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PAGINA 8 □ CADERNO B □ JORNAl DO BRASU □ Rio dt Janeiro, segunde-folre, 21 d* outubro de 1974

AAARCEL MARCEAU NO CINEMA

A morte ć um jogo sem

palawas

BEATRIZ SCHILLER

Nov« lcrque -    Mmaaii, •

fjmoio mim© fran<A«, criador do portonoęom Bip.

•m vWta so% iitadot Unidot para o lar^amtnto da Shanki, • ta© primairo filma norta-amaricano.

iam diłaranta da Blp,

Marceau vrva om Sbsnkt um •urdo-mudo qua eon tarta bonacot a datancadaia um |oqo da vida a do morfo.

Hotpodsdo no Motał Sharry-Natharlandt, Mareal Marcaau a um homam multa afival a a impraaaSa da juvantudo ta prafata •m cada um dot taut gattat. Aa contriria do qvo potta paracar, Marceau a um mimo qua gotta da falar, datdar antrayitlat. E tobra a tua partkipa^io natfo film# da

longa-matragam confasta atfar lranqvito quanlo a tua raparewttio: "Citou peaparada. tanto para o tucatto quinto para o opofto. O im port anta d qua o filma fol faito.

Mais tar dc dc aprcndc a comandar caddtcrcs como o dcsta mulhcr


bonccos contcncionais e inojensitos


Fratando filtr outrot o timbtm •terayar o dlrlglr".

SHANKS i a historia de urn sur-do-mudo que fabrica bonecot c * solicitado por um trelho ciernista a colaborar em suas ex-peri^ncłas no sentido dc faicr andar animais roortos. Dcsta maneira. o rclho marionetlsta comeęa a cons-truir o scu tcatro macabro. dc onde passa a manipuiar cadśvcrcs por controle rcmoto. A historia * de au-toria dc Ranald Graham, mas fol re-cscrita ptio dirctor William Castlc, um e-pcciallsta cm filmcs dc terror.

— O fUrae utiltea o macabro atraves do humor negro. por quc nao seria suportavel sc o flz&semos como uma tragedia. Os homens sem-pre sc dcfcndcm do medo da morte c cm certas rcilglóes chegam ate mes-mo a oferecer alimenta* sos mor las Crcio que c bom ter algum contato


com a morte. Ir a um ccmltćrło c trazer conslgo a ideia dc que a morte faz parte da rida.

A |>or»in niacabra

A morte semprc estcve presente nas criaęocs de Marceau:

— Ha 20 anos, ouando cu tinhn apenas 22, diz cle. fiz mcu primeiro papci dramitico. A pcęa chamava-se Mom Art fes da Madrnpada c sc parcela bastante com Shanks. Aparc-cla cm cena ato mesmo um jovem cnforcado.

A mimica, artc cm quc Marceau construiu toda uma tłcnica peasoal, esU presente no filmc apenas como elcmento accssórło. A par-tlcipaęao do mimo frances ć semc-


Ihante a de um ator que nao conhcęa mimica, mas que tem um cxce!ente dominio corporal. "Uso a exprcssAo do olhar p3ra dar v1da, manipuiar as ntarionctcs humanas; Os bonecos e que sao representados por mimos (Tsllla Ghelton c Phillipe Clay). Flz questóo dc nio usar trucagem. Vo-cć sabe, ć bem mais dificll trabalhar diante de um publico real. t o mo-mento da verdadc. Ja a camara pi-ra. repete, tapeta. E* tudo multo frustrantc. mas cu gosto da camara e gosto do cincma fanttotico, por-quc pcnctra alćm da rcalidadc.

Com uma pronuncla lmpec4vcl, Marceau fala um inglća claro c ex-pUca quc para cle Ma artc dere ser um contraponto da naturcza, cm vcz dc copiś-la ou cstillza-la. Nao dcvc procurar reproduzir o belo. quc a


arie i a imagem (a essencia) do belo. Creio tambem que o tcatro nSto deve ter morallsmos. deve percorrcr a ciucldade. a bcleza. a vida. a morte, a fantasia e o todio "

Loii“e (lun furia*

Shanks A na definicjo de Marceau um filmc que contćm todos cs-ses elcmcntos, alnda quc parcęa. a primeira vista. um eon to dc fadas.

— Nao ha nada no filme quc lembrc um conto dc fadas. Olhar as coisas como sc fossem contos dc fa-da A uma defesa diante dc assuntos incomodos. As mentes racłonalistas europćias qucrcm sempre explicar o porquć dc cada aęao c chamam dc conto dc fadas tudo aqui!o quc transcende a rcalidadc. O ego dos vl-


vos faz com que olhem para a hist6-ria da manipulaęśo dos mortos com espanto, dai a imagem de contos dc fada. Nos Estados Unldas, ondc ałn-da exlstc o purltanism<). c sc cóiul-dera que colocar uma agulha num caduvcr i degradar o morto. Shanks t cncarado como um filmc dc terror.

Marceau acredita es tar havcndo um ressurgimento dc Intcrcssc pela mimica, mas nao razócs para quc o cincma — ou qualqucr outra ma-nifcstaęilo artlstlca — dcva usar mals o siltnck). a mimica.

— Em filmes politicos como Z. as palavras sAo muito importantes. Em hlstorlas dc amor A sempre multo bonita introspecęao falada. Mas ha momentos em quc se nota quc as palavras sAo supćrfluas.


NO MUSEU DA FAZENDA

A historia económica da escravidao em imagens e objetos

MOSTRAR a importancia do e3cravo como mao-de-obra, valor económlco e o lucro que seu trabalho produzlu dur&nte os clclos do aęiicar, ouro e cafe. ć o obJetivo da cxposlęSo O Escravo: trłs sćculos de renda, no Mumu da Fazenda Federal, jobre-loja do Minlstćrio da Fazenda. Na exposlęao. que f!car& aberta duran-te trts m«cs, podem ser vistos um llvro de matricula dc escravca, dc Ponta Grossa, Parana; um rccibo de matrlcuia, na capltania de Minas Gcrals; uma jóla de prata que per-tenccu a uma negra forra; o passa-portc de um escraro do Visconde dc Cachoeira; carlaa de alforria dc Rui Barbosa; a instruęao de 14 de d<y zembro de 1890, tambćm de Rui, mandando queimar e dcstrulr os documentos rclatlvos a escrav!dfio; e a cłrcular de 13 de mało de 1891 executando a instruęio.

Em quadros expUcaUvos, podc-se ter uma idćla da particlpaęao do cscravo na economla brasllelra. A necesstdadc de rr.Ło-de-obra fol o que motlrou a importaęio do escra-vo. Nesse scntldo, a Importancia do elcmento negro fol multo maior do que a do Indio, pole JA uUllzado • com sucesso nas plantaęócs de aęu-car das ilhas portuguesas, seu nl-vel cultural era bem superior, devl-do aos conheclmento* que tlnha de agricultura, mineraęao c artesa-nato.

A partie de 1549 fol autorlzada a lntroducao dc escraros no Brasll, vlndos da Guinć, Angola, Africa Oricntal e Central, o escravo valla multo c scu preęo variava de acor-do com o local a que « dęstlnava — o que ta para as minas dc ouro era mais valorizado do que o destlnado as plantaęócs — c de acordo com saudc, .idadc c oflclos. Em mćdla, custava entr<v-20 e 30 libro* estcrll-nas, chegando em casos exccpcio-nals a atlnglr 100 llbras.


MARIA EDUARDA


A (pitni dos initrumentos de tortura utUttados para castigar os negros


Embora os senhores dc enge-nho lncenlivasscm a procrlacao, o csgotamcnto fislco. as pissimas eon-dlęócs de vlda e hlglene. as fugas e dcseręóes frequcntcs, tornavam nc-ccssario renovar o cstoquc. Ao dono do cscravo int«re*sava sempre amor-tlzar o capltal empregado na com-pra e para lsso aumentava o ntime-io de dias de trabalho por ano c as atWidades por dla. Como o escravo trabalhava ató 17 lioras, dlariamcn-tc. łncluslve aos domingos, sua vi-da uttl. nos s&rulos XVI e XVII, nao passata dos 20 anos. No mcrcodo de escravos as deslgnaęóes oram: molcqulnho, atA sete anos: mo!equc, de olto a 14, molecao, de 15 a 19: nc-gro, dc 20 a 35; velho. dc 36 em diante. As crias, de sełs meses. eram vendldas com a mie.

Os dircltoa sobre os cscravos eram muito lucratlvos para a Me-trópole. Havia diversos impostos: o dlrclto dc entrada (carta R«gia de 10 dc julho de 1699): a capltaęio. que recala sobre cada escravo (Car-U Regla de U dc fevcrelro de 1719); a meta slsa. ou 5Vó sobre o preco da primeira venda (AlvarA de 3 de Junho de 1809): a taxa anuol dc escravos (Lei n.o 59 de 8 de outubro dc 1833) e a taxa de matricula (L-l n.^ 243 dc 30 de novcmbro de 1841).

Aholięuo do Irafico

O trillco só fol deflnitivamentc abolido com a Lei 581 de 4 dc se-tembro de 1850. que dctcrmlnava '•a aprecnsAo dc embarcaęócs bra-sllelras encontradas cm qualquer parte o as cstrangelras. encontradas nas portos. enseadas. ancoradou-ros ou mares lerruorlals do Brasll, tendo ao scu bordo. escravos.„"

A abollęuo do triflco fez com quc os capitals antes dcstlnados ao comćrcio ncgrelro. fcusem apllcados cm outros setores, como empresas fcrrovlarias. Embora. por esse moll vo, tenha prirado a agricultura dc mao-de-obra barata. equilibrou a balanęa comercial do pnts, incentl-vando tomMm, a entrada de Iml-grantes europeus c o ndvento de tćcnlcas mnls avjinęadcs. O trabalho servll }A nAo era tuo Importantc na próduęao do pnis.

Atóm da parte documental, a cxposięSo mostra objetos dc tortura, como o vłramundo, uma correla ovie prendia o tornozelo do escravo. ficando ele dc cabeęa para balxo: ou a gargalhelra. Em dols ąuadros observa-sc dlvcrsos lipos de negras c negros, com seu* penteados c tra-Jcs tlpicos: como o das escravas. a reboło c a cabina, criadas de quar-to: da cabra (crloula. filha de mu-lato e negra). cm trajc dc vlslu: da calaoa (vcndedora de legumes) e da benguela (vendedora de frutos). Dos escravos, destacam-sc o nionjo-ło, com inclsdes vcrtlcais na face: o mina, tatundo com pequcnos pon-tos formados pclas clcatrlzes incha-dąs; c o moęambique do Scrtao, des-tinndo aos armazćns da Alfandega.

O Museu da Fazenda Federal, que fol łnaugurado hA qualro anos, ia organlzou. em 1974. duas expo-slędcs. A primeira fol a de Comćr-cio Exterlor, que sc destacou por um documcnto dc D. Maria I prol-blndo a indbstrla no Brasll e a ex-pórtaęio dc mnnufatura. A unlca mdustria existente era a dcstlnada a fabrlcar tecidos rustlcos para cs-cravos. A segundn exposlcao fol a de artlstas c cscrltores; Ismad Nćri. Oraubcn, Manuel Santiago. Jose Lins do Rego. Viannn Moog, Juracy Camargo c Mucio LeAo. entre outros

Segundo a chefe Kuth Marla dc Souza. o Museu * visltado por cerca de 90 pessoas. dlarlamcntc. Para vlslta* dlrlgldas de grupo de colc-gials, o Museu dlspóo de 6nlbus ptóprlos. bastando apenas telefonar, marcando hora com uma ścinana ae antcccdłncia.

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