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scgunda-fciru. 17 12/90
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JORNAL DO BRASIL
r.LI/AIIETII ORSINI
Evan0ro T*«e-ra
/yl upaisonada afcięio do per-sonogem Daniel por Clara c • L JL Margarida do romance At fwpdas Jo senhor reiror. do portugući Julio Dinń, nao ć nada comparodi c om a dcdicaęto quc o cscritor Josć Ku hem Fonseca rescrva as suas popiłaś. A Ycrdodc ć quc o autor dc /f jpot* lo nio raede aforcos pum estimubr suas prcfcrklas. todas com uma car-icira litcriria promtssoru. Nio fósac |Tc, a alri/ Bruna Lombardi teria alF lado tcu ultimo bvro no rio Sena c a tiprcscntadoru dc tclcvisiio Marcia IVliivr n.\o term adquihdo o habilo ik cscrcvcr. pclo menos, duas horas |K»r dca. Mcamo sem \ontade. Quan-tlo conhcccu o cscnlor. Ana Maria Machado ja tinha publtcado yarios Iistos. Mas fot com ck que apicndcu •i lic. para dar ceno na carrcini, nao fedenu dispensar uma agente: csco-Ihcu u mesma dc Josć Rubem. a cfi-Oknie Carmcm Bdorih. Jj Ana Miranda nio sc intimśdou cm dccbrar los quatro sentos quc. paru cscrcvcr [loco Jo otfemo (Companhśa das Lc-trasl, trocou curtas com Fonseca dumnie ono meso
Josć Rubem Fonseca ć uma espć-t:k dc pć dc coclbo no unmrso litera-no. Qucm possou pcb sua orkniac-io litcriria dificilmcnic vai ocabnr mai.
paulista Bruna Lombardi. 37 anov i c*umtu sua dcdicocao ao mestre com
I ret paluvras na aprcscntaę&o do ulti-rt»o bvro: “Pum Rubem Fonseca." E, for causa das comtanics viagcrts dc
II runa. os doń adquinrom o dńpcn-djoso lubito dc convcnar horas pdo t^kfonc. Mas quando u alri/ c*ti no Kio os cncontros sao incviiavctv Na c h bcccirn. cb cxtbc. orgulhosa. uma f >to com Fomcca fcila durantc wii u I timos cncontros. cm Paris. Os dots »t conhcccram ha 14 unos na I cira do Uvto. an Pono Akfre "Eu era u Issolulumcntc G dek. Afinal dc eon-utv i odo inundo tem um grandc ido-lo. E o mcu era Rubem". dccbra. Eztcitadu. kmbra quc muita genie fa-n iosj cstavo b. ondc cb "funciona-v i/' como uma cspćcic dc mascolc. ja q ik- tinha acabado dc puMicar tcu p nmcłro livro. No etom dessa /ester. Nk':lida Pinon. Ugia Fagundes Tclkt, Jolo Antonio. Fernando Moraes c Cl.mcc Lispcctor. dc qucm a atri/ ta mbćm virou amiga intima. Quando Icrubra desses tempos. sempre fuz urna brmcudciru: "Era tania genie irv: vi\d quc sc o aviio cańw acabasa u li icmtura brasikira."
O primdro cncontro foi cmocio-nantc. Bruna ja tinha Łkronuio todos os livros do autor c. como faz utć tk> j c. sc orgulhava dc ter um rclocio-namento diferente com ku idolo: “Quando vocć ć dcvotada a algućm. oo cato um oicritor. acaba sc tor rundo um leitor atento. Aquck sujato quc k nas cntrchnhav quc cria um joj|»a Krdico ct>m ck." Josć Rubem en trou no jogo. provavclmcnlc oli-mitbdo pcla alriz quc acha csscncuil umia rcbgao como cssa: "Para o cs-emsor lambćm ć um boroio entrar BCttte jogo c dcscobrir como ć na set tbdc c^sc leitor atento."
llfWM nćo gosta dc ccpor dcman o a t nigo. E. mesmo ndo ugindo como ck. rcspcita scu lado csquivo. Dii qt*r JotF Ruban ć uma pessoa super cocom te c acha quc ck cni certo cm nio dar cnlrcvistax. “Quando um cscritor ten rana um livro ck nio tem mań nada a di/cr. Só um grandc vazia
Quutqucr ouira pnlavra ć. apcn.iv urna tcntativa dc dnbbr a profunda fału do que di/cr". filosofa a autora quc g&sia dc fular dc tcu idolo mav cm hipótcsc nenhumu. admitc fular por ck. Graęas a Rubem nao jogou fora os ongi nais do romance FUmes płoibidos (Componhu das Utrat): “No momento cm quc cu ta atirar dc mc impodiu". agradccc. Os doń eon-vmam sobrc Cudo mav uhimamente, a compautio pclu condięao hu ma na tem sido urn tema constanic. Bruna ufirma quc. para Josć Rubem, cssa compoix£o pda oondięio hum.nu ć csscncśal a urn bom romance. Faset* nantc. Instipjntc. Inąuicto. Estimu-lanie, lisa muitos adjctivo* quundo sc rcfcrc a scu protetor. E te algućm aerna a literatura Imimdbm dc ser infiucnriada pclo cscritor. da nao \v nenhum problemu nńso: “Ha um pc-iktęo do mcu livro quc sc passa no cna dc Santov com persona gem c$* tranhos. Varras pessoa* mc dńscram ter sentido a infiocncu do Zć nesse trccho. Mas quc mai ha niwo? A finał dc conlav de ć urna pessoa per ma -ncntcmcnlc dentro do mcu imagini-no", condui.
A charmosa apresentadora dc te-kvisio Marcia Pclticr, carioca, 33 a nos, nao parou nuis dc cscrcver desek quc conbcccu o cscnlor na ca&a dc Alfredo Machado. Ficou ncrvosj. cmocionoda. E acabou fa/endo Rubem pcomctcr quc, no dia cm quc rcsołwr dar urna cntrwittu, cssa en-trcYistJ sera paru eh. Lcitora ivida dc scus livros. ficou orgulhosa quan-do dc disse quc gostasu dc suas en-trcv ńtas nu tckvńio. quc tinha IkSo scu pnmciro bvro dc pocmas. Poeti* camrnte, c gostado muito. Dai cm diantc forum chas c bńcoitinhos. E fot na "fantistka" btbiiotcca do autor quc Marcia lamcntou a incapaci-
Ana Maria Machado
Bruna Lombnrdi da dc dc nao ter lido tempo paru kr tudo o quc gpsUria. O cstimulo vcto ripido: "Sempre ha tempo." Rubem fez sugestóes dc leitura para Mirciu quc acabou tdcntificada com ck: “Quando csctcyo vcjo imagens Nes-sc ponto mc idcntifico muito com ck."
A leitura mais importantc dc scu segundo hvro, As gorras do met (Edt-lora Rocco) fot fena por Rubem quc aconsclhou a relirada dc dań pocmas fek achou quc nfio tinham a mesma qualidadc dos outros. quc cram mań comąuoros"). E, sem falsa modćstia, di/ quc fot dogiada por cle. “Ele gostou dc minha linguagcm. contcu-do c forma." Entre os pocmas gostou cspccialmcnic do qoc di titulo ao livro. Marcia ć lictc dc Josć Rubem. Ja ku yastas cntoęóes e pensamentas imperfeittn c Bufo c SpoUanzam dczc-rus dc vc/cs c confidcnciou, ao racs-tre, scu projeto dc romance: "Esli na gavcta. mas nio comtgo dcslanchar. Essa ć urna das minhas dividas com ck." E rcconhccc quc dcsdc quc o conhcccu nunca mań parou dc cscrc-vtr. Atualmcnic esia mcrgulhoda cin trć* li stos paru o ano quc vcm: O mc tu no que rirou bkko Jo maro. in-fantU quc mira pda Editora Vozcv o juvcnil Os pouu da/loresia. quc sera lanęado pcb Nova Frontcira, cm ogosto. na Bicnal do Lmo ("Escrcvi quando cMasu com dengue cm casa") c outro livro dc pocnuv As Uhas Je Betaami. ambtentado numa rcabda-dc tckvtsxva ("fe impirado cm Aldoirs Husky c fala sobrc um naufrugo nu-ma iltu dc cdięlo").
Durantc olto mcsc* a ccarcnsc Ana Miranda, atualmcnic na Europa dis ulgando scu hvro Boca do inferno. corrcspondcu-sc córa Josć Rubem Fonseca quc supcryńtonou as quatro
Josć v
Rubem 1
Fonseca
estimula
escritoras a
produęao
literśriu
vcrsócs do trabalbo. Segundo a criti-ca publicada no Cotlcrno Mi-ias do JOR,WAL DO BRASU., a infiuciKia do cscritor ficou tmpregnada na hi*-tóha ambtcntnda no sćculo 17 c quc tem o poeta maldito Gregório dc Ma-tos como herór “Urn cstilo scco, ab-solula concisio. sem intcrsulos inih tets ou dtgrcssócs gordurosas." Ja Ana Mana Machado nao sc comidc-ru urna afilhada do cscritor. Quando o conhcccu ja tinha nomc c tcsc onentada por Roland Barthcc “Ele nunca fez nada por mim litcmria-menie", du Ana ao cxpbcar quc Fonseca nunca interfonu cm scu trąba-lho. fot upenas um consdhciro. A amizadc fot pcssoal. mas com dc Ana aprendeu muitas coósas tmportanlcs para sua carrctm: “Uma vcz ck mc disse siga o consdho dc Drummond. entre para o Siodtcato". Os doń fizc-ram parte da diretoria do Sindicato dos Escritorcs durantc um bom tempo c. dessa convivćnba a gruda vd. cb aprendeu a conhccć-lo melhor. Conta quc ck acorda is cinco da manhi pora cscrcvcf c quc nao gosia dc rcvcr os originań. Tinham interesses cm comum. a poesia ingksa. por cxctn-plo. As vćspcras do bnęimcnto dc um romance pda Francisco Alvcs — Cwrełros Je Sarumo. ondc sć o tempo como um pocśentc prdinciro quc faz tudo (lorcsocr — Ana diz quc o mań importantc nessa convivćnciu com o cscritor foł dcscobrir quc a ćtica ć fundamcntal: "Com cle cu agucci u minha scrkdadc profissio-nal. Em Josć Rubem mlo cxislc nada fora dc ćlka. lnfclamcntc. ńso cxńtc ai u trćs por doń Qucm csUyu ceno era Drummood quando dizia quc no Brani a gloria łitcriru muitas \ezcs comcc j pcb qucbra do sigilo cpńto-br."
Hor.icnagem a Prudente de Moraes no Corępvado
Os arvos da Łapa ccrcados de casario oaixo c arvorcs
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LUCIA RITO
sonho nio acabou para o fotografa Pedro Vasqucz. 36 anos. Criador do Instiluto Nacknul dc Fotografia da c\-tinta Funartc. do Departamento dc Fotografa V*ko c Nova Tccnologas do MAM c orgamrador dc ditcrtat csposicócs nacionais dc fotografia. Vaiqiacz comegmu. depots dc anos dc hatalha. Ukt córa quc a fotografia amplunc scu poder dc forca junto ao mcrcodo. inki a odo urna cokcio pso-ncira sobrc o tema Hoje. ck autografu na Inraria Da/iboo. cm Ipancma. o terenro volumc dc sua Antologia foto* gfoficer, o listo fotografa* pkmctrn* d*t Rh «&' Janeiro (os don primetrot foram sobrc Walter Firmo c Juca Martini), cditado pcla Apl IJnzrbao. córa 41 fotos an Juufite raur do trabolho dc Marc Ferrez. Wtór Frond. George Uu/in-ger c Juan Gutkrre/. os trćs ultmun incdiUn no pań Compkmentando o listo. Pedro lanca lambćm uma cole-Oio dc cartócs posists.
Córa 144 pagtnas. c icxto cm portu-gućs C ingks. fotograf Ol płonetroi Jo Rio ii* Jitrhire cu\\a CrS 2.900 c pre-letidc I raco/ um pi i net do quc sc fa/u nav qujtrn ultrm u «kvodas do sćculo XIX na csdadc. “A pcv(ittsa sc restrin-pu as qiutro ultimas dorada* do perio-d*»". c\ptka Pedro Va*quc/. “porquc piKics« rcMon para pr«quiw» c cscolhc-nwH j bH- aurca. quando o Rio era o Uma predikto d*n fotografos." Lk rc-
conhccc quc outros nomes podiam comtar do livro. como Rcvert Iknn-quc Klurob. Stahl A WahmchafTc. Ca-milo Vcdani c Henscbcl A B«nquc. nuu optou pclo quortcto. porque “foram os quc md bor soubcracn csplorar as bek-/as da oda dc c do esiado. dmando uma documentaęao faru nao só do ponto dc vńta artistko como históri-co."
Yictor Frond. que sńcu c trabalhou no Rio entre 1857 c 1853. entra no livro com suas fotos sobrc o Pio dc Aciicur. ot Arcos da Carioca. a praia dc Botafogo c a zona portuariu. Ele b o autor dc Brazil pitoresco, contidcrado pdos cspccialistas o mais ambicioso projeto fotografico raali/ado no Brasil no sćculo XIX: um conjunto dc 74 ilustracócs cditodo era Porń. retralando aspccto* disrrsoi dc vistav paisa-pens. tipos humanos dos estados do Rio « da Bahu. Corao nio subMaera ongmais dc fotografia* de Frond, ck ć umeamente citado corao litógrafo. "mas ku serdade o quc ck fa/ia era mili/ar a litografia para acrcscrotar ckm en t os iropcHsiscts dc serem folo* com o materiał fotografice utih/ado na cpoca" c\pkca Vatquci. "Como nu-'«u c passanlcs as suas inugcns. obra
dc litografio, uma \ti quc os kwigos tempos dc ctposięio rcqucńdos irans-foc masarń I odo* os corpot cm borrócs mdistmtos."
Outro fotógrafo quc a parte c com ckdaquc no listo ć George Leunnger quc gercncusi a cosa Leu/mger no Rio. um mńto dc tipografia. Iivranu. oficina dc encadcmaęio. douraęio c ponto dc resenda dc gravuras. fotografia* c materiał fotografico. Conccotra-da nos anos 1865 c 1875. a produęiodc Leu/mger com ta de um catalogo de 337 fotografia* disersas. mostrando piisagcn* carioca*. Erara s cud klas era forma dc canóct podoi* c muito apre-ciadas pclo* estrangeiros quc v\sitavam a cuLidc. Hi ainda foros dc Juan Gu-licrrc/, quc cm 1893 trabalhou para o Eaćrcito na documcntacio da rcvołu da Armada Parte deste trabalbo foi induido no album quc rcgńtra os fcstc-jot da poste dc Prudente dc Moraes. o primoro prcsidcntc chd quc o Brasil test. Gutkrre/. segundo atguns bisio-riadorcv morreu ao documcntar a ba-ulha dc Canudos no sertio baiano. c dci sou csctnplos dc fotografia* dc guerra dc nisel International Dots tema* ciastko* da paisagera carioca — o Pio dc Acucar c o Corcosado sio rc-tratados por ck dc nuncira sur proco-
dcntcracnte poć lica. atsim como suas imagens do Jurdim Botanice, compa-rada* is dc Ougćnc Atget oo fotografar os jardim dc Ycrsailks.
O mai* popular fotógrafo do quar-teto. Marc Ferre/. quc jii mcrcccu outros lmo* sobrc sua obra. vcio para o Brasil cm 1816 córa a Minio Artńtka Franccu e foi upreodLZ. cm 1861. da casa Leu/mger dc ondc saiu para mon-lar scu próprio cstódio. Premia do na Expo*śęło do Centenario da Indepen-dćncao. Ferre/ foi sagrado Pkotographo Ja marbtka Imperial por D.Pedro II c depoit Casalheiro da Ordon da Rosa Era cspcciahtia cm fotografar a hordo, utilizaedo um sńicma quc ncutrah/avn o balunęo das cmbarcaęóc* c produm imagens perfeitamente nitidas. O li-vro mostra tcu cckińmo: hi fotos suas sobre a Bań dc Guanabara. a Rua do Ouvidof. paisagens c outra* sobre os cos tu mes do* indios.
Rcchcado dc informaęóc* prociosas para qucm sc interesu cm coohcccr o Rio Antigo. Fotógrafos pianeirtw Jn Rio Je Janeiro b fontc mdńpcntivd dc consulu e uma strdadcira auta dc fotografia Pena quc retratc cena* c pui-sagens quc com o passar do tempo perderan muito do scu Itritmo. Depoit de admirar sua* fotos, a »da ao centro da oda dc pode protocar nostalgia, suspiro c uma diisida: o progresie foi proscitoso ou cocilribuiu para nucular de mancira irrcvcr*ivel a bek/a do Rio*