles pudesse perceber. O filme finalmente terminou e eu me levantei enquanto Christian e Lissa davam um beijo.
“Boa noite, gente” eu disse e me virei indo para o quarto. Quando percebi que Christian não estava junto comigo, me virei e vi que ele estava falando animadamente sobre alguma coisa com Lissa.
“Hey, você não vem?” Eu perguntei sentindo meus olhos fecharem, meu cérebro pedindo por um descanso depois de todo aquele dia tentando chegar a alguma conclusão sobre o que aconteceria entre mim e Dimitri e só chegando a uma única possivel: Nós nunca mais voltariamos a ficar juntos.
“Já vou” ele disse. Deu mais um rápido beijo em Liss e se apressou em me seguir. Quando cheguei no quarto, fui direto para a cama tendo tempo apenas de trocar a roupa por um pijama e dormi.
Olhos
vermelhos me encaravam através do vidro. Tinha um brilho vil, um
brilho que fazia arrepiar cada parte do meu corpo, que me fazia
pensar que meu coração tinha parado de bater. Era como se eu
tivesse perdido todas as sensações ao meu redor. Eu apenas ficava
olhando para eles, hipnotizada. Um sorriso se estendeu em sua boca,
um sorriso afetado, que apenas o tornava pior. Alguém me gritava,
chamava meu nome, mas eu não conseguia responder, eu ainda estava
ali, paralizada. E então a imagem daquelas olhos se transformou na
imagem de Lissa.
”Rose, Rose, acorda!” ela me chamava,
enquanto tentava me acordar. Eu estava sentindo como se um caminhão
tivesse me atropelado. Suor escorria por todo meu corpo, minha roupa
e meu cabelo molhados.
“Rose, o que aconteceu?” ela perguntou quando percebeu que eu estava acordando.
“Foi só um sonho”
“Você estava gritando” Christian disse, chamando a minha atenção para ele que já estava arrumado.
“Eu estou bem, é sério, não se preocupem.” Mas minha expressão deve ter deixado transparecer tudo o que eu sentia. Quando Lissa fez menção de falar eu a interrompi “Que horas são?”
“Sete horas. Acabei de chegar aqui no quarto e vi que você estava gritando. Christian tentou te acordar, mas não conseguiu.”
Ouvi a porta do quarto batendo, seguida por uma terceira voz.
“Rose” Dra. Olendzki estava lá, parada na porta me olhando. “Vamos agora para a enfermaria. Eu sabia que você não estava bem, não deveria ter deixado você sair aquele dia, devia ter ficado mais um tempo em observação”
“Como a sra. soube que eu estava... o que estava acontecendo?”
“O sr. Castile foi correndo me avisar dizendo que você estava gritando e que ninguém conseguia te acordar. Vamos, agora, você está com uma aparência terrivel”
Eu olhei para o espelho que havia na parede oposta à porta e vi que minha pele estava num tom esverdeado enquanto suor escorria pelo meu rosto. Eu me sentia doente. Minha única vontade era deitar e nunca mais levantar.
“Tudo bem” eu disse e deixei ela me levar não prestando atenção em nada enquanto andávamos pelos corredores, apenas nas pessoas que me fitavam com clara curiosidade estampada no rosto. Ah, ótimo, quando eu consigo me livrar de uma fofoca, eu viro alvo de outra.
Quando cheguei na enfermaria, ela me fez deitar e começou a fazer vários exames em mim.
“Rose, agora você pode descansar, daqui a algumas horas eu volto com o resultado de alguns dos exames. Já falei com Alberta e você está liberada do trabalho de campo enquanto estiver aqui, não se preocupe” Eu nem ousei desobedecer, fechei os olhos e apaguei na mesma hora. Dessa vez, eu não sonhei, apenas dormi num sono profundo. Não senti o tempo passar e quando fui acordada pela dra. Olendzki, vi que já era bem tarde.
“Rose, os resultados de quase todos os seus exames já sairam, os que faltam devem sair amanhã, mas teve um que eu, bem, achei que deveria vir conversar com você.”
“O que aconteceu? Tem alguma coisa errada comigo?” eu perguntei apavorada com essa hipótese.
“Não, não tem nada errado com você, querida. Pode ficar tranquila. Mas um dos exames apontou que você está” depois de uma pequena pausa, ela respirou fundo e continuou “grávida”.
Capítulo XII
“Eu estou o que?” Perguntei dando um pulo da cama e ficando de pé achando que não tinha entendido direito, mas acho que me levantei rápido demais, porque no mesmo instante senti uma forte tontura. Dra. Olendzki notou e me fez sentar na cama de novo.
“Grávida, Rose.” Ela repetiu.
“Mas como? Eu sou uma dhampir e Dimitri também. Dhampir com dhampir não têm filhos.”
“Bem, ele nem sempre foi um dhampir”
“Mas nós não...” então eu parei. Me lembrei que nós fomos para a cabana na primeira noite em que ele veio aqui na academia depois de se tornar um strigoi “Ah, diabos!” eu disse deixando meu corpo cair de volta na cama, batendo a mão na testa e fechando os olhos “Como isso pode ter acontecido?”
“Quando Dimitri se transformou em um strigoi, houve alterações nele e essas alterações não são meramente físicas.”
“O que a sra. quer dizer?”
“Dimitri, quando virou um strigoi, sofreu alterações genéticas, que refletiram em sua aparência. Essas alterações genéticas foram o suficiente para fazer o seu DNA ser compatível com o teu, podendo gerar um filho”
“Oh droga!” eu disse brilhantemente ainda de olhos fechados.
“Achei que você ficaria feliz, Rose. Você sabe, uma gravidez é algo para se comemorar”
“Mas nós terminamos. Estamos brigados, ele nem sequer fala comigo” eu disse irrompendo em lágrimas. Sentindo meu corpo sacudir com cada soluço. Dra. Olendzki se aproximou e me abraçou.
“Oh Rose, eu tenho certeza que tudo vai se resolver. Dimitri, quando souber que você está esperando um filho dele, ficará muito feliz”
“Nãão!” eu gritei me sentando de novo, enquanto ela me olhava assustada “Ele não pode ficar sabendo que eu estou grávida, por favor, dra. Olendzki, me prometa que a sra. não irá contar nada, por favor!”
“Rose, eu não acho que você deva esconder algo tão importante dele” ela disse me lançando um olhar reprovador.
“Eu não quero que ele volte comigo só por causa de um filho. Eu não quero que ele fique obrigado comigo”
“Eu... tudo bem, mas ainda acho que ele deveria ficar sabendo”
“Não, ele ficará sabendo no momento certo, mas não agora. Não quero que ele sinta que tem qualquer obrigação de ficar comigo só por causa dele” eu disse apontando para a minha barriga. “Por favor, dra. Olendzki, me prometa”
“Eu prometo, Rose, pode ficar tranquila. Mas quero deixar bem claro que eu não concordo com sua atitude.”
“Uhn, tudo bem” eu disse pensando que poderia sobreviver com isso.
“Acho que você pode ir. Você só tem passado por muita coisa e precisa se cuidar agora, tem que relaxar e não ter qualquer tipo de stress. Você vai ter que sair do trabalho de campo, pode acontecer algum acidente e acabar afetando o bebê”
“Não, eu não posso sair, todos vão se perguntar o que está acontecendo comigo e vão acabar descobrindo, sem contar que eu não vou poder me formar junto com os outros. E agora só falta um pouco mais de uma semana para a formatura, não vai acontecer nada.”
“Eu
não sei se você deve...”
”Por favor dra. Olendzki” eu
disse fazendo minha melhor cara de menina desamparada. Ela franziu a
testa e depois de um tempo concordou.
“Mas você deve ter muito cuidado”
“Pode deixar, eu terei. Posso ir agora?”
“Você está liberada. Se os outros exames que chegarem apontarem qualquer coisa errada, eu mando te chamarem” eu acenei e me levantei devagar, para evitar outra onda de tontura. Quando saí da enfermaria, parei no corredor e encostei na parede. Não sabia o que pensar, o que fazer. Eu estava grávida, eu estava carregando um filho de Dimitri. Eu estava carregando um filho símbolo do nosso amor, ou pelo menos do meu amor. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Minhas costas foram escorregando pela parede, até que eu fiquei agachada no chão. Eu não sabia se estava chorando de alegria, de tristeza, ou talvez um misto dos dois. A vida podia ser mais irônica? Quando eu estava com Dimitri, eu estava preparada para abrir mão de ter um filho só para ficar com ele, mas agora eu tenho filho dele, mas não o tenho. Talvez a vida só queria me dar alguém para quem eu pudesse olhar e me lembrar dele, dos momentos que nós passamos juntos. De todas as nossas conversas, nossas aulas. Aquele sorriso que me tirava o fôlego, aquela presença que mexeu comigo desde o primeiro dia em que eu o vi. O modo como ele me segurou, quando quase caí tentando defender Lissa dele. Seu cheiro, seus olhos, seu cabelo, sua boca. Para nunca me esquecer do nosso primeiro beijo, de tudo o que eu tinha feito para trazê-lo de volta. Agora eu teria uma lembrança viva dele. Sentia as lágrimas correrem cada vez mais. Eu estava grávida. Nada que ele pudesse fazer, mudaria isso. Eu carregava um filho seu e essa criança seria a criança mais amada desse mundo. Fiquei ali por um tempo. Não havia ninguém por perto. Eu estava sozinha. Não sozinha apenas no corredor, mas sozinha também na vida, eu teria que criar meu filho, eu teria que deixar de ser guardiã. Abandonaria Lissa, sumiria da vida de Dimitri e não teria minha mãe por perto para me ajudar. Eu estava sozinha. Fechei meus olhos e fiquei ali parada, as lágrimas escorriam, minhas cabeça apoiada na parede. Ninguém me encontraria ali, todos já estavam dormindo. Tinha vontande de deitar e adormecer naquele chão frio. Sentia uma dor tão grande. Eu carregava um filho dele e não poderia compartilhar essa alegria com ele, eu teria que esconder. Ele não poderia saber, ele jamais descobriria. Não sei por quanto tempo fiquei ali, de olhos fechados, o rosto molhado, sentindo algo que ultrapassava qualquer dor já sentida por alguém, misturada com uma alegria inexplicável por estar grávida do homem que eu sempre amaria. Mas de repente ouvi um som ao meu lado e olhei para cima. Me peguei encarando a figura alta de Dimitri. Ali. Parado na minha frente, me olhando, tentando entender o que eu estava fazendo no meio da noite para os vampiros encostada na parede do corredor da enfermaria chorando como nunca chorei na vida.
“Rose” ele disse meu nome, soando mais carinhoso do que eu jamais imaginei que poderia soar “Você está bem? Eu vou chamar a dra. Olendzki”
“Não, está tudo bem. Eu só preciso ir para o meu quarto” Eu disse me levantando e enxugando minhas lágrimas com as costas da mão, minha voz saindo trêmula. Ele me olhava com um expressão dura, mas seus olhos o trairam, ele estava preocupado. Bem, pelo menos foi o que eu quis pensar.
“Ouvi
dizer que você tinha passado mal hoje cedo”
”Não é nada
demais. Está tudo bem, já disse. Só preciso ir para o meu quarto”
Eu estava apavorada. Não conseguia olhar para ele, eu não conseguia
mentir para ele. Eu apenas me virei e saí correndo. Eu não
aguentava estar ao lado dele, ouvir sua voz e ter que mentir. Não
dizer que ele seria pai do meu filho. Eu não queria correr o risco
de ouvir ele dizendo que aquele filho, pelo que ele sabia, poderia
ser tanto dele quanto do Adrian, afinal, Adrian era um moroi. Eu não
estava preparada para isso. Já bastava ter sido rejeitada uma vez,
eu não aguentaria uma segunda, ainda mais ter que aguentar ele
rejeitar seu próprio filho sem poder fazer nada. Não parei de
correr nem por um só instante até chegar no meu quarto, não olhei
pra trás. Só queria fugir de lá, daquele lugar, dele. Deitei na
minha cama e fiquei quieta, sem pensar em nada, olhando para lugar
nenhum, sem nem me dar conta de quando eu havia dormido.
Na manhã seguinte eu acordei com meu despertador. Eu teria que sair da cama e ir me encontrar com Christian, voltar ao trabalho de campo e agir normalmente, eu teria que agir normalmente por uma semana, eu acho que podia fazer isso. Me arrumei, colocando minha camiseta regata preta que eu havia comprado quando estava indo encontrar com Dimitri em Lowston e uma calça de ginástica preta também. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo deixando alguns fios soltos e passei meu gloss. O gloss que eu havia ganhado de Dimitri. Quando eu achei que eu estava no mínimo uma nota dez, saí do quarto. As pessoas me olhavam por onde eu passava. Lógico que todos ficaram sabendo que eu tinha ido parar na enfermaria, e estavam tentando descobrir o motivo. Mas isso, eu tinha certeza, eles não iriam descobrir nunca. Saí do dormitório dos dhampir e fui para o dormitório moroi. Chegando lá, encontrei Lissa, Christian e Eddie juntos como sempre.
“Hey, pessoal” eu disse, tentando deixar a minha alegria se sobressair sobre a tristeza.
“Como é que você está, Rose? Fiquei tão preocupada com você ontem. Tentei te visitar, mas a dra. Olendzki não estava deixando ninguém entrar” Lissa disse, eu sentindo a sua preocupação.
“Não se preocupe, Liss, está tudo bem. Foi só fraqueza, de qualquer forma, eu fiz vários exames e se aparecer alguma coisa de errado neles, a dra. Olendzki vai mandar me chamarem”
“Fico mais tranquila assim. Uhn, tenho uma surpresa para você. Adivinha!” a preocupação foi substituida por uma alegria enorme.
“Eu não sei” então olhei melhor em sua mente e descobri “Nós vamos ao shopping?” perguntei surpresa.
“Exatamente” ela disse radiante “Vamos um dia antes da formatura para comprar nossos vestidos. Isso não é ótimo?”
“Eu... Lissa, eu não sei. Na verdade, eu estava um pouco desanimada de ir. Talvez eu usasse um dos meus vestidos mesmo...”
“Nada disso, não seja estraga prazeres, Rose” ela me interrompeu “Nós vamos na formatura e eu faço questão de pagar o seu vestido”
“Não, Liss, de verdade, não precisa. Eu posso até acompanhar você no shopping, mas não vou comprar nada”
“Tudo bem então, mas você vai com a gente” eu senti um plano se formando em sua mente, ela iria me levar no shopping e lá ela compraria um vestido, eu querendo ou não.
“Liss, não precisa”
“Mas eu quero, por favor” então ela me olhou nos olhos, seu carisma me contagiando. Eu sabia que ela não estava usando compulsão, mas era algo muito próximo disso.
“Ok então” eu disse pensando que pelo menos eu poderia sair e ficar um dia inteiro fora da academia, longe de todo mundo. Longe de Dimitri.
“Agora que vocês acabaram, nós podemos ir?” Christian perguntou carrancudo. Ele não parecia estar muito interessado nos nossos planos de ir ao shopping.
“Vamos” eu e Lissa dissemos em uníssono rindo.
Saímos do quarto e fomos para a cafeteria. Lissa e Christian foram direto para os alimentadores, enquanto eu e Eddie ficamos parados esperando na porta. Quando eles terminaram, fomos todos para a fila da cafeteria pegar alguma coisa para comer. Eu peguei um waffle e um copo de um suco amarelo que eu fiquei em dúvida se era de maracujá ou de laranja, até que eu o experimentei e decidi que era laranja.
Sentamos numa mesa no canto da cafeteria, mas ainda assim todos conseguiam dar um jeito de me encarar tentando descobrir o motivo que me levou para a enfermaria. De lá fomos para nossas aulas, houve um ataque a caminho, mas eu deliberadamente deixei Eddie cuidar do guardião que nos atacou enquanto eu fiquei com Christian e Lissa. Eu queria evitar qualquer luta, não podia colocar em risco a única coisa que ainda me ligava a Dimitri: meu filho.
Chegamos na sala para a primeira aula e assim o dia foi passando. Não aconteceu muitos ataques no intervalo de uma aula para outra. Quando nós estávamos quase entrando na sala para a última aula e eu já estava comemorando que estava acabando, eu parei. Dimitri estaria na sala, e a não ser que seu horário tivesse sido mudado, o que era improvável, eu teria que ficar parada de frente para ele o tempo todo, tentando não olhá-lo. Nas outras semanas isso tinha sido dificil o suficiente sem eu saber que estava grávida, mas agora a coisa tinha mudado. Eu estava grávida. E dando um longo suspiro e tomando toda a coragem que eu pude encontrar em mim como se eu estivesse indo encarar um exercito de strigoi, entrei na sala. Lá estava ele, parado, mas dessa vez ele não me ignorou como tinha feito das outras vezes, como se não tivesse nem notado que eu estava na sala. Dessa vez ele me olhou. Me olhou de um jeito que parecia estar me despindo só com o olhar, então eu me dei conta do porque. Eu estava usando exatamente a mesma roupa que usei no dia em que encontrei com ele na mansão. Eu sabia que era a mesma blusa, mas não tinha me dado conta que estava com a mesma calça também. Me apressei e fui para o meu lugar. Depois de todos esses dias, cada um dos novatos já sabiam aonde ficariam em cada uma das aulas e como seria o esquema de defesa, e eu não poderia fazer nada para mudar de lugar. Quando me postei perto da parede oposta a ele, ele já tinha voltado ao seu normal e com normal eu quero dizer, me ignorar. Tentei não olhar para ele, mas não pude deixar de notar que estava com uma camisa preta que ficava muito bem para ele. Bem até de mais para a minha tranquilidade. O tempo não passava, era como uma tortura vê-lo ali e saber que eu não poderia tocá-lo, que eu teria que sumir da sua vida, que ele não poderia mais ter noticias minhas, se não descobria que tive um filho. Até o final da aula, ele não voltou a me olhar e quando o sinal tocou, eu saí para o corredor esperando Christian do lado de fora da sala, como já era de costume. Nós ficamos parados ali, esperando Lissa aparecer com Eddie. Quando eles chegaram, fomos andando para o dormitório dos moroi. Combinamos que iriamos nos arrumar e que nos encontrariamos de novo para ir comer alguma coisa.
“Pode tomar seu banho primeiro” Christian disse quando já estávamos dentro do seu quarto.
“Obrigada” eu disse indo em direção ao banheiro, mas parando quando lembrei de uma coisa “Uhn, Christian, você tem visto o Adrian?” eu perguntei. Eu não o tinha visto desde o dia da nossa pequena aula. Achei que depois do que ele fez, não iria me deixar em paz, até que conseguisse que ficássemos juntos, mas ele fez exatamente o oposto, sumiu.
“Ontem, enquanto você estava na enfermaria, ele estava com Lissa e Eddie na quadra tentando aprender alguma coisa sobre luta. Porque?”
“Nada não. Só perguntei por perguntar” Ou talvez não tenha sumido, eu só não tive o azar de encontrá-lo. Então fui tomar o meu banho. Depois um demorado banho, comecei a me arrumar, enquanto Christian entrava no banheiro. Quando nós dois já estávamos prontos, saímos e fomos para o quarto de Lissa. Ela já estava quase pronta também, estava penteando o cabelo quando entramos.
“Eu não vou poder demorar hoje” Lissa disse depois de dar um rápido beijo em Christian “Tenho que fazer um trabalho que é para ser entregue na sexta-feira e como vamos estar fora da academia toda a quinta-feira, acho melhor fazê-lo hoje”
“Eu posso te ajudar” disse Christian “Sem problemas”
“Obrigada”
ela disse sorrindo, feliz por não ter que se separar dele mais cedo.
Seus olhos brilhavam enquanto ela olhava para ele. Quando terminou de
escovar seu cabelo, nós fomos para a cafeteria. Quando estávamos
passando pelo mesmo corredor em que Adrian havia me beijado, eu vi
Dimitri. Ele estava vindo na nossa direção, parecia um deus, alto,
imponente e incrivelmente lindo com seu cabelo escuro solto na altura
dos ombros e seus profundos olhos castanhos. Eu não conseguia olhar
para ele, eu queria tanto poder contar sobre o nosso filho, mas não
podia, então apenas olhei para o chão, enquanto seu cheiro chegava
até mim, aumentando a minha dor. Ele passou por nós; se olhou para
mim, eu não sabia dizer, mas quando levantei os olhos, vi que
Christian me olhava. Ele já tinha percebido que havia algo errado
entre eu e Dimitri e adicionando Adrian na história, acredito que
ele tenha chegado a conclusão certa. Ele me olhou com um olhar
sugestivo, mas eu apenas balancei a cabeça de um lado para o outro,
mostrando que eu não queria falar e continuei andando.
Quando
saímos da cafeteria, fomos para a biblioteca, onde Lissa e Christian
fizeram seu trabalho. Depois de algumas horas lá, voltamos para os
nossos quartos e fomos dormir. Os dois dias seguintes passaram um
pouco mais rápido, talvez por que tivemos que ir dormir mais cedo,
já que iríamos sair no meio da noite para os vampiros para
conseguir pegar o shopping aberto e ter bastante tempo lá ou
simplesmente porque eu não vi Dimitri em nenhum lugar. Alberta nos
informou que a ida ao shopping seria dividida em dois dias. Metade da
turma iria em um dia e a outra metade no dia seguinte. Nós fomos no
segundo dia. Quando acordei, tomei um banho e coloquei um vestido
floral frente única com um belo decote e para completar uma sandália
branca de salto fino, mas não muito alto. Deixei meu cabelo solto e
quando me olhei no espelho, fiquei surpresa com a minha aparência.
Eu parecia mais luminosa, tinha certeza que chamaria atenção em
qualquer lugar que eu fosse. Passei um pouco de perfume e o gloss.
Assim que fiquei pronta, fui para o pátio encontrar com os outros.
Olhando o céu, vi que o sol estava um pouco coberto pelas nuvens,
mas isso não impedia o calor. Chegando lá vi que havia um
micro-ônibus parado nos esperando. Ah, não, ônibus de novo não.
Quando me aproximei, vi Eddie, Lissa e Christian parados. Todos eles
estavam com roupas de verão assim como eu, mas pelas suas caras de
espanto quando me viram, acho que chegaram a mesma conclusão que eu
cheguei quando me olhei no espelho.
“Rose, você está linda” Lissa disse sorrindo para mim.
“Obrigada Lissa, mas você sabe que todos os caras olham é para você”
“Eu não gostei disso” Christian se meteu na conversa.
“Pode ficar tranquilo que é só os caras que olham para ela, infelizmente, ela só tem olhos para você. Acredite, eu sei” eu disse apontando para a minha cabeça, lembrando que eu tinha uma ligação com ela.
“Vou confiar então” ele disse rindo e abraçando Lissa, enquanto ela se derretia em seus braços. Alberta apareceu na porta do micro-ônibus com uma lista de chamada na mão. Ela começou a chamar todos os nomes por ordem alfabética. Entramos no micro-ônibus de um a um e sentamos na última fileira de bancos, onde havia cinco bancos lado a lado. Eddie sentou em uma janela com Lissa e Christian entre nós dois. Havia ainda um assento ao meu lado na janela, mas todos os alunos ocuparam os bancos da frente. Finalmente o motorista ligou o motor para partir, mas não sem antes mais alguém entrar no micro-ônibus. Dimitri. Não havia qualquer outro lugar para ele se sentar a não ser do meu lado e vi que ele chegou a essa conclusão ao mesmo tempo do que eu. Essa viagem iria ser uma tortura. Eu não poderia aguentar ficar horas sentadas ao seu lado, com nossos braços roçando um no outro até chegarmos ao shopping. Ele olhou para mim e relutantemente andou até se sentar ao meu lado. Eu podia ver a sua tensão pelo seu maxilar. Ele não queria ter que se sentar ao meu lado, ao lado da garota que ele achava que o havia traído. O micro-ônibus finalmente começou a andar. Conforme o tempo foi passando, seu corpo foi relaxando assim como o meu. Eu estava olhando para a janela, tentando prestar atenção na paisagem que corria através do vidro. Não estava ouvindo a conversa animada de Lissa, Christian e Eddie ao meu lado, até que ouvi o meu nome.
“Não é Rose?”
“Desculpa, eu não estava prestando atenção”
“Você vai me deixar comprar o vestido que eu quiser, certo?” Lissa perguntou toda sorridente.
“Uhn, tanto faz. Pode escolher um que você ache bonito” eu disse indiferente. Porque eu iria querer um novo vestido se não teria um acompanhante para me admirar? Para ser mais exata, se eu não tivesse Dimitri para me admirar? Nesse momento ele olhou para mim, com um olhar curioso, parecia que ia falar alguma coisa, mas então se virou para a janela de novo. Eu me desconectei da conversa e voltei a olhar a paisagem. Não tinha exatamente nada de interessante para ver, mas era um meio melhor de passar o tempo. De repente o micro-ônibus fez uma curva fechada, me fazendo desequilibrar indo com a cabeça em direção a janela. Isso definitivamente iria doer, mas não doeu. Dimitri segurou minha cintura com mãos firmes, mas ainda sem me machucar e me colocou de volta no banco. Eu olhei para ele assustada, sem saber o que dizer, então apenas murmurei um ‘obrigada’. Ele não respondeu nada, apenas balançou a cabeça e voltou sua atenção para a janela. Seu toque ainda queimava na minha pele, eu ainda podia sentir suas mãos quentes e tentei ignorar inutilmente essa sensação. Depois do que pareceu uma eternidade chegamos ao shopping. Eu me animei um pouco, pelo menos lá eu não precisaria ficar tão próxima dele. Saí rapidamente do ônibus, seguida de Lissa, Christian e Eddie. Fomos andando até a entrada e lá nos separamos. Eu fui com Lissa e Eddie saiu com Christian. Nós não teriamos muito tempo e assim demorariamos menos. Não havia muitas lojas no shopping com vestidos de formaturas e logo na segunda já achamos tudo o que queríamos. Encontrei um vestido preto com pequeninas pedras negras bordadas no que parecia um corpete que marcava a cintura mais do que um vestido normal. O vestido tinha o decote em um ‘V’ aberto, que fazia com que as alças quase caissem dos meu ombros e ele ficava um pouco acima do joelho. Estava longe de ser indecente, na verdade, era até muito delicado. Quando saí do provador para mostrar a Lissa e a simpática vendedora como o vestido tinha ficado as duas falaram que ficou lindo e que, sem dúvida, era ele que eu tinha que levar. Aceitei a sugestão e assim que Lissa escolheu o dela, também preto, saímos da loja indo em busca das sandálias. Quando passamos em frente a uma loja da Prada, vi um escarpim preto com um salto fino muito alto e tive certeza que era ele que eu queria. Quando saímos da loja depois de eu ter comprado o escarpim, continuamos andando pelo shopping, procurando agora uma sandália para Lissa. Ainda teríamos meia-hora antes de nos encontrar no estacionamento do shopping para ir embora e isso deveria ser o suficiente. Depois de ver mais algumas lojas, ela também achou um sandália que combinava com seu vestido. Olhando no relógio, vi que o tempo tinha acabado.
“Lissa, precisamos voltar agora. O nosso tempo acabou”
“Vamos” e apressamos o nosso passo, indo em direção a saída. Quando saímos do shopping, vimos que todos já estavam lá, apenas nos esperando. Dimitri e Alberta estavam do lado de fora do micro-ônibus e assim que nós estávamos nos aproximando, eles nos olharam. Dimitri pareceu surpreso quando me viu, olhou desde a minha sandália branca até o meu vestido floral e depois para o meu rosto, com o meu cabelo solto voando enquanto eu andava. Vi um brilho de admiração em seu olhar, mas que tão rápido quanto apareceu, sumiu. Agora percebi que ele ainda não tinha visto como eu estava vestida. Quando ele entrou no ônibus eu já estava sentada e depois eu saí apressada, não dando tempo para ele me olhar.
“Vamos, meninas?” Alberta perguntou apontando para a entrada do micro-ônibus. Eu e Lissa entramos no ônibus e voltamos para o nosso lugar. Infelizmente eu notei que, de novo, Dimitri teria que ir sentado ao meu lado. Eu imaginei se ele estava fazendo aquilo para as pessoas acharem que nós ainda estávamos juntos, porque, quero dizer, se ele estivesse tão incomodado assim com a minha presença, era só ele ter mudado de lugar, mas logo bani esse pensamento da minha mente assim que ele entrou no micro-ônibus. Voltei a olhar para a janela, segurando no colo minhas compras para a festa de formatura que eu iria sem um par. A viagem de volta foi longa, mais longa do que a ida, se é que isso era possivel. Eu não conversei com nenhum dos meus amigos que estavam sentados do meu lado. Eu ficava olhando apenas a paisagem, a vegetação semi-árida passando pelo vidro. Depois de um tempo, fechei os olhos, sem pensar em nada, apenas rezando para aquela viagem acabar. Eu não poderia aguentar mais um minuto sequer ficar sentada ao lado dele. Nossos braços agora estavam encostando um no outro, e ao mesmo tempo que eu queria nunca mais sair dali, eu queria me esconder, ficar longe dele apenas com meu filho. O que eu não daria para poder dizer para ele que eu estava grávida sem precisar me preocupar com ele voltar para mim ou não por obrigação. Mas eu sabia que ele era correto o suficiente para querer ficar comigo só por causa do nosso filho, só por causa do que as pessoas poderiam falar de mim. Não, Rose, você tem que ficar quieta.
Quando chegamos na academia eu me levantei e esperei os outros do lado de fora do micro-ônibus. O céu já estava tomado pela escuridão, não havia muitas estrelas, apenas umas poucas não muito brilhantes. Todos nós estávamos muito cansados, mas ainda precisávamos comer alguma coisa antes de ir para a cama. Fomos caminhando devagar até a cafeteria, sem conversar muito. Lá, comemos bastante e depois fomos todos para o quarto do Christian.
“Vamos dormir um pouco para descansar da viagem, daqui a pouco nos encontramos de novo” eu disse. Eram oito horas da noite e se descansarsemos um pouco, poderiamos aproveitar o resto do último dia vampírico na academia antes da formatura. Todos concordaram e depois de um rápido banho, coloquei o despertador para despertar dali a quatro horas e me deitei. Não demorei muito tempo para dormir, o cansasso logo me dominando.
Acordei com o despertador e vi que Christian já estava de pé arrumado.
“Aonde você vai?” eu perguntei.
“Vou dar uma volta com Lissa. Vamos até a igreja”
“Espera, eu vou com vocês. Não, não para a igreja” eu disse quando ele arqueou uma sombrancelha “Vou dar uma volta também. Pegar um ar”
“Tudo bem, mas não demore”
“Ok” eu disse, pegando um jeans qualquer e uma camiseta, indo para o banheiro. Depois de alguns minutos eu já estava totalmente pronta para ir. Fomos até o quarto de Lissa, onde ele encontrou com ela e de lá saímos para a quente noite de verão. Nós nos separamos quando estávamos passando pelo jardim. Eles foram em direção a igreja, mas eu queria ir a outro lugar, um lugar que tinha uma importância maior do que eu poderia descrever. Comecei a caminhar por entre as árvores, que ficavam cada vez mais densas conforme eu ia avançando. O ar se tornando mais fresco e impregnado com o cheiro de carvalho. Depois de alguns minutos de caminhada, eu a encontrei. A cabana. Aquele lugar se tornava cada vez mais especial para mim. Era onde eu tinha tido a minha primeira vez e era onde eu tinha concebido meu filho. Então um som vindo de uns arbustos além de um salgueiro que havia ali perto, me despertou dos meus pensamentos. Eu comecei a andar até lá para saber o que era, quando eu vi um psi-hound.
“Nada bom, nada bom” eu murmurei e então comecei a voltar para o caminho que eu tinha vindo, tentando não chamar a sua atenção, mas já era tarde mais. Ele rosnou para mim, aquela sua aparência lupina se tornando mais aterrorizante do que nunca. Eu comecei a me afastar, andando para trás até que eu bati em algo, quando olhei rapidamente vi que tinha chegado no salgueiro, andei para o lado, tentando me desviar, mas ele estava se aproximando cada vez mais. Olhei ao meu redor, enquanto eu voltava a me afastar procurando por um galho ou qualquer coisa que eu pudesse usar para me defender, mas não encontrei nada.
“Hey, garoto, calminho aí ok?” eu disse tentando acalmar o bicho, mas que eu tinha certeza que nem me daria ouvidos. Eu não gostava de ver um psi-hound ali. Psi-hounds obedeciam apenas a morois e a visão de um me lembrava apenas de um moroi: Victor. Mas não podia ser, ele estava preso e eu tinha certeza que de lá ele não sairia. Eu tinha que acreditar nisso. A única coisa que eu conseguia pensar era que eu tinha que conseguir um jeito de me defender. O bicho avançava cada vez mais na minha direção, com suas presas expostas e um baixo rosnado saindo da sua garganta. Eu continuava me afastando, andando de costas, até que eu bati em algo de novo, dessa vez eu não precisei olhar para saber que era a cabana. Foi então que eu vi algo prateado passar voando na minha frente e acertar o lado esquerdo do corpo do psi-hound, atingindo direto no coração. O hound gritou quando sentiu a faca o atravessando, depois deu mais alguns passos na minha direção e caiu. Olhei ao redor, procurando por quem tinha atirado a faca e matado o hound, quando vi uma sombra se aproximando e logo reconheci quem era. Dimitri. Eu estava tão assustada que não me importei com o fato de estarmos brigados ou não, eu saí correndo e joguei meus abraços ao redor do seu pescoço.
“Obrigada
Dimitri” eu disse baixinho.
”Oh, Rose. Eu estava certo
então”
”Certo?” eu perguntei me afastando um pouco e
olhando em seus olhos. “Não entendi”
“Eu senti que algo estava errado com você, que você estava em perigo”
“Mas como isso é possivel?”
“Bem, acredito que você ter tirado a minha alma do mundo dos mortos deve significar alguma coisa. Acredito que eu te deva pelo resto da minha vida e que eu tenho que pagar essa divida te protegendo sempre, sem deixar nada de mal te acontecer”
“Não estou entendendo Dimitri” eu disse atordoada pelas palavras que tinha acabado de ouvir.
“O que eu quero dizer é eu deveria ter te ouvido quando você quis me explicar o que aconteceu entre você e Adrian”
“Continuo sem entender” eu disse olhando para ele, ainda com os braços ao redor do seu pescoço.
“Ele acabou de me procurar e explicou a promessa que você fez para ele e o dinheiro que te emprestou para ir atrás de mim e então me disse que o motivo que te levou até ele foi só para agradecer por ele ter levado Elena até nós e para dizer que não poderia acontecer nada entre vocês dois, então quando ele me viu, ele se aproveitou da situação e te pediu um beijo.” Ele disse tão rápido que demorei para entender o total significado de tudo aquilo.
“Calma, você quer dizer que não está mais zangado comigo?” eu perguntei desconfiada.
“Como eu poderia? Hoje quando vi que tinha que sentar do seu lado na viagem, eu não acreditei! Por mais raiva que eu estivesse sentindo, eu queria tanto sentir sua pele contra a minha que era algo inexplicavel.” E então ele me beijou. Era um beijo diferente de tudo aquilo que eu já tinha experimentado, era quente e tremores eram enviados por todo o meu corpo. Eu senti ele me pressionando contra a parede da cabana, seu corpo contra o meu. Passei a mão do seu pescoço para o seu cabelo, segurando-o entre meus dedos, enquanto ele deslizava sua mão por todo o meu corpo, sentindo cada parte dele. Quando estávamos sem fôlego ele se afastou um pouco.
“Você estava tão linda hoje” ele disse com a respiração pesada. “Como eu queria beijar você lá mesmo, na frente de todos” Com essa eu ri.
“Definitivamente você perdeu todo o seu auto-controle quando está comigo”
“Eu não me importo”
“Nem eu” eu disse rindo, então ele me beijou de novo e me pegou no colo de repente me levando para a porta de entrada da cabana. O seu interior ainda estava como nós tínhamos deixado da última vez. Ele me colocou na cama e acendeu um pequena lamparina que havia no canto. Logo ele já estava sobre mim, me beijando.
“Eu fiquei tão preocupado quando te vi aquele dia que você estava chorando. O que aconteceu?”
“Eu... Dimitri, nós precisamos conversar” Eu disse me afastando um pouco e me sentando na cama, para ficar de frente para ele.
“O que aconteceu Rose?” ele perguntou de novo quando eu não disse nada.
“Olha, eu não planejei, na verdade eu nem imaginava que isso pudesse acontecer” eu comecei a tagarelar, sentindo minhas mãos suando frio e o meu rosto ficando branco. Eu não sabia como dizer aquilo para ele.
“Rose, você está me deixando preocupado, você ficou branca de repente. O que aconteceu?”
“Dimitri, eu... eu estou grávida” eu disse rapidamente antes que eu pudesse me arrepender de dizer aquelas palavras. Ele ficou parado, me olhando, sem reação. Eu comecei a ficar apavorada “Ah, não, eu sabia que eu não deveria falar. Você está bravo comigo, olha, eu juro que eu não...” Mas eu não pude terminar a frase, Dimitri já estava me beijando de novo. Com um movimento ágil, abriu o zíper da minha calça e tirou-a em menos de um segundo e logo minha camiseta também já estava no chão.
“Dimitri” eu murmurei.
“Como você pode esconder algo assim de mim? A quanto tempo você sabe?”
“A alguns dias. Por favor, me desculpa, mas eu não podia contar para você, eu não queria que você voltasse comigo apenas por causa do nosso filho”
“Oh Rose, como você pode ter uma idéia dessas? Será que eu nunca repeti o suficiente que eu te amo?”
“Eu estava com medo de você ficar bravo comigo” eu disse timidamente.
“Meu Deus, Rose, como eu poderia ficar bravo com você por você está me dando um filho? Eu que tenho que te pedir desculpas. Fui um idiota quando não te ouvi, mas eu estava louco de ciúmes quando te vi com ele.”
“Acho que estamos quites então.” Eu sorri.
“Sim, mas isso não vai acontecer nunca mais. E que tal se nós parássemos de falar um pouco” ele insinuou com um sorriso em sua face de tirar o fôlego. Então voltou a me beijar. Eu queria sentir sua pele contra a minha e tirei sua camisa e sua calça tão rápido quanto eu consegui. Ele parou e olhou sem nenhum pudor para mim, os olhos escuros examinando com satisfação todas as curvas do meu corpo, enquanto eu estava apenas de calcinha e sutiã.
“Você está linda assim, mas eu prefiro sem” ele disse começando a tirar meu sutião enquanto beijava meu pescoço me causando arrepios. Logo, todas as nossas roupas já estavam espalhadas pelo chão. Nossas bocas coladas uma na outra. Eu sentindo sua lingua na minha, enquanto percorria com minha mão todo o seu corpo, arranhando suas costas sentindo seu corpo nú contra o meu. Ele começou a beijar minha orelha e a morder de leve, então começou a beijar meu pescoço, enquanto sua mão passeava pela minha coxa, me segurando mais forte contra o seu corpo. Eu sentia meu coração acelerado batendo de encontro ao seu peito, quando sua boca voltou para a minha. Eu prendi minha mão no seu cabelo enquanto com a outra eu cravava minhas unhas em suas costas. Ele gemeu, murmurando meu nome. Eu sentia sua excitação contra o meu corpo. Ele puxou minha perna para encaixar ao redor da sua cintura. Seu beijo me provocando a mesma devastação que um furacão, enquanto eu sentia suas mãos agora percorrem as curvas da minha cintura subindo para os meus seios. Naquele momento, o restante do mundo deixou de existir, nada mais importava a não ser Dimitri, a não ser a antecipação do prazer que estava por vir. Uma onda avassaladora de desejo me fez fechar os olhos enquanto um baixo gemido escapava pela minha boca abafado pelo seu beijo. A carícia provocando suspiros enquanto sua boca não desgrudava da minha. Sua mão saiu do meu seio e foi para o meu cabelo, enquanto eu sentia sua lingua contra a minha pele, me causando arrepios. Eu podia sentir cada célula do meu corpo vibrando. Quando eu estava com Dimitri perdia completamente qualquer noção do mundo ao meu redor. Era apenas ele. Eu estava sentindo uma onda de prazer tão grande que ficava cada vez mais dificil suportar. “Dimitri” eu murmurei e como se ele tivesse entendido o que eu quis dizer, segurou as minhas coxas afastando-as e aproximando seu corpo do meu. Eu o senti penetrar e então deixando escapar um gemido, ele começou a se movimentar contra o meu corpo. No inicio era uma ritmo lento, se tornando cada vez mais rápido. Era torturante sentí-lo daquele jeito. Ele me beijava enquanto movimentava seu corpo contra o meu, eu prendi minhas pernas em sua cintura trazendo-o para o mais perto possivel. Então eu atingi o clímax, deixando um gemido escapar por entre os lábios. Em seguida meu corpo foi tomado por pequenas e deliciosas convulsões de êxtase. Senti ele chegando a esse momento junto comigo e então ficamos apenas deitados, sem falar nada, com meu rosto apoiado em seu peito. Não sei quanto tempo fiquei assim com ele, até que ele me olhou.
“Eu te amo mais do que tudo, minha Roza e agora mais do que nunca eu tenho certeza do que eu vou te pedir.” Então ele levantou e se sentou na cama, segurando meu rosto entre suas mão “Você quer se casar comigo?” Eu olhei para ele assustada, esquecendo por um momento o que eu deveria responder.
“Eu... ahn... Sim! É claro, Dimitri” eu disse sorrindo e o abraçando, era tudo o que eu mais queria, para minha vida ficar completa. Então ele me beijou de novo, dessa vez era um beijo terno, que deixava transparecer todo o nosso amor. Depois de um longo tempo deitados, vimos que tínhamos que voltar, porque poderiam procurar por nós a qualquer momento. Colocamos nossas roupas e saimos para a noite. Olhando para o céu, vi que já estava clareando, mas que agora a lua aparecia. Era lua crescente e ela estava linda. Provavelmente amanhã ela já estaria completamente cheia. Seguindo meu olhar, Dimitri viu que eu estava olhando para a lua e então se aproveitou do meu rosto levantado e beijou meu pescoço, eu ri me virando para beijá-lo na boca.
Nós voltamos juntos para o prédio dos guardiões e ele me levou até a porta do meu quarto.
“Minha noiva” ele sussurrou no meu ouvido. Ao ouvir aquela palavra um arrepio percorreu pelo meu corpo e meu coração acelerou “Você me daria honra de ser minha acompanhante amanhã no baile de formatura?”
“É claro que sim, meu noivo. Eu adoraria”
“Combinado então. Te encontro aqui às sete horas”
“Estarei pronta te esperando” e com mais um rápido beijo antes que alguém aparecesse, ele se foi. Eu entrei no quarto, sem nem notar por andava. Sentia o suor da minha pele, mas não me importava. Depois um rápido banho, coloquei um pijama e deitei. Eu estava o tempo todo com um sorriso bobo no rosto. Eu tinha Dimitri, tinha meu filho, daqui a algumas horas seria minha formatura e não havia nada para atrapalhar. Minha vida parecia que finalmente tinha voltado ao normal. Não havia nada que pudesse estragar, eu tinha tudo o que sempre quis. Logo dormi, mas não foi um sono sem sonhos. Na verdade, era um sono repleto de sonhos, todos eles envolviam Dimitri e era cada um melhor do que o outro.
Já era tarde quando acordei no dia seguinte. O trabalho de campo havia acabado e tínhamos o dia liberado para nos produzir para ir para a festa a noite. Eu estava tão nervosa, sentindo um frio na barriga, que parecia que eu estava indo dar meu primeiro beijo, e acho que nem no meu primeiro beijo eu fiquei tão nervosa quanto eu estava agora. Eu iria à minha festa de formatura com Dimitri. O cara mais gato e gostoso que existia na face da Terra e que ainda por cima era meu noivo. Eu sorri, saltando da cama e me arrumando para ir encontrar com Liss e contar as novidades. Ela estava na biblioteca e desconfiei que Adrian estaria lá também. Saí do dormitório dos guardiões e fui em direção a biblioteca. Assim que cheguei lá, vi que estava certa. Adrian estava sentado no chão ao lado de Lissa encostados em uma estante com alguns livros espalhados a frente.
“Nem no dia da formatura vocês largam esses livros?” eu perguntei apontado para os livros e fazendo uma careta de total bom humor.
“Hey, o que aconteceu?” Lissa perguntou.
“Primeiro eu quero te agradecer, Adrian, por ter ido falar com Dimitri”
“Não é nada Pequena dhampir” ele disse sorrindo um raro sorriso sincero. “A propósito, sua aurea está incrível hoje”
“Obrigada, eu tenho muitos motivos para isso” então parei me virando para Lissa “Liss, você aceita ser a madrinha do meu filho e do meu casamento?”
“Eu aceito, lógico que aceito, Rose, mas acho que isso ainda vai demorar um tempinho, não?” Ela perguntou rindo.
“Na verdade não, porque eu já estou grávida e noiva” Eu disse sorrindo. Ela parou de rir e me olhou assustada.
“Você o que?”
“Eu estou grávida e Dimitri me pediu ontem em casamento. Então, você será a madrinha do meu filho, certo? E do meu casamento também.”
“Rose, é claro” ela disse levantando e me dando um abraço, sua felicidade era tão grande que me atingia com uma força como nenhum outro sentimento chegou antes pela nossa ligação. “Mas como isso aconteceu? Quer dizer, ele é um dhampir.”
“Bem, ele era um strigoi e parece que isso foi o suficiente para o meu DNA combinar com o dele, resumindo, eu estou grávida!”
“Isso é maravilhoso!” Ela disse me abraçando de novo.
“Eu tenho que ir agora. Preciso fazer unha e cabelo ainda antes da formatura” Eu disse piscando o olho para ela.
“Você vai arrasar hoje a noite” ela disse rindo.
“Vou fazer o meu melhor” e me virei saindo, me sentindo a mulher mais feliz do mundo.
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Eu finalmente fiquei pronta, faltava apenas cinco minutos para Dimitri chegar. Eu estava com meu escarpim Prada e meu novo vestido preto, deixei meu cabelo solto e fiz alguns cachos nele. Escolhi um esmalte vermelho para a unha e na maquiagem, usei um batom vermelho, passei deliniador e rímel preto e de sombra fiz um sombreado negro ao redor de uma cor clarinha. Meus olhos pareciam maiores e chamavam mais atenção, enquanto o batom delineava perfeitamente minha boca. Eu ouvi uma batida na porta e fui abrir. Dimitri estava parado ali, usava um terno preto com uma gravata borboleta preta, a camisa de baixo branca e seus cabelos soltos. Eu não preciso dizer que ele estava mais lindo do que qualquer dia que eu tenha visto ele, não é mesmo?
“Meu Deus, você está linda” ele disse me puxando e me dando um beijo de leve na boca.
“Eu posso dizer o mesmo” eu disse olhando para ele com um sorriso provocante nos lábios.
“Não faz isso, se não eu posso mudar de idéia e te raptar.”
“Cuidado, eu posso gostar dessa idéia” eu disse piscando o olho para ele.
“Vamos, antes que você suma e não apareça na sua própria formatura” ele riu me puxando para fora do quarto. “Ah, mas antes” ele disse parando de novo “Eu tenho algo.”
Soltando a minha mão, ele tirou uma caixinha de veludo preto do bolso e se ajoelhou olhando nos meus olhos “Rose Hathway, você aceita se casar comigo?” ele perguntou abrindo a caixinha, deixando aparecer um anel. Era o anel mais incrivel que eu já eu tinha visto. Parecia ouro branco, com um diamante maior no centro, com três menores de cada lado formando uma brilhante linha.
“Aceito” eu disse sorrindo, enquanto ele colocava o anel no meu dedo. “Meu Deus, Dimitri, é lindo”
“Combina com você então” ele disse sorrindo, se levantando e segurando na minha mão de novo. Andamos de mãos dadas até às áreas comuns, onde estava acontecendo a festa e que tinha ficado irreconhecível. Nada lá parecia pertencer à cafeteria ou ao lugar onde havia mesas para nós nos sentarmos. Havia luzes coloridas por toda parte e o som muito alto. Nos fundos havia uma mesa, com tanta comida como eu nunca tinha visto antes. Assim que eu e Dimitri chegamos, quase todos as pessoas pararam de dançar para nos olhar. Eu ouvia alguns murmúrios do tipo ‘Oh meu Deus’ e muitos assovios baixinhos vindo das meninas indicando que eu não era a única que achava que o cara que estava do meu lado era o cara mais lindo da face da Terra e alguns assovios vindo dos meninos que acreditem ou não, faz um bem incrível para o ego. Nós continuamos andando, até que passamos por Alberta e recebemos um sorriso de aprovação; mais a frente vi Lissa com Christian e fomos até eles.
“Dimitri, parabéns” Lissa disse sorrindo.
“Você já está sabendo?” ele perguntou sorrindo e se virou para mim.
“Você arrasaram” Lissa comentou, sorrindo.
“Hey, onde foi que você aprendeu a dançar desse jeito?” Eu perguntei curiosa.
“Tango é uma dança que eu sempre admirei, então resolvi aprender. Mas não sou só eu que tenho que explicar onde aprendi a dançar não. Você também”
“Quando eu e Lissa morávamos em Portland eu fiz algumas aulas. Sempre achei essa dança a minha cara”
“Verdade” ele disse me abraçando.
“Dimitri” Alberta chamou com terror estampado em sua face.
“O que aconteceu?” ele perguntou alerta.
“Victor. Victor fugiu e sequestrou a rainha Tatiana”
“Quando?”
“Há
algumas horas. Estamos convocando o maior número de guardiões que
pudermos para resgatá-la e prendê-lo”
”O que significa que
vocês vão precisar de mim também, certo?” eu perguntei
esperançosa pensando que eu estaria indo participar da minha
primeira missão oficial.
“Não, Rose, você fica” Dimitri disse.
“Por que?” Eu perguntei indignada.
“Porque você está grávida e não vai a lugar nenhum.”
“Mas o que pode acontecer comigo? Você está com medo que eu faça alguma coisa sem pensar?”
“Não, eu estou com medo que você faça alguma coisa de caso pensado, principalmente quando você está fazendo algo que acredita estar certo”
Eu dei a ele um olhar seco. “Tem diferença?”
“Sim. A segunda me assusta”
Havia várias árvores ao meu redor, era um lugar fresco e o sol brilhava no céu, quente, aconchegante. As copas das árvores estavam tão verdes, contrastando com seus longos troncos marrons. Havia umas flores aqui e ali de cores chamativas como o vermelho e violeta. Eu estava deitada na grama, usava um longo vestido branco que estava esparramado ao meu redor, mas havia algo errado, muito errado. Nós estávamos no inverno, como poderia haver um sol brilhante no céu e a grama tão verde, e não um tempo nublado com a paisagem branca coberta de neve? De repente eu comecei a sentir um tremor, mas não do meu corpo, era um tremor que vinha do chão, da terra sob mim. Aumentava cada vez mais, parecendo um terremoto. O que estava acontecendo? Foi então que eu acordei.
Olhei atordoada ao meu redor, enquanto tentava entender o que acontecia. Dimitri estava deitado ao meu lado com seu cotovelo apoiado na cama e seu corpo um pouco levantado me encarando com um brilho divertido no olhar. Entre nós, Luke estava pulando na cama, que era da onde tinha vindo a interferencia no meu sonho. Ele se tornou um menino lindo, tinha o cabelo do seu pai, mas o usava bagunçado, e os meus olhos. Era moreno e tinha uma beleza diferente, resumindo, meu filho era um gato e faria sucesso com as garotas.
“Seu filho está ancioso para voltar a estudar” Dimitri disse me olhando, claramente se divertindo com a situação. Era férias de final de ano na academia e Luke tinha vindo passar o natal e o ano-novo conosco.
“Ainda é cedo, filho, nós vamos só a tarde” eu disse soando ainda um pouco grogue.
“Mas eu preciso arrumar minha mala” dando um último pulo ele caiu no meu colo.
“Tudo bem, vamos lá Dimitri, você vem também” Eu disse olhando para ele e mostrando que se eu ia ter que levantar, ele também ia. Mas ele não parecia estar se importando; quando se tratava de Lucas, Dimitri fazia tudo.
Lucas saiu correndo do quarto, indo em direção ao seu. Me levantei e estava caminhando para a porta quando senti Dimitri se aproximar por trás de mim, me dando um abraço.
“Você é adorável quando acorda mal-humorada”
“Obrigada” eu disse tentando soar irritada, mas falhando completamente só por sentí-lo tão próximo de mim, com seu peito roçando nas minhas costas e seu cheiro me tomando.
Assim que terminei de arrumar as suas coisas, decidi que não valia a pena voltar a dormir, então fui dar um jeito na casa, esperando dar a hora do trabalho. Agora, eu era conselheira pessoal da rainha. Lissa substituiu Tatiana assim que saiu da academia. Quando Vitor Dashkov a tinha sequestrado, durante a tentativa de resgate, ele a matou e em seguida se matou também. Quando Lissa assumiu, o sistema de guardiões acabou. Muitos ainda continuaram trabalhando, mas agora era mais como a polícias com os humanos.
Dimitri era o chefe dos guardiões na corte e logicamente meu marido, para o desespero da população feminina e para a minha alegria. Faz cinco anos que saí da academia e logo me casei com ele, um pouco antes de Liss se casar com Christian (acredite, eu já não estava mais aguentando depois da primeira semana da lua-de-mel. Urgh! Tinha horas que eu detestava mais do que tudo aquela ligação). E nesses anos, de verdade, ele ficou ainda mais gostoso, se é que isso era possível. Era o meu Deus grego na Terra.
Os moroi começaram a usar sua magia para se defenderem dos strigoi e estava dando resultado. O número de moroi estava diminuindo cada vez menos, assim como o número de dhampir.
Olhei no relógio e vi que estava na hora de começar a me arrumar. Fui até o quarto de Luke falar com Dimitri, que deveria estar lá tomando conta dele enquanto eu arrumava a casa, mas não o encontrei. Vi que tinha deixado Luke jogando video game sozinho e fui para o quarto me arrumar, me perguntando onde diabos ele poderia ter se enfiado e porque deixou Luke sozinho. Assim que entrei no banheiro para tomar um banho, entendi o motivo. Dimitri estava me esperando para tomarmos banho juntos. O banheiro já coberto pelo vapor que vinha da água quente do chuveiro e do ar que saia do aquecedor. Ah, isso não era justo! Ele sabe o quanto é dificil resistir quando o vejo assim. Ele arqueou a sombrancelha, me olhando divertido por causa da minha cara de espanto.
“Não. Se não nós vamos chegar atrasados” eu disse.
“Não vamos não. Venha aqui” e me puxou para debaixo do chuveiro.
“Espera” eu disse rindo “deixa eu tirar a minha roupa pelo menos”
“Eu faço isso” e começou a tirar a minha camisola já encharcada e totalmente transparente.
“O que aconteceu com você hoje?”
“Nada. Só quero ficar junto de você” disse me abraçando.
“Te amo”
“Eu também te amo, minha linda Roza”
Depois que tomamos banho e nos arrumamos, fui até o quarto de Lucas. Quando cheguei vi que estava colocando um boné.
“Não precisa, Luke, o tempo está nublado. O sol não vai te incomodar e já vai escurecer. Você vai fazer sua alimentação lá na corte, de lá vou te levar para a academia, tudo bem?” Ele acenou e eu me aproximei para arrumar o seu casaco e deixá-lo bem protegido do frio. Luke, logo quando nasceu, descobrimos que era diferente dos outros. Tinhas as habilidades e a força de um dhampir, mas era sensível ao sol e precisava de sangue para viver. Mais uma daquelas bizarrices genéticas. Naquele momento Dimitri apareceu na porta.
“Vamos?” ele perguntou e se abaixou abrindo os braços, fazendo um convite que Luke nem hesitou em aceitar: saiu correndo e pulou em seu colo.
“Vamos” eu disse sorrindo e ele entrou no quarto para pegar a mala de Lucas.
“Deixa, eu pego. Você leva o Luke” Ele se virou e eu o segui levando a mala. De repente, ele parou na porta que dava para uma pequena varanda na frente da casa.
“O que aconteceu?”
“Nada, parece que é só um convite que chegou”
“De quem?”
“Adrian Ivashkov. É o convite do seu casamento com Camille Conta. Isso me lembra que eu tenho que avisar Mia Castile que ela precisará mandar alguns dos guardiões para lá fazer a segurança da festa”
“Finalmente eles decidiram se casar?” eu perguntei rindo.
“Parece que sim. Se ela não mudar de idéia de novo”
“Acredito que ela não vá. Mas ele gosta disso. Adrian precisa de alguma preocupação e Camille arranja isso facilmente” e andei, para me aproximar dele, estava tão distraída que esqueci da pequena mesa de centro e bati com a perna na quina.
“Ai” eu gritei massageando o lugar onde bati.
“Papai, dá um beijo na mamãe para ele sarar” eu ouvi Luke dizer.
“É pra já” então Dimitri colocou Luke no chão e me puxou para me beijar na boca.
“Hey, eu achei que para sarar tinha que dar o beijo em cima do machucado.
“Uhn, eu acho aqui mais eficiente” ele disse me beijando de novo.
“Bobo” eu disse e me afastei.
Dimitri pegou Luke de volta no colo e saímos rindo, indo para mais um dia de trabalho acompanhados do nosso filho, enquanto o sol, que já não podíamos ver, se punha no horizonte e os pequenos flocos de neve caiam sobre nós.
Autores:
Ingrid Costa e Kynha
Sinopse:
Rose sai para matar o homem que ela amava, sabendo que seria a coisa
mais dificil que ela faria em toda a sua vida. Será que ela teria
forças para tal ato? Isso é algo que ela só descobrirá quando a
hora chegar.
Essa
fic foi criada sem fins lucrativos, apenas como uma diversão. Os
personagens aqui citados são de autoria de Richelle Mead.