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laędo»: eis a posiędo definida pelo autor. A cićncia ctnsidera mais aventuroso e ousado o que se ndo baseia na observaędo-rigorosa e objectiva. Cientificamente, o transformismo 6 admissfvel e fortemente verosimil. Dos transformistas hd uns que sdo meca-nicistas e outros que sdo vitalistas, como os hd materialistas e espiritualistas.
De-certo ndo nos compete, a nós cientistas, resolver se perante a teologia, os transformistas podem tambćm ser ortodo-xos. O sr. padre Valente di z que ndo. Julgamos, porćm, que o ndo demonstrou, e a opinido de Paul Piguć na Ecdesia radica a nossa crenęa, como a radica o parecer do P.« Teilhard e outros altos espfritos, a um tempo rcligiosos e de reconhecido mćrita cientifico.
O discurso suscitaria ainda outras criticas. A distinędo nele feita entre vegetais e animais ndo se funda nos caracteres invoca-dos correntemente pelos biologistas. A motricidade dos animais? A imobilidade dos vegetais? Mas hd animais fixos, e vegetais mdveis. Quanto d sensibilidade, na acepędo cicntifica do tćrmo, verifica-se tambćm em vegetais.
A asserędo de que o bomem ć superior aos outros seres vivos nos seus caracteres fisicos, exigiria urna definiędo preli-minar do que se entende por essa «superioridade>. Alguns caracteres humanos só poderdo ser apontados como superiores por aparecerem no homem: se os hd que sugeriram atć a dou-trina de Bolk, do retardamento fetal na antropogćnese! Segundo esta doutrina, o desenvolvimento considerdvel do cćrebro no bomem teria como compensaędo a sobrevivencia, no homem adulto, de caracteres que sdo fetais nos Antropoides. S<5 indirecta-mente pode, pois, atribuir-sc qualquer superioridade a tais caracteres.
Emfim, mais haveria a dizer, mas ndo nos propomos demover o sr. padre Valente da sua irreductibilidade, visto que o ilustrado sacerdote prefere basear-se lUeralmente na revelaędo a procurar urna plataforma entre a letra dcsta e as induęóes legftimas de factos averiguados pelos mdtodos cientfficos. Entendemos, porćm, que ndo deviamos deixar passar sem reparos algumas asseręóes suas sdbre pretensas ou reais acquisięóes da ciencia, como achamos interessante dar a conhecer aos leitores desta revista o que um-professor de teologia e histdria dogmdtica pensa da doutrina da origem do homem.
Quando nos lembramos dos progressos que a orientaędo transformista imprimiu a certos capftulos da Biologia, sentimos desejos de preguntar se o triunfo — possfvel, mas decerto tran-sitdrio — da orientaędo oposta se traduzird por andlogos progres-so? cientificos. Duvidamos que assim seja. Mas a histdria do pen-samento e da civilizaęfio ć feita de avanęos e de recuos. Como o pendulo, o movjmento das ideas oscila periódicamente entre posi-ęóes extremas. E, assim como o pfindulo nflo se fixa, em equilibrio, nestas posięóes, a verdade reside tambćm, em geral, entre esses limites.
O meio Idrmo nflo 6, contra o que alguns espiritos apaixo-nados supóem, urna fórmula pusilanime e acomodaticia: ć antes, as mais das vezes—-a verdade. Tanto quanto 6 possivel ao homem atingi la.
MENOES CORRGa.
Encerrou-se cm 30 dc Setembro de 1934 a Exposię3o Colonial Portuguesa que se inaugurara em 15 de Junho anterior no Paldcio de Cristal, do Pdrto. O §xito desta iniciativa portuense foi notdvel. No dominio da Antropologia e Etnologia, a ExposięAo teve um interesse muito especial, nflo s<5 pelos numerosos mate-riais expostos como pcla oportunidade que proporcionou ao estudo antropológico de mais de 300 indlgenas das vdrias coldnias ali reiinidos e A realizaęAo do I Congresso Nacional de Antropologia Colonial, cuja noticia damos noutro lugar.
Os Institutos de Anatomia e de Antropologia da Universidade do Porto obtiveram «grandes prdmios* pela sua participaęAo, com stands especiais, no importante certamen. Os dois stands susci-taram vivo interfesse entre os visitantes da ExposięAo. Esta publi-cou, entre as suas edięóes, urna brochura inłitulada «0 Instituto de Antropologia da Universidade do Pdrto e a investigaęAo cientt-ftca colonial >.
Duas perdas considerdveis teve em 1934 a cilncia brasileira, que o foram, ao mesmo tempo, para as ciSncias antropológicas: a morte dos venerandos professores da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Miguel Couto e Benjamim Baptista.